sondagens há muitas seus @#$%*& ! ..

Estou a ver na SIC Notícias que 55,1 por cento dos portugueses "acham" que o PS tentou pressionar a Justiça no processo da Casa Pia.


Publicado por Carlos 23:45:00 0 comentários  



"Magistrados do MP aceitam desculpas de Pires de Lima"

Pires de Lima, depois das inenarráveis declarações em que comparou a actuação do Ministério Público à PIDE e à Gestapo, veio pedir desculpa aos Magistrados do MP afirmando que as "discordâncias relativamente à missão do Ministério Público/MP (...) não têm o intuito de denegrir a imagem da instituição ou de qualquer dos seus membros".



Ora as declarações originais foram corroboradas de forma explí­cita pelo Alberto João Jardim, a quem só se pede que esteja calado, e, de forma menos piromana e discreta mas igualmente grave, por Jorge Sampaio, na sua entrevista à RTP, como já aquí­ se notou.

Assim a questão que se põe é, quando é que Jorge Sampaio tambem pede desculpas ?

Publicado por Manuel 18:17:00 0 comentários  



O testamento ...

Hoje no Diário Digital, o, ainda, Director do Diário de Notícias Mário Bettencourt Resendes escreve com um cinismo mortal a sentença de morte do seu sucessor e fala das razões que não permitiram a sua continuidade.

Afirma o ainda Director :

«Spin doctors», precisam-se...

Não me admira que o dr. Durão Barroso pense, por estes dias, que deveria ser possível «encomendar» ministros sem som...


De facto, uma série de episódios dos últimos meses, envolvendo membros do Governo, confirmam a «fraqueza da carne» sempre que se vê confrontada com microfones ou câmaras de televisão. Perante a perspectiva da celebridade, por mais efémera que seja, os homens não resistem e acabam, muitas vezes, por falar mais do que o aconselhável.
O actual Governo tem falhas e debilidades, como também tem pontos fortes. Mas tem, sobretudo, um fortíssimo problema de comunicação e de coordenação de transmissão da mensagem.

Por agora, o primeiro ministro vai fazendo de bombeiro e tem conseguido, com êxito, apagar os fogos de excessos e deficiências de comunicação. Mas Durão Barroso não ignora que cada novo caso deixa mossas, para além de retirar ao chefe de Governo a disponibilidade necessária para outras tarefas onde a sua intervenção é mais necessária.
Os governos das democracias modernas confiaram, há muito, as vicissitudes da comunicação a especialistas, que dão a cara e marcam as tónicas das relações com os media.

São os chamados «spin doctors». É uma profissionalização que, entre outras vantagens, permite que, quando alguma coisa corre mal, se poupe o membro do governo e se sacrifique o «spin doctor».

O spin doctor do momento é pois  Fernando Lima, e já se percebeu, vindo da pena mais insuspeita qual vai ser a sua missão, e a do novo Diário de Notícias, resta saber quandos dias faltam até ao seu sacríficio ...

Publicado por Manuel 15:37:00 0 comentários  



Uma fraude ...

Anda por aí muita alminha feliz e contente com os resultados do último Barómetro TSF/DN e ondeo  PS cai cinco por cento,  recolhendo 37 por cento das intenções de voto e o PSD sobrem seis pontos e estão no limiar da maioria absoluta com 44 por cento das intenções de voto.


Aparte a forma como funciona o mercado das sondagens, que não as feitas em dias daseleições, convém recordar um pequeno detalhe aos mais crentes: Os resultados acima valem ciêntifica e politicamente ZERO dado que não contemplam a taxa de abstenção, que se prevê altíssima dado o estado do PSe a ausência de alternativas ao PSD, taxa de abstenção esta que penalizará sempre em muito maior grau os partidos mais votados e  arcos dos sistema (o bloco central) e menos os anti-sistema (no caso o BE e a Nova Democracia e em  menor grau o  PC). Ah,  e espantosamente tambem não há indecisos ...

Publicado por Manuel 11:36:00 0 comentários  



"A serenidade"

ou o direito à indignação

O Jornal de Notí­cias publica hoje mais um texto, que gostariamos de ter escrito, mas que é da pena assombrosa de Francisco José Viegas.


Terá o país ficado mais deprimido com a publicação da reportagem sobre a prostituição de raparigas brasileiras em Bragança, na revista "Time"?
Não me parece. O assunto é folclórico e cómico. A "Time" não acrescentou, sobre o assunto, nem mais uma vírgula em relação ao que a própria Imprensa portuguesa tinha publicado há meses tirando umas fotografias de mais qualidade e com alguma relevância erótica. A reportagem da "Time" também foi publicada em Portugal (pela "Visão"), e a "Veja", no Brasil, concedeu-lhe duas páginas delicadas e de boa qualidade jornalística. A reportagem da "Time", aliás, é jornalisticamente irrepreensível.

Ora, eu acho lamentável que se destaque a reportagem da "Time", do ponto de vista moral, e não se destaque o que é mais deplorável: o tráfico criminoso de raparigas brasileiras, submetidas a verdadeira escravatura, por "empresários portugueses" que, esses sim, deviam ser investigados.

Parece-me normal que um conjunto de raparigas brasileiras altere a vida na pacata Bragança e, dessa forma, constitua um chamariz. Já não me parece normal que a existência de proxenetas escravocratas mereça ser escondida da opinião pública. As raparigas brasileiras alegram a vida sexual dos adúlteros transmontanos; os proxenetas escravocratas são mais uma nódoa no "tecido empresarial português". Era nisso que a Imprensa também devia pensar.

O senhor presidente da República, entrevistado na televisão, foi chamado a comentar o assunto de Bragança. Qual seria a melhor reacção sobre a reportagem da "Time"? perguntaram os jornalistas. "Partir ao ataque", sugeriu o presidente.

Lembrar que os americanos também têm braganças. O "El Pais" sugere que Portugal está deprimido. Como se deve reagir? Lembrando que os espanhóis também têm as suas depressões. Isto são deduções minhas, evidentemente a partir da entrevista do presidente que, uma semana antes, tinha pedido "serenidade" aos portugueses a propósito do escândalo da Casa Pia.




Concordei em absoluto. Ainda não tinha visto a entrevista do dr. José Maria Martins, na RTP, nem a conferência de Imprensa de Catalina Pestana, nem as acusações a João Guerra, o procurador. O desejo de "serenidade", manifestado pelo presidente, é legítimo; mas interrogo-me sobre as razões profundas desse pedido. E temo que a "serenidade" tenha, na sua raiz, as mesmas motivações patrióticas ou de "marketing patriótico": dar de Portugal essa imagem cheia de paisagens bucólicas e de cientistas que investigam a malária.

Se é pelos cientistas, até estou disposto a concordar. Se é pelos proxenetas de Bragança ou pelas manigâncias de juristas apostados em atrasar, adiar e – finalmente – impedir que se apure a verdade sobre a Casa Pia, acho que devemos exaltar-nos.


Bragança e a Casa Pia não são matéria do mesmo compêndio. Bragança é cómico e folclórico (tirando o essencial, que é a existência de uma rede de tráfico de mulheres, que nos devia envergonhar).

A Casa Pia é um nome doloroso. E mais: arrisca-se a ser um nome vergonhoso. Não sei (por mais aceitáveis que ache os argumentos do senhor presidente) até que ponto poderemos manter a nossa "serenidade". Temo bastante que essa "serenidade" se confunda com a "serenidade" que permitiu que os processos anteriores fossem arquivados e que a Casa Pia se transforme no lodaçal criminoso de que hoje suspeitamos. A única maneira de regressar à serenidade é, justamente, prendendo os proxenetas escravocratas de Bragança, investigar até ao fim o drama da Casa Pia e impedir que as testemunhas do processo sejam aviltadas desta forma insane e criminosa.



Nisso, o senhor presidente tem toda a razão; mas a "serenidade" tem um preço alto e nobre.

É importante saber se a "alma portuguesa" está disposta a pagá-lo. Não há "marketing patriótico" que salve a Pátria em momentos como este.

Porque Portugal é mesmo assim.


Publicado por Manuel 01:05:00 0 comentários  



em nome do regular funcionamento das instituições ...



... aguarda-se serenamente uma explicaçãozinha do Ministério das Finanças em relação às fortunas proclamadas por alguns dos candidatos à presidência do Benfica ...

Publicado por Manuel 23:05:00 0 comentários  



"Portugal visto do cabeleireiro" ...

Miguel Carvalho hoje na Visão Online traça um retrato desencantado, quase apocalíptico, do nosso País, à beira-mar plantado.

Escreve o Miguel:


O professor Marcelo Rebelo de Sousa é a pessoa mais respeitada e ouvida no País. Eu sei. Disse-me uma cabeleireira. Fala por ela e pelas clientes. À segunda-feira, entre uma tesourada e uma permanente, lá vem a pergunta sacramental: «Ouviu o Marcelo, ontem?». Por mim, não preciso de mais sondagens. Esta chega muito bem. Se o Marcelo já chegou aos cabeleireiros, Durão Barroso que se cuide porque os comentários de domingo do professor podem bem tornar-se a tosquia deste Governo.

Explico: quem me corta o cabelo é a Cristina, cabeleireira da Baixa do Porto. Fartei-me dos barbeiros porque as conversas tinham futebol a mais e bom senso a menos. E poucas revistas cor-de-rosa para ler enquanto se espera. No cabelereiro da Cristina estou em boas mãos. E não é só por me tratar o cabelo por tu. Ali, tenho toda a variedade de revistas da moda à disposição e uma fornada sempre quentinha de comentários e fofoquices a propósito dos mais diversos temas. Da pedofilia à gravidez da Barbára Guimarães, passando pelos mais nobres assuntos de Estado.

