Fim de semana Lusitano

Se há coisa que eu gosto é de um bom fim de semana. A sério! Gosto mesmo! Tal como o último.

Sabe bem acordar, sair de casa a caminho da tabacaria, gramar com uma interminável fila para registar o Totoloto (um sacrifício necessário - o que é meia hora à espera para meter um papel numa máquina, quando esse papel pode valer 3 milhões de euros?).

Apesar da espera, o papel acabou por ter um valor inferior, até deficitário, ao pretendido. Começo a achar que existe uma cabala, urdidura, maquinação, ou o que queiram chamar, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O sábado foi também interessante porque a TVI ofereceu-me uma mega-produção à volta da inauguração do novo Estádio da Luz. Ainda cheguei a pensar que iriam aparecer uns quantos adeptos, com a voz e imagem distorcida, a dizerem que o Luís Filipe Vieira é pedófilo.

Mas não! Graças a Deus - ou, como gosta de dizer o Nuno Morais Sarmento, com a «Graça de Deus».



E, como adoro a TVI lá fiquei colado durante todo o dia.

Eram para aí 16,30, quando um amigo meu - licenciado em Direito, a preparar um doutoramento em Direito Constitucional - liga-me e pergunta: "O que é que estes gajos estão a festejar ?"

Estão falidos, não ganham nada há 10 anos, o estádio está hipotecado, e este ano se conseguirem chegar à UEFA podem agradecer a Nossa Senhora de Fátima (Dr. Paulo Portas, peço desculpa pelo meu amigo...).

Estas palavras recordaram-me a velha teoria da hiena: Andava um puto no Jardim Zoológico, quando o guia da visita começa a explicar: «A hiena é um animal pouco sociável, não se dá com os outros animais, alimenta-se das fezes dos outros animais e passa o tempo a rir-se».

Pergunta o puto: «Um animal que não se dá com os outros, come merda, ri de quê?». Glorioso SLB.

Um jornal que gosto de ler é o PÚBLICO. E no sábado estava muito interessante. A começar com um artigo, notável, de Helena Matos e um outro de Augusto Santos Silva (ASS), também notável, mas por razões diferentes.

Diz o ASS que oos últimos desenvolvimentos do processo Casa Pia tiveram como objectivo «liquidar Ferro Rodrigues e envolver o bastonário». Só mesmo a cabecinha de ASS é que pode pensar assim...

Pergunto: Quem se daria ao trabalho de liquidar alguém que já se encontra em processo de erosão política e cujo fim é só uma questão de tempo?

Ou ASS ainda vê qualidades políticas em Ferro que toda a gente desconhece?



Depois vem o envolvimento do Bastonário, o «Júdice», como foi carinhosamente chamado.

Ò meu caro ASS, não foram os jornalistas que se dirigiram «à casa do Júdice» para lhe mostrar um documento, ou foram?

O «Júdice» foi envolvido neste processo por dirigentes socialistas e não por jornalistas - que se saiba....

Embalado pela pena, ASS diz que este «não é um problema do PS, mas da Democracia». Pela parte que me toca - se enterdermos a Democracia como um sistema representativo - EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO. Tal como confundiram a Assembleia da República como um edifício privado do PS, os socialistas querem agora confundir um caso pessoal com um problema geral da «Democracia».

Que eu saiba, a Democracia não tem nenhum problema com a Justiça: Sobre a «Democracia» não recaem «fortes indícios» da prática de um crime; os amigos da «Democracia» não andaram a telefonar para gente com influência; A «Democracia» não andou a inventar teses da cabala; A «Democracia» não leu, em pleno púlpito da Assembleia da República, extractos de um relatório da PJ sobre o Paulo Portas, quando este não foi constituído arguido de nada (e eu até nem simpatizo nada com o homem...). Que me recorde, nessa altura o Souto Moura era o maior....



Citando o Manel Maria Carrilho (Expresso de 25 de Outubro): «As teorias da conspiração são um eloquente exemplo de populismo».

No fundo, caro ASS, a «Democracia» é como a «Cantiga da Rua»: Vai de boca em boca/ É de toda a gente/Não é de ninguém

Publicado por Carlos 13:52:00  

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