A informação que temos


O Expresso de ontem, titulava em manchete que "Prodi e Santer criticam Durão Barroso". Na pág. 8, explicava porquê, assumindo sempre ideias alheias, em artigo assinado por um correspondente em Bruxelas, Daniel Rosário.
A ideia base do artigo, a citar os dois ex-presidentes da Comissão Europeia, é a ausência, o absentismo de ideias e soluções. A inactividade prática e política que deixa o vazio das iniciativas, a ser ocupado por outros, mais afoitos, como é o presidente Sarkozy.

Independentemente do caso político e da repercussão pessoal, sobre Durão Barroso ( e que se torna uma marca de água, ao sabermos que também daqui saiu, abandonando o barco para se refugiar em águas mais temperadas e proveitosas, em busca do poder que é outra marca de água), o assunto merece destaque pelo desfasamento noticioso dos media portugueses.

Desde o início de Outubro que as revistas francesas, para não ir mais longe, escrevem e publicam artigos de opinião e reportagem sobre a crise financeira, a sua origem, responsáveis directos ( como Richard Fuld, CEO do Lehman Bros, na foto acima, em figura de bode expiatório) e não poupam nas palavras para apelidar aqueles que consideram culpados e acima de tudo, mentirosos e aldrabões, beneficiários directos de um sistema que afundaram, por ganãncia e incompetência, aproveitando a onda neo-liberal.

Desde essa altura que revistas como Nouvel Observateur e Marianne ( de onde se retiram todas as fotos, da edição de 11 de Outubro, sobre os "vrais responsables de la catastrophe") , publicam textos como o abaixo transcrito em que os repórteres e cronistas não hesitam em apontar os nomes aos "boys" que tramaram o esquem financeiro do sistema capitalista,. Escrevem alto e com destaque, o que bem entendem sobre a crapulice do sistema- que é o capitalista, convém não esquecer.
Durão Barroso, é aí apontado exactamente, nos mesmos termos que agora é criticado no Expresso. E as críticas francesas, apontam inclusivamente o desvio Sarkozy. E não se baseiam nas declarações dos dois antigos próceres da Comissão.

Por cá, no Expresso, com um Nicolau Santos de lacinho e um incorrigível e inacreditável director, a notícia só aparece quando surgem os nomes da caução,. No caso, os dois ex-presidentes de Comissão, ou outra circunstância extraordinária. Por eles, nunca chegariam lá, ao cerne da questão.

O jornalismo em Portugal, vive destas grandezas, por empréstimo de autoridade. A notícia , só assume relevância, quando aparecem os notáveis a apadrinhar ou tutelar as informações.
Os jornalistas portugueses, não se atrevem à descoberta, por si mesmos. Ficam à espera que lhes tragam a papinha feita, em sites na Net ou palpites oportunos, das "fontes", por vezes inquinadas.
Os directores de informação nos media, com destaque para os jornais, parecem indivíduos escolhidos a dedo, de um grupo de uma extensa aurea mediocritas, ainda mais rasteira. Todos, e quase sem excepção. Nas tv´s. é mesmo aflitivo, tal panorama.

Ocorre-me perguntar porquê e a resposta que ouço, interior, não varia de tom: porque o poder assim prefere e escolhe.
Em Portugal, os media, com destaque para a imprensa, não são livres, é preciso dizê-lo, cada vez mais.
O principal óbice, a essa liberdade, não reside em qualquer ERC desacreditada ou em censura externa dos patrões dos costumes.
Reside tão simplesmente, na mentalidade capada, tacanha, medíocre e medrosa, de quem os dirige, por opção consciente de quem os escolheu.
Basta ouvi-los falar quando aparecem nas tv´s e basta ler o que escrevem para se perceber o fenómeno.




Publicado por josé 11:44:00  

3 Comments:

  1. Zé Luís said...
    TOUCHÉ!
    Waco said...
    Toca a votar no "josé" na votação do Portugal Contemporâneo:

    http://portugalcontemporaneo.blogspot.com/

    Eu já o fiz.
    Karocha said...
    Plenamente de acordo consigo José.

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