Pelo cabeleireiro da Cristina passa o Porto chique, o Porto remediado e o Porto maltraplilho. A senhora da Foz com vivenda e piscina, a sopeira do empregado bancário e a empregada de limpeza dos dormitórios dos arredores da cidade. É um cabeleireiro interclassista e termómetro muito fiável da temperatura do País. Quando a Cristina me diz que Portugal anda angustiado, eu acredito. Ela sabe do que fala. Passam-lhe pelo cabeleireiro dezenas de mulheres por dia, seis dias por semana. E para todas a Cristina tem uma palavra, uma meiguice, um tempinho. Elas aproveitam e falam também dos maridos, dos namorados, dos amantes, dos filhos. E eu, à espreita e caladinho, fico também com uma boa sondagem sobre o que pensa o macho português e o que pensam as mulheres deles que eles andam a fazer quando não estão com elas.

Há dias, a Cristina disse-me que o País está muito mal. E eu, uma vez mais, acreditei. Ela diz que as pessoas estão fartas do folhetim da pedofilia porque começam a perceber que o processo vai acabar bem para os poderosos. Também estão fartas do Big Brother, mas com «zapping» a mais ou a menos, não têm alternativa a não ser convidar todos os dias a televisão para jantar.

De resto, ela ouve cada vez mais queixas sobre o comportamento das televisões, acusadas de serem cada vez mais a voz do Governo e só darem notícias para entreter ou chocar. Uma ementa de incêndios, assaltos e pedofilia é servida todas as noites «e não se fala do que é mais importante». Se é verdade que as pessoas se viram para as telenovelas da vida real e as outras, isso tem uma explicação: diz ela que o supérfluo é um escape. Por isso lhe entram pela porta, todos os dias, histórias de famílias endividadas.



No cabeleireiro, a Cristina ouve cada vez mais relatos de um País a necessitar de consulta psiquiátrica. Diz ela que as pessoas andam deprimidas e oprimidas. Sobretudo no local de trabalho. Ainda há dias, conta, o marido foi chamado à administração da empresa onde trabalha para explicar o que queria dizer quando respondeu «faz-se o que se pode» em relação ao andamento de um serviço. E está na iminência de ir «descansar» para casa com um processo disciplinar.

A Cristina diz que a precaridade do emprego, a tirania dos chefes e o salve-se quem puder praticado pelo coleguismo no local de trabalho têm mantido as pessoas atadas, anestesiadas e viciadas em anti-depressivos. É só por isso que ela acha que esta revolta interior nunca fará saltar a panela de pressão. Quando muito, as pessoas «fugirão do País» como já fizeram «muitos bons chefes de família»: emigram seis meses e regressam mais aliviados. Da cabeça e do bolso.

A Cristina, que não tem partido, vai percebendo que o povo está mortinho por deitar este Governo pela borda fora, mas poucos parecem tentados a votar num PS em tão mau estado. É por isso, talvez, que a Cristina ouve cada vez mais as clientes dizerem que faz falta um Salazar «que ponha isto na ordem por muitos anos». Tão depressa diz isto como se arrepia. Desabafa então, quase resignada: «E andaram uns tipos a fazer uma revolução para isto».

Nós, que somos nesta matéria insuspeitos, vamos dar ao Miguel Carvalho alguns motivos de alegria e optimismo:

A revolução pode não ter servido para muita coisa, mas pelo menos sempre vai permitindo que muitos como o Miguel se vão expressando livremente e sem grandes censuras (e depois temos sempre a blogosfera).

Naquilo que MC vê secura e amargura, nós vemos o emergir de uma consciência cívica, ausente por demasiado tempo, que mais tarde ou mais cedo vai acabar por contaminar, no bom sentido, os aparelhos partidários na prática destruindo-os. Não sabemos quanto tempo vai faltar para existirem em Portugal caucus partidários à americana mas que são inevitáveis são.

É um facto que há motivos para preocupações como o populismo maniqueista e requintado do pretensamente elitista Marcelo aos domingos (apesar de tudo causador de danos limitados. Marcelo já provou ser bom a deitar terceiros ao chão mas tambem já provou que não consegue manter-se firme e hirto por muito tempo), Os delírios periódicos do Lopes de Lisboa ou o discurso terceiro-mundista do Monteiro, marioneta do Adriano M.

Mas por muito que se preocupem, e contorçam com o clamor pelo fantasma de Salazar, que está bem morto e enterrado, Portugal tem boas e sólidas referências para o Presente e para o Futuro !

Dois nomes apenas : Anibal Cavaco Silva e António Borges ...

Publicado por Manuel 22:04:00 0 comentários  



o primeiro ...

António Carrapatoso, o wonder boy da Vodafone, putativo e eterno ministeriável, e uma das estrelas do PSD na última campanha para as legislativas veio hoje num artigo notável no Diário de Notícias passar a certidão de óbito político a Manuela Ferreira Leite e às políticas reformistas deste Governo.

Com uma frieza e precisão notáveis, e tendo o cuidado de nunca atingir directamente Durão, Carrapatoso remata a sua prosa com a pergunta fatal:


Estamos ou não dispostos e somos ou não capazes de aceitar e realizar o esforço necessário para ultrapassar todos estes desafios?


Fosse a prosa publicada em campanha eleitoral, ou nas primeiras semanas após a tomad de posse deste Governo, e nada de notável haveria a assinalar. Mas nesta altura, escrever o que Carrapatoso escreveu equivale pura e simplesmente a comparar estes Ministros de Barroso aos de Guterres...

A prosa na integra :

Divergir para convergir


Tudo indica que iremos ter pelo menos três anos (2002/4) de crescimento económico divergente, relativamente à média europeia;

há mesmo poucas certezas de que em 2005 já seremos capazes de crescer mais do que a Europa. Nos três anos referidos, o PIB português crescerá, em termos acumulados, menos 3,5% do que o PIB europeu. Países como a Espanha ou a Grécia irão continuar a convergir para a média europeia e, portanto, a ganhar uma vantagem adicional face a Portugal. Arriscamo-nos a ficar cada vez mais últimos.

Quanto à produtividade do País, a divergência já vem desde 1997, tendo o crescimento do PIB verificado nesses anos resultado, em grande medida, do aumento do emprego e do número de horas trabalhadas. Aliás, em parte o crescimento do PIB não foi, provavelmente, virtuoso, porque resultou do aumento do emprego e de custos de pessoal da função pública - o que contribui para o PIB ao ser, também, contabilizado como valor acrescentado bruto.

No período de 1974 a 2003, o nosso crescimento foi superior ao europeu, mas nos últimos cinco anos entrámos claramente num ciclo não convergente que se acentuou explicitamente desde 2002.

Fomos, assim, capazes de tirar algum partido da nossa integração na Europa e no mercado único, mas não soubemos alterar suficientemente a nossa estrutura e modelo económico, por forma a conseguir projectar uma convergência continuada, a exemplo do que fizeram outros países _ como sucedeu no caso típico da Irlanda e mesmo com a Espanha.

Temos que ser particularmente críticos relativamente aos anos de 1997 a 2001, em que, numa conjuntura bastante favorável, perpetuámos e agravámos uma organização de sociedade e um modelo económico que já evidenciavam necessitar de uma alteração significativa.

Problemas fundamentais na despesa pública como a necessária redução dos custos de pessoal da função pública e a pressão das transferências para a Segurança Social, derivada da prevista evolução demográfica, não foram atacados, mas antes agravados. Neste período, adiámos as reformas estruturais, continuámos a deixar crescer o peso do Estado na economia (enquanto outros o diminuíram) e não melhorámos significativamente a qualidade dos serviços públicos. Por outras palavras, continuámos a manter um Estado pesado e paternalista mas fraco, e a não acreditar, responsabilizar e incentivar adequadamente os portugueses, asfixiando as potencialidades da iniciativa privada, da sociedade civil e de cada cidadão. Os erros do passado (e aqui podemos recuar até onde quisermos) explicam, assim, o agravamento da divergência que irá ocorrer nestes três anos (2002/4). Agora, mais importante do que saber se a intensidade e o tempo da divergência que experimentamos é mesmo inevitável, é estarmos certos de que finalmente estamos a realizar as mudanças estruturais de que o País carece. O que dificilmente será desculpável, é que estes três/quatro anos de profunda divergência não se venham a traduzir numa verdadeira alteração estrutural do nosso país que nos projecte para um mais longo e convergente período de saudável crescimento no futuro. O Governo tem vindo a lançar um conjunto de reformas que vão, de um modo geral, no bom sentido. É importante que essas reformas sejam aprofundadas e de facto bem implementadas na nossa sociedade.

