A economia portuguesa à beira do caos

A proposta de orçamento de Estado para 2005 assenta num cenário de aceleração da economia portuguesa à custa de um crescimento significativo da procura privada doméstica. Ao apostar numa taxa de crescimento para 2005 a rondar os 2,4%, o governo apresenta uma previsão de uma taxa de crescimento do PIB no limiar superior do intervalo definido pelo Banco de Portugal nas suas previsões.

Dificilmente serão atingidos os valores que o governo prevê, quer para o crescimento esperado tanto a nível da procura agregada, quer ao nível do consumo e do investimento.

O consumo privado dificilmente registará uma aceleração tão forte como a prevista (2,3%), pois se por um lado uma pequena melhoria do nível do emprego e o efeito da redução dos escalões mais baixos do IRS, poderá influenciar positivamente a despesa das famílias, por outro lado, o efeito das subidas das taxas de juros no seio da UEMesperadas para o final do 1º semestre de 2005 – com consequente aumento do serviço da dívida das famílias portuguesas tenderá a eliminar por completo a melhoria esperada no consumo privado.

Se por um lado a descida dos escalões do IRS abrangerá de forma mais universal, os contribuintes com rendimentos mais baixos,uma subida das taxas de juros à habitação na casa dos 75 pontos base implicaria para um empréstimo de 100 mil euros a 25 anos, um acréscimo na prestação mensal de 82 euros.

Um contribuinte que esteja no limite superior do 2º escalão do IRS (470 euros), onde a taxa descerá de 14% para 13 %, a prestação de IRS a deduzir no recibo de vencimento cairá dos 65 para os 61 euros mensais.

Finalmente o sector exportador, assenta no próprio orçamento de Estado numa verdadeira falácia que ninguém poderá desmentir: Face á queda constante da produção industrial ainda que tenha em Novembro apresentado uma quebra homologa inferior à verificada em Outubro, ao aumento do custos do petróleo e ao efeito deste nas economias dos nossos parceiros, não é mais do que a assumpção de um síndroma crónico em Portugal que induz face a incapacidade da oferta em satisfazer o sector exportador, que este mesmo sector recorra às importações sempre que se verifica uma subida das exportações, e que o contributo da procura externa para o crescimento do PIB se torne mesmo negativa.

Ainda que a taxa de crescimento da receita fiscal ascenda a 4,2 %, ainda que se verifique uma redução dos escalões de IRS, ainda que se tenha erradamente eliminado um instrumento de poupança quase único, PPR, PPA e CPH, ainda que se tenha imposto um tecto máximo aos benefícios fiscais em sede de IRS ou que se tenha aumentado a vigilância aos depósitos off shore com a aplicação da denominada directiva comunitária da poupança, tax saving, o problema começa desde logo agora.

Os valores que o Estado previu cobrar em 2004 de receitas ficaram aquém do esperado. Por outras palavras o Estado de Bagão Félix contava com as receitas extraordinárias provenientes da Galp que por aqui já a Manuela Ferreira Leite tinhamos explicado que não as poderia usar, para além de contar também com um ruinoso lease-back de imobiliário que o Eurostat decidiu não aprovar, por entender que tal se configura como um financiamento directo.

Os dados relevados pelo Banco de Portugal são preocupantes porque, e numa altura que a Europa dos 15 cresce de forma sustentada, Portugal apresenta hoje, em 2004, um cenário evolutivo com intervalos mais baixos de variação do que os apresentados no final de 2003. Por outras palavras 2004 foi um ano perdido, onde mesmo com um campeonato da Europa de futebol e todo o investimento e receitas a ele associadas, não conseguimos mais do que estimular o consumo privado.

Ao contrário do que alguns doutos deste país querem fazer parecer quando um país cresce com base no consumo privado, e tendo por base como é o caso português de uma contribuição negativa da procura externa, desde logo a forma de financiar o consumo privado no caso da economia portuguesa traduz-se num sobre endividamento da economia, com claras nuances assinaláveis no chamado serviço da dívida.

O cenário é negro, e ao contrário do que se possa julgar, as perspectivas futuras são extremamente negativistas, não porque os economistas tendam a raciocinar desta forma mas porque...

