A Lista do PS

O Partido Socialista apresentou, ontem na Convenção, o cabeça de lista para as eleições europeias. António Sousa Franco, professor universitário, foi a figura escolhida para suceder a Mário Soares.

Uma escolha carregada de simbolismo, sobretudo pelo sinal de renovação geracional que o líder, Ferro Rodrigues, quer dar ao País.

O secretário-geral dos socialistas definiu como prioridade a apresentação de novos valores da política portuguesa ao eleitorado.

Esta Grande Loja, sempre atenta à actualidade, revela o resto da lista:

  1. Sousa Franco



  2. Almeida Santos



  3. Manuel Alegre



  4. Medeiros Ferreira



  5. Celeste Correia


  6. Willie Brandt



  7. Militante de base


Publicado por Carlos 17:38:00 0 comentários  



sinais...

Enquanto Cavaco Silvasinais da maturidade e ponderação que se esperam de um estadista, para acabar de  vez com uma das questões que dividem, artificilamente, esquerda e direita, à esquerda Vital Moreira, aproveita para apunhalar sibilinamente Sousa Franco, no dia da sua entronização como cabeça de lista do PS às Europeias, a propósito da Concordata. São posturas ...

Publicado por Manuel 19:26:00 0 comentários  

Num texto, muito apreciado em determinadas hostes,  Ana Sá Lopes, no Público, publicou, faz esta sexta feira uma semana, uma interessante prosa entitulada "O Sorriso de Mona Lisa" onde basicamente afirmava entre outras coisas que ...

"Santana Lopes é o protótipo do político populista. Zurzi-lo por isso e opor-lhe Cavaco Silva como antonímia é um rematado disparate: nessa matéria, Cavaco sempre foi o mestre. Uma campanha eleitoral de Santana Lopes tem a mesma base de uma campanha eleitoral de Cavaco Silva - está lá dentro toda a América Latina. Os dois apelam à emoção e não à razão: a diferença é que Santana Lopes o assume e, para o eleitorado-alvo a que se destina, assumi-lo é vantajoso. Cavaco apela à emoção travestida de razão: não o pode assumir, fala para outro público."

logo de seguida não se coibe de afirmar ...

Nestas "alegadas" primárias dentro do PSD, estará em jogo o grau de populismo para o qual o partido (e por extensão o país) está preparado. Boa parte do PSD revê-se em Santana Lopes, porque não esquece que Cavaco Silva lhe destruiu o partido, ao sabor das suas conveniências pessoais - e é óbvio que o país (ou boa parte dele) não esquece o cavaquismo.

Quando o PSD invoca a "fuga" de António Guterres esquece-se do mais mirabolante abandono da vida política dos últimos anos, que foi o de Cavaco Silva: Cavaco Silva inventou um "tabu" que deixou o país suspenso e o partido de mãos atadas; "mandou" elaborar uma moção de estratégia a um congresso; já a moção de estratégia estava pronta, anunciou que não era candidato; já não havia tempo para fazer mais moções; os candidatos que apareceram ficavam (e ficaram) sujeitos à moção de Cavaco Silva; Cavaco manteve-se primeiro-ministro, enquanto Fernando Nogueira, o desgraçado vencedor do congresso, fingia que era líder do PSD. E por aí fora, até à derrota eleitoral do partido. Verdade se diga que só uma criatura, à época, teve coragem para denunciar todo o absurdo que revolveu o PSD na transição 1994-1995: Santana Lopes, o próprio.

Escrever isto é do mais puro delírio, e revisionismo histórico, e só não é mais grave porque é assumido como apenas a opinião da jornalista e não como uma "notícia" ou facto.

Dá-se um desconto a Ana Sá Lopes que devendo passar demasiado tempo na Capital veja o resto do País como a América Latina, mas manifestamente falta-lhe a autoridade para falar, ou, então, está com problemas de memória porque nunca assistiu a nenhuma campanha do agora esquerdista Dr. Soares (pai) ou do Engenheiro Guterres. Em política, ser populista, não é crime, ser demagógico e incendiário já é!

O facto que leva Santana a ganhar qualquer eleição autárquica em que se meta (a reeleição em Lisboa é outra história) é o mesmo que levou Vale e Azevedo à liderança do Benfica. Durante anos e anos os benfiquistas execraram Pinto da Costa e Vale de Azevedo, passe o curriculum, era o Pinto da Costa deles. Com Santana passa-se rigorosamente o mesmo, Santana promete resultados, promete por as coisas no mapa, não interessa como, e em certa medida está para o País como o Major Valentim Loureiro está para Gondomar, já que a lógica é  rigorosamente a mesma.

Meter Cavaco neste circo não é sequer um insulto ao natural de Boliqueime, é pura e simplesmente não perceber o País. O tipo de sentimentos que levam a votar num ou noutro são completamente antagónicos, assim como o que um outro representam mas enfim ...

Logo a seguir, Ana Sá Lopes vem dizer-nos que uma boa parte do PSD acha que Cavaco destruiu o PSD. É verdade, verdadinha só que não pelas razões que ASL enuncia.

Cavaco nunca considerou estratégico o controlo do Partido, sendo um Primeiro-Ministro forte, e só tarde e a más horas percebeu que estava a lidar com um monstro. O que Cavaco fez, foi pura e simplesmente cortar as vazas a um aparelho extremamennte voraz, que o via a ele - Cavaco - apenas como um meio de  atingir os seus fins. Com isso, Cavaco quase que salvava o PSD, se lá dentro se tivesse ganho juízo.

Nos dias de hoje o PSD  encontra-se rigorosamente  na mesma situação em que Cavaco o "matou", com um aparelho hiper-voraz mas desta feita controlado por ...  Santana Lopes, e com a agravante de o líder e na mais benevolente das apreciações ser um frouxo. Cavaco não fugiu, Cavaco hibernou apenas e só um monstro.

O que choca
, hoje, o aparelho, quer do PSD, quer de todos os outros partidos, é o facto incontestável de Cavacao não precisar dele para chegar ao País. Isto torna-os, aos aparelhos, descartáveis, e torna Cavaco imune a pressões. É em suma o verdadeiro fim do Bloco Central...

Entretanto a imprensa deste fim de semana diz-nos que o PSD hesita, para cabeça de lista às europeias, entre Leonor Beleza e Dias Loureiro (que nas palavras do Independente é a verdadeira eminência parda deste governo, o que se fosse verdade explicava muita coisa).

O método de decisão ? Sondagens, claro está.

Ainda neste fim de semana, o General Azeredo deu uma curiosa entrevista ao Independente onde zurziu forte e feio em Cavaco. Há uns dias atrás um Marcelo feliz e contente estava no lançamento das suas memórias. É o que se chama cobrir todo o campo...