O mesmo é dizer que é importante que exista uma clara e convicta liderança política relativamente aos principais projectos de mudança e uma acrescida capacidade de gestão, designadamente no Estado, para os realizar. Se não formos agora capazes de renovar o papel e a organização do Estado, criando as bases para reduzir significativamente o seu peso no futuro, sem pôr em causa a sua vocação social e a qualidade dos serviços públicos prestados... Se não formos capazes de lançar as bases para uma acelerada convergência da qualificação dos nossos recursos humanos, face à dos outros países, através duma verdadeira reforma do ensino... Se não formos capazes de garantir uma sã concorrência, abertura e igualdade de oportunidades em todos os mercados, desde o mercado dos factores ao dos bens não transaccionáveis... Se não formos capazes de criar um enquadramento à actividade económica estimulante e eficiente (desde o sistema de justiça, regulamentar e de licenciamento, até as necessárias infra-estruturas) que incentive o investimento de qualidade... Então este período de divergência e de sofrimento de pouco ou nada terá servido. Estas reformas económicas devem ser lançadas numa perspectiva plurianual, com identificação dos objectivos e metas a atingir e atribuição clara das respectivas responsabilidades, devendo a sua execução ser acompanhada por um sistema de coordenação e controlo adequados.

Têm também que estar enquadradas numa visão mais geral e estratégica do que queremos que seja a nossa sociedade no futuro, num conjunto de princípios e valores a consolidar e num reforço claro da democracia, da responsabilização e participação dos cidadãos. Um novo modelo económico deverá sempre ser encarado como algo instrumental (não sendo sequer o único instrumento) para alcançar os objectivos últimos da sociedade, que passam pela qualidade de vida, realização pessoal e felicidade de cada cidadão, numa perspectiva solidária e de equilíbrio sadio entre liberdade e igualdade. A concretização das reformas implica a concretização de alterações legais fundamentais que vão da introdução duma futura maior flexibilidade na legislação laboral (que acaba de ser aprovada) até à revisão da Constituição, passando por uma alteração profunda do estatuto e organização da função pública e revisão dos seus principais processos. Implica ainda a aceitação de novos paradigmas, pela sociedade, das organizações e do cidadão em particular.



São de realçar alguns dos novos paradigmas que teremos de adoptar: «Os deveres de cidadania são para cumprir»; «O Estado somos todos nós, serve-nos a todos e, por isso, temos todos que financiar o seu custo e somos co-responsáveis pelo seu desempenho»; «Quando exigimos mais contrapartidas do Estado temos que identificar de onde vem o dinheiro para as pagar, se estamos dispostos a comparticipar no respectivo custo e se essa é a melhor opção para o desenvolvimento da sociedade»; «Não deve existir, porque é pernicioso a prazo para os próprios trabalhadores e para a economia, o conceito de emprego garantido para toda a vida, devendo-se privilegiar uma relação mais saudável e flexível entre procura e oferta no mercado laboral»; «Cada cidadão é também responsável pela sua própria formação e angariação de competências que lhe permitirão dispor de mais alternativas no mercado de trabalho»; «A responsabilização e apreciação do mérito de cada um traduzem-se num bem comum»; «Uma concorrência sã e equilibrada em todos os mercados e no interior das organizações é um estímulo necessário à inovação e à criação de riqueza.»

As bases para uma convergência futura duradoura e significativa passam pela realização no terreno das reformas referidas, por alterações legislativas corajosas e pelo assumir de novos paradigmas na nossa sociedade.

Estamos ou não dispostos e somos ou não capazes de aceitar e realizar o esforço necessário para ultrapassar todos estes desafios ?


Hoje também no Diário de Notícias António Ribeiro Ferreira fez o maior insulto de todos os tempos a Mário Soares (fazendo-o descer ao nível de Sampaio) ao insinuar que tal como nos velhos tempos, hoje a sede da Oposição reside em Belém.

Se Ribeiro Ferreira se desse ao traballho de ler o seu próprio jornal talvez tivesse reparado que a sede da Oposição está afinal bem no interior do PSD.



E isso, meus caros, é um óptimo sinal para a Democracia, ainda por cima face ao eclipse total do PS, porque significa que há gente que não cede aos interesses clubísticos do momento e é capaz de dizer com frontalidade que se a realeza não vai ainda toda despida pelo menos já vai em topless ...

Publicado por Manuel 17:41:00 0 comentários  



os amigos são sempre para as ocasiões ...

... e hoje o Correio da Manhã, propriedade da Cofina, resolveu dar uma mãozinha à Lusomundo publicando uma entrevista com Fernando Lima, o aclamado futuro (?) director do Diário de Notícias ...



Para a posteridade a constatação de que Mário Bettecourt Resendes já não conta para o totobola, a auto-comparação do entrevistado a Marcelo e Pacheco (!) e uma singela frase : "Não sou um desempregado político"

Pois não, de facto não é ...

Publicado por Manuel 11:44:00  



um caso clí­nico ...

Depois de ouvir os discursos dos três putativos candidatos a coveiros do Benfica só mesmo Pedro Santana Lopes para os fazer parecer sérios e credíveis ...

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa decidiu justificar os honorários de Frank Ghery (qualquer coisa como 2 milhões de contos fora os tradicionais desvios para cima da praxe) com a quantia despendida pelo Real Madrid para contratar Figo.



Que o Lopes tem a mania das grandezas já todos sabemos mas comparar os cofres da Câmara Municipal de Lisboa que é financiada por todos nós aos do Real Madrid sempre é de mais.

Tal como é politicamente correcto em relação ao Alberto João Jardim também ninguém se vai preocupar excessivamente com mais este absoluto delírio do Lopes...

Depois queixem-se do deficit.

Publicado por Manuel 00:10:00 0 comentários  



Uma lição vinda do reino Unido ...

O PS bem que podia apreender alguma coisinha com o que se está a passar no Partido Conservador Britânico ...

Publicado por Manuel 22:58:00 0 comentários  



it's all about money ...

directamente da Lusa:


Lisboa, 29 Out (Lusa) Os trabalhadores do Diário de Notícias rejeitaram hoje a decisão da administração de indigitar Fernando Lima como director de redacção do jornal, aprovando uma moção de crítica e de censura em plenário, referiram, em comunicado. A reunião juntou mais de 100 jornalistas do diário da Lusomundo, que reiteraram a posição assumida quarta-feira pelo conselho de redacção, aprovando a moção com quatro votos contra e 10 abstenções. (...) "Isto é um sinal claro a Fernando Lima de que ele não é em bem vindo na redacção do jornal", explicou à agência Lusa Pedro Correia, do conselho de redacção, acrescentando ser também "um sinal para o exterior".

A moção de crítica e censura hoje aprovada tem como base "o percurso profissional de assessoria de imprensa [do ex-primeiro- ministro] Cavaco Silva, primeiro, e [do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros] Martins da Cruz, mais recentemente", que, segundo afirmam os trabalhadores em comunicado, afasta Fernando Lima "do perfil exigido ao líder executivo de um projecto de comunicação social como o Diário de Notícias".

Contactado pela agência Lusa, Henrique Granadeiro afirmou manter a posição assumida hoje, em comunicado noticiado pelo Diário de Notícias, segundo o qual, a administração mantém a indigitação de Fernando Lima como director de redacção do jornal, apesar do "chumbo" dado pelo conselho de redacção. O presidente da administração do jornal adiantou ainda que Fernando Lima "deverá assumir a direcção na próxima semana, coincidindo com o início do mês" de Novembro. (...)



Escusado será dizer que se Fernando Lima tivesse um mínimo de vergonha e decência na cara recusava o lugar ...

Escusado será tambem dizer que a Rainha de Inglaterra, Mário Bettencourt Resendes, sai muito mal disto ...

É o dinheiro, é o que é ...

Publicado por Manuel 21:20:00 0 comentários  



Sinais ou o príncipio do fim ...


CNPD reafirma que nunca emitiu parecer sobre cruzamento de dados


O magistrado Luís Silveira, que preside à Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), está disponível para ir à Assembleia da República esclarecer que «até à data nunca recebeu qualquer pedido de parecer sobre cruzamento de dados entre a Segurança Social e a Administração Tributária», como frisou em declarações ao Diário Digital. Luís Silveira reafirma assim a posição da CNPD, assegurando, contudo, e desde já, que «se um requerimento dessa natureza for feito será obviamente analisado e objecto de parecer». Ao Diário Digital, o presidente da CNPD assume ainda estar «à disposição da Comissão de Economia e Finanças para esclarecer a questão», revelando mesmo ter já enviado um ofício, dando disso conta ao presidente da Comissão. Desde o passado dia 22, dia em que Ferreira Leite foi ouvida na Comissão de Economia e Finanças, que subsiste um imbróglio dado a ministra ter imputado dificuldades à CNPD, para poder avançar com o cruzamento de dados entre o Fisco e a Segurança Social.

Em comunicado, esta quarta-feira, o Ministério das Finanças afirma que, na Comissão Parlamentar, Ferreira Leite «invocou as dificuldades» referindo-se ao acesso da Polícia Judiciária (PJ) aos dados da administração fiscal. O comunicado afirma, contudo, que a CNPD já se teria pronunciado sobre o cruzamento de dados entre Fisco e Segurança Social, facto sobre o qual Luís Silveira é peremptório: «Não recebemos qualquer projecto sobre esse assunto!»




Em suma, ou a Ministra das Finanças mentiu, ou lhe mentiram, ou o Presidente da CNPD está a mentir. Tão simples quanto isto ...

No entanto a novela continua e ninguém tira ilações.

Entretanto o Ministro do Ambiente confirmou a existência de uma proposta sobre a eventual transferência de áreas protegidas para o Ministério da Agricultura, mas diz que a mudança já não vai acontecer. Durão Barroso garante que a proposta nunca existiu e Sevinate Pinto, Ministro da Agricultura, vem dizer que afinal a questão foi mesmo abordada informalmente em Conselho de Ministros...