  • A diminuição acentuada da natalidade em Portugal, quando comparada com os anos 60, induz dois efeitos na economia de forma imediata. O primeiro releva-se na inversão da pirâmide demográfica, que associado ao aumento da esperança média de vida, leva Portugal a possuir hoje um número de beneficiários dos sistemas de segurança social que necessitam do quádruplo de contribuintes para o mesmo sistema para garantirem o pagamento das pensões. O segundo efeito está relacionado com os estabilizadores automáticos, que com elevada disparidade deixam de funcionar.

  • A incapacidade dos governos, e não apenas deste governo, para alterar o rumo do país, não só em modelo de desenvolvimento como também em consolidação das finanças públicas, transformando o país. Para que tal aconteça, todos nós já ouvimos falar em reformas estruturais dezenas de vezes, e muitas delas já foram inclusive postas em prática, mas a principal reforma e a mais importante, passa claramente por uma reforma das mentalidades não só dos contribuintes, como e acima de tudo, das instituições que supostamente nos governam.

O caos, de que falo no princípio, reflecte tão somente aquilo que sempre desejamos ter. Nunca nós nos esforçamos por mais e por melhor. Hoje todos esquecemos, ou quase todos, o que o Partido Socialista fez enquanto governo sobretudo nos últimos 4 anos porque, e acima de tudo a seguir dele, veio um irresponsável que deixou um bebé chorão euma incubadora.

Hoje, um dos maiores dilemas da sociedade portuguesa passa por encontrar uma alternativa clara de alguém que queira de facto governar por Portugal. Um conjunto de pessoas capazes, responsáveis e que sem altruísmos queiram transformar o país. E quanto mais tempo essas pessoas demorarem a surgir - e porque elas existem - mais duras serão as consequências.

Ora, atendendo ao parcos sinais que nos chegam das Novas Fronteiras de José Sócrates, a esperança, ironicamente ou talvez não, continua a estar num PSD refundado. Como já aqui se escreveu noutro espaço, o futuro recomeça a 20 de Fevereiro.

Publicado por António Duarte 15:07:00  

30 Comments:

  1. Anónimo said...
    Venerável Irmão António:
    O seu post, mesmo com o optimismo final, é deprimente...
    Ainda assim, obrigado por ele. Textos como este são bem mais interessantes, construtivos e (tenhamos esperança) eficazes que a intrigalhada vingativa do Irmão Manuel.
    Politica a sério não é discutir os 'fait divers' dos cartazes, ou onde é que o Ministro foi dormir no Sábado ou as outras irrelevâncias com que o Venerável Manuel nos brinda com, infelizmente, tanta frequência.
    António Duarte said...
    Caro Anónimo...

    Eu percebo e até compreendo a adjectivação que usa para qualificar a economia portuguesa...deprimente.

    Penso que concordará que é melhor falarmos realmente e em concreto da situação que temos, do que alvitrar e aligeirar as coisas por alto, como os nossos políticos bem fazem...
    Manuel said...
    A política a sério é feita por meros mortais. E quando esses meros mortais vão dormir a estâncias "BomBom" à custa do contribuinte isso, lamento, é relevante.
    Anónimo said...
    Caro António,

    Este é o resultado da “ficção” de um negócio exemplar – daqueles que envolvem bancos, empresas de construção civil, sociedades de capitais exclusivamente públicos câmaras municipais ou institutos públicos – e que até escapa a tudo o que é auditoria pública.

    O processo descreve-se da seguinte forma:

    A empresa A adjudica à empresa B uma empreitada que, à partida, não pode pagar dentro do prazo estipulado por atraso no financiamento do Estado. Então as empresas A e B convencionam que o pagamento da obra será por meio de um contrato de factoring que o banco C celebra com a empresa B, tornando-se, deste modo, credor da empresa A.

    Como a empresa B não pode perder dinheiro, vai inflacionar o preço da obra para assim ver o custo que resulta da alienação do seu crédito ao banco compensado. A empresa B também contabiliza a diferença entre o valor facturado e o valor recebido como um custo do seu exercício. O banco C, para além de cobrar uma comissão à empresa B pela antecipação da sua receita, torna-se credor da empresa A, a quem, pela dívida transmitida, cobra juros de mora iguais senão superiores às taxas de crédito praticadas no mercado.

