...te salutant!

O programa prometia: as presenças de Ricardo Costa e Pacheco Pereira de um lado e a de Carrilho e Rangel do outro, deixavam entrever grandes esperanças em que os gladiadores se defrontassem numa arena que conhecem para debater magnas questões: "Quem manda no jornalismo?", por exemplo. A apresentadora até disse que este tema "é vital para a democracia portuguesa" . Como é que correu?

Logo a começar, a troca de galhardetes entre Rangel e Ricardo Costa, com estocadas directas a este, passou pela referência concreta a “tu telefonaste; eu telefonei e mostro os registos de telemóvel se for preciso”; “tu até foste ao casamento de…”; até chegar ao ataque directo de Carrilho a Costa –“V. falou com o Marques Mendes…” e à defesa de Ricardo Costa: “falo, mas nessa noite não falei e até disponibilizo os registos de telemóvel”!
Foi assim, até à intervenção do Abrupto feito comentador de tv. A intervenção deste partiu o debate, ao partir para o tema do livro e a discussão sobre o livro e os seus aspectos teoricamente livrescos e livremente intelectualizados. Citou Santana Lopes para lhe relatar as queixas que serão idênticas às de Carrilho, afirmando a evidência que falta demonstrar e interpelado no concreto por Carrilho, com casos concretos, nem chega a entrar no tema.
Todos concordam num óbvio ululante: há mau jornalismo em Portugal! Mas quanto a individualizar, moita, carrasco. Carrilho gritou na cara de Costa que fez mau jornalismo. Alguém acha que este enfiou o barrete? Nã…

Carrilho cita então em directo, António Cunha Vaz. Para reafirmar a manipulação da imprensa pelas agências de comunicação.
O representante de A. Cunha Vaz, defendeu o responsável pela agência e citou uma frase de Salazar, para logo a seguir dizer que a empresa se apresentou ao serviço de Carrilho e logo a seguir, perante a recusa deste, foi oferecer o mesmo tipo de serviço a Carmona. Acha que é igual a uma agência de publicidade, na banca ou noutros serviços. Carrilho e Rangel acham que é mercenarismo…e Ricardo Costa lembra que a seguir a mesma empresa foi fazer a campanha de Mário Soares.
Carrilho volta a chamar mentiroso a Costa, dizendo-lhe que acaba de dizer mais uma mentira e este fica na mesma. E logo a seguir volta a chimpar-lhe mostrando-lhe que acaba de proferir declarações absurdas e Costa continua a ficar na mesma.
Foi assim a primeira parte do Prós & Prós, um dos únicos programas de debate público, na tv portuguesa de 2006!
O tema de hoje, era como se disse, “Quem manda no jornalismo? As agências de comunicação ou os jornalistas? E quem decide as eleições?”
Como se vê, publicidade completamente enganosa.
Já nem comento a segunda parte.

Publicado por josé 23:59:00  

41 Comments:

  1. Tonibler said...
    Alguém devia ter o acto misericordioso de fechar o microfone do Carrilho que já é a pessoa a cair no mais profundo ridículo. Pelo menos para o Dinis Maria não crescer na vergonha...
    maloud said...
    Esta gente só tem um telemóvel?
    josé said...
    Concordo com o último comentário do star.

    E chamou o que quis ao Ricardo Costa e este ficou-se. Agora mesmo disse-lhe na cara que ele -RIcardo Costa- era a vergonha do jornalismo português.
    Tendo a concordar também.

    Ricardo Costa e Tadeu- a mesma luta. Levam insultos na cara e em directo e ficam-se!

    Notável.
    josé said...
    Foi pena não se falar de dinheiros.

    Quanto ganha o Pacheco por comentar na SIC- Notícias ( Ricardo Costa...)por exemplo.

    Isso também conta- e muito, acho.
    zazie said...
    foi uma grande treta.Estavam todos na maior e mais cretino foi o Rangel que está na cara que vai à boleia do Carrilho. É verdade que este marcou pontos como político e se exaltou como transmontano, agora que tenha provado, juntamente com o Pacheco que é de estirpe intelectual superior, mais devagar.
    Essa foi a bacoquice da noite da parte do JPP. Ele há políticos que até podem fazer recurso dessas coisas de revista porque são de revista. Agora intelectuais filósofo como nós, não fica bem. Não coincide a imagem com a personagem
    Tivesse ele uma Bárbara a ver se dizia o mesmo
    ":O)))

    Mas vocês repararam quando o Carrilho mandou calar a Fátima? não foi daquelas vezes em que disse que não deixava que o interrompesse. Foi mesmo uma boca para o lado: cala-te!
    Verdade. Eu ouvi.
    zazie said...
    mas é verdade que o Carrilho estava fulo e o que disse foi forte e bem na cara e os tipos ficaram-se.