Um destes dias, passou desapercebida uma entrevista de Álvaro Castelo Branco, coordenador autárquico do PP,  ao Jornal de Notícias, onde este declarava todo o seu apoio à candidatura de Avelino Ferreira Torres à Câmara Municipal de Amarante. A este propósito espera-se de Rui Rio, que pode ter muitos defeitos mas que é um homem sério, e que é Vice-Presidente do PSD uma posição firme, clar a e frontal...

Ah, e hoje, o Professor Cavaco, veio baralhar, e de que maneira a vidinha da maioria por causa da questão do Aborto. A vidinha da maioria, a vidinha do Lopes (que não pode alienar nem o PP nem a sua hipotética mensagem "jovem") e arruinar, de vez, as ex-futuras ambições presidenciáveis de Freitas que deve estar siderado por tão inesperado apoio.

Faça Durão o que fizer, Cavaco já ganhou.

Publicado por Manuel 16:33:00 0 comentários  



"Widow's Walk"

«Consider me a widow, boys
and I will tell you why.
It's not the man, but it's the marriage
that was drowned.

So I walk the walk
and wait with watchful eye out to the sky,
Looking for a kind of vessel
I have never found.

Though I saw it splinter
I keep looking out to sea,
Like a dog with little sense,
I keep returning,

To the very area where
I did see the thing go down
as if there's something at the site
I should be learning.

That line is the horizon.
We watch the wind and set the sail,
but save ourselves when all omens
point to fail.

If I tell the truth
then I will have to tell you this
Though I grieve (and I believe
i feel it truly)

but I knew that ship was empty
by the time it hit the rocks,
we could not hold on
when fate became unruly.

So consider me a widow, boys,
and I have told you why.
Does the weather say
a better day is nearing?

I'll set my house in order now
and wait upon the Will
It's clear that I need
better skill in steering...

That line is the horizon.
We watch the wind and set the sail,
But save ourselves when all omens
point to fail»



«Widow's Walk», in Songs in Red And Grey, 2002

Letra, música e interpretação de Suzanne Vega

Publicado por André 14:28:00 0 comentários  



"O Acossado"


Santana Lopes - Foto: Arquivo DN SEGURANÇA PESSOAL
Santana Lopes lamenta críticas da oposiçãoSantana Lopes lamenta críticas da oposição sobre a sua segurança pessoalSantana Lopes diz que ter segurança pessoal não é uma situação agradável e pede a quem critica que pense como seri se estivesse em causa a sua integridade física

Santana Lopes não entende as críticas da oposição relacionadas com o problema da segurança pessoal. Pela primeira vez, o autarca de Lisboa falou à TSF sobre as medidas excepcionais de segurança de que beneficia.

«Eu já assisti a isso noutras épocas, nomeadamente até nos anos 80. Lamento que de vez em quando neste país se vá à 'ementa', eu diria, das atitudes mais desagradáveis que se podem ter na política e na vida e que se repitam», disse o autarca de Lisboa à TSF.

«Vi uma vez acontecer com uma pessoa com quem eu trabalhei um debate destes, volto a ver atitude idêntica. Lamento», acrescentou.

Tudo serve para se ser falado, desde brincar com coisas sérias até à pirosa comparação a Francisco Sá Carneiro, que deve estar a dar cambalhotas na tumba de nojo.



Mas, e se Santana Lopes explicasse tim tim por tim tim porque carga d' água é que ele precisa de segurança ou é segredo de estado ?...

Ah, a prosa da TSF termina assim...

Estas declarações de Santana Lopes foram feitas à margem da apresentação do festival Rock in Rio. A abertura será dia 28 com Paul McCartney. Os bilhetes estão à venda a partir de segunda-feira.
   
Mais palavras para quê ?

Publicado por Manuel 18:44:00 0 comentários  



"The Passion", ou porque é somos todos judeus...

Vai grande a algazarra na blogosfera, e não só, sobre o último filme de Mel Gibson.

Agora que já está disponivel nas profundezas da internet um screener do "The Passion" já é possivel ter uma opinião abalizada sobre a "obra".

Em primeiro lugar, e para que não haja dúvidas trata-se de um mau filme, sem um argumento real, e com uma fotografia assim-assim.

Em segundo lugar, e para sossego de uns e desassossego de outros, o visionamento do filme não altera em nada para cima, ou para baixo, as ideias que se tinham antes do visionamento do dito cujo.

Em termos teológicos puros, o filme representa, entre aspas claro, infinitamente mais a mão do Diabo que a do Espírito Santo, já que além de tecnicamente ser herético, adultera, de alto a baixo, a mensagem dos Evangelhos.


Neste contexto é penoso ver as cambalhotas, de gente que devia ter Juízo, para as bandas do Vaticano, ora a abalizarem, ora a chutarem para o lado. É forçoso recordar que foi o mesmo Vaticano que condenou veemente a "Ultima Tentação", obra sublime, de Scorcese, e que ainda estou para tentar perceber onde é que vai contra a ortodoxia católica, apostólica romana.

O filme falha porque Gibson, por muito que se julgue embuído de , erra completa e redondamente na interpretação dos Evangelhos. Falha porque os evangelhos são uma mensagem de Esperança, de Amor e de Perdão, e o que se no "The Passion" é tudo menos isso, é violência gratuita, sem um fim óbvio. Não se Jesus a perdoar aos seus  algozes, o episódio do "bom ladrão", nunca existiu, o próprio mistério da Ressureição ocupa apenas uns breves nano-segundos finais, e o que passa é um sofrimento mais ou menos gratuito. Não há  Perdão, não há Compaixão, não há Amor, apenas dor e sofrimento explorados à exaustão...



Quanto à questão do anti-semitismo na minha modesta opinião está toda a gente a ver a coisa pelo ângulo errado. Para quem tem , e é uma matéria estritamente nesse campo, Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados, pelos pecados de todos nós. Mesmo que, por absurdo, o povo judeu tivesse culpas no cartório, o que não é de todo liquído, Cristo teria morrido pelos pecados deles, e nossos, logo tornando-nos a todos judeus.

É, à luz, deste raciocínio, da mais simples e elementar lógica, que se torna incompreensível o silêncio, e o ruído, provenientes das bandas da Praça de São Pedro...


Publicado por Manuel 17:52:00 0 comentários  



Óscares

Num ano fecundo para a grande indústria cinematográfica (não só em quantidade, mas também em qualidade), a Grande Loja lança aqui duas apostas para os vencedores dos Óscares do próximo domingo.

Primeiro vão os palpites sobre quem ganha, depois as nossas próprias escolhas...

Palpites para DOMINGO ...

  • Melhor filme: O Senhor dos Anéis

  • Melhor realizador: Peter Jackson

  • Melhor actor principal: Jude Law

  • Melhor actriz principal: Charlize Theron




As escolhas da Grande Loja ...