Durão Barroso arrisca-se mesmo a conseguir aquilo que era suposto ser verdadeiramente impossível : reabilitar Guterres...

Deve ser a este tipo de coisas que o Sampaio se refere quando diz que as "instituições funcionam" ...

Publicado por Manuel 20:39:00 0 comentários  



Novo léxico nacional ...

O processo da Casa Pia está a alargar bastante o léxico indígena.

Depois dos alegados pedófilos e das alegadas vítimas, chegou a vez dos alegados psiquiatras


Publicado por Carlos 16:30:00 0 comentários  



Três homens, um destino ...



Vou ser tentar ser curto e objectivo: o meu candidato é Guerra Madaleno

E por uma razão muito simples: enquanto que os outros dois, Luis Filipe Vieira e Jaime Antunes apresentam uma campanha bem elaborada, com programas, propostas, comissões de honra, o jornal A BOLA, num ápice, convenceu-me a gostar mais do Madaleno:


A Arca do Tesouro

«Guerra Madaleno levou ontem os jornalistas a uma dependência do BES, em cujo cofre pessoal o candidato guarda um título de tesouro americano no valor de 100 milhões de dólares»

Publicado por Carlos 16:08:00 0 comentários  



Quercus surpreendida com "excesso de honestidade" do ministro do Ambiente




A associação ambientalista Quercus está surpreendida com as declarações do ministro do Ambiente, Amílcar Theias, que definiu uma hipotética mudança de tutela do Instituto de Conservação da Natureza como "uma cedência a interesses particulares". Francisco Ferreira diz que o ministro foi "politicamente incorrecto", mas congratula-se com a sua postura, que revelou "um excesso de honestidade".(...)

Publicado por Manuel 11:17:00 0 comentários  



um airbag chamado Sampaio ...
... ou direitos, liberdades e garantias

Não era suposto falarmos da última entrevista de Sampaio, até porque como é hábito Sampaio não disse nada de verdadeiramente relevante. Ouvir Sampaio é como ouvir o Prof. José Hermano Saraiva, até dá para passar o tempo, mas passada meia hora já ninguém se lembra ao certo do que disse.

É certo que Marcelo achou a entrevista notável mas Marcelo deve ter visto a coisa com o mesmo cuidado com que confessou no passado sábado ao DN ler os livros que recomenda - na diagonal ...

No ententanto o diabo está sempre nos detalhes, e os detalhes num Presidente da República, ainda que de bananas, são fundamentais.

Ora o que disse Sampaio sobre a veia poético-anal de Ferro quando ao telefone ?


P. - Um candidato a primeiro-ministro teve declarações menos prestigiantes sobre segredo de justiça...

R. - Não vou comentar isso, até porque noutros tempos, quando havia escutas antes do 25 de Abril, nós dizíamos sempre — eu pessoalmente — "agora é para os que estão a ouvir", e saía uma roda de palavrões. Eu ainda hoje faço isso por reflexo ao ridículo.


Pois, Sampaio, o humanista, Sampaio, o solidário com Souto Moura, Sampaio o justo com este pequeno grande raciocínio corroborou pura e simplesmente não só Pires de Lima mais as suas imbecis declarações (as que até meteram a Gestapo ao barulho), as quais não podia deixar de conhecer além de implicitamente legitimar a nova estratégia de Júdice que é recentrar as caneladas na equipa do Procurador João Guerra (cujos métodos pelos vistos fazem lembrar a Sampaio os da PIDE) !



Entretanto, e enquanto toda a gente se indigna com a legislação sobre escutas (recorde-se que da autoria de António Costa, Ministro da Justiça de um Governo PS) seria útil saber a opinião de todas estas luminárias sobre que métodos pretendem usar para combater o crime e o terrorismo organizado à escala global.

É que por acaso e na prática só há, como qualquer pessoa com dois dedos de testa pode inferir, duas, e duas só, alternativas (quando deveriam ser complementos) às escutas e intercepção de dados (e que fique claro que autor é ferozmente contra qualquer tipo de legislação remotamente semelhante ao PATRIOT Act americano) que são ou a utilização massiça de arrependidos ou os agentes infiltrados/provocadores ...

Curiosamente, e também por estes dias surgiram umas falhas de comunicação, entre os elementos da Comissão Nacional de Proteção de Dados e a Ministra das Finanças não se percebeu ainda muito bem por causa de quê, embora como habitualmente já se tenha percebido que a merceeira do regime (simplesmente o maior bluff da história do PSD e jà bem à frente de Leonor Beleza) vai ficar mal no filme.



Se Sampaio, Vital Moreira e os moralistas/legalistas do costume não estivessem tão distraídos com o "acessório" talvez tivessem tempo para se debruçar sobre a matéria do cruzamento de dados pessoais não só entre diferentes organismos governamentais, mas também entre estes e privados e mesmo entre privados.

É que por acaso se há potencial para um monumental Big Brother é precisamente nesta matéria e não numa ou noutra escuta ordenada por um juíz.

Não é por acaso que os experts em "processamento de informação" (depois de fazerem a formação profissional no SIS, nas secretas militares ou até no SEF) acabam quase sempre a fazer consultadoria para o sector bancário ou similar. É tudo uma questão de data mining ...



De facto e ao contrário do que diz Sampaio os "Portugueses normais" não "são sempre os culpados de Tudo" ...

Publicado por Manuel 02:26:00 0 comentários  



Mensagem em código de António José Teixeira a Fernando Lima, director indigitado do DN e não só


Portugal demissionário


Portugal mergulhou num clima demissionário.

Não são apenas os ministros e os líderes partidários que se demitem ou cuja cabeça surge dependurada na praça pública.

É também uma certa cobardia ou impotência que contagiou o País. Não partilho a ideia de que os responsáveis políticos apenas devam prestar contas ao eleitorado no final dos mandatos. Há quebras de ética e legalidade que justificam ilações exigentes. Como há tragédias em que o zelo público não esteve à altura das responsabilidades e que devem ter consequências.

O respeito pelos cidadãos tem por isso algumas vezes um preço muito elevado. Um preço que os delegados do poder dos eleitores devem assumir como exigência permanente. Desde logo não se demitindo das suas responsabilidades. A demissão é, regra geral, o reconhecimento do fracasso.

Logo, evitar o fracasso, cumprir as promessas, garantir o progresso, é não se demitir da responsabilidade. É sobretudo não iludir os problemas. Por exemplo: não se pode dizer que o Estado não tem dinheiro para com isso justificar, por si só, a privatização das suas funções. A receita do Estado deriva dos impostos que cobra. É assim desde que há Estado.

Ora, se o Estado não consegue cobrar os impostos, a consequência inevitável não tem de ser a entrega a privados dessa cobrança. A ineficácia do Estado não deve ser «resolvida» pelo esvaziamento do próprio Estado. A ineficácia do Estado deve, antes de mais, ser combatida com racionalidade, tecnologia e exigência.



A reforma da administração pública deveria servir para isso. Mas o argumento repetido dos governantes é o da poupança de recursos. Importante, sem dúvida, num Estado depauperado. Mas onde está a orientação estratégica? Ainda há poucos dias a ministra das Finanças dizia que «as funções do Estado terão de ser repensadas».

Terão? Não seria pressuposto que já o tivessem sido? Antes de se pôr em prática um economicismo cego. Quando se proclama na saúde que se gastou menos do que no ano anterior, isso seria um feito notável se traduzisse uma melhoria do atendimento. Ora, em boa parte dos casos, a situação agravou-se ou então as dívidas transferiram-se do Estado para o Estado-sociedade anónima...

Quando lemos que foram roubados computadores nas Finanças de Lisboa, e com eles desapareceu a lista dos maiores devedores ao fisco, percebe-se a fragilidade da máquina do Estado. E é aqui que se joga o demissionismo dos delegados do poder dos eleitores, que não zelam pelo interesse público, pela solidez das instituições, que desvalorizam a regulação, a fiscalização e a coerção, que abdicam de tornar o Estado eficaz, e que nem sequer colocam à nossa consideração aquilo que entendem deverem ser hoje as funções do Estado.

Demissionismo também nosso porque abdicamos da nossa palavra perante alterações profundas na nossa segurança. «Se o Estado é forte, esmaga-nos; se é fraco, perecemos» era o dilema de Paul Valéry. É hoje também o nosso dilema. Quererá o País trocar umas ideias sobre o assunto? Ou preferirá demitir-se?...

P.S. Ferro Rodrigues é um líder consentido. Demissionário. À espera de sentença. Durão Barroso foi vaiado no futebol. Mesmo sem oposição. À espera da retoma. E quem espera desespera


... e o absolutamente espantoso é que o Tó Zé Teixeira conseguiu articular em duas penadas aquela que deveria ser estratégia deste governo (e que por acaso até está toda consignada no Programa de Governo) melhor do que Durão Barroso desde que é PM ... Ora como o primeiro não é, apesar de tudo um génio, ficamos e mais uma vez esclarecidos sobre as não qualidades do segundo. Logo a questão que se impõe é quem, e quando, vai ser o primeiro peso pesado (eu não conto - a minha hora ainda não chegou) a pedir um Congresso extraordinário no PSD...

Publicado por Manuel 01:11:00 0 comentários  



Opinião de Mário Bettencourt Resendes sobre a qualidade geral das publicações do grupo Lusomundo e do DN em particular ...


