sentido de oportunidade

À miséria dos incêndios junta-se a miséria social e cultural. O Jornal de Notícias revela que, na "linha da frente" do combate aos fogos, também se encontram menores. Este misto de ignorância, de aventura, de voluntarismo e de irresponsabilidade é apenas mais um produto de um país profundamente dividido entre um "litoral" light, supostamente esclarecido e sobranceiro, e um "interior "que pertence inteiramente a outro "filme", mais sombrio, inevitavelmente pobre, abandonado à sua sorte e "desligado" do "progresso", comandado desde sempre a partir da "orla marítima". A "falta de meios" não deve servir de desculpa para tudo. Pelo que se vê, a horrível e criminosa "procissão" dos incêndios vai só a meio. Sócrates, "o africano", regressa amanhã de umas descansadas férias passadas bem longe da aflição e do país kitsch que lhe cabe governar. Segundo o seu gabinete, pondera-se uma "visita" a localidades afectadas, com possibilidade de recuo em virtude de se pretender não "atrapalhar" quem anda no "terreno". Ninguém explicou ao "gabinete" que, apareça onde aparecer, ou não apareça onde não aparecer, o primeiro-ministro já falhou. Este combate está politicamente perdido para este governo como esteve para os anteriores. Quando caiu a ponte de Entre-os-Rios, o piedoso Guterres também lá foi para ser sumariamente vaiado. Não desejo isso a Sócrates. Apenas espero que, sensatamente, manifeste algum sentido de oportunidade.

João Gonçalves

Publicado por Manuel 11:04:00  

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