  • Melhor filme: Cold Mountain (nem sequer está nomeado)

  • Melhor realizador: Sofia Coppola (está nas cinco nomeações, mas não deverá ganhar já este ano)

  • Melhor actor principal: Sean Penn (apesar do bom desempenho de Jude Law, em «Cold Mountain»)
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  • Melhor actriz principal: Nicole Kidman (também não está nomeada, talvez pela vitória no ano passado, mas as suas representações em «Cold Mountain» e em «Culpa Humana» justificavam nova atribuição)

Publicado por André 16:18:00 0 comentários  



Xutos

«N'América

Viver a vida sempre preocupado
Passar o tempo sem ir a nenhum lado
Deixa-me seco, eu vivo esgotado
Tendo prazeres em dias alternados

E ando sempre vivendo estados
E por vezes bem desamparados
Rebusco os cantos, nem sempre recheados
Eu faço as coisas tão desnorteado

Mas em dias por vezes espaçados
Vêm-me à cabeça pontos desfocados
Desse mundo sempre agitado
Possível sonho todo bem rodado
E na TV, produtos embalados
Entram em nós, bem camuflados
Como é que eu fico, eu fico engasgado
Com o novo mundo mesmo ali ao lado

Está mesmo ali ao lado

E eu vou ter que sair, e eu vou ter que partir
Finalmente vais ver
O que é que iria ser, o que é que eu iria ter

N'América
N'América...»



N'América, in Circo de Feras, Xutos & Pontapés, 1987
Letra: Zé Pedro
Música: Xutos & Pontapés

Publicado por André 15:59:00 0 comentários  



Um cronista na pele de jornalista

O Público tem ao seu serviço um "jornalista" que costuma "escrever" nas páginas do jornal, sobre questões de Justiça.

Supõe-se que esteja minimamente habilitado para o fazer e pelo menos tarimba deve ter, pois há vários anos frequenta Congressos de Magistrados, de caneta e papel na mão, solícito e empenhado na recolha de opinião.



Suspeita-se, porém, que tais convívios de pouco lhe tem servido para o exercício do múnus que deveria distinguir-se um pouco mais da atitude subjectiva e militante de um cronista de opinião ou de qualquer outro barnabé.

Hoje, o jornal, pela sua pena periclitante na objectividade e enviesada no preconceito, destaca na primeira página, a notícia...

“Souto Moura Quer Suspender Processos Contra Testemunhas da Casa Pia

Um leitor de escaparate, olha, lê e fica sem saber o que quer dizer semelhante “notícia”.

Porém se se aventurar na procura da página, o que encontra em título?

“Souto Moura "Protege" Testemunhas “

A notícia que se pretende dar sobre uma “circular” do Procurador Geral da República a que o Públicoteve acesso”, é falha no mais elementar que o jornalismo exige:

Ao relatar o quem, o quê, quando, onde, como e porquê, ficamos a saber o porquê, dado por assente na visão do escriba.

No caso, o manhoso do procurador-geral quer subtrair processos a quem de direito, ou seja aos seus imediatos inferiores hierárquicos, uma vez que tal prerrogativa, lhe está evidentemente negada pelas normas estatutárias, conforme sugere o escriba sabedor.

O Procurador, para isso e com esse turvo objectivo agora descoberto pelo inteligente escriba ...

“definiu regras especiais para o tratamento a dar, pelo Ministério Público, às queixas por denúncia caluniosa apresentadas por figuras públicas”.

E mais adianta a “notícia”...

A tentativa do procurador-geral da República para subtrair a outros magistrados a avaliação dos fundamentos da investigação de uma situação que foi controlada no último ano pelos três procuradores por si nomeados não é inédita.

E ainda mais ...

Este eventual cerceamento da capacidade de actuação de magistrados do MP no escalão máximo da carreira e com um currículo superior ao dos procuradores do Departamento de Investigação e Acção Penal”

Ficamos assim a saber que há por ali manobra, para os lados da Escola Politécnica. Que evidentemente foi descoberta pelo escriba "sabedor" e "sagaz", que já deu provas de ser capaz de citar juristas sem os nomear e normas legais sem as indicar.

Por isso, ficamos sem saber de que circular se trata, a quem foi dirigida e quando, como foi veiculada e principalmente qual o seu verdadeiro conteúdo e contexto.

Tudo isso ficou no tinteiro do escriba. E no jornal não há ninguém que lhe mostre o manual de jornalismo onde se distingue uma notícia de uma crónica ou de um texto de opinião.

A menção, parcial e desconexa, que o escriba transcreveu, do texto da circular - "O prosseguimento regular dos inquéritos [contra algumas testemunhas do processo da Casa Pia] poderia redundar em decisões contraditórias e inconciliáveis, por se virem a considerar simultaneamente indiciados crimes de abusos sexuais de menores e crimes de denúncia caluniosa ou difamação decorrentes da imputação dos factos integradores dos abusos." - deveria bastar para o obrigar a informar-se um pouco mais.

Palpita-lhe porém que a circular se destina a obviar “a preocupação do procurador-geral da República quanto a eventuais ondas de choque negativas geradas pelo facto de algumas testemunhas do processo da Casa Pia serem ouvidas como arguidos num processo por calúnia ou difamação

E ficamos assim com esse palpite e a opinião avalizada do escriba sobre a intenção do procurador geral.



Para isto, é preferível ler o Luís Delgado.



Adenda em tempo de comentários(28.2.04-12h 45m)

O jornalista visado neste blogpost, aparentemente e a acreditar na fidedignidade da identidade, comentou-o.
Quanto à primeira parte do comentário, não faço comentários.
Quanto á segunda, escreveu:
“O que importa é saber se há ou não interesse público na divulgação da intenção do PGR de suspender o inquérito numa fase em que ele mal começou. Ou se teria de esperar pela acusação ou/e pela abertura da instrução. Ver artigo 7º -3 do CPP”

A resposta óbvia, não deve relegar para o esquecimento, a questão aqui colocada neste blogpost: onde estão os factos relatados na “notícia” ? Onde está o teor da “circular” para o leitor avaliar por si, a suspeita intenção que é atribuída ao procurador geral? Porque não deixar os leitores fazerem a sua própria interpretação, sem a muleta prestimosa do cronista-jornalista? Outros jornalistas o fizeram, por exemplo a SIC, sem buchas ou muletas interpretativas.

Isso, para não falar já do modo como a circular terá sido obtida- que não é obrigação do jornalista esclarecer, mas é legítimo que nós, leitores, nos interroguemos como e de onde veio e prinpipalmente com que finalidades. Se veio do MP, como obviamente tudo indica, ainda há uma outra consideração a fazer: há alguém na estrutura hierárquica que, pelo menos neste processo, tem sido desleal ao procurador geral. E, isso sim, é que é a grande notícia! Contudo, como pode o jornalista transmiti-la se ele próprio se torna protagonista, malgré lui?