Um telejornal em 29 minutos

Na noite de segunda-feira, o principal serviço de notícias da televisão norte-americana CBS começou à hora programada e acabou, como sempre, exactamente 29 minutos depois de se ter iniciado.

Na abertura, Dan Rather apresentou, a partir das ruas de S. Diego, o tema do dia, os catastróficos incêndios na Califórnia. Depois do que aconteceu em Portugal no último Verão, impressionou a sensação de reprise: bombeiros a queixarem-se de falta de meios para combate aos fogos, suspeitas de incêndios de origem criminosa, queixas sobre matas mal limpas e descuidadas pelas autoridades responsáveis, famílias inteiras em desespero perante a sua incapacidade para impedir o avanço das chamas, que já destruíram mais de 1100 casas e mataram 13 pessoas, para além de terem devastado muitos milhares de hectares de floresta. Com o apoio de uma infografia muito clara, Rather introduziu quatro reportagens em directo a partir de lugares mais flagelados.



Os jornalistas envolvidos remeteram-se, como se exige, a um papel secundário e deram voz a casos humanos que documentavam a imensidão da tragédia. No alinhamento do telejornal, seguiu-se um pequeno apontamento sobre eventuais consequências de um medicamento no cancro do pâncreas, uma notícia sobre a compra de um banco em Boston e a evolução dos índices das bolsas de Nova Iorque (mais de 60 por cento das famílias norte-americana têm poupanças aplicadas em títulos cotados em bolsa). Houve ainda uma reportagem de consumo, muito bem documentada, a propósito de um defeito de fabrico de um dos carros mais populares nos Estados Unidos.

A terminar, o telejornal regressou a S. Diego e Dan Rather concluiu com uma peça onde se explicava os motivos da violência dos incêndios deste ano. Tudo em 29 minutos, incluindo três intervalos para publicidade. Luxos de países onde deve haver escassez de matéria-prima noticiosa...


N.A. Como nova Raínha de Inglaterra do grupo Lusomundo, e à Sampaio, o homem já começou a treinar ...


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«Portugal é um país de bufos», diz João Jardim


Alberto João Jardim concorda com Pires de Lima quando o ex-bastonário da Ordem dos Advogados diz que as escutas só devem ser permitidas em casos excepcionais.



N.A. Desde já pedimos desculpas aos membros da Liga dos Amigos das Abóboras por usarmos a foto de uma e logo associada ao Alberto João Jardim e ao Pires de Lima, mas a ocasião impunha-o ...

Publicado por Manuel 22:59:00 0 comentários  



Sabemos que não tem nada a ver...

... mas gostariamos de partilhar com todos os leitores da Grande Loja do Queijo Limiano a figura e o curriculum do nosso ministro preferido




curriculum vitae

Ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente

Amílcar Theias


Nascido em Lisboa em 9 de Agosto de 1946, casado, 3 filhos

Habilitações Académicas

Licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Ciência Económicas e Financeiras (1971)
Estágios

Banco da Union Parisienne (França)

Banco Raiffeisen (Holanda)

Curso de Finanças Públicas do Fundo Monetário Internacional (Washington)

Serviço Militar

Oficial da Reserva Naval (1971-1974) (2)

Actividade profissional

Técnico Superior do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério das Finanças (1971-1977)

Subdirector-Geral do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério das Finanças (1977-1980)

Vogal do Conselho Nacional de Estatística (1973)

Correspondente do Fundo Monetário Internacional do domínio das estatísticas das Finanças Públicas (1976)

Vogal da Comissão de Reforma Fiscal (1978)

Vogal da Comissão de Reforma do Ministérios das Finanças (1979)

Vogal do Conselho Consultivo do Instituto de Investimento Estrangeiro (1978-1979)

Representante do Ministério das Finanças junto da Comissão de Integração Europeia (1979)

Membro da delegação

Negociações do acordo "stand-by" com o FMI (1978)

Exame OCDE da Economia Portuguesa

Comité de Política Económica da OCDE

Comité Económico da EFTA

Presidente da Comissão de Fiscalização do Crédito Predial Português (1977-1980)

Conselheiro financeiro da Missão e da Representação Permanente de Portugal junto das Comunidades Europeias (1980-86). No exercício destas funções, acompanhou as negociações de adesão nos domínio monetário-financeiro, orçamental e fiscal, bem como nas áreas do direito de estabelecimento bancário e dos seguros. Assegurava ainda as relações com o
Banco Europeu de Investimento

Director (1986-90) e Director-Geral (desde 1990) no Secretariado Geral do Conselho de Ministros da União Europeia com funções específicas na área económico-financeiro. No âmbito das suas funções acompanhava os trabalhos do Comité Monetário e do Instituto Monetário Europeu

Colaborador do Grupo BPN (2001-2002)

Vice-Presidente do Fórum para a competitividade

Actividade docente

Assistente e Regente de várias cadeiras no Instituto Superior de Economia (1972-1976)

Co-regente da cadeia de Finanças Públicas na Universidade Católica (1977-1979)

Professor do curso de Finanças Comunitárias na Universidade Católica (1981-1985)

Conferencista no Instituto Nacional de Administração sobre finanças comunitárias e o euro

Conferencista na Universidade Autónoma de Lisboa

Actividade Política e Associativa

Militante do Partido Social Democrata

Membro da SEDES e da Ordem dos Economistas

Outras Referências

Comendador da Ordem do Mérito (2)


1e 2 - Elementos no curriculum que foram preponderantes para ser o escolhido para a pasta do Ambiente, Cidades e Ordenamento do Território por José Manuel Durão Barroso

Publicado por Carlos 18:21:00 0 comentários  



A Justiça




I never saw a wild thing
sorry for itself.
A small bird will drop frozen dead from a bough
without ever having felt sorry for itself.

D. H. Lawrence


Publicado por Carlos 13:30:00 0 comentários  



uma questão de valores e prioridades...

Ontem, um alucinado, apenas ex-Bastonário da Ordem dos Advogados e advogado do Ministro de Estado e da Defesa, meteu no mesmo saco as atrocidades da Gestapo, as barbaridades da PIDE e a actuação do Ministério Público no caso Casa Pia.

Hoje, nem uma voz, seja do Governo (com nove ministros, nove, a visitarem um dos cinco países mais corruptos do mundo), nem dos Partidos (aquí até o PS podia fazer um floreado a manifestar-se chocado com o manifesto delírio), nem do Presidente da República se ouviu ...



Está visto que quando convém, que se $#%^& nos príncipios, e se para atingir a investigação em curso for preciso branquear quarenta anos de ditadura e um dos regimes mais sanguinários e bárbaros que jamais existiu então que se branqueie ...

Só mesmo à canelada...

Publicado por Manuel 17:01:00 0 comentários  



Fim de semana Lusitano

Se há coisa que eu gosto é de um bom fim de semana. A sério! Gosto mesmo! Tal como o último.

Sabe bem acordar, sair de casa a caminho da tabacaria, gramar com uma interminável fila para registar o Totoloto (um sacrifício necessário - o que é meia hora à espera para meter um papel numa máquina, quando esse papel pode valer 3 milhões de euros?).

Apesar da espera, o papel acabou por ter um valor inferior, até deficitário, ao pretendido. Começo a achar que existe uma cabala, urdidura, maquinação, ou o que queiram chamar, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O sábado foi também interessante porque a TVI ofereceu-me uma mega-produção à volta da inauguração do novo Estádio da Luz. Ainda cheguei a pensar que iriam aparecer uns quantos adeptos, com a voz e imagem distorcida, a dizerem que o Luís Filipe Vieira é pedófilo.

Mas não! Graças a Deus - ou, como gosta de dizer o Nuno Morais Sarmento, com a «Graça de Deus».



E, como adoro a TVI lá fiquei colado durante todo o dia.

Eram para aí 16,30, quando um amigo meu - licenciado em Direito, a preparar um doutoramento em Direito Constitucional - liga-me e pergunta: "O que é que estes gajos estão a festejar ?"

Estão falidos, não ganham nada há 10 anos, o estádio está hipotecado, e este ano se conseguirem chegar à UEFA podem agradecer a Nossa Senhora de Fátima (Dr. Paulo Portas, peço desculpa pelo meu amigo...).

Estas palavras recordaram-me a velha teoria da hiena: Andava um puto no Jardim Zoológico, quando o guia da visita começa a explicar: «A hiena é um animal pouco sociável, não se dá com os outros animais, alimenta-se das fezes dos outros animais e passa o tempo a rir-se».

Pergunta o puto: «Um animal que não se dá com os outros, come merda, ri de quê?». Glorioso SLB.

Um jornal que gosto de ler é o PÚBLICO. E no sábado estava muito interessante. A começar com um artigo, notável, de Helena Matos e um outro de Augusto Santos Silva (ASS), também notável, mas por razões diferentes.

Diz o ASS que oos últimos desenvolvimentos do processo Casa Pia tiveram como objectivo «liquidar Ferro Rodrigues e envolver o bastonário». Só mesmo a cabecinha de ASS é que pode pensar assim...

Pergunto: Quem se daria ao trabalho de liquidar alguém que já se encontra em processo de erosão política e cujo fim é só uma questão de tempo?

Ou ASS ainda vê qualidades políticas em Ferro que toda a gente desconhece?



Depois vem o envolvimento do Bastonário, o «Júdice», como foi carinhosamente chamado.

Ò meu caro ASS, não foram os jornalistas que se dirigiram «à casa do Júdice» para lhe mostrar um documento, ou foram?

