O Professor Cavaco voltou a falar.

E disse muito, recordou esta quarta-feira os últimos anos como o período «em que Portugal mais se afastou do caminho da convergência». «Há cinco anos consecutivos que a taxa de crescimento de Portugal é inferior à da média da União Europeia», acrescentou o ex-primeiro-ministro, que não está pesssimista acerca do futuro e para isso contribui o facto de o actual ministro das Finanças estar a seguir as políticas que ele sempre defendeu. O antigo Primeiro-Ministro e ex-líder do PSD falava numa conferência na Faculdade de Economia do Porto, sobre o tema «Portugal, o Caminho para a Convergência», onde apresentou algumas propostas. Para Cavaco Silva, a solução passa pelo aumento das exportações, principalmente para o mercado espanhol e pelo aumento da competitividade através do investimento na formação e inovação.

No que diz respeito às finanças do Estado, Cavaco considera que é necessário reduzir a despesa pública, nomeadamente através de uma reforma da Administração Pública, e diminuir os gastos com as autarquias e com os governos regionais, mostra-se confiante: «É difícil, mas é possível» e adianta que «há indicadores de que o ciclo possa estar a inverter-se». Esta confiança parece advir das linhas orientadoras deste novo Governo e do ministro das Fiananças, que Cavaco contou ter sido seu aluno. «Estou satisfeito por o discurso do actual Governo não ser muito diferente daquele que eu tenho vindo a fazer desde 1999». «Temos neste momento um grande desafio que é saber se conseguimos voltar aos níveis de convergência da nossa vizinha Espanha. Penso que é possível, mas não é fácil. Vai requerer políticas de muito rigor por parte das autoridades e uma actividade dinâmica das actividades económicas», afirmou Cavaco Silva.

O antigo Primeiro-Ministro afirma que «este é momento para tomar as medidas difíceis de que Portugal necessita e que podem levar até ao aumento do desemprego». E deixa até um aviso ao Governo: «Se as medidas forem adiadas, a situação pode ainda piorar». Depois de ter demonstrado tanta proximidade às ideias do actual Governo e questionado sobre se essa identificação o motiva para uma maior intervenção na vida política, nomeadamente através de uma candidatura às Presidenciais, Cavaco respondeu: «Neste momento ainda não sei. Tenho evitado responder a essa questão, o que sugere de alguma forma que tenho as minhas dúvidas, embora os senhores tenham a ideia de que eu não tenho dúvidas». A rematar mostrou-se ainda bastante satisfeito pela possibilidade de António Guterres poder ocupar o cargo de Alto comissário para os Refugiados. «Concerteza que apoio que um português possa ocupar esse alto cargo das Nações Unidas».

politicamente correcto q.b.

Infelizmente os tempos não estão fáceis para o Prof. Cavaco, nada fáceis. Os acontecimentos recentes no PSD e no PP, de forma súbtil, complicaram-lhe, e de que maneira, o itinerário. Sejamos francos, Cavaco só não será eleito Presidente da República se não quiser, dito isto, uma coisa será ser eleito pura e simplesmente para "Raínha de Inglaterra", outra, completamente diferente, será não o ser. E, infelizmente o consenso, podre e falso, que subitamente apareceu à direita em torno do nome de Cavaco Silva como candidato presidencial só desilude aqueles quer queriam ver na eleição do antigo primeiro-ministro uma última tentativa séria de reforma do regime.

A última coisa que interessa a Cavaco Silva e ao País é vir a ser formalmente apoiado por todas as direitas, mais por conveniência e cobardia que por convição, retransformando as presidenciais bum duelo clássico esquerda/direita.

toda a gente percebeu que é complicado, no mínimo, aos partidos políticos apresentarem-se a votos com ideias claras e objectivas sobre as reformas de que o país carece e precisa, por vias das prssões dos aparelhos partidários, o melhor que se conseguiu foi apresentarem-se a votos sem ideias, só lugares comuns, apelando à , e à alergia ao dr. Lopes, do eleitorado, já toda a percebeu que as grandes reformas, e a reforma suprema é a reforma do sistema político, o pai de todos os subsistemas, só pode ser catalizada por alguém que não dependa de aparelhos partidários, de clientelas e afins, mas que tenha legitimidade eleitoral. Em suma, um papel que assenta como uma luva ao Presidente da República.

Portugal não precisa de um mestre de cerimónias nem de um pavão interventivo em Belém, não precisa nem de um satélite da maioria em S. Bento nem de um porta-voz das oposições, precisa simplesmente de alguém que o país respeite, que fale pouco mas que quando fale seja ouvido. O Professor Cavaco cumpre esse perfil.

Mas não lho basta cumprir, as condições em que for eleito, dissociando-se ou não da mercearia política habitual, a mensagem que fizer passar, indexando e plebescitando a clara intenção de tudo fazer para que o o país veja implementadas as sempiternas reformas é fundamental.

Por estes dias o Professor Cavaco tem entre o próprio eleitorado do PS mais votos que qualquer outro candidato e isso é uma ameaça, uma ameaça brutal à estabilidade do "sistema". A desistência tácita dos sectores mais caceteiros à direita de avançarem com uma candidatura alternativa (o Dr. Portas não é parvo e o Dr. Lopes, bem é o Dr. Lopes) em vez de ser um acelerador da candidatura de Professor de Boliqueime são um poderoso handicap. Porque obrigam a um delicado balanço em que claramente se vão ter de escolher os "amigos". E infelizmente, o drama de Cavaco sempre foram os alegados cavaquistas, reveja-se a monumental estupidez de Manuela Ferreira Leite (precedida por Pacheco...) no último Congresso de PSD onde, dias depois do próprio Cavaco ter pedido expressamente para que o tema não fosse debatido, apelou lancinantemente a uma candidatura presidencial de... Anibal Cavaco Silva, facto que levou a uma súbita unidade em torno de Cavaco, de Menezes a J. Jardim, unidade falsa, hipócrita e que só trama o itenerário de Marques Mendes que teria nas presidencias uma óptima oportunidade para separar muito trigo do joio. Mas que trama sobretudo o itinerário ao ex-primeiro ministro cuja candidatura tem que ser, antes e acima de tudo, de todos os portugueses e apoiada pelo PSD e não ao contrário.

É neste contexto que devem pois ser interpretadas as declarações de hoje na Faculdade de Economia do Porto, não hostilizantes, sóbrias e com propostas construtivas e crediveis e sobretudo acima da dicotomia poder/oposição.

A eleição presidencial de Cavaco Silva não pode ser o momento escolhido para uma qualquer desforra eleitoral, a eleição presidencial de Cavaco Silva deve ser o momento escolhido, isso sim, para os portugueses votarem no futuro, num futuro de reformas, de modernidade, de exigência, e de credibilidade...

Publicado por Manuel 16:30:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Tudo isto começa a ser tão transparente que até ameaça deixar de ter graça...
    Agora temos o Acabado Silva a a apoiar vivamente a ida do Toneca para NY e a tentar trocar as voltas ao Prof. Martelo. ah! ah! ah!
    O nosso próximo P. R. vai ser Maquivel. Sempre será melhor que o que temos...
    Anónimo said...
    Quando é que acaba esta palhaçada do semipresidencialismo (e, já agora, a república...)?
    Real, real, por El-Rei de Portugal...!

Post a Comment