Lisboa

As notícias sobre a morte política de Manuel Maria Carrilho tem sido grandemente exageradas. Há, é certo, milhentas razões para se malhar no homem mas convinha não perder o contexto global de vista. Hoje, o Expresso publica uma sondagem onde Carmona Rodrigues aparece com 8 pontos percentuais de avanço sobre Carrilho (41/33) e Maria José Nogueira Pinto com 4%, mas atendendo a que a dita sondagem foi feita apenas um dia depois da apresentação da candidatura de Nogueira Pinto e atendendo à performance de Cardona de cada vez que abre a boca, comparável pela negativa à do intelectual socialista (vide a última entrevista dada a O Independente, uma ode à imbecilidade) parece sóbrio e espectável admitir que o PP tenha de novo um resultado, no final e nas próximas sondagens, comparável ao de há quatro anos atrás - cerca de 10%, pelo que automática e rapidamente teremos Carrilho e Cardona empatados (ou suficientemente próximos para ficarem dentro da margem de erros das sondagens). O a Carrilho e a monumental lata deste poderiam levar um crente a prever que também à esquerda haveria transferência de votos, para o PC e para o BE mas... convém não esquecer dois ou três dados. Em primeiro lugar, o facto de Carrilho se apresentar de facto a fazer campanha a solo, apesar do PS, além do PS e mesmo contra o aparelho do PS é uma faca de dois gumes, por um lado expõe-no em demasia, mas por outro separa-o dos outros políticos (que não sabem vestir bem, viver bem, que não são cultos, que não tem vida, etc) além de o afastar muito convenientemente do descontentamento com a governação socrática diminuindo assim o impacto potencial de votos de protesto que poderiam erodir o eleitorado tradicional chucha, podendo em tese aproximá-lo de públicos a quem a política e os políticos não diriam a priori nada, mas que lêem revistas cor de rosa e se poderão rever na visão também ela colorida que Carrilho - o alegado outsider - tem do mundo e da cidade. Por outro lado e pesem os temores socialistas - hoje bem expressos no DN - o problema deles não é Carrilho perder as eleições, antes pelo contrário. Se as ganhar, sem a ajuda do aparelho, com o desdém deste, sem grandes ideias, sem uma vaga de fundo, e apenas e só com a ajuda de um publicitário - o marketeiro Edson Athaíde - o PS, e em bom rigor a democracia portuguesa, terão um grande e muito sério problema. E neste momento, convém não esquecer, Carrilho, o tal que agora é de bom tom menosprezar mas que sabe muito bem o que está a fazer, ainda tem todas as hipóteses de ganhar.

Publicado por Manuel 11:48:00  

5 Comments:

  1. Anónimo said...
    Meu caro Manuel

    O grande problema para os socialistas, se Manuel Maria Carrilho ganhar as eleições, não são os riscos que a democracia poderá enfrentar com tal presidente da autarquia.

    O problema para os socialistas é que é mais fácil governar Lisboa do que o País, e daqui a 4 anos o concorrente de Socrates ser Manuel Maria Carrilho.

    Daí a esperança (e já agora com a "ajuda" do Miguel Coelho)de que Manuel Maria Carrilho perca as eleições.

    E já agora, qual seria o melhor presidente para a Câmara de Lisboa ?

    É conveniente não perder esta ideia de vista, certo ?
    Manuel said...
    Na mouche, meu caro fg, na mouche...
    Luís Bonifácio said...
    Ó caro Manuel

    Claro que o menino-filósofo ainda tem hipóteses de ganhar! Há uma semana atrás não tinha, mas agora existe a segunda candidatura do PS, que impossibilitado de apresentar uma segunda vez a sua sigla, resolveu alugar a do CDS/PP. A candidata veio por desconto de quantidade e para enganar os mais incautos.
    Fernando Martins said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    Fernando Martins said...
    É favor corrigir os "Cardona" para "Carmona"... Até porque no PP havia uma Senhora com esse nome, agora na reforma dourada da CaixaGD.

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