um airbag chamado Sampaio ...
... ou direitos, liberdades e garantias
quarta-feira, outubro 29, 2003
Não era suposto falarmos da última entrevista de Sampaio, até porque como é hábito Sampaio não disse nada de verdadeiramente relevante. Ouvir Sampaio é como ouvir o Prof. José Hermano Saraiva, até dá para passar o tempo, mas passada meia hora já ninguém se lembra ao certo do que disse.
É certo que Marcelo achou a entrevista notável mas Marcelo deve ter visto a coisa com o mesmo cuidado com que confessou no passado sábado ao DN ler os livros que recomenda - na diagonal ...
No ententanto o diabo está sempre nos detalhes, e os detalhes num Presidente da República, ainda que de bananas, são fundamentais.
Ora o que disse Sampaio sobre a veia poético-anal de Ferro quando ao telefone ?
P. - Um candidato a primeiro-ministro teve declarações menos prestigiantes sobre segredo de justiça...
R. - Não vou comentar isso, até porque noutros tempos, quando havia escutas antes do 25 de Abril, nós dizíamos sempre — eu pessoalmente — "agora é para os que estão a ouvir", e saía uma roda de palavrões. Eu ainda hoje faço isso por reflexo ao ridículo.
Pois, Sampaio, o humanista, Sampaio, o solidário com Souto Moura, Sampaio o justo com este pequeno grande raciocínio corroborou pura e simplesmente não só Pires de Lima mais as suas imbecis declarações (as que até meteram a Gestapo ao barulho), as quais não podia deixar de conhecer além de implicitamente legitimar a nova estratégia de Júdice que é recentrar as caneladas na equipa do Procurador João Guerra (cujos métodos pelos vistos fazem lembrar a Sampaio os da PIDE) !
Entretanto, e enquanto toda a gente se indigna com a legislação sobre escutas (recorde-se que da autoria de António Costa, Ministro da Justiça de um Governo PS) seria útil saber a opinião de todas estas luminárias sobre que métodos pretendem usar para combater o crime e o terrorismo organizado à escala global.
É que por acaso e na prática só há, como qualquer pessoa com dois dedos de testa pode inferir, duas, e duas só, alternativas (quando deveriam ser complementos) às escutas e intercepção de dados (e que fique claro que autor é ferozmente contra qualquer tipo de legislação remotamente semelhante ao PATRIOT Act americano) que são ou a utilização massiça de arrependidos ou os agentes infiltrados/provocadores ...
Curiosamente, e também por estes dias surgiram umas falhas de comunicação, entre os elementos da Comissão Nacional de Proteção de Dados e a Ministra das Finanças não se percebeu ainda muito bem por causa de quê, embora como habitualmente já se tenha percebido que a merceeira do regime (simplesmente o maior bluff da história do PSD e jà bem à frente de Leonor Beleza) vai ficar mal no filme.
Se Sampaio, Vital Moreira e os moralistas/legalistas do costume não estivessem tão distraídos com o "acessório" talvez tivessem tempo para se debruçar sobre a matéria do cruzamento de dados pessoais não só entre diferentes organismos governamentais, mas também entre estes e privados e mesmo entre privados.
É que por acaso se há potencial para um monumental Big Brother é precisamente nesta matéria e não numa ou noutra escuta ordenada por um juíz.
Não é por acaso que os experts em "processamento de informação" (depois de fazerem a formação profissional no SIS, nas secretas militares ou até no SEF) acabam quase sempre a fazer consultadoria para o sector bancário ou similar. É tudo uma questão de data mining ...
De facto e ao contrário do que diz Sampaio os "Portugueses normais" não "são sempre os culpados de Tudo" ...
Publicado por Manuel 02:26:00
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