As balizas do GOL

António Arnaut fala da Maçonaria, mais concretamente do GOL lusitano, no Público de ontem.

Diz coisas extraordinárias que merecem relevo e destaque em postal...

não gosto de poder e a maçonaria é uma casa complicada, com gente muito boa, mas onde se cruzam várias linhas de poder, na magistratura, no Exército, na economia, na política e eu não abracei a maçonaria como uma forma de exercício do poder. Só me ative ao poder moral, foi esse poder que quis reforçar na maçonaria.

Pronto! Já sabíamos que afinal o jogo não era bem a feijões e que a inscrição no clube secreto não era apenas para a caminhada no trilho do Bem. Agora temos a certeza ou grande probabilidade de que há mações na magistratura por uma simples e directa questão depoder!!

Mas o poder da magistratura reside apenas no acto de julgar, individual e segundo a consciência, cingido à lei e ao direito! Como se compreende então que haja paralelamente o tal exercício do poder?

Por osmose? Por linhas travessas? Por influências metódicas, específicas e de grupo? Por subtis lavagens de princípios gerais e abstractos em favor de pessoas concretas, mormente em questões de poder?

...o exercício do cargo exige uma permanente assiduidade.

Ora aí está, como mandar na maçonaria é uma maçada.Tem muito que fazer, quem manda. E não será a catar desmandos de maçons, porque isso, em 200 anos de funcionamento só produziu 50 nomes para lançar borda fora, no poço da regaleira. E nos últimos três anos, segundo o honorável grã-mestre, o “livro negro” continuou na mesma tonalidade, sem mais sujidade do que a natural num livro tão velhinho.

Então, de onde virá a sobrecarga de trabalhos esforçados de que se queixa o honorável?

De coligir selos? Ordenar listas para cargos de relevo na organização? Fixar nomes para recrutamento? Não se sabe, pois não é dito quais as tarefas concretas nesta organização secreta de trabalhos forçados.

...nestes três anos o GOL cresceu 25% em número de lojas e trabalha já nas regiões autónomas com força e vigor. É uma força moral de que Portugal se deve orgulhar, porque trabalha para o seu engrandecimento e progresso social. É esse o nosso compromisso.

Um quarto a mais em número de lojas! Pode dizer-se que o GOL é um exemplo para a nossa economia debilitada e periclitante que cresce quase a nível de zeros económicos.

O GOL é uma empresa de sucesso, apesar da clandestinidade e do trabalho em vãos de escadas mentais. A economia do GOL deve merecer atenção e ao Governo recomenda-se o estudo desta sociedade de sucesso! Melhor, só a empresa do João PC que importa Audis e Volkswagens da Alemanha para vender aos empresários de sucesso!

...disso sempre houve (a entrada de elementos nocivos na maçonaria, por interesses pessoais inconfessáveis). Uma instituição como a nossa não está isenta de infiltrações, mas o que releva é que a grande maioria dos maçons são gente de bem, de honra e probidade, de tolerância e solidários. Somos verdadeiramente, uma elite moral.

Uma elite moral que reconhece ovelhas negras, mas que em 200 anos de história só encontrou 50 a merecer a indicação da porta de saída das quintas da Regaleira!

Uma elite moral que se esconde em listas secretas e nomes sigilosos para melhor exercero poder, confessada e abertamente dito!

Um poder que se estende a diversas ares da governação e dos postos de chefia do Estado: confessadamente, na magistratura, Exército, economia e política!

Esse poder é obviamente oculto e escondido a profanos que não sabem se as escolhas de dirigentes se regeram pelos critérios da competência ou apenas simplesmente por aval colectivo, definido em reuniões de trabalho, também elas sigilosas e fora do sítio próprio, sobre o perfil e estirpe moral sufragadas pela associação secreta! Uma definição deste tipo relativamente a uma suposta “elite moral” só tem um paralelo conhecido: o comunismo utópico, tal como entendido por Álvaro Cunhal que em 1974 não hesitou em auto classificar os comunistas como entidades credenciadamente detentoras de “superioridade moral”.

