uma questão de etiqueta
terça-feira, agosto 29, 2006
Eu até nem acho mal, em tese, que Portugal envie tropas para o Libano, acho é que, coplocadas as coisas no seu contexto, no seu devido lugar, e sobretudo na sua devida dimensão, se calhar há outros 'teatros de operações' onde a presença portuguesa é bem mais óbvia, natural e justificável. Portugal, por muito que custe já não é uma superpotência (de há uns séculos para cá) e a NATO, a UE (a UEO passou de moda) ou a ONU, não podem servir de desculpa para tudo, pelo que há outros com maiores responsabilidades (até no que tem acontecido), e bem mais liquidez, que bem podiam 'ir' na nossa (?) vez. Infelizmente, o Libano vai ser usado mais uma vez como pretexto para realçar a necessidade de 'modernização' das nossas Forças Armadas e para justificar gastos tão loucos e megalómanos como os dos submarinos (que custaram balúrdios, para pouco ou nada servem, e que obviamente não vão para o Libano). Por uma vez, espera-se - contudo - que não seja preciso andar a comprar o que quer que seja à última da hora...
Para rematar, é verdadeiramente penoso ver a figura triste de Anibal Cavaco Silva, Presidente da República, e que neste mandato já fez de Eanes, de Soares, de Sampaio, mas que ainda não vimos fazer de sí próprio, anda a fazer por estes dias. Com que então, primeiro era preciso pensar muito bem, e ter muita cautela, e agora, nas vésperas da reúnião extraordinária do Conselho Superior de Defesa Nacional, onde será discutido o envio de militares portugueses para o Líbano, que ele próprio convocou, vem dar o envio por natural, garantido e consumado ? Então a reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional vai servir para quê ? Chá e bolinhos ?
A questão (já) nem sequer é política, é de etiqueta tão só.
Publicado por Manuel 10:23:00
Já agora, porque as forças não se deslocam para Darfur quando existir luz verde?
A melhor descrição que li até hoje.
Parabens.
Cavaco virou... até nem é mau sinal, porque haveria ele de alinhar-se, sempre, do outro lado ?
E os submarinos que os ponham nos cofres do Banco de Portugal, talvez ainda venham a servir de moeda de troca para outras coisas mais úteis... O ouro que ainda lá está serviria muito melhor para políticas que deveriam ser mais urgentes... Urgências, por cá, não faltam!