    Esse lado transmontano ainda foi o melhor da noite.
    james said...
    Que se saiba Carrilho é do Cavaquistão e não da terra de Miguel Torga.
    Feitos os ataques ferozes a Ricardo Costa, pôde dar-se, finalmente, ao luxo de ficar a gozar dos rendimentos e a assistir de bancada.

    Pacheco Pereira* no seu discurso pseudo-analítico procurou confundir com uma prévia questão de método , mas não sobreviveu ao vórtice do "debate".

    Rangel foi o paladino da "deontolgia" e da "ética" e limitou-se a produzir declarações para memória futura.

    Fátima Campos Ferreira, perdeu na segunda parte nitidamente o controlo do debate.

    Ricardo Costa foi um filho admoestado por um pai castrador...

    *ávido por um "drama" judicial
    Pedro said...
    Ao ler estes comentários, fico com a sensação que MMC saiu vencedor... então e no final, quando MMC disse que RC era o rosto da vergonha e o público riu-se, e RC respondeu que MMC era o rosto da derrota eleitoral, e todos aplaudiram, também ficaram com essa sensação?
    O star diz que "Carrilho é inteligente e parece ter coragem". Talvez de se armar em parvo. Vai ser o Santana Lopes da esquerda. Esta forma de ganhar espaço mediático e não ser esquecido... não é contra este tipo de coisas que ele escreveu? É que assim isso vai, mais uma vez, virar-se contra ele.
    james said...
    pmarques,

    o essencial do debate mede-se,pelos aplausos?
    E o que me diz aos silêncios e ao rosto dum bébé chorão?
    Pedro said...
    Eu não estou com RC, acima de tudo não estou com MMC. E ele proferiu o maior silêncio ao não responder a JPP quando este lhe disse que não conseguia gerar empatia. Aquele estilo muito Louçã de "dono da verdade" é para as franjas. O essencial do debate mede-se pela incapacidade de se discutir temas sem se desfilar um chorrilho de casos específicos, muitos desles pouco relevantes; mede-se pelas opiniões 8 ou 80, preto ou branco, como quando FCF reagiu a JPP perguntando a este se a alternativa à televisão de espectáculo é uma televisão a preto e branco, como se a tecnologia mais moderna e a excelência de conteúdos fossem incompatíveis; e mede-se pela sensação que ficamos de não ser possível tentar discutir a influência do jornalismo e das agências de comunicação no poder que não motivados por objectos como este livro, e depois ainda por cima não se discute nada disso.
    e-ko said...
    Vi a primeira parte "daquele" debate que se limitou a acusações mútuas de mentirosos. Nem o "prós e os contras" não é senão uma farsa semanal, na maioria dos temas tratados mas desta vez nem me dei ao trabalho de ver o resto da emissão.
    Não gosto do Carrilho e todo este charivari à volta do seu livro não atenua a minha opinião.
    O Rangel é um cobarde, o R Costa fazia melhor em ser um pouco mais honesto, para ser um bom profissional.
    Os comentários do JPP já estão muito gastos e deveria fazer uma boa pausa nas suas intervenções televisivas. Não suporto que a comunicação social esteja cheia das opiniões das personagens políticas, sejam elas quais forem, acho que isto é muito mau para a nossa "virtual" democracia. Calem-nos, famos um abaixo assinado, aqui sim, valia a pena.
    Ljubljana said...
    No meio do texto descritivo (que é como quem diz: as flores) sobre o debate aparece a mensagem principal, e com destinatário certo. Os sentimentos traem-nos, por isso somos tão previsíveis.
    naoseiquenome usar said...
    Engraçado, não vi nem debate de idéias(já que como era previsível virou uma palhaçada centrada em acusações e ridicularias de índole pessoal), nem superioridade de ninguém. O Rangel usou chavões, o MMC fez de novo de menino mimado cheio de veneno, o Ricardo Costa esteve bem ao citar o estudo que desmonsta a suposta seriedade do trabalho de MMC e JPP ao, como era seu dever, tentar centrar o debate nalguma coisa, no caso o livro. Direi mesmo mais, que este foi o único que mantendo a educação, o olhar sisudo e desconfiado, não ultrapassou os limites do aceitável para o que se anunciava ser um debate.
    Definitivamente uma palhaçada.
    Politikos said...
    O PP foi o único, quer se queira quer não, a tentar situar o debate num plano mais geral da análise do fenómeno mediático e das suas ligações com outros meios que era o que de facto interessava.
    Carrilho foi o que sempre é: o baixo nível que é chamar «mentiroso» e etc., além de alardear o cv e dizer que não é «profe de aviário» e que passou 7 provas públicas... Realmente, um must...
    RCosta ripostou no mesmo estilo, taco-a-taco, mas com + nível. Percebeu o adversário que tinha à frente e respondeu ao mesmo nível. E ficou sem resposta cabal a manipulação das entrevistas publicadas em livro... Não ouviu isso, josé?!?!? Deve ser esse o rigor científico posto nas tais 7 provas públicas...
    Rangel esteve sem brilho e não teve rasgo para dar corpo à acusação genérica de mau jornalismo.
    formiga bargante said...
    Caros comentadores