Esta elite moral agora reclamada e proclamada pelo honorável grão mestre é obviamente um exercício de prosápia aplicada. Os mações são, moralmente, uma elite. E superior, está bom de ver, pois os valores que lhes são atribuídos são os da probidade, tolerância e solidariedade. Em síntese: o bem corre-lhes nas veias.

Pois está bem. Presunção e água benta, cada um toma a que quer. Como água benta não rima bem com avental, ficamos esclarecidos. E ainda mais ficamos ao ler que as razões de fundo para a clandestinidade e anonimato recalcitrante, se ficam a dever " à esfera da vida privada". Vida privada?!! E então o exercício do poder naquelas instituições tem alguma coisa a ver com a vida privada?!! Depois há uma razão que é mesmo extraordinária: é que as sequelas da Inquisição ainda se fazem sentir e a sociedade portuguesa ainda não está preparada para o grande choque que seria a revelação dos nomes do... GOL!!!

Seria de rir, se não nos lembrássemos que foi exactamente esse motivo que foi invocado por Salazar e Marcelo Caetano para não abrir o regime à democracia: o povo não estava preparado!

Enfim, este GOL, só marca golos na própria baliza!

Publicado por josé 19:08:00  

13 Comments:

  1. Anónimo said...
    Venerável Irmão José:

    Obrigado pelo seu post: Sério o bastante, sarcástico o quanto baste, triste até dizer basta...

    Tenho curiosidade em saber uma coisa: A organização Maçonaria tem despesas, não é? Deve ter um orçamento... de onde vêem as receitas? Há quotas como nos clubes? São donativos como na Igreja Católica? Vive dos rendimentos como o Mário Soares?

    Parafraseando o outro: It's the money 'stoopid'...
    josé said...
    Caro anónimo:
    A essas perguntas não há resposta disponível. A elite moral não chega a essas minudências!
    Por outro lado, a entrevista é confrangedoramente pobre de iniciativa jornalística.
    As perguntas incómodas praticamente são inexistentes.
    O entrevistador sente-se como fazendo parte da casa e coloca as questões que dantes um entrevistador tipo Manuel Caetano poria ao próprio Marcelo. Caetano, claro.
    Até incomoda ver o tipo de questões que poderiam e deveriam colocar-se e que pura e simplesmente são omitidas.

    Não irei ao ponto de dizer que é um frete. Mas que parece, parece.E se o for, mais uma acha para a fogueira das vaidades.
    Anónimo said...
    Excelente post!
    Isto é serviço público!
    Anónimo said...
    Tudo se resume, no fundo, ao poder.

    Claro que há as chamadas formiguinhas que contribuem para o formigueiro. Mas quem manda, pode.

    Se eu for a julgamento e estiver perante um juiz aventalado e o meu "adversário" for mação, para que lado pende a justiça?

    Por trás da fachada do "bem" fazem-se as maiores patifarias.

    Eles estão em todo o lado. E têm deveres de fraternindade com os seus irmãos. Violando o próprio "landmark", da igualdade entre os homens.

    Justificava-se essa fraternidade quando os poderes instituídos eram autoritários e totalitários. E os perseguiam. Hoje, parece, as vítimas tornaram-se algozes.

    Pena que os verdadeiros "landmarks" se percam nas vaidades pessoais e nas ambições de poder destes inúmeros senhores. E, como qualquer organização que se preze, ela ganha vida própria.

    E assim se vai deturpando os valores da inicial maçonaria em prol de uma élite que manda mesmo no país.

    Onde estão eles? No poder económico? Na imprensa? No poder político? No poder judicial?