    Esta poderá ser uma das formas de empresas de capitais públicos, autarquias ou institutos públicos contornarem os limites e a impossibilidade de endividamento bancário, sem qualquer responsabilidade por ilícito financeiro, pois em última análise a culpa será do governo ou do Estado que atrasou ou cativou a transferência dos fundos para a empresa A.

    Claro que entre a empresa a empresa A e as empresas B e C não há um único papel que a comprometa nesta operação de engenharia financeira, estando os administradores, presidentes e dirigentes a salvo pois a culpa é do Ministério que autorizou a obra e que não transferiu as verbas quando devia, não sendo, assim, por responsabilidade deles que a empresa vai pagar juros ao banco. Claro que a actividade de factoring em Portugal está completamente por regulamentar, tendo como limite a falta de imaginação dos praticantes.

    Com isto, pretendo chegar a conclusão que enquanto houver quem ganhe com o caos da economia portuguesa – e nesta “ficção” o banco e a empresa de construção civil ganham em toda a linha – será muito difícil encontrar uma solução para a economia portuguesa. Se quer saber, acho que ela ainda não bateu no fundo o suficiente. E só quando isso acontecer, e o País se ver então livre dos chicos espertos, dos oportunistas e dos canibais da desgraça, é que ela talvez recupere.

    Cumprimentos,

    VC.
    Manuel said...
    Pedia-se encarecidamente a VF, autor do último comentário, para entrar em contacto connosco via email..
    Manuel said...
    Digo VC, oops
    Anónimo said...
    Wishful thinking, caro dr. António, ou depressão pessoal?

    Estávamos para aqui a ler o seu novo tratado e lembramo-nos daquilo que a Reuters escreveu sobre os portugueses: vivemos sob o fado. E o dr. António é o opinador representante ideal dos “tristes portugueses”, que vivem com a sina do fado lusitano. Não quer vestir um xaile negro, caro dr. António?

    Sabe, dr. António, fazer previsões implica sustentar o raciocínio em variáveis razoáveis e análise de factos verídicos e não em imagens toldadas da realidade. E as suas previsões são curiosas. Além de curiosas, e pouco realistas, fazem com que debite um tratado completamente errado, quando o seu raciocínio assenta em variáveis mirabolantes.

    Passemos a exemplificar com os seus palavreados:

    “o efeito das subidas das taxas de juros no seio da UEM – esperadas para o final do 1º semestre de 2005 – com consequente aumento do serviço da dívida das famílias portuguesas tenderá a eliminar por completo a melhoria esperada no consumo privado.”

    “uma subida das taxas de juros à habitação na casa dos 75 pontos base implicaria para um empréstimo de 100 mil euros a 25 anos, um acréscimo na prestação mensal de 82 euros.”

    Mas, caro dr. António, quem é que espera uma subida de 75 pontos-base nas taxas do euro? O dr. António? E porquê 75 pontos-base? E não 100? Ou 50? E porquê?

    “Os dados relevados pelo Banco de Portugal são preocupantes porque, e numa altura que a Europa dos 15 cresce de forma sustentada,”

    Mas qual Europa, dr. António? O satélite de Júpiter?

    - Dr. António, daqui Houston, desça à Terra! Desça à Terra!

    Quem é que na Europa cresce sustentadamente? Então o crescimento económico europeu não desceu abruptamente no IIIº Trimestre nos nossos principais parceiros económicos? Devido à procura externa liquida negativa? E ao elevado preço do petróleo?

    - Desça à Terra! Desça à Terra!

    “quando um país cresce com base no consumo privado, e tendo por base como é o caso português de uma contribuição negativa da procura externa, desde logo a forma de financiar o consumo privado no caso da economia portuguesa traduz-se num sobre endividamento da economia,”

    Mas a Europa não está quase toda a crescer à custa da procura interna, pois a procura externa liquida europeia é negativa, devido à subida forte do euro?

