Atlantic Ahmet

A música popular de expressão anglo-saxónica, não seria a mesma sem Ahmet Ertegun, o “turco” ( filho de um diplomata turco) que em 1947, juntamente com Herb Abramsom, fundou a Atlantic Records. Mais tarde, juntou-se-lhes o irmão de Ahmet, Nesui( em 1955) e antes já lá chegara um importantíssimo elemento- Jerry Wexler, como produtor de sonoridades.
Ahmet faleceu no passado dia 15, com 83 anos e no seu portfolio, contava com músicos e músicas como:
Ray “what i´d say” Charles, (até 1959, portanto sem o Lp seminal Modern sounds in country and western music, de 1962), Aretha “Respect” Franklin, Otis”Sitting on a dock of the bay” Redding, Wilson”In the midnight hour” Picket, Percy “ When a maaaaan loves a woman” Sledge, Booker T.”green onions” and the Mg´s, Sam and Dave, na música soul. No jazz, John”sax”Coltrane, Charlie “baixo” Mingus, e na pop-rock, Buffalo “For what it´s worth”Springfield, Rolling” Brown Sugar” Stones, Led “Stairway to heaven”Zepelin, Yes, “close to the edge” e Crosby, Stills, “suite: judy blue eyes” Nash & Young., entre muitos outros, e que ficaram a dever muito do que foram a esse connoisseur da música popular, que também sabia do negócio da venda de discos.
Na verdade, a importância de Ahmet Ertegun, estende-se para além do seu catálogo de artistas. A etiqueta Atlantic foi a etiqueta da música soul( ou do rhythm & blues ou do gospel), juntamente com a Stax Volt( onde gravava Otis Redding) e a Tamla Motown, viveiro da música de alma negra, com Smokey Robinson a oficiar e Stevie Wonder a acolitar ( ou vice-versa).

A Atlantic, de Nova Iorque, como firma “independente” prosperou mais que as outras, desde meados dos anos cinquenta ,( a Motown só apareceu no início dos anos sessenta) na altura do aparecimento do rock n´roll, aproveitando mais tarde o renascimento do blues, na Inglaterra e o rock progressivo que distribuiu, nos EUA ( King Crimson e Yes).
A essência do sucesso da Atlantic, ficou a dever-se muito à produção dos artistas que vinham para a casa. O trabalho de produção de Leiber & Stoller e de Jerry Wexler, ( um dos mais importantes produtores musicais de toda a música popular, responsável pelo “som” de Aretha Franklim) revelou-se fundamental. A Atlantic, como etiqueta de distribuição independente, com etiquetas secundárias como a Atco e Cat, em 1967, associou-se à rede de distribuidores da companhia Warner Brothers e nos anos setenta, com uma nova associação à etiqueta Elektra, nasceu o grupo WEA.
Ahmet Ertegun gozou sempre de boa reputação entre os artistas e é por isso que o lembram, na hora da sua morte: foi um patrão, intelectual, entendido e de bom trato, mas sempre profissional. Como prova de estima geral, basta ler os agradecimentos personalizados, nas capas dos discos.
Em matéria de produção sonora, o relevo da Atlantic, agiganta-se numa artista: Aretha Franklim.
Em 1967, o disco I Never Loved a man (the way i love you), produzido por Jerry Wexler, nos estúdios Muscle Shoals, marcou o paradigma da música soul cantada no feminino. “ A melhor voz depois de Billie Holiday”, segundo Albert Hammond, responsável pela Columbia ( e que tomou Bob Dylan em consideração, logo no início).
A marca de água de Aretha continua a ser a interpretação da grande canção, Respect, de Otis Redding. R.E.S.P.E.C.T. foi um hit, em 1967 e juntou Jerry Wexler, também produtor de Wilson Picket, a Arif Mardin, no estúdio de Muscle Shoals . Em Outubro de 1998, a revista inglesa Mojo elegeu Aretha Franklim como o/a maior cantor/a de todos os tempos. À frente, por exemplo, de Frank Sinatra e do próprio Ray Charles, ele mesmo um artista da Atlantic, até 1959, ainda a tempo de nos deixar What i´d say ( hunh-unh-unh) e I got a woman e antes de assinar por outras etiquetas.A Atlantic de Ameht Ertegun foi a responsável editorial, ainda, por grupos maiores na música popular de expressão anglo saxónica: os Cream, os Led Zeppelin e os Crosby Stills Nash & Young e dos seus membros a solo, com excepção de Neil Young.
Sobre os Cream, podemos lembrar Eric Clapton e Stevie Winwood. Sobre Led Zeppelin, o álbum Houses of the Holy e sobre Crosby Stills Nash & Young só um artigo completo lhes fará justiça, pois foi dos primeiros grupos de música popular que me levou a apreciar o rock. O outro foram os Creedence Clearwater Revival. Ficam para a próxima.

Imagens:
"The Rock pack", de James Henke e Ron van der Meer.
revista "Mojo" de Maio 2002

Publicado por josé 23:57:00  

6 Comments:

  1. rb said...
    Muito bem, José! Mais um post suculento qb. O "Otis”Sitting on a dock of the bay” Redding" era dos meus favoritos, então aquele assobio ...
    josé said...
    Pois, mas vou corrigir dois lapsos de escrita: "Muscle shows" e "dois grupos", quando são três.
    A sintaxe por vezes não é a melhor, mas não tenho paciência para revisor de provas.
    Kane said...
    Boa colheita, José, a lembrar-nos a excelência da produção da Atlantic!
    “ La créme “ da Soul está lá toda. Quanto ao Rock, foi do melhor, e ainda hoje referência para rapaziada mais nova, amante de música criativa, como foi a dos Cream, Led Zep, CSN Y, entre outros.
    E ainda tiveram tempo para nos fazerem descobrir o Jazz através da melodia de Coltrane…
    josé said...
    Também a foto tirada da Mojo não tem a melhor resolução, aparecendo algo esborratada. VOu ver logo se consigo melhorar.

    Essa foto é impressionante porque reune efectivamente o estado maior da Atlantic, com a sua maior artista. Como se diz na legenda, estão lá todos.

    E os estúdios Muscle Shoes mereciam artigo à parte, com o seu historial.

    De resto, só mais uma informação: para a excrita do texto não conultei a net. Apenas uns livritos e revistas que tenho por aí.
    Porém, na net e em relação à Atlantic e a jerry Wexler e outros evidentemente, há um mar de informações.
    Assim, até parece fácil fazer crítica musical em jornais...mas não é.
    Basta ler o que temos por aí, a escrever sobre estes assuntos. O tempo de um MEC e até de um Manuel Cadafaz de Matos e outros, vai longe.
    Agora é mais tempo de cópia. Plágio, se assim se pode dizer.
    Talvez seja por isso que se desculpam plágios alheios, evidentes...
    rb said...
    À parte ou talvez não: Não sei se o José já reparou na última pag. do Público de hoje que traz um artigo sobre o fim da batalha judicial sobre os direitos autorais da famosa música dos Procul Harum, A White Shade of Pale, sobre o que em tempos aqui escreveu. O organista conseguiu parte dos direitos, 40% dos ganhos futuros.
    antonio romao said...
    Give me a O
    Give me a t
    give me a i
    give me a "esssse"...
    Muito obrigado por me fazeres reavivar recordações fantásticas.

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