    Quem só vive no mundo profano que se cuide. Eles dizem defender a igualdade mas só entre alguns deles. E quem se mete com a irmandade do poder só tem a perder.
    Anónimo said...
    Magnífico texto !! Como leitor assíduo deste blogue agradeço o trabalho a que se dão os respectivos autores !
    Interrogo-me muitas vezes sobre se será legítimo, em democracia, existirem organizações cujos membros não se dão a conhecer (e porquê ? por excesso de humildade, será? ou para maior eficácia na gestão dos seus interesses inconfessáveis?). O que foi dito sobre os maçons pode ser extendido a muitas outras seitas como,por ex., a Opus Dei. Curioso que neste país impera um silêncio e desconhecimento sobre estas organizações e ninguém se parece preocupar muito com o seu papel potencialmente pernicioso. Tal já não se verifica em Espanha, França, GB, etc, cujos cidadãos estão bem conscientes do que elas podem e dos métodos (ilícitos?) que usam. Impõe-se picar os bichos para que saiam das tocas. E fico por aqui, por hoje. Saudações bloguísticas.
    X
    Anónimo said...
    "Se eu for a julgamento e estiver perante um juiz aventalado e o meu "adversário" for mação, para que lado pende a justiça?".
    Ou ainda ( caso real): se eu for a julgamento, perante um juiz imparcial, e a parte contrária, com ligações a uma seita semi-secreta ( não maçónica, no caso), fizer desfilar uma série de falsas testemunhas, todas, presumivelmente, da seita, que estão ligadas por votos de obediência, e para quem é legítimo mentir quando os superiores interesses da seita o exigirem, como pode ser apurada a verdade e ser feita justiça ?
    Desinfestação, precisa-se.
    X
    Anónimo said...
    Deixemo-nos de fofoquices limianas que não interessam a ninguém e falemos do que interessa aos portugueses:

    O Ministério da Justiça quer que as decisões dos tribunais sobre cobrança de dívidas sejam estandardizadas, para que possam ser aplicadas a uma multiplicidade de acções.

    Os juízes vão poder juntar vários processos e proferir, para todos, uma só sentença ou despacho genéricos e sem qualquer fundamentação de direito, bastando apenas que adiram às razões dos litigantes vencedores.

    A Ordem dos Avogados concorda com esta reforma. Vai ser uma das maiores reformas do ministério da Justiça. O artesanato judicial vai ter os dias contados. Centenas de milhares de processos vão ser resolvidos de forma automática. E é assim, com a prata da casa e sem consultorias milionárias, que se governa de forma barata e reformista.

    Muito bem sr. ministro da Justiça!
    Depois da reforma que permite criar uma empresa numa hora, vem agora aí a reforma que permite resolver milhares de processos judiciais numa hora!
    Anónimo said...
    Segun el prestigioso historiador español don Ricardo de la Cierva, Jose Luis Rodriguez Zapatero es mason.
    Anónimo said...
    Eu tenho alguma vergonha em estar a escrever anonimanente mas praticamente acho que não haverá aqui ninguém identificado que me anime a seguir o exemplo. Mas faço-o só para perguntar: quando, durante anos a fio, a magistratura se encheu de gente do Opus Dei e dos cursilhos de cristandande, ninguém piou? Eles hoje estão lá todos! Já agora, que tal nestas análises, alargar o campo e passar a tratar do problema com esta abrangência?
    Permitam-me que diga: sei do que falo. Conheço as Maçonarias, a irregular e a regular e sei a traficância que albergam e a falta de moral de muitos dos seus membros. Também há gente boa, séria, empenhada no valor espiritual que a organização contém. Se não estivesse a escrever para uma multidão de embuçados, que, tal como os maçons que criticam se escondem atrás do secretismo, seria mais explícito. Assim não vale a pena.
    O juiz Ricardo Cardoso, que se diz maçon, e andava de folha de acácia ao peito, para se exibir, bem pode julgar o caso da Moderna, que é um caso da Maçonaria. A cobardia do sistema consente-o e os senhores só falam pois são anónimos. Tenho dito!
    Anónimo said...
    A MAÇONARIA REPRESENTA O MAL E O PODER DAS TREVAS NESTE MUNDO!
    Anónimo said...
    Os maçons são meninos de coro comparados com os Opus. Essa é que é essa !
    Anónimo said...
    C. Alberto...toma a pilula...homen ja...!
    Anónimo said...
    Meu caro José

    Obrigado por (mais) este serviço público.

    Há que continuar a desmascarar esta associação de malfeitores.

    Bem haja

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