O «Júdice» foi envolvido neste processo por dirigentes socialistas e não por jornalistas - que se saiba....

Embalado pela pena, ASS diz que este «não é um problema do PS, mas da Democracia». Pela parte que me toca - se enterdermos a Democracia como um sistema representativo - EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO. Tal como confundiram a Assembleia da República como um edifício privado do PS, os socialistas querem agora confundir um caso pessoal com um problema geral da «Democracia».

Que eu saiba, a Democracia não tem nenhum problema com a Justiça: Sobre a «Democracia» não recaem «fortes indícios» da prática de um crime; os amigos da «Democracia» não andaram a telefonar para gente com influência; A «Democracia» não andou a inventar teses da cabala; A «Democracia» não leu, em pleno púlpito da Assembleia da República, extractos de um relatório da PJ sobre o Paulo Portas, quando este não foi constituído arguido de nada (e eu até nem simpatizo nada com o homem...). Que me recorde, nessa altura o Souto Moura era o maior....



Citando o Manel Maria Carrilho (Expresso de 25 de Outubro): «As teorias da conspiração são um eloquente exemplo de populismo».

No fundo, caro ASS, a «Democracia» é como a «Cantiga da Rua»: Vai de boca em boca/ É de toda a gente/Não é de ninguém

Publicado por Carlos 13:52:00 0 comentários  



notável ...



... a reverência hoje demonstrada pelos noticiários dos dois canais da RTP para com as abomináveis e execráveis declarações de Pires de Lima.

Publicado por Manuel 22:16:00 0 comentários  



porno & hard-core

Já aquí tinhamos antecipado oportunamente, numa reacção a um post do Mata-Mouros, que Frank Gehry iria ser de facto o arquitecto responsável pelo projecto de reconversão do Parque Mayer e que as declarações anteriores de Pedro Santana Lopes, pondo tal em dúvida, se destinavam apenas e só a preparar as massas para os reais custos do projecto.

Hoje sabemos que a Câmara Municipal de Lisboa chegou a um acordo com o afamado arquitecto que prevê que os custos totais do projecto (excluindo a execução da obra) rondem os 28 milhões de euros (18 dos quais, pelo menos, serão pagos pela câmara).

Crise, deficit orçamental, contenção, apertar do cinto, obra de emergência ?



Num País normal, seriam o Primeiro-Ministro e a Ministra das Finanças os primeiros a pôr cobro a tal pornochochada, mas como estamos no País do Euro/2004 e onde os orçamentos originais nunca sofrem desvios nada se vai passar.

Depois queixem-se da abstenção, dos populismos, dos políticos esses eternos incompreendidos, das doenças da democracia e de outras coisas que tal ...

Publicado por Manuel 14:57:00 0 comentários  



Um País a preto e branco...

Definitivamente o País, e a blogosfera estão divididos.

Temos os bons, os moralistas, os quais cientes da sua , toleram tudo com a maior das piedades farisaicas, desde que lhes convenha, e temos os maus, que - pasme-se - questionam a honra de uns quantos e, pior do que isso, se recusam a ir atrás de ideias pré-concebidas e pensam pela sua própria cabeça. Para rematar há ainda a categoria dos vilões onde está omnipresente o Ministério Público e o Procurador Geral da República.

A Grande Loja, e este modesto escriba em particular, estão definitivamente na categoria dos maus, e se dependesse da vontade de alguns já estavamos num qualquer index blogosférico.

E porquê ? porque aquí se destilam "insultos e idiotices" e mais: "ódio" !

Pior, parece que achamos por aquí "que todos (e nós sabemos quem são os "todos") são culpados até prova em contrário".

Em primeiro lugar convém esclarecer que só lê este blog quem quer.

Em segundo lugar nunca tentamos por meios menos ortodoxos influenciar nem a linha editorial de blogs terceiros nem muito menos tentar dividir os autores desses mesmos blogs entre sí.

Em terceiro lugar, a identidade dos autores deste blog é um segredo tão bem guardado que só não sabe quem somos quem não quer ou não se dá sequer ao trabalho de perguntar.

Em quarto lugar vamos às questões centrais : Ninguém aquí sabe se A ou B são culpados, o que temos a certeza é que se tem passado uma série de fenómenos a montante e a juzante, e que os bons acham naturalíssimos quando lhes convém e execraveis quando é ao contrário, que no minimo põe em causa o Estado de Direito, o normal funcionamento das instituições e a igualdade de todos perante o sistema. Aquilo que se tem verificado é que todos somos iguais mas há uns muito mais iguais que outros ...



Hoje Pires de Lima destila 3 páginas de puro "bom-senso" na revista dominical do Público. Uma entrevista claro, para ser reverenciada e aclamada pelos bons e "politicamente correctos".

E que diz Pires de Lima de concreto ? Compara "o Ministério Público com a PIDE e com a Gestapo"

Com a Gestapo Senhor!

Sim, porque naquele tempo havia equipas de super advogados, e jornalistas freeelancers a intoxicar a opinião pública, e todos tinham direito de apelo!

Sim porque naquela época se podia recorrer para a Relação, para o Supremo e para o Constitucional.

Sim porque naquele tempo não se passou nada de mais errado do que aquí agora se passa.

Só por estas declarações Pires de Lima, que num País normal, e a frio, devia ir passar uns dias na cadeia, ainda bem que estamos do lado dos "maus" !

Porque pelos vistos os dramas de Pedroso, Ferro, Cruz e companhia são comparaveis aos dos milhões de vitímas e mortos pela máquina nazí.

Em nome dos que não tem voz e aos milhões de vitimas nazís pedimos desculpa pelos dislates de alguém sem perdão. Só esperamos que daquí a uns anos, e tal como o Big Brother o já é agora, esta entrevista não seja um referencial num qualquer manual escolar ...

Ah, e quanto ao ódio, não é ódio: é raiva por comportamentos e declarações como esta de Pires de Lima ... Politicamente correctas já se vê!

Para terminar, se dizer o que pensamos, e pensando sempre no que dizemos, nos custa uma descida nos inbound links porque um qualquer badameco adiantado mental nos resolve abater da sua lista de links e insultar por e-mail, então que o seja !

É um preço insignificante preço a pagar para podermos ser livres ...

Publicado por Manuel 10:19:00 0 comentários  



"Leituras para os dias de chumbo"

A nova Raínha de Inglaterra do grupo Lusomundo escreve hoje um curioso e sintomático editorial no, em breve defunto por via da fusão com o JN, Diário de Notícias.



Na boa tradição de Marcelo e Pacheco, o agora proto-senador Mário Bettencourt Resendes recomenda três livros.

Um, o de Clancy, é o tipíco livro de aeroporto, estilo comida chinesa, lê-se bem mas passadas umas horas já ninguém se lembra da história - dará no entanto um bom blockbuster...

Já as outras duas recomendações são muito mais refinadas dado que lidam, só e apenas, com o conceito de vingança, traição e redenção (os dois) assim como com a velha história do David contra Golias (o Avenger)...

Para bom entendedor...

Publicado por Manuel 01:11:00 0 comentários  



há qualquer coisa de errado ...

... nesta euforia toda à volta do novo estádio da Luz.



Não sei porquê mas as únicas imagens que me vem à cabeça são de um filme, salvo erro com Marcello Mastroianni, sobre um grupo de "burgueses" que se enclausura numa casa`e se "suícida" com uma overdose de comida i.e. empaturrando-se até à morte ...

Publicado por Manuel 23:19:00 0 comentários  



perguntar não ofende ...



Quais foram os verdadeiros termos políticos do acordo entre Nuno Morais Sarmento e Emídio Rangel que permitiu a saída airosa deste último da RTP e que abriu caminho à fulgurante ascensão de Rangel a ponto de este ser hoje a eminência parda do ramo média da PT capaz de pôr em sentido operacionais como Granadeiro e Manuel Teixeira ?

Publicado por Manuel 18:20:00 0 comentários  



Crónica de uma ruptura anunciada ...

Já toda a gente percebeu que a investigação sobre o Processo Casa Pia, mais o que se passa a montante e a juzante deste , não vai parar.

O que se viu até agora, no ecosistema, indústria até, que se desenvolveu à volta de todo o Processo, dava só por sí para fazer um Tratado.

Já não interessa que ninguem fale a sério na cabala (que aliás nunca foi citada uma e uma única vez nas escutas a dirigentes do PS durante os muitos dias durante que precederam a detenção de Pedroso)

Já não interessa que quem montou o circo das fugas tenha sido o próprio PS (vide a última Visão de Julho)

Já não interessa o triste episódio dos clones de Inês Serra Lopes, ou esse momento execrável da nossa vivência democrática que foram as publicações do GOVD, quer em papel quer na net por via do defunto muitomentiroso.

Já não interessa o unilateralismo revelado por muitos, em alinhar por mera solidariedade ideológica (só ?) com um dos lados  (vide o Público e as suas recentes cambalhotas)...

Já nada disto interessa.

Ana Gomes diz agora que a cabala vem do seio do próprio PS.

Vem sim, mas ela já não fala da cabala original: são só e apenas os amigos de ontem, os que viabilizaram as fugas originais, que ao perceberem que Ferro e Pedroso estão (politicamente no minimo) acabados resolveram entrar no jogo do day after ... Ana Gomes -  como antes a defesa de Pedroso, agora estranhamente silenciosa -  foi apenas a última a perceber que em matéria de fugas quem colhe ventos semeia tempestades.