Por outro lado, a menção ao artigo 7º nº 3 do CPP é novidade- geralmente os artigos assinados pelo jornalista especialista em questões jurídicas são omissos nas citações legais, apesar de os chimpar com pinceladas atestando ilegalidades flagrantes ou colisões irremediáveis com a lei processual. Os anátemas, para além disso, costumam vir embrulhados em sumários quanto doutos pareceres de juristas a quem não é dado o nome.
Sobre questões de processo penal, concreto e prático, será bom lembrar ao jornalista que Souto Moura , que tenho defendido apenas por me parecer que nestes assuntos tem tido razão, é um jurista que terá a noção exacta das colisões e dos estragos que elas provocam. Nem todos concordam e isso vê-se a cada passo, nas romagens anunciadas e nas entrevistas generosamente concedidas para impedir estragos que se anunciam e serão, esses sim, irremediávei- para eles.
Segundo tudo indica, o jornalista do Público resolveu dar eco a esses agravados. É pena , porque a noção que tenho de jornalismo impediria que se escrevesse, por exemplo “João Guerra cometeu um erro de cálculo” ; “(...) tentativa falhada do procurador João Guerra para sonegar a alguns queixosos”.

Para além disso, a “análise” intitulada “Colisão com o Código Processo Penal”, está eivada de inuendos e processos intencionais que passam perfeitamente nos blogs, como este, mas nos jornais de grande circulação exigem pelo menos o aval de quem perceba do assunto. Manifestamente, não é o caso do jornalista. Que me desculpe a franqueza, mas é a opinião fundada naquilo que tenho visto escrito no jornal que leio ( e compro) regularmente, desde o primeiro número. E, pelos comentários, não sou o único a pensar assim.

Por outro lado, saúdo a interacção, mesmo a título de comentário. É saudável debater ideias, principalmente entre diletantes. E eu nunca disse que era outra coisa.


Publicado por josé 13:09:00 0 comentários  

Coitado! que em um tempo choro e rio;
Espero e temo, quero e aborreço;
Juntamente me alegro e entristeço;
Duma cousa confio e desconfio.

Voo sem asas; estou cego e guio;
E no que valho mais menos mereço.
Calo e dou vozes, falo e emudeço,
Nada me contradiz, e eu aporfio.



Queria, se ser pudesse, o impossível;
Queria poder mudar-me e estar quedo;
Usar de liberdade e estar cativo;

Queria que visto fosse e invisível;
Queira desenredar-me e mais me enredo:
Tais os extremos em que triste vivo!

Luís Vaz de Camões

Publicado por Manuel 01:07:00 0 comentários  

Do nosso correspondente na América, Joe Dalton, recebemos o seguinte dispatch:



Acabo de saber que Departamento de Estado deste país armado em polícia do mundo, verberou acidamente o vosso sistema de justiça.

Dizem que as vossas prisões não têm condições, estão sobrelotadas e há droga, violência, falta de condições de higiene e saúde e até maus tratos dos guardas prisionais.

Humm!
Então, vejam lá se é como aqui:

Mais por causa dos meus irmãos, tenho passado temporadas aqui, em algumas cadeias. São privadas e agora são uma indústria , para dar lucro.

Há por aí algumas más línguas que costumam dizer mal disto, aqui na América, que não nos deixam levar livros para as celas, por exemplo. É verdade - mas deixam-nos ver televisão! E têm o costume de aplicar choques com bastões electrificados - é verdade- mas é só aos piores e quando se portam mal. Já apanhei alguns. E tratam bem os "pretos"...

“Although only 7% of the California population is black and blacks commit only 20% of all felonies, 43% of prisoners sentenced under this law are black. Of the more than 3,000 men and women on death row in the United States, 40% are black.”

E quanto à ressocialização?!

Bem, a última tendência são as correntes nos pés, como havia nos anos sessenta.

Mas atenção! É só no Alabama. E as algemas, isso já nem conta. Filme em que apareça preso sem algemas, vale alguma coisa?!

E isto para não falar nos presos que andam a cantar a Guantanamera há longos meses, a fio, longe dos familiares que nem sabem se são vivos ou mortos; sem saber do que são acusados; sem poderem comunicar; sem terem direito aos Ricardos Sá Fernandes que também temos por cá.

Quanto à pedofilia e o vosso sistema de justiça, também, se calhar, exageram um bocado...



Aqui na América andaram a difamar os padres católicos quando na verdade só um pequeníssima percentagem deles, incluindo bispos, é certo, é que abusaram de crianças.
Injusto.

No relatório não dizem, mas dá para desconfiar que às tantas, por aí , tendes caça grossa a esconder...e é por isso que o vosso sistema de justiça funciona mal. Modernizai-vos!

Aqui, é outra coisa. Vejam algumas estatísticas... 

Nem vou falar da justiça à moda do Texas, só fica aqui um cheirinho a... cadeira eléctrica...

“Felony offenses are divided into five types, from the most serious felony to the least serious, and are also defined by their punishment. With the exception of persons committing capital felonies, habitual offenders, and certain other violent offenders, persons sentenced for felony offenses are eligible for placement under community supervision. A capital felony offense carries punishment of life in prison or the death penalty. A first degree felony is punishable by five to 99 years in prison and a fine not to exceed $10,000. Second degree felonies carry a punishment range of two to 20 years in prison and a fine of up to $10,000. Third degree felonies carry a punishment range of two to 10 years in prison and a fine up to $10,000. State Jail felonies are punishable by a term of 180 days to two years in a state jail facility and a fine of up to $10,000.

E também prefiro não falar do célebre juiz Roy Bean - cuja divisa era "Hang 'em first, try 'em later."

Mas podem consultar os links que vos mando e que ilustram bem a nossa tradição humanista que nos confere a vantagem moral de vos poder criticar sempre que alguém nos chame à atenção para o vosso sistema.

Assim, para terminar, apetece-me dar-vos conta desta pequena história e a compareis com uma que o vosso jornal Público publica hoje, a propósito da absolvição de um Justo, para lá do Marão.



Aqui fica a história - e as minhas despedidas, desejando-vos as maiores felicidades no vosso caminho certo de andaram aos tiros para os pés.

"Nearly a third of the New York State prison population — roughly 19,000 inmates — are serving time for drug crimes. Many are incarcerated under the Rockefeller Drug Laws, which mandate minimum sentences regardless of extenuating circumstances. Darryl Best, 45, is one of these inmates

On November 3, 2000, Best signed for a Fed Ex package that came to his uncle's Bronx apartment building. The package contained just over 16 ounces of cocaine, and the deliveryman was an undercover cop.
The package came from Waco, Texas and it was addressed to "Linda Williams"; Best's uncle had a neighbor named Doreen Williams. Though accounts differ, it is agreed that Best signed for the package, estimated to be worth $14,000 on the street.

Under the Rockefeller Laws, anyone convicted of possessing over four ounces or selling over two ounces of a controlled substance (an A-1 felony) must serve a minimum sentence of 15 years to life.