    - Desça à Terra, dr. António! Desça à Terra! Daqui Houston.

    Em primeiro lugar, dr. António, uma subida de 75 pontos-base nos juros do euro não é realista. E se acredita nestes dislates em vez de fazer este tipo de análises bonitas, mas estéreis, compre taxas de juro e enriqueça com as suas curiosas previsões.

    “Put your money where your mouth is.” Para bom entendedor meia-palavra basta. Os doutores mostram a sua sabedoria no mercado. ;-)

    Já agora, tem visto o rumo das taxas no mercado? Tem reparado nos yields dos Bunds? Ou isso é demasiado complicado para a sua análise?

    Depois temos a sua crença (só pode mesmo ser crença!), que a Europa está a crescer sustentadamente. Mas a Europa só não teve crescimentos negativos devido à sua procura interna! Tal como Portugal. Se é assim como pode dizer que esse crescimento na Europa é sustentado e o português leva-nos ao caos?

    Dr. António, tem-se sentido bem? Não quer tomar um xanax?

    - Desça à Terra, dr. António. Desça à Terra!

    Sabe, dr. António, fazer previsões económicas com variáveis erradas dão resultados infrutíferos. Os menos conhecedores cantarão Ufanas a estas suas análises. Mas os conhecedores dos meandros da análise económica riem-se deste tipo de análises e previsões económicas.

    Como compreenderá, pouco há mais a dizer. Quem manobra variáveis e a realidade, distorcendo-a, para que a sua visão do mundo se enquadre na sua própria pseudo-realidade…

    Dr. António, reconheço-lhe muitos méritos. Mas análise económica e previsões não é consigo. Definitivamente. Fica-lhe bem fazer radiografias negras (aliás, há comentadores que sobreviveram nestes anos todos, não pela qualidade das suas análises, mas porque vende bem à carneirada o ser profeta da desgraça) mas são análises que não têm interesse para os verdadeiros decisores económicos. Estes preferem aqueles que não misturam estados-de-alma com análise séria, isenta e imparcial. E quando os estados-de-alma influenciam a própria análise, costuma-se aconselhar tomar xanax e descansar por uns dias. Sempre limpa a cabeça e dá outra destreza à escolha das boas variáveis e não preconceituosas.

    Nos mercados financeiros existem muito este tipo de analistas e investidores. Há os que só vêm razões para sorrir. Outros para chorar. Mas ao longo do tempo, e o tempo é um bom mestre, quiçá o melhor, estes pseudo-analistas e maus investidores são afastados dos mercados. Dizem que é o darwinismo dos mercados financeiros. Aquilo é uma selva, sabia?

    Bom ano para si e para os seus. Mas por favor…

    - Daqui Houston. Desça à Terra! Desça à Terra!
    Anónimo said...
    Wishful thinking, caro dr. António, ou depressão pessoal?

    Estávamos para aqui a ler o seu novo tratado e lembramo-nos daquilo que a Reuters escreveu sobre os portugueses: vivemos sob o fado. E o dr. António é o opinador representante ideal dos “tristes portugueses”, que vivem com a sina do fado lusitano. Não quer vestir um xaile negro, caro dr. António?

    Sabe, dr. António, fazer previsões implica sustentar o raciocínio em variáveis razoáveis e análise de factos verídicos e não em imagens toldadas da realidade. E as suas previsões são curiosas. Além de curiosas, e pouco realistas, fazem com que debite um tratado completamente errado, quando o seu raciocínio assenta em variáveis mirabolantes.

    Passemos a exemplificar com os seus palavreados:

    “o efeito das subidas das taxas de juros no seio da UEM – esperadas para o final do 1º semestre de 2005 – com consequente aumento do serviço da dívida das famílias portuguesas tenderá a eliminar por completo a melhoria esperada no consumo privado.”

    “uma subida das taxas de juros à habitação na casa dos 75 pontos base implicaria para um empréstimo de 100 mil euros a 25 anos, um acréscimo na prestação mensal de 82 euros.”

    Mas, caro dr. António, quem é que espera uma subida de 75 pontos-base nas taxas do euro? O dr. António? E porquê 75 pontos-base? E não 100? Ou 50? E porquê?