    É só um pequeno exercício:

    Após o video da Bárbara e do filho, e da cena do aperto de mão (ou da falta dele) alguém se recorda de vêr, ouvir ou lêr algo sobre o programa, as ideias ou as intenções dos candidatos à presidência da câmara de lisboa?

    Honestamente, lembram-se?

    Quando o "bom povo" de lisboa votou, votou baseado em quê?

    Já agora, e se não é pedir muito, alguém sabe do programa que a a ctual vereação pretende executar para resolver, por um lado, os problemas de lisboa, e, por outro, tornar a capital mais moderna, mais jovem e mais competitiva ?

    Afinal estamos a falar de quê?

    Honestamente ?
    josé said...
    Duvido que a tv que temos ( O Rangel prè-SIC, chamava-lhe a TQT, televisão que temos e acho que estamos na altura de voltar à designação), tenha possibilidade de melhorar o panorama que podemos ver.
    A produção de programas é cara e a publicidade não dá para tudo.
    AS ideias que se podem comprar, e produzi programas com as mesmas, também custam muito dinheiro e é mais barato importar modelos prè-formatados, com cores prè-definidas e receitas experimentadas noutros lugares.

    Assim, restam algumas janelas nos debates com personalidades avulsas.
    Mesmo aí, em que seria possível fazer algo melhor, vemos que a qualidade é medíocre, embora os promotores achem que não- a tal Fátima deve achar-se uma donna mobile de alto gabarito profissional. Não se enxerga, é o que é. O Pedro Magalhães fez-lhe uma folha no blog que é de antologia e reveladora da mediocridade que por aí anda.

    Sendo assim, esperemos pela revolução tecnológica. Talvez as novas formas de produzir conteúdos possam trazer algo de novo, mas continuo céptico.
    maloud said...
    O debate serviu-me para conhecer o Ricardo Costa, o homem que revela na TV conversas privadas e de trabalho. Não vai a votos, mas influencia o nosso voto.
    maloud said...
    José
    Vendo-a pelo preço que a comprei. Li por aí, em posts e comentários, que o "outro" ganha 1.000 contos {5.000€} mensais, por comentar na SIC-N.
    josé said...
    maloud:
    Talvez. Uma coisa é certa: um dos outros comentadores- Jorge Coelho- declarou que ganha isso. Logo, não estou a ver a diferenciação para menos...

    Junte-se-lhe o estipêndio por cada artigo no Público e por cada um da Sábado e temos, só nestas três paragens, uma renda mensal confortável.
    Não invejo o comentador por causa de ganhar muito ou pouco. Trata da vidinha conforme pode e se lhe pagam, acho bem que receba e ninguém terá nada a ver com isso.

    O que posso dizer sobre os artigos, porém, é algo mais do que isso:
    Uma boa parte deles estende-se em assuntos que não domina e escreve por isso asneiras, como é o caso evidente dos assuntos judiciários, em que saem a esmo. Logo , são um logro para quem se desprecata.

    Receber bom dinheiro, por escrever asneiras ou banalidades confrangedoras, é meritório, em Portugal...

