o sistema - um caso exemplar

Dos comentários...


Este é o resultado da “ficção” de um negócio exemplardaqueles que envolvem bancos, empresas de construção civil, sociedades de capitais exclusivamente públicos, câmaras municipais ou institutos públicos e que até escapa a tudo o que é auditoria pública.

O processo descreve-se da seguinte forma:

A empresa A adjudica à empresa B uma empreitada que, à partida, não pode pagar dentro do prazo estipulado por atraso no financiamento do Estado. Então as empresas A e B convencionam que o pagamento da obra será por meio de um contrato de factoring que o banco C celebra com a empresa B, tornando-se, deste modo, credor da empresa A.

Como a empresa B não pode perder dinheiro, vai inflacionar o preço da obra para assim ver o custo que resulta da alienação do seu crédito ao banco compensado. A empresa B também contabiliza a diferença entre o valor facturado e o valor recebido como um custo do seu exercício. O banco C, para além de cobrar uma comissão à empresa B pela antecipação da sua receita, torna-se credor da empresa A, a quem, pela dívida transmitida, cobra juros de mora iguais senão superiores às taxas de crédito praticadas no mercado.

Esta poderá ser uma das formas de empresas de capitais públicos, autarquias ou institutos públicos contornarem os limites e a impossibilidade de endividamento bancário, sem qualquer responsabilidade por ilícito financeiro, pois em última análise a culpa será do governo ou do Estado que atrasou ou cativou a transferência dos fundos para a empresa A.

Claro que entre a empresa a empresa A e as empresas B e C não há um único papel que a comprometa nesta operação de engenharia financeira, estando os administradores, presidentes e dirigentes a salvo pois a culpa é do Ministério que autorizou a obra e que não transferiu as verbas quando devia, não sendo, assim, por responsabilidade deles que a empresa vai pagar juros ao banco. Claro que a actividade de factoring em Portugal está completamente por regulamentar, tendo como limite a falta de imaginação dos praticantes.

Com isto, pretendo chegar a conclusão que enquanto houver quem ganhe com o caos da economia portuguesae nesta “ficção” o banco e a empresa de construção civil ganham em toda a linhaserá muito difícil encontrar uma solução para a economia portuguesa. Se quer saber, acho que ela ainda não bateu no fundo o suficiente. E só quando isso acontecer, e o País se ver então livre dos chicos espertos, dos oportunistas e dos canibais da desgraça, é que ela talvez recupere.

Publicado por Manuel 16:08:00  

5 Comments:

  1. Anónimo said...
    O que está escrito não faz sentido. Há uma obra porque houve um concurso público e é de acordo com esse processo de concurso que se faz a facturação.
    Se há factoring, não é o empreiteiro que ganha, mas o banco que adianta o dinheiro ao empreiteiro e depois cobra ao Dono da Obra o valor da factura e as despesas bancárias, incluindo o juro referente ao tempo decorrido até ao pagamento.
    Isto é simples e só uma mente conturbada vê nisto uma conspiração
    Anónimo said...
    é simples é, e faz todo o sentido; a ideia é subdotar finaceiramente uma obra prima,à cabeça, de modo a ir buscar royalties às engenharias financeiras consequentes. limpo, eficaz e tenebrosamente legal. Do resto as correções ao orçamentado originalmente tratam...
    Luís Bonifácio said...
    No "esquema" das obras públicas existe também o simples facto de uma obra orçamentada por 100, custa no final 500. E quem paga no fim é sempre o "dono da Obra", Quer o desvio seja por sua responsabilidade (Quando pede trabalhos adicionais não previstos no projecto) Quer quando a responsabilidade pertence a outrem (Metro Terreiro do Paço)
    josé said...
    Só pergunto uma coisinha:

    A Administração da Sonae, se fosse a responsável pela execução do projecto, admitiria a pouca vergonha que se passa na Casa na Música no Porto, com os custos finais a triplicar o orçamento inicial?!
    Será que nos centros comerciais que essa empresa privada portuguesa consegue pôr de pé, com brio e garbo e que não envergonham ninguém, também se triplicam os custos iniciais? E a Sonae nem discutirá?!!

    Se a Somague mandasse no MOP admitiria o que o MOP admite à Somague?!

    Quem fiscaliza realmemente este forrobodó?! O DCIAP da drª. Cândida?! Give me a break!

    O MP não tem meios nem disposição nem competência para acabar com a corrupção em Portiugal. Numa palavra( ou duas): NÃo SABEM! E não me parece que estejam interssados em saber. Dá muito trabalho...
    Anónimo said...
    Eu sou a 1ª anónima:
    Luís Bonif´cio: Eu estava a falar do factoring e não da derrapagem de custos por diversos motivos (erros ou omissões do projecto, má fiscalização, atrasos de decisões do Dono da Obra, imponderáveis, etc.). O que escreveu não tem nada a ver com o que eu escrevi.
    2º Anónimo: o que escreveu não fez qualquer sentido, em nenhuma disciplina do conhecimento humano. Nem acredito que você tenha percebido o que escreveu, a menos que ...

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