Há milhentas razões para não gostar de Maria José Morgado, no entanto a humanista Clara Ferreira Alves lá conseguiu arranjar maneira de se ser obrigado a simpatizar com a Procuradora-Adjunta agora virada escritora.



Numa prosa onde destila ódio misturado com uns pózinhos de má-fé, CFL remata-a escrevendo:

Tendo eu tido 20 anos como Maria José Morgado, e não dizendo como ela que foi a mais bela idade da minha vida, pasmo ao ler estas palavras desta mulher. Nenhum pensamento me repele mais do que este, esta negação da vida e da beleza, esta negação do pensamento e da inteligência, esta negação da sensibilidade e da arte. Esta negação da vida e da falha humana. Isto, para mim, é a apologia do fascismo intelectual, do kitsch histórico. A matriz do Gulag, de Auschwitz e dos campos de Pol Pot.

Pessoas como Maria José Morgado faziam-me, naquela altura, muita impressão e muita pena. E continuam a fazer, apesar de ela dizer que mudou. Há outra coisa que estas pessoas me fazem: medo. Muito medo. Ainda bem que a revolução deles não venceu.


A propósito, eu não acredito que as pessoas mudem assim tanto.

Ao contrário de outros, MJM deu o salto, e ao contrário de outros continuou empenhada em causas, ainda que por vezes as confunda com moinhos de vento e vice-versa, ao contrário  de outros  mudando nunca desistiu. Hoje depois de ler o trash  da Ferreira Alves  eu desgosto um bocadinho menos da Procuradora-Adjunta, porque onde a outra vê um je ne sai quoi pas de fundamentalismo eu vejo, apenas e só, humanidade e coragem de olhar não só para trás como para o próprio espelho, e isso em alguém que eu sempre achei vaidosa e levemente arrogante é muito, muito mesmo.

Ah, e entre a humanidade e falibilidade de Maria José Morgado e a visão asséptica, levemente matrixiana logo fascista, e politica e socialmente  correcta  do que deve ser a vivência de uma vida de Clara Ferreira Alves escusado será dizer qual  prefiro ...

Publicado por Manuel 22:38:00  

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