Só um cego ou um louco pode achar que a haver prevaricadores estes orbitam todos à volta do PS. É a esta luz que devem ser interpretadas as sistemáticas, e recorrentes, prosas histéricas de Luís Delgado, o controleiro político da LUSA, a nomeação de Fernando Lima (a qual num País normal levaria a muito rolanço de cabeças a começar nas de Nuno Morais Sarmento e José Luís Arnaut) para Director do DN, a inocuização da TSF  ou  as aventuras na RTP.

Entrou-se na fase do controlo de danos.

No fundo é como na trilogia Matrix : É a máquina a perguntar a todos, e a cada um, se querem realmente saber a verdade e se estão preparados para isso.



Para alguns académicos, numa lógica tit for tat, mais tarde ou mais cedo, as partes chegariam inevitavelmente a um equilíbrio, a um compromisso que permitisse a sobrevivência do sistema logo, incontornavelmente, a um pacto de regime. Note-se que o tit for tat é um modelo ESS (Evolutionary Stable Strategy), mas não é liquido que seja viável enquanto  modelo CSS (Culturally Stable Strategy), já que é por definição amoral, mas  mesmo que fosse este último, a história, a História a sério, faz-se de rupturas, de transições epsilon, e se até os dinossaursos se extinguiram não se percebe porque é que este sistema  se há-de perpetuar ...

Há muita gente por aí que não percebeu o que se passou nas últimas autárquicas, contra todas as espectativas das opiniões  publicadas. Definitivamente, todos esses que são especialistas a analisar o passado, e a esperar que o presente se consume, talvez venham a ter algumas amargas surpresas ...

A Verdade anda por aí ...

Publicado por Manuel 15:35:00 0 comentários  



"segredo de quê?"


A culpa é do sistema. Em Maio, o bastonário da Ordem dos Advogados e dirigentes do PS discutiram documentos em segredo de justiça. O bastonário não considerou que tal colidisse com o seu cargo e os dirigentes do PS também não. Em Outubro, o mesmo bastonário sugeriu que se pusesse termo ao procurador-geral da República porque este não põe termo às fugas ao segredo de justiça. No mesmo mês de Outubro, o PS considera também que as fugas ao segredo de justiça visam destruir os dirigentes daquele partido.

Ou seja, em Maio, para evitar a prisão de Paulo Pedroso, a direcção do PS procurou tirar benefício das violações do segredo de justiça. Em Outubro, a mesma direcção considera que as violações do segredo de justiça fazem parte da cabala, maquinação, urdidura, campanha... contra o PS e clama contra as violações contra o segredo de justiça. Afinal, em que ficamos?

Quer o bastonário da Ordem dos Advogados quer a direcção do PS reagiram à divulgação das transcrições das escutas telefónicas como um bando de miúdos que tivessem conseguido entrar fora de horas num supermercado para provar umas guloseimas. Uma vez descobertos, fazem tábua rasa do acto que praticaram, proclamam-se vítimas e acusam o segurança de ter adormecido e não os ter visto entrar. O que foram lá fazer? Isso agora não interessa nada. E já agora como é que os senhores souberam que nós lá entrámos?

O que chocou os portugueses na transcrição das escutas não foi ouvirem Ferro Rodrigues dizer que se estava "cagando para o segredo de justiça". Aliás é a única coisa de mais genuíno que ali se entende. Porque o que chocou os portugueses foi precisamente não os perceberem indignados com o que lhes estava a acontecer. Teria sido humano que aqueles homens gritassem ir dar uma sova no procurador ou em quem tivesse inventado tudo aquilo. Mas nada disso se ouviu. Apenas combinações de contactos. O que chocou foi não haver emoção mas sim esquemas.

De mau a piau. A velha boca dos anarquistas nos anos 70 ainda deve ser a melhor definição para as violações do segredo de justiça em Portugal. O segredo de justiça está, neste momento, em Portugal, ao nível das licenças de isqueiro. Ninguém as tirava, mas toda a gente sabia que existiam. E algum agente de autoridade, em dia de azedume, podia perguntar por ela ao primeiro fumador que lhe aparecesse.

A justiça tem de adequar vários dos seus funcionamentos e linguagem ao tempo em que estamos. O caso do segredo de justiça é claramente um deles. Dada a rapidez das comunicações e a própria evolução dos "media", o segredo de justiça acaba a funcionar de forma perversa. Ou seja, em vez de defender o nome das pessoas que estão a ser investigadas, leva a que se multipliquem as mais variadas e, por vezes, derazoadas teses sobre essa investigação. Não percebo em que possa perturbar a investigação a publicação pelo jornal "24 Horas" do acórdão da Relação. Li-o todo e após a sua leitura só posso concluir que seria bom que o outro acórdão da Relação também tivesse sido divulgado na íntegra em vez de cirurgicamente seccionado.

Não ponho em causa a necessidade de existir segredo de justiça. Mas outra coisa bem diversa é esta concepção quase casular do segredo de justiça. Como algo que preserva os diferentes agentes da justiça do contacto com a sociedade até ao derradeiro momento em que majestaticamente julga ou manda arquivar.

Por fim, sublinhe-se que segredo de justiça quer dizer isso mesmo: segredo a que estão obrigados os agentes da justiça, sejam eles advogados, juízes, procuradores... Os jornalistas não têm de zelar pelo cumprimento do segredo de justiça pela mesma razão que os advogados, os arguidos, os procuradores e os juízes não vêm escrever notícias. Aos jornalistas cabe zelar pelo direito a informar.

O circo mediático. Em primeiro lugar, há que recordar que tudo começou com uma investigação jornalística. Mais precisamente com um trabalho assinado por Felícia Cabrita. Nos primeiros dias, não faltaram elogios ao trabalho desta jornalista e dos outros que se passaram a debruçar sobre o caso. Mas, passada a fase da estupefacção e do horror perante o que acontecera àquelas crianças, começou a insinuar-se que a investigação, afinal, também não era tanta. Tudo provinha de fugas de informação. E os outros jornalistas partem de manhã a correr o país em busca de informações sobre os crimes, as falências, as OPV...? Muitas das notícias, muitas vezes as mais importantes, nascem de fugas de informações. O caso Watergate, por exemplo!

Por fim, chegámos à fase do circo mediático. Do "há que pôr um travão a isto". Entendendo-se por "isto" o interesse dos jornalistas por determinados factos. Como se os envolvidos quisessem acreditar que se esvairia o problema caso aquele magote de microfones e câmaras lhes desaparecesse da frente.

Não deixa de ser curiosa esta concepção dos jornalistas como alguém que perturba, incomoda, atrapalha o que devia ser o curso natural do trabalho dos especialistas, sejam eles juízes, procuradores, advogados, líderes partidários, governos... Concede-se que os jornalistas descubram umas coisas mas, em seguida, pede-se-lhes que se retirem porque chegou a hora de trabalhar a sério no problema. A este título é exemplar o pedido do advogado João Nabais aos jornalistas para que não perturbassem com perguntas o seu cliente. Considerava mesmo este advogado que o teor das respostas dadas por Hugo Marçal a alguns jornalistas havia contribuído para que este tivesse sido detido preventivamente. Agora que Hugo Marçal era posto em liberdade, João Nabais apelava aos jornalistas para que não lhe fizessem entrevistas. Não é aos jornalistas que cabe avaliar se o conteúdo das respostas de Hugo Marçal se adequa ou não à estratégia da defesa ou da acusação. O que pensará do papel dos jornalistas um advogado que lhes pede à porta dum tribunal para não fazerem perguntas ao seu cliente para não o prejudicarem? O que achará que é o papel deles? Perguntam quando dá jeito e ficam calados depois?...

Convém que se sublinhe que o circo mediático faz vítimas. Geralmente estas vítimas são aquelas mesmas pessoas que muito partido souberam tirar do imediatismo dos jornalistas e da sua ansiedade por uma notícia. Sendo certo que, antes de o dito circo mediático se ter instalado à volta do caso Casa Pia, juízes, procuradores, advogados, líderes partidários, governos... nada fizeram por aquelas crianças. O "circo mediático" tem contribuído decisivamente para que o mundo em que vivemos seja melhor e mais justo. Pensem como seria este caso sem os jornalistas à porta das prisões para ouvir a opinião dos familiares. Sem os jornalistas para ouvir os advogados de defesa. Sem os jornalistas para ouvir as vítimas. Quer se goste quer não, o circo mediático contribuiu decisivamente para mudar para melhor a vida das crianças da Casa Pia. Tal como serviu para libertar Dreyfus, em França. Tal como serviu para desencadear o caso Watergate. Depor Collor de Melo no Brasil...

Helena Matos, Público - 25/10/2003

Publicado por Manuel 10:52:00 0 comentários  



A última tentação segundo Miguel Sousa Tavares

Há muitos anos atrás, um engraçadinho, creio que francês, decidiu escrever um livro, nada mais nada menos que sobre a Bíblia.

Pretendia demonstrar que todos os milagres citados na Bíblia, Antigo e Novo Testamento incluídos, tinham explicações "ciêntíficas".

Não interessa para o caso que algumas das naturalíssimas explicações arranjadas fossem mais  mirabolantes e implausiveis do que os "milagres" que se pretendiam desmontar em sí.

O homenzinho acabou por ficar na história não pelas explicações mas, só e apenas, pela ausência de explicação para um único milagre : a conversão de São Paulo a caminho de Damasco.