    Aqui ao menos, escrevem-se de graça.
    maloud said...
    José
    E eu aproveito e leio-o de graça.
    Agora, não contestando de forma alguma o direito do "outro" se fazer pagar bem, irrita-me, quando ele começa a perorar sobre os serviços que a chamada classe média devia pagar na totalidade: ensino, saúde..., deixando para os quase indigentes os "subsídios" tirados dos impostos. Ele parece desconhecer que essa classe média nem de longe, nem de perto aufere rendimentos semelhantes aos dele e, portanto, dificilmente podia educar os filhos e ter cuidados médicos minimamente aceitáveis. É esta sobranceria, de que, diga-se de passagem, ele não tem o exclusivo, que me tira do sério.
    Politikos said...
    Ah, o «preconceitozinho», josé! Mas será que só os juristas é que podem opinar sobre matéria jurídica?! Claro que sobre o nuclear, p. ex., só os físicos nucleares podem opinar, não?! Onde fica aí a cidadania?
    james said...
    Politikos,

    embora a pergunta não me seja dirigida, não resisto a comentar o que escreveu:
    "será que só os juristas é que podem opinar sobre matéria jurídica?!".

    obviamente que não.
    o que acontece é que, quem julga que tem responsabilidades junto dos media e não é especialista na matéria, não pode servir-se da sua "cátedra" de historiador, como é o caso, para erradamente confundir e deturpar públicos com mensagens pseudo-rigorosas.
    ao contrário, sendo o direito uma ciência hermética, como parece querer inculcar (vestimentas pretas, etc, etc), é manifesto que a ideia de Justiça sempre esteve imanente em todos os povos e é frequente assistirmos em público, as pessoas darem palpites sobre temas judiciários, o que é absolutamente normal e desejável.
    assim, o aforismo, de "juíz e louco, todos temos um pouco" desmonta por completo a sua insinuação.
    o que é grave, é alguém arrogar-se, de forma ilegítima, desses conhecimentos e driblar , utilizando, falsamente, um suposto bom-senso...para escrutinar operadores judiciários.
    josé said...
    Politikos:

    Toda a gente pode e deve dar palpites sobre justiça, direito, instituições e práticas judiciárias.
    Porém, para fazer isso com propriedade e fazer corresponder a opinião legítima com os factos rigorosos e objectivos, é preciso perceber sobre aquilo que se escreve.

    Se se pergunta, como o Abrupto, sobre o que é feito do Inquérito ao envelope, armando ao pingarelho de quem quer chamar ao pelourinho os responsáveis pelo indesculpável atraso, depois de o Presidente ter exigido urgência, convém saber, em primeiro lugar se o Presidente pode ou deve exigir a tal urgência. Depois, convém saber a tramitação prática do processo para que a pergunta não seja tola, como foi.
    Logo, opinião sobre Justiça, venha ela! Quantas mais melhor!
    Mas...que venham de quem perceba estas coisas que nem são tão complicadas assim.

    Aqui há dias, escrevi num postal que o juiz, na sentença, a primeira frase que escreve é: " O tribunal é competente".
    Asneira. Por lapso e com a pressa escrevi o que não é.
    Quantas pessoas sabem descodificar esta asneira, em Portugal?
    Vários milhares. Porém...
    António Viriato said...
    Como se pôde apreciar à saciedade, o debate do «Prós e Contras» de ontem foi uma animada feira de vaidades, uma bela exibição das nossas enfatuadas vedetas mediáticas. O Carrilho, com o seu habitual ar de filósofo da modernidade, um peu blasé, há muito que se perdeu, no embevecimento de si mesmo. O Rangel, o tal que poderia fabricar Presidentes, vendê-los como sabonetes, já teve a sua hora de glória, no auge do anticavaquismo pró-guterrista; esteve francamente deslocado no papel de conselheiro moral, ele mesmo, que foi o pioneiro, o grande inovador e impulsionador do lixo televisivo, da agressividade jornalística desbragada, ignorante, atrevida e petulante ! O Ricardo Costa, que já alguém classificou, e bem, como «Aprendiz de Feiticeiro», momentaneamente bem sucedido, revelou que alguma coisa aprendeu com o Mestre Rangel. E que dizer do nosso famigerado legislador da blogosfera, JPP ? Esse pareceu que não sabia onde deveria estar, tanto hesitava no tom das intervenções, mostrando até algum temor ou talvez simpatia pela figura do mediático cultural ex-Ministro. Está bem de ver : afinal, sempre somos ambos intelectuais, não é verdade ? E, por fim, aqui fica uma adivinha : a quem quereria Carrilho atingir com aquela de não ser nenhum Professor de aviário ?
    james said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    james said...
    José,

