Cavaco (II)

Prosseguem as operações de damage control. Tiago Craveiro, conhecido boy laranja travestido de jornalista volta a atacar no Portugal Diário. Agora, descortinou fontes próximas do Professor, que já avançam com a estratégia, vincar a diferença de estilo em relação a Soares (como se fosse preciso vincar o óbvio) e até um político com quem Cavaco tem conversas regulares, mas que pelos visto não sabe dos almoços nem dos jantares, que afirmou ao PortugalDiário ter «sérias dúvidas» sobre se o professor «mantém a liderança do PSD a par dos seus planos», já ex-primeiro-ministro não quer erá arriscar uma única fuga de informação. Enquanto que Soares tem uma oleada máquina a trabalhar para si, para não falar no todo poderoso aparelho do PS à disposição, onde pelos vistos se incluem os governadores civis, Cavaco, muito bem, tem primado pela descrição. Não tem spinners nem aparatchiks à sua volta, apenas uma pequeníssima e eficaz equipa - Paula Teixeira da Cruz, Maria João Avilez, Luiz Montez, e poucos mais, que tem chegado e sobrado para as encomendas, e é isso que assusta e preocupa. Cavaco, ao contrário de Soares, não precisa deles, são eles que se vão pondo, resignadamente, em linha, não precisa de intermediários, Portugal conhece-o, e distingue-o deles, e esse é o problema, deles, claro.

Como já escrevia aqui há um mês atrás...

(...) Desenganem-se pois aqueles que veêm em Cavaco o salvador, ou o derradeiro redentor. Não é por isso, ou para isso, que Anibal Cavaco Silva deve ser Presidente da República.

Devê-lo-á ser porque - em tempo de crise - Portugal e os portugueses precisam de um referencial de estabilidade, de credibilidade, de alguém que saibam, tenham a certeza, que não tem agendas secretas ou camufladas. De alguém que mais do que deixar uma derradeira herança quer apenas e só servir Portugal.

Mas, há ainda uma outra classe de razões para se desejar que o Prof. Cavaco chegue a Presidente da República. É um facto que o actual sistema político funciona mal, tem vícios, e está, mais dia, menos dia, condenado ao fracasso, e também é um facto que per se não se regenerará tão cedo. Ora, a candidatura de Cavaco Silva não será nunca partidária, uma boa parte do aparelho do PSD abomina-o até, mas popular, basista, não será a esquerda vs a direita, mas sim o confronto entre diferentes maneiras de ver Portugal e o mundo, reconciliará pois os eleitores com o eleito, porque sendo desintermediada e livre de vícios aparelhístico-partidários.

Queira Cavaco e, nesta campanha presidencial que se avizinha, pode iniciar uma autêntica revolução - desde logo ao nível do financiamento - aceitando só e apenas , com toda a transparência, doações dos seus apoiantes, desde logo ao nível da participação, fugindo à habitual triagem aparelhistico-partidária, desde logo ao nível dos temas já que pode falar de tudo sem constrangimentos.

O Prof. Cavaco tem hoje - como ninguém - condições objectivas e subjectivas, de fazer o que o país mais precisa - de pensar sobre si próprio - sem auto-censuras politicamente convenientes - e de olhar para o futuro. Dele não se espera que seja tutor ou fiador de coisíssima nenhuma, apenas que seja um garante de progresso e desenvolvimento.

Associada a este upgrade qualitativo - nomeadamente quando comparado com o perfil do ainda titular do cargo - teremos a inevitável, e que só peca por tardia - requalificação do sistema politico-partidário, à esquerda e à direita. À esquerda por cairem de vez os mitos, à direita, porque o Prof. Cavaco será, não duvidem, o primeiro a distanciar-se, e a exigir distância e responsabilidade, até porque qualquer neocavaquismo para o poder ser terá de ser primariamente descavacaínado... (...)

Publicado por Manuel 19:01:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    caro manuel, esse distanciamento aparelhístico-partidário do doutor Cavaco é que mete medo aos portugueses porque é um homem de tabús. Os portugueses não gostam de esfinges, preferem homens de talk-shows, sinceros, abertos, sentimentais e não calculistas.
    É provável que os portugueses prefiram um homem aparelhístico-partidário como o doutor Soares porque assim já sabem com o que contam, pois PS+Soares só há um e mais nenhum, e sendo fixe o povo gosta.
    Anónimo said...
    A equipa é ainda mais pequena do que julga. E dos nomes apresentados por si, só um conta. Há mais 1. Nenhum deles provém dos dinheiros estranhos...

    A malta do "encosto" e do "grande amigo" não risca, nem vai riscar, apesar das tentativas...

    E é assim que a coisa vai!

    Alface

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