The Bronx County prosecutor's office offered Best a sentence of 18 months to 4-1/2 years if he pleaded guilty. Best, maintaining his innocence, refused to accept the plea bargain and went to trial. Despite the muddled circumstances and Best's clean record, the jury found him guilty, and on October 23, 2001, he was sentenced to 15 years to life. He is currently at the Eastern New York Correctional Facility in Napanoch, New York."

Joe Dalton



Publicado por josé 16:37:00 0 comentários  



De se tirar o chapéu...

O FC Porto foi brilhante e voltou a provar que é a única equipa portuguesa com dimensão internacional.



A Grande Loja gostou muito do que viu e sublinha, com prazer, a excelente atitude demonstrada pelos campeões nacionais, o Porto foi muito melhor que o Manchester United e relegou uma das melhores equipas de Mundo para uma posição de grande inferioridade.

Estar a perder em casa por 0-1 com o Manchester e conseguir dar a voltaé muito complicado.

Fazer isso da forma como o Porto fez é ainda mais significativo, os dragões tiveram uma resposta brutal à situação de adversidade e mereciam uma vitória mais folgada.

Duas ou três ideias soltas do grande jogo no Dragão: Maniche é uma força da Natureza, Carlos Alberto tem uma técnica soberba, mas precisa de aprender a passar mais depressa, McCarthy fez dois golos esplendidos. O Porto é, neste momento, das melhores equipas do Mundo a fazer circulação de bola. Tem um futebol coeso, assente num jogo rápido e inteligente.

E é impressionante como, sem meia equipa titular disponível, o Porto manteve os níveis de excelência nos máximos.



Ao contrário de algumas bocas da reacção, a Grande Loja nada tem contra José Mourinho e, desta vez, só tem um recado a dar ao treinador do FC Porto:

- parabéns...

Publicado por André 15:41:00 0 comentários  



"Elevado grau de acidez"

Alguns podem achar a escrita desta humilde Loja ácida, por vezes. Assim será.

Contudo, dificilmente atingirá o grau de acidez que sai do bestunto desta cronista que também dirige uma Casa- atribuída à memória de Fernando Pessoa. Que, às vezes, ao ler as crónicas claras, deve revolver-se no túmulo.



Por exemplo, esta...

"Os ministros sem figura e sem currículo, aos quais é pedida a tarefa de aprender a governar no cargo. Um destes ministros, ou ministras, é Celeste Cardona, a ministra da Justiça. A senhora é uma nódoa. No período mais conturbado da Justiça em Portugal, com as deficiências do sistema à vista e atropelos de toda a ordem, com magistrados, procuradores, polícias, advogados, juizes, réus, bastonários, sem rei nem roque, desfrutando da glorieta televisiva e não prescindido dos seus 15 minutos de imortalidade, a senhora ministra devia ser o chamado «pilar de serenidade» e de bom senso, exercendo o cargo com a vigilância democrática e a autoridade e gravidade que se espera da pasta. E com inteligência. "´

Haja alguém, lá na Casa, que ensine à cronista que ainda por cima é formada em Direito, a teoria básica da separação de poderes...

Basta que lhe digam que há um legislativo, um executivo e um judicial.

E que a ministra é do executivo.

Publicado por josé 12:42:00 0 comentários  



Ao cuidado de quem se interessar

O Jornal de Notícias de hoje releva um assunto pouco debatido e desconhecido do grande público.

Como a Justiça também se faz destas coisas que envolvem eleições, campanhas eleitorais e listas concorrentes, alinhadas por aqui ou por ali, para o acesso aos postos de comando dos Conselhos Superiores, talvez valha a pena focar esse Olimpo onde se reunem alguns dos gestores dos magistrados que temos .

A notícia que se copia , é esta ...

Sociólogo defende reorganização urgente dos conselhos superiores dos juízes e dos magistrados

Ineficazes, corporativistas e pouco democráticos. É assim que o sociólogo João Paulo Dias caracteriza os conselhos superiores das magistraturas, num livro que vai lançar amanhã, sob a chancela da "Almedina", intitulado "O mundo dos magistrados- a evolução da organização e do auto-governo judiciário".

João Paulo Dias, que trabalha no Observatório Permanente da Justiça, dirigido por Boaventura Sousa Santos, defende que uma reforma da Justiça passa necessariamente pela reorganização dos órgãos de gestão e disciplina, pois a "legitimidade democrática (dos magistrados) depende da forma como desempenham a sua função".

O que o sociólogo encontrou, ao estudar a organização judicial desde o 25 de Abril, foi ineficácia e corporativismo, sobretudo ao nível das avaliações e da acção disciplinar.

Os magistrados são avaliados mais pela antiguidade do que pelo mérito.

O próprio regime das avaliações o impõe: só muito excepcionalmente é possível atingir a nota máxima (muito bom), antes de cumprir dez anos de profissão.

Os medíocres e os insuficientes (nota já de si negativa, uma vez que a primeira avaliação é geralmente bom) são raros e os conhecimentos pessoais influenciam a avaliação.

João Paulo Dias, que assistiu a uma reunião do Conselho Superior do Ministério Público, conta uma alteração da avaliação, para cima, porque um dos membros conhecia o avaliado e descreveu-o como sendo um magistrado "de primeira apanha".

Os critérios de avaliação são também pouco objectivos e os resultados "demonstram um baixo grau de actuação". O autor lembra que há cada vez mais juízes, mais inspecções e mais inquéritos, "mas mantêm-se estáveis as medidas disciplinares aplicadas". "Talvez devido a um certo laxismo corporativo", avança.

Um estatuto e um conselho único, mais profissional, é uma proposta que João Paulo Dias não descura, por considerar que aumentaria "o mútuo controlo das magistraturas" e permitiria "uma melhor coordenação das acções".

Seja como for, alguma coisa tem de mudar, pois é a própria Justiça e os seus corpos profissionais que se descredibilizam. E a crise da Justiça passa também por aí . Não bastam alterações às leis para a resolver, defende.

Uma outra notícia na mesma secção do Jornal de Notícias refere-se a um acto de relevo, num desses Conselhos Superiores - o presidente do Conselho Superior de Magistratura é, por inerência, o presidente do STJ.

Eleições marcadas para 9 de Março

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Aragão Seia, vai recandidatar-se nas eleições do próximo dia 9, adiantou, ontem, a agência Lusa, citando fonte daquele tribunal. Trata-se da quarta figura do Estado, a seguir ao presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro.

Aragão Seia, 67 anos, ex-alto comissário contra a Corrupção em Macau e antigo vogal do Conselho Superior da Magistratura, foi eleito pela primeira vez presidente do STJ em Março de 2001, derrotando o então presidente, juiz conselheiro Cardona Ferreira.