    o último segmento do 3.º parágrafo do seu post termina com uma conjunção designativa da restição ou oposição (Priberam, Dicionário),o que
    não deixa de ser enigmático.
    Tendo fortes dúvidas* que esse "recado" criptado seja para o Abrupto, será que pode concluir o seu raciocínio?


    * não tenho que deixar consignada qualquer declaração de interesses em virtude de não o conhecer de parte alguma e suponho que vice-versa.
    josé said...
    "Citou Santana Lopes para lhe relatar as queixas que serão idênticas às de Carrilho, afirmando a evidência que falta demonstrar e interpelado no concreto por Carrilho, com casos concretos, nem chega a entrar no tema."

    É este o segmento?

    Nada tem de perifrástico,encomenda dirigida ou recado com destino certo. Significa o que significa: que o Abrupto citou efectivamente as queixas de Santana e enumerou genericamente algumas, concluindo pela identidade das mesmas em relação às que Carrilho agora faz.
    Porém, aoresentou essas queixas como uma evidência que falta demonstrar e ao escrever isto, lembrei-me imediatamente que o próprio Santana se demarcou do livro de Carrilho e das queixas expostas, dizendo que não se queixou da derrota eleitoral do mesmo modo. Logo...qed.
    Quando Carrilho entrou em casos concretos de fundamentação das queixas, dirigidas à SIC de Ricardo Costa e não só, o Abrupto disse nada a esses costumes.
    E também disse nada quando Carrilho, numa das suas várias erupções violentas da noite, disse que não era professor de aviário...

    Repescando a pergunta já feita por um nosso comentador: a quem é que Carrilho se queria referir?
    Parece óbvio.
    james said...
    josé,

    grande confusão!

    o segmento a que me referia é este:
    "Aqui há dias, escrevi num postal que o juiz, na sentença, a primeira frase que escreve é: " O tribunal é competente".
    Asneira. Por lapso e com a pressa escrevi o que não é.
    Quantas pessoas sabem descodificar esta asneira, em Portugal?
    Vários milhares. Porém..." (8:20 PM, 23 de Maio)
    james said...
    Rectificação: o segmento não é do seu post, mas sim do seu comentário a uma pergunta do Politikos.
    josé said...
    Ah!
    Essa frase, escrevi-a para dizer que na providência cautelar interposta agora por entidades certas contra a Administração, por causa do fecho das maternidades, o juiz teria sempre que se pronunciar acerca da competência do tribunal, com a frase lapidar " o tribunal é competente", o que obriga a que se verifique se o é de facto.
    E exemplifiquei, com o facto de os juizes o fazerem logo na sentença, como primeira coisa que escrevem.
    Não é assim.
    O Porém, quer apenas dizer que apesar de haver vários milhares de pessoas que sabem descodificar esta linguagem, náo o fazem, e vem depois os Abruptos perorar sobre coisas que não sabem- nem aliás são obrigados a saber. Mas pelo menos, que se informem, antes de escrever asneiras.

    Parafraseando outros, estamos entre diletantes que se julgam especialistas de tudo e mais alguma coisa. E sabemos também que a ignorância é atrevida.

    Aqui há meses, escrevi também que a professora de direito penal, ,Teresa Beleza, actualmente juiza Conselheira no STJ, escreveu sobre o processo casa Pia para dizer que não sabe dizer algo que vê muita gente a dizer com uma facilidade estonteante.

    O Abrupto é mais um caso desses.
    james said...
    Ok. entendido. por acaso fui eu que fiz esse reparo ao seu post sobre a providência cautelar (modéstia à parte)
    josé said...
    Mas a verdade é que isto náo devia ser assim.
    O Direito e a prática judiciária não deveria ser uma actividade quase esotérica, em que as diversas fases processuais e incidentes, se tornam quase indecifráveis para jornalistas e pessoas que tendo o dever de informar, não dominam o labirinto.
    A cultura clássica ensina-nos que para o aventureiro náo ser comido pelo monstro no interior do labirinto e que se pode chamar Erro, deve munir-se de um fio de Ariadne e avançar com cautela e sempre com o fio à vista.

