Que pena!

A revista Visão de hoje, consegue um feito notável: publicar uma entrevista com Sara Pina, a antiga responsável pelo Gabinete de Imprensa da PGR e apesar de a mesma dizer uma coisa, o jornalista que assina o artigo, põe-na a dizer outra. E a entrevista até vem publicada em separado!
Sara Pina diz: “ As declarações que me foram atribuídas foram abusivamente truncadas e descontextualizadas. O que veio a público não é a transcrição exacta de nenhuma conversa telefónica por mim tida. Á parte disso, como já disse, as informações eram supervisionadas pelo dr. Souto Moura. Ainda assim, como foi tornado público pela comunicação social que noticiou o arquivamento do inquérito ao furto das cassetes, essas afirmações truncadas e descontextualizadas não violaram o segredo de justiça.
A Visão, pelo teclado de Paulo Pena, escreve: “E se , afinal o procurador-geral da República tivesse, ele próprio violado o segredo de justiça”? E para dar consistência bombástica ao escrito de pólvora molhada, o autor pinga mais uns pós de perlimpimpim para emoldurar um labéu: no inquérito dir-se-ia que Souto Moura estava em consonância com o que Sara Pina dissera e fora publicado no semanário Independente. Logo, a conclusão do plumitivo repórter é taxativa: se sabia, pode ter violado o tal segredo! Lógica de uma batata, aplicada a um escrito semeado de inuendos. Leia-se a finura de raciocínio: Souto Moura, à época admitira uma possível violação de segredo de justiça, segundo o escriba. Admitiu mesmo? Como? Quando? Onde? Porquê? A estas perguntas de algibeira jornalística, zero respostas. E nem a citação das palavras de Souto Moura que desmentem na essência do que escreve, o impedem de continuar a senda das insinuações.
Este mesmo assunto, foi por aqui, em tempos, glosado. Os que então escreveram, gritando pela demissão, agora calaram-se. Muito caladinhos, ninguém dá por nada...por exemplo, este ,nem tuge nem muge, agora, sobre o assunto. Na altura, rasgou as vestes...
Apetece dizer: Arre, que é de mais!

Publicado por josé 19:26:00  

4 Comments:

  1. Ljubljana said...
    Este tipo de jornalismo, aqui citado, e as suas consequências é bem conhecido por alguns maus da fita, como o Rui Rio.
    josé said...
    alba:

    "Branquear" é um termo de frases pronto-a-vestir.
    Se quiser, serve para contrapôr a "sujar".
    E o que a Visão faz, parece-me de facto uma sujeira e uma intriguice ainda por cima estúpida.

    Ninguém que se disponha a ler a entrevista de Sara Pina, com boa fé, lerá aquilo que Paulo Pena acha que ela diz.

    Além disso, falta aqui um elemento fundamental nesta história: Jorge Sampaio.
    Disso não fala o Pena, Paulo.
    floreseabelhas said...
    Caro José
    Já que fala em Jorge Sampaio, deixo-lhe aqui uma adivinha: quem fez chegar aos jornais a informação do aparecimento do nome do PR no processo em questão?
    Para a felicidade de alguns, tudo isto parece menos mau do que realmente é!
    António Balbino Caldeira said...
    Patrão que paga, patrão que manda! - dizem os brasileiros. Portanto, se o sistema paga é natural que o funcionário - jornalista ou não, não deixa de o ser... - o proteja e ataque os seus adversários.

    na história da democracia representativa portuguesa este período há-de ser gravado como o mais negro da sua curtas existência e o precipitador do seu fim - se não houver reforma... Viva a democracia directa!

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