As pessoas, em geral, deviam dar mais atenção a estas coisas. Mas isto, é opinião de copista.

Por outro lado, um sociólogo que fundamenta a sua opinião sobre o funcionamento do Conselho Superior da Magistratura referindo que assistiu a uma reunião do dito, que apreciação merece? Experiente? Ponderado? Sabedor? Objectivo? Terá boa capacidade de análise?

Têm a palavra os corporativos.

Publicado por josé 11:31:00 0 comentários  



"O Desembargador Amado"

Um texto de Eça de Queirós - da obra "O Conde de Abranhos", tal como publicado na revista do MP 84.



"O Sr. Desembargador Amado era de uma boa família do Norte e tivera uma carreira singularmente fácil. Dizia-se dele: “aquele deixou-se ir e chegou.”

Sustentado pela vasta influência da parentela, fora com efeito levado, sem abalos nem choques, numa ascensão gradual e confortável, até á sua poltrona de damasco vermelho da Relação de Lisboa. Aí se deixara cair com o peso da sua obesidade,e cruzando as mãos sobre o estômago, começara a ruminar regaladamente. Que de modo nenhum se creia que eu queira diminuir com azedume os méritos deste varão obeso: quero somente mostrar a natureza, toda de indolência e de egoísmo, do Desembargador Amado, ocupado em se nutrir com abundância, atento exclusivamente ao jogo das suas funções, assustado se a bexiga, ou o baço, ou o fígado denunciavam alterações, sem ter coragem de se mexer do sofá durante noites inteiras, completamente desinteressado dos homens – e mesmo de Deus.

O nosso imortal José Estêvão, vendo-o um dia numa recepção em casa do chorado duque de Saldanha, exclamou, designando-o com um verso conhecido de Juvenal:

- Aquele ventre que ali vem, é o Amado!

Era com efeito um ventre, que em certos dias da semana punha sonolentamente os óculos, e assinava com a mão papuda, onde os colegas lhe indicavam com o dedo; da sua ciência jurídica, nada direi, para não envergonhar as paredes e os móveis deste quarto onde escrevo; da sua honestidade, sei que a sua grande fortuna e as suas propriedades de Azeitão o tornavam indiferente ás tentações do dinheiro; mas condenaria Jesus e absolveria o mau ladrão, se o peitassem com um casal de patos bem gordos ou com um salmão fresco do Rio Minho.

Fazia, ao comer a sopa, um glou glou nojento e repelente, e atirava para o soalho os escarros que merecia na face. Tal era esta besta obesa. (...)

Morreu. Morreu da bexiga. (...)

O caixão em que o levaram pesava arrobas, e quando o embalsamaram e lhe extrairam o cérebro, viram que não era mais volumoso que o de um bacorinho recém-nascico. Na cavidade craniana meteram-lhe um pedaço de esponja, velha, decerto útil e tão inteligente como o cérebro que substituía!

Amortalharam-no na sua beca de cetim,- que não cobre agora um desembargador mais morto e mais pútrido do que tinha coberto nos dias de sessão da Relação de Lisboa. Levaram-no ao alto de S. João, ao passo de quatro éguas cobertas de panos negros; e as quatro éguas agitavam a cabeça, parecendo vaidosas do cadáver que arrastavam: foi o único orgulho que inspirou jamais a companhia da sua pessoa. Ali apodrece aquele resto de matéria mal organizada, que rebolou durante 60 anos pela terra, sob o nome desacreditado de Justiniano Sarmento Amado."


Amém.

Publicado por josé 22:54:00 0 comentários  



Mais histórias do País do faz-de-conta

O Público, pela pena de Cristina Ferreira, escreve hoje duas páginas exemplares do país do faz- de- conta e reveladoras do pântano de que falava Guterres. E a história é do tempo dele - ano 2000.


Protagonistas...

  • António de Sousa,presidente da Caixa Geral de Depósitos.
  • Fernando Sequeira, administrador, ligado, segundo o Público, ao grande, grande Pina Moura que neste caso é responsável pelas nomeações destes gestores geniais.
  • Oliveira Cruz, administrador.
  • Gracinda Raposo, directora de operações.
  • Sales Caldeira, idem.

Beneficiário: Armando Martins e Marc Rich, um americano "amigo".

Esta história contada no Público, a um copista, só sugere a imagem do pântano guterreano.


O melhor é ler e deve notar-se que a reportagem publica, certamente, o que pode ser publicado...

Aqui fica uma pequena passagem...

"A Caixa Geral de Depósitos (CGD) emprestou 75 milhões de euros ao promotor imobiliário Armando Martins, sem que o financiamento tivesse sido submetido previamente à decisão do Conselho de Administração (CA) ou sequer ao Conselho de Crédito (CC) como mandam as regras internas da instituição, revelam documentos a que o PÚBLICO teve acesso. Esta terá sido uma entre várias operações de crédito realizadas pelo banco público entre 2000 e Janeiro de 2002 que não constam das actas do CA nem dos registos do CC, situação que terá levado à saída de dois administradores da instituição, Almerindo Marques e Tomás Correia, em 2002 e 2003, respectivamente.

Os 75 milhões de euros faziam parte de um crédito de 125 milhões de euros - assegurado por um consórcio bancário constituído pela própria CGD, que liderou a operação, Montepio Geral, Caixa Açoreana, Banif e BPN - destinado a financiar a aquisição da Imosal, sociedade que tinha como único activo o edifício Atrium Saldanha em Lisboa, por Armando Martins ao financeiro de origem norte-americana Marc Rich, célebre pelas suas relações com o ex-presidente dos Estados Unidos da América Bill Clinton. "

Este assunto, provavelmente, deveria merecer investigação criminal. Provavelmente, não vai merecer.

E a razão é muito prosaica, segundo o copista:

Não temos em Portugal, capacidade adequada de investigação, na PGR.

A PJ nem sequer cheira o assunto como deve ser. Por motivos que serão igualmente prosaicos. Basta ler as declarações do seu director, Adelino Salvado, ao Correio da Manhã de domingo, para perceber o que é óbvio para muita gente...

"Onde ainda não conseguimos ter bastante rapidez é em tudo o que envolva perícias informáticas e de análise contabilística. Isso nota-se na criminalidade económica e financeira e na corrupção. Precisamos de mais especialistas, mais investigadores e mais pessoal de apoio."

Pois precisam. Claro que precisam. E ainda precisam mais de vontade... de incomodar quem tem de ser incomodado.

O país é de todos; não tem de ser uma oligarquia de bloco central.


Aquele pequeno grupo desse bloco central que nos governa, à vez, e nos tem incomodado, a nós que votamos neles, é que são a fonte do incómodo geral.

Se não houvesse imprensa e, vá lá, uma certa rotatividade nos cargos,ainda era pior.

Publicado por josé 19:08:00 0 comentários  

Augusto Mateus confessa-se a' O Diabo, hoje, dia de Quarta- Feira de cinzas.