    No jornalismo português não faltam aventureiros com a ideia que são heróis.
    james said...
    Concordo plenamente.

    Só vejo uma solução: a especialização dos jornalistas por temas.e mesmo que assim fosse, duvido...
    zazie said...
    pois foi, essa do professor de aviário foi forte. E ele abafou logo a frase e passou à frente
    ":O)))

    O JPP só lá foi fazer o frete ao partido.
    Politikos said...
    Hefastion
    Nunca insinuei que o Direito é uma ciência hermética, apenas indiquei, noutros postes, o uso das «vestimentas pretas» nalgumas diligências fora do tribunal como um símbolo de desadequação com a realidade.
    A especialização por temas no jornalismo? E que temas seriam esses? Tantos quantas as áreas do conhecimento?

    José
    Não é necessário conhecer as pequenas «rendas de bilros» jurídicas para poder opinar sobre a Justiça. E isso é válido para tudo. E o bom-senso é um bom critério para analisar a realidade. Acha normal que num país que quer criar uma empresa numa hora e já o faz, gastemos não sei quantos meses, tempo e recursos de gente muito bem paga para averiguar um ficheiro informático? Para chegar a conclusões de tipo pescada, que antes de o ser já o eram?
    Mas certamente posso presumir, caro José, que tenha «o fio de Ariadne» para navegar em todos os assuntos que por aqui aborda?
    Vou estando atento, meu caro; vou estando, atento ;-)
    james said...
    Politikos,

    por acaso não acho que o uso da beca seja um símbolo da desadequação com a realidade. Pelo contário, entendo que é um símbolo a manter, pelo simbólico que representa e não me parece que a Justiça seja mais célere e eficaz e por conseguinte mais moderna, porque adequada aos tempos, abolindo-se becas e togas. Dir-me-á que é ridículo o uso da beca, numa diligência feita na praia ou num matadouro.Eventualmente será, mas já presenciou alguma situação similar? Quanto ao uso da beca pela juíza em Elvas, ou onde quer que fosse, não há nada como contextualizar as situações e os seus intervenientes para tentar perceber, porque foi usada e se foi usada.
    Já pensou na confusão que se geraria, se numa determinda diligência externa, cujo local não estivese vedado ao restante público, se não se identificasse o Tribunal, por exemplo?
    Ao contrário, do que lhe possa parecer, sabe em que área da Justiça foi mais difícil fazer inovações? Na área das fotócópias...Imagine! Aí, sim, houve uma verdadeira rejeição e, no entanto, é mais do que um assunto pacífico, nos tempos que correm.
    No entanto, parece-me ser muito difícil que relativamente às becas e togas, e atendendo à sua simbologia, se venha abolir esse mesmo simbolismo, passe o pleonasmo.
    Se não foi insinuado que o direito era uma ciência hermética, garanto-lhe eu que é vista como tal, pela plateia dos actores judiciários e assim sendo, tem havido algum esforço, quer na forma como são construídos os novos tribunais, quer na forma como se procura simplificar determinados actos processuais de modo a criar nos utentes e no público mais confiança nos tribunais, funcionários e magistrados e nas próprias decisões.
    Todavia, uma coisa é certa, a agenda da justiça, não é a agenda dos media , nem poderá vir a ser, nem alguma vez a coincidir...
    *
    E qual é o problema de haver uma especialização do jornalismo, consoante as áreas do conhecimento?
    Nada me move quanto ao jornalismo de carácter generalista, mas fico com a sensação que especializados ou não, cada vez mais os jornalistas têm de preparar e estudar com mais rigor as áreas nas quais pretendem intervir, sob pena de nos depararmos com uma informação aligeirada, mas espectacular, na esteira, aliás, do que Paulo Portas e outros tanto cultivam...no discurso político.
    josé said...
    Politikos disse:

    "E o bom-senso é um bom critério para analisar a realidade".
    Pode ser para decidir, mas para analisar nem sempre o é.
    Precisamente porque há coisas na justiça que desafiam o bom senso e o senso comum.
    Não peça exemplos agora, porque estão à vista. Não é de bom senso nem de senso comum, entender que o Direito tal como o temos, é hermético - e é- e entender ao mesmo tempo, como algumas instituições judiciárias o fazem ( a PGR não está de fora delas...) que não devem dar explicações, sabendo bem que a Justiça se administra em nome do povo.

