clareza

José Manuel Fernandes subscreve ontem no Público um editorial elíptico; ao mesmo tempo que assina por baixo o programa "Ligar Portugal" apresentado pelo governo, que diz "faz um diagnóstico correcto e establece objectivos ambiciosos", lamenta-se por não haver condições de "concorrência leal na oferta de internet de banda larga". Não vou dissertar, agora, sobre o "Ligar Portugal", apenas sobre a PT. Até posso perceber que José Manuel Fernandes não queira atirar explicitamente na PT, já que o grupo económico proprietário do Público, tem interesses no principal concorrente (a NOVIS) e até - potencialmente - numa das redes físicas que podem suportar a banda larga, a da TV Cabo, mas, que diabo, bastava recordá-lo e ir directo ao assunto em vem de andar linhas e linhas às voltas. O que se passa, preto no branco, é que o mercado de telecomunicações português não é livre, nem aberto, sendo que existe um monopólio de facto da PT, monopólio esse que eleva exponencialmente o custo de entrada de novos operadores, que basicamente vão até onde a PT os deixar ir. O que José Manuel Fernandes não disse mas devia ter dito é que aquilo que ele designa com problema de concorrência só se resolve de uma forma - o break up da PT i.e. a alienação por parte desta da rede de cabo, e uma clara separação entre os negócios grossista e retalhista. Toda a gente sabe isto, toda. O que parece que José Manuel Fernandes ainda não sabe é que omiti-lo só abrirá portas a remendos, como os vários implementados nos últimos anos, que não resolvem nada, e apenas servem para perpetuar a posição dominante da PT, desvirtuar o mercado assim como penalizar os consumidores.

Publicado por Manuel 14:22:00  

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