O que diz substancialmente o ex-ministro da Economia de Guterres?

Que Portugal é um país do faz-de-conta!

E porquê ? Segundo ele ...

perde-se tempo demais com debates e notícias estéreis sobre matérias desfocadas, inexistentes ou que não permitem chegar a nenhuma acção correctora dos problemas que são identificados. No fundo, muita teoria e pouca prática.

Ainda segundo o prático ...

Não teremos futuro se se persistir no modelo económico que vimos seguindo há duas décadas.

Qual é esse modelo?

O crescimento deve ser intensivo, primeiro a produtividade e o emprego, e não o inverso , como temos vindo a fazer.

Portugal tem que operar mudanças substanciais no seu modelo de negócio, na sua especialização produtiva, no ordenamento do território, na qualidade de vida nas cidades, etc.

O que vai acontecer se Portugal não mudar?

“Se Portugal não mudar vai ter tempos difíceis, isto é vai entrar num ciclo que muitos países da América latina conheceram, com ziguezagues, alternando anos negativos com outros menos maus, ou que vão traduzir instabilidade e crescimento diminuido.”

E sobre os milhões do Euro/2004 também tem opinião avalizada e antiga...

“Os recursos afectados para a competição desportiva correspondem a 10 anos de investigação e desenvolvimento empresarial que, a meu ver, seriam mais úteis para o país.

Eu insisto que o Euro/2004 seria um investimento interessante e perfeitamente razoável se o dinheiro fosse privatizado. Canalizando dinheiros públicos isso significa que o Estado está a afectar meios a uma actividade (o futebol) que eu creio ser secundária e com menos efeitos na nossa economia e na nossa sociedade.

Para além do mais, não faz sentido construir estádios com capacidade para 40 mil pessoas em cidades com 35 mil habitantes. É mais um exemplo do país faz de conta...”

Nesta lógica, coincide com as críticas recentes, de Miguel Cadilhe que acrescentou ao rol de investimentos supérfluos, a Expo/98 e a Porto-Capital da Cultura..



Será que os ex-ministros estão de acordo quanto ao esses desmandos no destino do país?

Lendo com atenção:

“A minha lógica não é essa. As minhas críticas dirigem-se para os critérios de afectação e não condeno que o Estado gaste concentradamente recursos em certos projectos.”

Pois ficamos entendidos...

Em 27/3/1996 o ex-ministro guterreou na Economia do Governo, até 25/11/1997, altura em que entrou o grande, grande, Pina Moura, brilhante arquitecto do acordo com a Grão-Pará, que assegurou a manutenção do Grande Prémio de Fórmula 1 em Portugal , no que constitui um exemplo eloquente daquilo que não é fazer de conta, mas simplesmente fazer contas.


Parece que desde Março de 1996 a Novembro de 1997, Portugal andou a fazer de conta, com um ministro da Economia do país das maravilhas. Isto segundo o ex-Cadilhe...

Como há desacordo nas opiniões, continuaremos a fazer de conta que estamos de acordo quanto ao essencial!

Publicado por josé 14:06:00 0 comentários  

Nós aqui que nos fartamos de dizer mal de Luís Delgado fazemos um sentido mea culpa, pois o seu texto hoje no DD, é puro serviço público.

Primeiro faz o grandessíssimo favor a Cavaco de lembrar a algumas alminhas que lhes fica muito mal aparecerem agora a limparem o seu passado na forma de um apoio a Cavaco, o que só poupa incomodos ao Professor que não consta que tenha apreciado particularmente alguns apoios ...

Depois compara a frente não Santanista àqueles que estiveram contra a invasão do Iraque. Ora eu, com o à vontade de quem apoiou a invasão, estou siderado com esta comparação, afinal o Delgado num acto de sobriedade nele anormalmente raro admite explicitamente que, tal como Bush, o Lopes também poderá adulterar as regras do Jogo i.e  fabricando "Verdades" à medida ...

O que não se percebe é dizer que no final quem decide são os portugueses quando Santana, num acto da mais pura cobardia, já disse que não ia a votos contra Cavaco preferindo fazer trinta por uma linha no interior do PSD. A este propósito a prosa da Rainha de Inglaterra também no Diário Digital vem mesmo a calhar.

Mas, há um ponto em que o Delgado falha redondamente já que Santana representa tudo, mas tudo, menos o "regresso da política"Santana tem de, e pode, ser combatido e desmascarado no plano das ideias que não tem, da coerência que nunca teve, dos princípios voláteis por que se rege, dos constante insultos à memória de Sá Carneiro que passa a vida a fazer (como se Sá Carneiro fosse vivo alguma vez o apoiasse).



Santana é o expoente máximo da não política, das não-posições, da demagogia e do explorar das emoções mais básicas das massas. Combatê-lo no mesmo plano em que ele sempre jogou é um erro crasso e foi isso que fez na passada sexta o Paulo Coelho português, Miguel Sousa Tavares...

Fazer regressar a política, pura e dura, é a melhor forma de cilindrar Santana e, a Política, a sério, não é, nem pode ser, "emocional, decisiva e picante" é, antes, a discussão séria, consequente e frontal de ideias e projectos e isso nem Santana, nem este Governo nem a oposição têm feito...

Que regresse então a política e, ... o Futuro!

Publicado por Manuel 22:48:00 0 comentários  



se fosse juíz ia logo para a relação ...

DIRECTOR DA PSP CONDUZIA MOTO EM ZONA PROIBIDA
O director nacional da PSP, Mário Morgado, poderá ficar inibido de conduzir temporariamente a sua moto, pois foi ‘apanhado’ a circular num viaduto onde é proibido o trânsito a motociclos. ‘Apanhado’ porque caiu da moto.

Publicado por Manuel 00:49:00 0 comentários  

João Pereira Coutinho é sem sombra de dúvida um caso fora de série. Sendo supostamente de Direita, arranja teses tão mirabolantes que só servem para credibilizar, e de que maneira, a esquerda. O prémio é ter passado a escrever no Expresso.



A última da criatura foi espezinhar o Ary dos Santos pelo que na próxima semana se espera um arraial de porrada no... Zeca Afonso. O espantoso é que há quem ache este cromo troglodita, a começar pelo próprio, um génio...  É um sinal dos tempos...



Ninguém reparou mas Eduardo Dâmaso escreveu um destes dias um editorial  no  Público  anormalmente profundo e simultaneamente  ambiguo... Que é que no Público já se sabe mas ainda não houve coragem de publicar ?...



Uma dica, aconteça o que acontecer o António Arnaldo Mesquita vai ter que passar uns tempos, largos, a escrever sobre floricultura e quiçá sobre moda, cosmética e astrologia... É aquilo que se chama o sistema a funcionar...

Publicado por Manuel 00:08:00 0 comentários  



pontos nos ís ...