    Este povo que temos é semi-analfabeto. Em 10 milhões de pessoa, há uns escassos milhares que percebem mais ou menos bem o Direito hermético. POis essas pessoas que percebem e estão por dentro dos assuntos e devem explicar ao povo aquilo que em nome dele administram, muitas vezes acham completamente despiciendo explicar. Acham que nem sequer têm esse dever...

    É este o bom senso?!

    Por outro lado, o fio de Ariadne é sempre necessário quando nos encontramos num labirinto.
    O problema é quando as pessoas nem entendem sequer que estão num labirinto.

    Há realidades da vida que não se apresentam como tal e os comentadores avançam destemidamente para a opinão livre.

    Por exemplo, perante um jogo de futebol em que tudo está à vista, parece tudo fácil de comentar- e por isso temos mais treinadores de bancada por metro quadrado do que bolas. E no entanto, nem tudo está à vista: nos bastidores, como se passa agora em Itália e também por cá, embora o nosso caso seja agora um evidente nado-morto, acontecem muitas coisas que não são conhecidas e que o deveriam ser.

    Quando uma entidade que investiga esses factos faz ingtervir o Direito, já não é suficiente o bom senso. É preciso conhecimento específico das regras do jogo e estas não são tão simples como as do futebol. Mas deveriam ser...
    josé said...
    Estou a pensar escrever um postal sobre...os Eagles!

    Ahahahah.
    Arrebenta said...
    O texto é retirado do blogue de Luís Humberto:

    "Vi no Clube de Jornalistas a seguinte informação:"O Millennium-BCP é o principal accionista do semanário cujo lançamento José António Saraiva está a preparar.O banco pôs à disposição do ex-director do «Expresso» e de um pequeno grupo de colaboradores, entre os quais José António Lima, um espaço provisório num dos seus edifícios.O BCP tem sido, geralmente, conotado com o Opus Dei e há quem sugira que o lançamento do semanário poderá representar um salto significativo na relação da «Obra» com os media."
    A notícia prossegue, referindo os planos da Opus Dei para a comunicação social brasileira. Seguindo os links indicados, chegamos a algumas pessoas e entidades empenhadas em aumentar a influência da «Obra». Entre elas está a consultora Innovation, que de imediato reconheci, pois recebi formação da mesma em 1999, num curso para descoberta de Novos Valores na área do jornalismo promovido pelo semanário Expresso, então dirigido por José António Saraiva.
    A par da informação que foi avançada pelo Clube de Jornalistas, este dado poderá contribuir para fortalecer a teoria de eventuais ligações de José António Saraiva à Opus Dei.
    Em princípio, essas ligações nada têm de mal. Cada qual é livre de escolher a quem se associa e de tentar difundir os valores que defende através de um meio de comunicação.
    De tudo isto, só há uma coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha: porque é que há tanto secretismo em torno de entidades como a Opus Dei
    Ou seja, porque é que só 7 anos depois é que fiquei a saber - quase por mero acaso - que estive num curso ministrado por uma consultora directamente ligada à Opus Dei? Não podiam ter aberto logo o jogo?
    E porque é que ainda hoje me lembro claramente da frase "La mamá tiene siempre razón...", que foi repetida até à exaustão nessa formação dada pela Innovation a estudantes que aspiravam a ser jornalistas do Expresso?"
    Arrebenta said...
    Do Trucidamento Encomendado de um Abutre Revomitado


    Tenho pouca paciência para televisão: há, hoje em dia, mais verdade nas mensagens de portas de casas-de-banho do que em qualquer debate encomendado do Sistema.
    A verdade é que foi altamente deprimente ver reunida aquela cambada de cacetes, que dá pelo nome de "Carrilha", "Rangel" e "Pacheca".
    Deprimente, porque, obviamente, não havia dois lados: eram os do costume, a falar da coisa costumada, fingindo a divisão de bancadas.

    O Pacheco nunca serviu ninguém, o Rangel não sabia que se servia, e a Carrilha, de longe, a mais lúgubre e sinistra das figuras, já estava esquecida dos fretes feitos: catedrática aos quarenta e tal anos, sem nunca ter prestado uma única prova académica.