Vem isto a propósito do texto de hoje, publicado no Público, por Miguel Sousa Tavares. Confesso que o título, o pomposo "Algumas reflexões rigorosamente inúteis", convida pura e simplesmente a passar à frente e ignorar a ignóbil prosa.

Mas, o que lá está escrito é demasiado grave para passar em claro.

Demasiado grave porque revela não ignoráncia mas má fé. Demasiado grave porque apela ao que de mais baixo na natureza humana - a sobrevivência a qualquer preço. Demasiado grave porque o bravo, e corajoso, Miguel Sousa Tavares se revela no fundo um mero cobarde, que se esconde atrás de linhas e linhas, sem coragem de assumir o óbvio. Demasiado grave, porque Miguel Sousa Tavares, na sua auto proclamada qualidade de profeta, convida o País a caminhar alegremente em direcção ao abismo.

Mas vamos por partes:

1 - Com dois dias de intervalo, conhecemos dois acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa referentes à prisão preventiva do deputado Paulo Pedroso. O primeiro arrasou a investigação em curso, o trabalho do Ministério Público e a decisão de prisão preventiva do juiz de instrução.

O segundo arrasou a defesa do arguido, subscreveu por inteiro a posição do MP e do juiz, mas foi ainda mais longe: numas insólitas e deslocadas considerações, dedicou-se também a arrasar o carácter do suspeito, num tom de ódio que se percebe extensível a toda a classe política.

Mais do que decidir que a prisão preventiva era legal, os desembargadores passaram directamente à sentença condenatória, acrescentando-lhe o enxovalho do arguido e um panfleto político para destinatários certos.

Socorrendo-me do "Dicionário da duplicidade quotidiana", de Pacheco Pereira, confesso que "nunca antes" tinha visto tal coisa.

Mas os tempos vão, de facto, para coisas nunca antes vistas.

Aprecie-se a esperteza saloia do Tavares : O primeiro acordão, o da libertação, não é questionado nem por um nano-segundo, isto apesar de todo o País saber hoje as circunstâncias peculiares que rodearam a sua elaboração: o Processo não foi consultado, não foi aprovado por unanimidade, aproxima-se mais de um manifesto planfletário destinado a consumo da comunicação social e deíficação do Pedroso, etc, etc.

O segundo, aprovado por unanimidade, por gente que se rebaixou ao ponto de - magna heresia - consultar o processo, quando, a inocência de Pedroso e a ausência de pressões saltam à vista de todos, é esse sim enxovalhado.

Miguel Sousa Tavares pode não ter qualificações para mais nada, mas só pelo ponto 1, tem de certeza qualificações para ensinar jornalismo na Coreia do Norte ...

2 - Tento não formar juízes fundados apenas em sinais exteriores, mas não consigo deixar de achar preocupante o "show-off" de que se rodeia o juiz Rui Teixeira, publicitando o seu culturismo ou o todo-o-terreno e passeando-se de seguranças para todo o lado, como se estivesse ameaçado pela Máfia ou pela ETA. Acho preocupante o relato que li no "24 Horas" de que, anteontem, ao condenar um homicida da mulher a 19 anos de cadeia, Rui Teixeira "arrasou" o réu, dizendo-lhe: "Infelizmente, o senhor existe." Acho preocupante, a ser verdade, aquilo que Paulo Pedroso contou ao PÚBLICO: que, durante todo o interrogatório perante o juiz, Rui Teixeira nunca o tratou por "senhor deputado", "senhor doutor", "senhor Paulo Pedroso" ou, ao menos, por "senhor Pedroso". Tratou-o sempre e só por "senhor Paulo". E Paulo Pedroso e o seu advogado ficaram-se.

Passe a anedota que é o introito, o Processo é de facto "inócuo" : já fez correr mais tinta que todo e qualquer processo nos últimos 100 anos - mas é tão inócuo que nem se percebe aliás porque razão se dá o Tavares ao trabalho de escrever por causa dele. De qualquer modo, e só por este introito,  quando o Berlusconni precisar de um novo ministro da Justiça aquí o nosso Tavares tem as credenciais exactas para substituir o actual lá do sítio. 

De seguida o  Tavares, muito pouco criativo, decide entrar na mesma linha do Prado Coelho no dia anterior, e indigna-se pela história do "senhor Paulo". Infelizmente para Tavares todos somos iguais perante a Constituição independentemente do título, seja ele conde, doutor, Tavares ou deputado. É uma chatice para a costela monárquica do Tavares mas a igualdade perante a Lei, às vezes pelo menos existe!

3 - As alegações completas do Ministério Público no recurso da prisão preventiva de Paulo Pedroso, incluindo a transcrição integral das escutas, veio publicada esta semana como suplemento de 12 páginas no jornal "24 Horas". Repito: as alegações completas, com indicação de origem e tudo. Segredo de justiça? Lealdade processual? Presunção de inocência? Direito ao sigilo da correspondência de quem não é parte em processo nem suspeito? O que é isso? Repito o que disse há dias: a PIDE também escutava, mas, ao menos, não publicava as escutas.

É pena, que para nós reles mortais, o Tavares, não tenha fornecido uma e uma única prova de que foi o MP, ou alguém ligado à investigação, que libertou a papelada... Para ele, a divindade, o iluminado, deve ser mais que óbvio, mas, para nós reles mortais, onde estão as provas ? Para todos os efeitos, isto até podia estar no defunto "muito mentiroso"  já que o grau de sustentabilidade é exactamente o mesmo.

4 - Não aguento o farisaísmo do PSD em toda esta história, repetindo até à náusea a sua jura eterna no princípio da separação de poderes, como se fosse isso que estivesse em causa. O "Dicionário da duplicidade" de Pacheco Pereira sofre de uma falta de memória selectiva: no passado, quando as fugas e os julgamentos mediáticos atingiam os ministros de Cavaco, não foram só Mário Soares e Proença de Carvalho quem se indignou. Muitos outros o fizeram, pelas mesmíssimas razões que o fazem hoje e que são as inversas que levam outros a agora calarem o que dantes os indignava. O mais grave é que não se trata apenas de duplicidade: trata-se de uma estúpida tentativa de viver de cabeça enterrada na areia enquanto se espera que a borrasca não saia de cima do telhado do vizinho. Mas leiam o acórdão da Relação de que acima falei e vejam se abrem esses olhos cuidadosamente fechados e percebem o que está em jogo.

Aquí o Tavares, ensaia uma de Mephistofoles de vão de escada, tentando seduzir o PSD e o Governo não para a tese da cabala, mas para a tese do pântano, já soberanamente desmontada pelo Francisco José Viegas ...

5 - A facilidade com que a defesa de Hugo Marçal destruiu as "provas" laboriosamente recolhidas por uma superequipa de investigação, em nove meses de trabalho contínuo, forçando Rui Teixeira a soltá-lo, é preocupante e explica muitas das coisas já antes vistas: sempre que há fugas de informação na fase de instrução de processos que envolvem figuras públicas, sempre que começam a aparecer notícias cirúrgicas do tipo das testemunhas ameaçadas e juízes que requerem segurança, eu já sei do que se trata: a investigação está a patinar. Atente-se no caso, completamente diferente, do pedófilo "Mike", que se dava ao luxo de filmar abundantemente as sevícias a que submetia as crianças recolhidas no Parque e algures, deixando pelo caminho um mar de provas, e que teve esta semana drasticamente reduzida pelo Supremo a pena solicitada pelo Ministério Público: as testemunhas "sólidas" foram dispensadas, os indícios esfumaram-se, as provas reduziram-se ao mínimo. E o "Mike" está, aliás, em parte incerta. Terão sido "pressões políticas" a inviabilizar uma investigação capaz? Quem é o Mike?

Passando à frente da questão dos 900 km/hora do Marçal de vamos directos ao que realmente interessa: Ou o Tavares sabe algo sobre o Processo do Mike de Oeiras que nós não sabemos, e aí devia explicar, ou está na melhor linha do muitomentiroso, a atirar lama para o ar e a difamar as instituições! Quem é o Tavares ?

Para finalizar ainda sobra tempo ao Tavares para perorar  sobre  Carrilho  e o PS.  Sobre  o PS já aquí dissemos que a questão da liderança é um problema estrito dos seus militantes embora seja dramático ver um País com um Governo, globalmente, rasca com uma oposição à rasca . Sobre  Carrilho, e independentemente dos seus timings e motivações, tem uma dignidade e uma coragem que o Tavares nunca teve ...

Há muitos Tavares neste País, especialistas sobre tudo mas nunca dizendo nada, mas sempre com uma perfeita noção de timing. Para este Tavares, o timing é tudo. É a arte de nunca dizer mal, nem antes nem depois do tempo, é a maldicência elevada à categoria de um bocado de cortiça. E agora, meus caros, o timing é o de apelar ao bom senso, a uma certa auto-censura do sistema judicial, não directamente que isso queima, mas lançando o medo, a incerteza e a dúvida.

Se o Tavares fosse um Homem, com tudo no sítio, dizia, alto e a bom som, aquilo que ele e muitos pensam em surdina : Que é preciso, imperativo até, acabar com as investigações, à canelada, ou de que forma for, para que muitos que hoje são "heróis" não acabem "enterrados" como vulgares criminosos. Afinal é a isso que se resume o seu texto depois de espremidos ...

Mas Tavares é um cobarde, limita-se a atirar as pedras e a esconder as mãos ...

E infelizmente não só "existe" como há gente que se deixa levar por ele ...

Publicado por Manuel 22:04:00 0 comentários