Num exercício inédito o Bloguítica decidiu colocar no seu próprio site um "direito de resposta" relativamente a uma prosa nossa ...

A Grande Loja, no seu texto “O Cavalo de Tróia” (19.2.2004), manifestou a sua discordância relativamente a alguns dos meus pontos de vista e acusou-me de falta de lucidez, mimo que passo a retribuir-lhe de imediato…

Tal como a Grande Loja, já se percebeu que por aqui não se grama Pedro Santana Lopes (PSL) nem com molho de tomate.

Tal como a Grande Loja, a razão principal para esta animosidade é o facto de PSL – como muitos outros – representar tudo, ou quase tudo, o que de errado existe na política e nos políticos.

Porém, ao contrário do que afirma a Grande Loja, não se declarou a sua morte política ou a irrelevância das suas posições.

O que não se comete é o erro oposto e no qual cai a Grande Loja: valorizar em excesso a personagem. De resto, excepto numa situação, não existem grandes divergências de análise entre a Grande Loja e o Bloguítica.

A grande divergência, que me permite retribuir o mimo de “pouca lucidez” à Grande Loja surge quando se traça o seguinte quadro:

…o cenário de um golpe de estado interno no PSD, na premissa de que com Santana a líder poderiam existir boas hipóteses de renovar a actual maioria pela coligação no poder não é totalmente invendável ao aparelho.

Isto é puro delírioSe alguém pensa que Santana Lopes poderá chegar ao poder através de um golpe de estado interno no PSD, então, de imediato, perca as ilusões. A queda de Durão Barroso, de acordo com esse cenário, inevitavelmente, seria seguida pela clássica alternância política entre o PSD e o PS. Por muito esfrangalhado que o PS esteja…


Apesar de haver quem humildemente ache que Vasco Pulido Valente é um "nabo" e que apenas "regressou ao seu melhor nível: banalidades, banalidades e mais banalidades." recomenda-se ao Paulo Gorjão a leitura atenta da prosa do Vasco do passado sábado. Está lá tudo, pelo que no delírio estamos muito bem acompanhados...

Mas, para contextualizar, e porque os excessos de realismo, e o culto da realpolitik, a que se costumam chamar cinismo ou calculismo, ou simples comodismo, costumam acabar mal (a história está repleta de exemplos a começar  na tolerância e complacência para com Hitler nos tempos iniciais do seu consulado), e que se manifestam quer na forma complacente e respeitosa como se defende o tratamento da China apesar  dos direitos humanos, no caso a falta deles, quer seja na análise dos fenómenos políticos internos e corriqueiros segue abaixo um pequeno compêndio de "delírios" ocorridos num passado recente ...
  1. Cavaco, o tal que Soares não sabia quem era, ganha o Congresso da Figueira da Foz, basicamente devido a um excesso de confiança da troupe de João Salgueiro. Quando força a queda do Governo de que fazia parte o PSD (o célebre bloco central), recusa uma coligação com o CDS de Lucas Pires (que queria um terço dos lugares) e vai a votos... GanhaOs analistas à época  não davam um tostão furado pelo homem, o PS até só queria mais oito por cento para ter uma maioria. Em dez anos mudou Portugal.
  2. Congresso do Coliseu, epitáfio do cavaquismo. Barroso, o desejado das élites, da Imprensa e do povão, é esmagado por um Nogueira que tinha o aparelho a seus pés.
  3. Barroso, contra o calculismo e cinismo de muitos (incluindo deste modesto escriba) que achavam que era sempre cedo para o reformar, chegou a primeiro-ministro. O desastre está à vista...
Em suma, e no caso concreto do Lopes, nós não descrevemos os factos como gostavamos que eles acontecessem, nós descrevemos os factos como não gostavamos que acontecessem. Os eventos deste fim de semana apenas nos vem dar razão.

Santana, a demonstrar que o seu verdadeiro alvo, não é Cavaco, veio louvar as reações sensatas deste à sua entrevista, e subrepticiamente puxar as orelhas, e ameaçar com um ajuste de contas, aqueles que não compreenderam a sua jogada i.e. hesitaram, leia-se a dupla Barroso/Morais Sarmento, ou que a atacaram explicitamente como Pacheco. As peças começaram a mover-se e não é por acaso que Guilherme Silva diz hoje o que diz ...

Mas o facto político da semana foi sem dúvida protagonizado por José Pacheco PereiraPacheco, embora ressalvando as dificuldades de Durão, veio dizer alto e bom som que são precisas mudanças na estrutura do actual Governo a começar por mexidas na Defesa e Justiça.

Traduzindo para português, isto significa pôr o Dr. Portas como Ministro de Estado ou vice-Primeiro Ministro (sem Pasta), ou então tranferi-lo para outro Ministério dado que a sua remoção do governo é impossível dada a sua qualidade de líder do PP e seu pouco desapego ao poder. Qualquer destes dois cenários é inviável, noutras pastas  o Paulinho iria incorrer invariavelmente nos mesmos comportamentos desviantes que provocam o pedido da sua remoção da pasta da Defesa, como Ministro sem pasta, a sua posição seria fragilíssima já que não se antevê como tal situação se poderia compatibilizar com os tempos de crise que vivemos...

Assim, o que Pacheco vai dizendo é que Barroso não tem condições para remodelar, porque sendo chefe mão manda. Mais umas semanas e ainda vamos ver Pacheco a pedir a remodelação de Durão - é o corolário lógico e natural.

Há apenas uma salvação possível para Durão mas de remota probabilidade: Sabe-se que Portas, e a sua troupe, devida à lendária queda do Paulinho para os números, irritaram solenemente uns certos amigos do Sr. Rumsfeld. Se Durão não andasse a dormir na forma talvez essa irritação lhe pudesse ser muito útil mas falta saber se para os Americanosdiferenças entre Portas e Durão...

Ainda sobre Durão, é suposto o homem saber uma coisa ou duas de política externa. Tem-se visto! A cimeira da Figueira da Foz foi da mais completa palhaçada, amadorismo e rendição aos interesses de Espanha, ao se optar pelo TGV, quando o investimento estratégico da década devia ser o aeroporto da Ota, e antes de Espanha se decidir, já decidiu ?, a construir um grande aeroporto do outro lado da fronteira e que reduziria eternamente o da Portela a mero aeroporto regional... Depois é a inenarrável Teresa Patrício Gouveia, criatura estimável, que percebe tanto de diplomacia como eu de escrita linear cretense. É a apologia do investimento estrangeiro em Portugal por causa... da mão de obra barata, é o ler num discurso solene o introito de um decreto-lei, é o facto de o MNE não ser tido nem achado quando o PM vai a Espanha, e a saca rolhas subscreve uma declaração que serve os interesses de Espanha, é  o  José Cesário que se não existisse teria que ser inventado, é enfim...

Publicado por Manuel 20:01:00 0 comentários