    Portanto, cada um com o seu Casal Ventoso próprio.

    A verdade, por fim, naquele esbracejar de asas de abutre e nos espanejamentos, com caril, do Ricardo Costa, por acaso -- o pequeno Mundo Português está cheio destes acasos... -- parente do Ministro António Costa, foi, dizia eu, ter-me subitamente passado pela cabeça que, por detrás daquilo tudo, ainda podia encontrar-se o obsceno cérebro de Sócrates, o mais dissimulado dos ausentes, que ali estava claramente a aproveitar aquele público cheque-mate, para ver se se livrava, de uma vez por todas, do "Filósofo", outro, como ele, capaz de tudo, para chegar onde muito bem lhe aprouvesse.

    Corja.
    Politikos said...
    Hefastion e Atento
    Ainda sobre o uso das «vestimentas pretas», eu apenas dei um exemplo concreto e real: achei desadequado, em Elvas, para fazer uma diligência processual, creio que uma reconstituição ou verificar «in loco» a credibilidade dos testemunhos, ver 3 ou 4 carros e deles saírem várias pessoas vestidas normalmente e uma de beca, no meio de um descampado. Aliás, os advogados e bem não levaram toga. Acho desadequado para uma diligência daquelas, a juíza apresentar-se assim. Bastava que ela tivesse tido o bom-senso de seguir o cherne, no caso os advogados. Se o crime tivesse sido na praia – lembremo-nos do caso do Osso da Baleia, p. ex. – e se se tivesse de efectuar uma reconstituição do crime em plena época balnear, seria ainda mais desajustado, pelo menos Monty Python… Veja-se, a este respeito, por exemplo, os professores universitários que só usam os trajes académicos em determinados contextos: provas públicas, e não noutros. Era o que eu esperaria de certos agentes da Justiça, ainda por cima dos mais responsáveis…
    Quanto à preparação dos jornalistas, é evidente que os jornalistas devem fazer o TPC, sempre e sobre tudo o que falam, tal como todos nós o fazemos nos contextos profissionais em que agimos. Isso é uma coisa. Outra bem diferente é uma especialização impossível.

    José
    V. juntou à discussão um dado importante: a Justiça é administrada em nome do povo, coisa que a Justiça parece não perceber… E esse povo, mesmo que não saiba fazer a «renda-de-bilros» da justiça, sabe pelo menos apreciar a beleza do naperon final, ou seja, deve ser informado em termos simples do andamento dos processos e das decisões e não o é. Ainda bem que os jornalistas e os comentadores o fazem, ainda que e porventura com «asneiras». E quando eu vejo, em plena Guerra do Iraque ou do Golfo, briefings sobre as operações militares, jornalistas a acompanhar os destacamentos militares… percebo que em todas as circunstâncias o povo tem de lá estar e tem de ser informado sobre o que está acontecer… E se até o exército em matérias delicadas, informa, porque é que a Justiça o não faz? Porque não há porta-vozes nos tribunais, assessores de imprensa, gabinetes de comunicação ou equivalentes? É tb aqui que entra o bom-senso na administração da Justiça.
    O Direito não tem e não pode ser hermético, autista em relação ao povo e sobretudo feito de costas voltada para ele. Não se esqueça como era administrado Direito na Idade Média, em certas regiões, ou como ainda hoje é em certas sociedades tribais, em que, por exemplo, os conselhos de anciãos e de «homens-bons» da terra têm uma palavra a dizer, em determinadas questões, na administração da Justiça… Os Julgados de Paz, entre nós, vieram tentar qualquer coisa de semelhante com certo tipo de conflitos… As sociedade civilizadas é que «tecnicizaram» em demasia a Justiça entregando-a totalmente a especialistas e, procurando mitigar a sua sacrossanta independência absoluta, oriunda da Revolução Francesa, e visando regulá-la, encheram-na de mecanismos e de institutos de garantia e de recurso que irremediavelmente a emperram… E vão perdê-la e ela vai-se perder…
    O caso do envelope 9 é um não-caso. É um caso para uma averiguação informal de dois ou três dias, quando muito… e é um bom exemplo de como as coisas não funcionam… E nós todos – Vexas não tanto, pois pelo que vejo são especialistas da área onde por lá perto – temos o direito e o dever cívico de opinar, não em termos da minúcia processual, mas em termos da análise genérica dos processos…

Post a Comment