"The Passion", ou porque é somos todos judeus...

Vai grande a algazarra na blogosfera, e não só, sobre o último filme de Mel Gibson.

Agora que já está disponivel nas profundezas da internet um screener do "The Passion" já é possivel ter uma opinião abalizada sobre a "obra".

Em primeiro lugar, e para que não haja dúvidas trata-se de um mau filme, sem um argumento real, e com uma fotografia assim-assim.

Em segundo lugar, e para sossego de uns e desassossego de outros, o visionamento do filme não altera em nada para cima, ou para baixo, as ideias que se tinham antes do visionamento do dito cujo.

Em termos teológicos puros, o filme representa, entre aspas claro, infinitamente mais a mão do Diabo que a do Espírito Santo, já que além de tecnicamente ser herético, adultera, de alto a baixo, a mensagem dos Evangelhos.


Neste contexto é penoso ver as cambalhotas, de gente que devia ter Juízo, para as bandas do Vaticano, ora a abalizarem, ora a chutarem para o lado. É forçoso recordar que foi o mesmo Vaticano que condenou veemente a "Ultima Tentação", obra sublime, de Scorcese, e que ainda estou para tentar perceber onde é que vai contra a ortodoxia católica, apostólica romana.

O filme falha porque Gibson, por muito que se julgue embuído de , erra completa e redondamente na interpretação dos Evangelhos. Falha porque os evangelhos são uma mensagem de Esperança, de Amor e de Perdão, e o que se no "The Passion" é tudo menos isso, é violência gratuita, sem um fim óbvio. Não se Jesus a perdoar aos seus  algozes, o episódio do "bom ladrão", nunca existiu, o próprio mistério da Ressureição ocupa apenas uns breves nano-segundos finais, e o que passa é um sofrimento mais ou menos gratuito. Não há  Perdão, não há Compaixão, não há Amor, apenas dor e sofrimento explorados à exaustão...



Quanto à questão do anti-semitismo na minha modesta opinião está toda a gente a ver a coisa pelo ângulo errado. Para quem tem , e é uma matéria estritamente nesse campo, Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados, pelos pecados de todos nós. Mesmo que, por absurdo, o povo judeu tivesse culpas no cartório, o que não é de todo liquído, Cristo teria morrido pelos pecados deles, e nossos, logo tornando-nos a todos judeus.

É, à luz, deste raciocínio, da mais simples e elementar lógica, que se torna incompreensível o silêncio, e o ruído, provenientes das bandas da Praça de São Pedro...


Publicado por Manuel 17:52:00  

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