    “Os dados relevados pelo Banco de Portugal são preocupantes porque, e numa altura que a Europa dos 15 cresce de forma sustentada,”

    Mas qual Europa, dr. António? O satélite de Júpiter?

    - Dr. António, daqui Houston, desça à Terra! Desça à Terra!

    Quem é que na Europa cresce sustentadamente? Então o crescimento económico europeu não desceu abruptamente no IIIº Trimestre nos nossos principais parceiros económicos? Devido à procura externa liquida negativa? E ao elevado preço do petróleo?

    - Desça à Terra! Desça à Terra!

    “quando um país cresce com base no consumo privado, e tendo por base como é o caso português de uma contribuição negativa da procura externa, desde logo a forma de financiar o consumo privado no caso da economia portuguesa traduz-se num sobre endividamento da economia,”

    Mas a Europa não está quase toda a crescer à custa da procura interna, pois a procura externa liquida europeia é negativa, devido à subida forte do euro?

    - Desça à Terra, dr. António! Desça à Terra! Daqui Houston.

    Em primeiro lugar, dr. António, uma subida de 75 pontos-base nos juros do euro não é realista. E se acredita nestes dislates em vez de fazer este tipo de análises bonitas, mas estéreis, compre taxas de juro e enriqueça com as suas curiosas previsões.

    “Put your money where your mouth is.” Para bom entendedor meia-palavra basta. Os doutores mostram a sua sabedoria no mercado. ;-)

    Já agora, tem visto o rumo das taxas no mercado? Tem reparado nos yields dos Bunds? Ou isso é demasiado complicado para a sua análise?

    Depois temos a sua crença (só pode mesmo ser crença!), que a Europa está a crescer sustentadamente. Mas a Europa só não teve crescimentos negativos devido à sua procura interna! Tal como Portugal. Se é assim como pode dizer que esse crescimento na Europa é sustentado e o português leva-nos ao caos?

    Dr. António, tem-se sentido bem? Não quer tomar um xanax?

    - Desça à Terra, dr. António. Desça à Terra!

    Sabe, dr. António, fazer previsões económicas com variáveis erradas dão resultados infrutíferos. Os menos conhecedores cantarão Ufanas a estas suas análises. Mas os conhecedores dos meandros da análise económica riem-se deste tipo de análises e previsões económicas.

    Como compreenderá, pouco há mais a dizer. Quem manobra variáveis e a realidade, distorcendo-a, para que a sua visão do mundo se enquadre na sua própria pseudo-realidade…

    Dr. António, reconheço-lhe muitos méritos. Mas análise económica e previsões não é consigo. Definitivamente. Fica-lhe bem fazer radiografias negras (aliás, há comentadores que sobreviveram nestes anos todos, não pela qualidade das suas análises, mas porque vende bem à carneirada o ser profeta da desgraça) mas são análises que não têm interesse para os verdadeiros decisores económicos. Estes preferem aqueles que não misturam estados-de-alma com análise séria, isenta e imparcial. E quando os estados-de-alma influenciam a própria análise, costuma-se aconselhar tomar xanax e descansar por uns dias. Sempre limpa a cabeça e dá outra destreza à escolha das boas variáveis e não preconceituosas.

    Nos mercados financeiros existem muito este tipo de analistas e investidores. Há os que só vêm razões para sorrir. Outros para chorar. Mas ao longo do tempo, e o tempo é um bom mestre, quiçá o melhor, estes pseudo-analistas e maus investidores são afastados dos mercados. Dizem que é o darwinismo dos mercados financeiros. Aquilo é uma selva, sabia?

    Bom ano para si e para os seus. Mas por favor…

    - Daqui Houston. Desça à Terra! Desça à Terra!
    Manuel said...
    Mâgnifico. A rapaziada do gato Fedorento agora posta comentários aqui na Loja. Genial. Ainda não parei de rir.
    Anónimo said...
    Caro dr. António, ainda gostavamos de saber em que europa vive e sob quais os dados é que analisa a conjuntura económica. Não é por nada, mas dá a impressão que o dr. António não estuda a sério antes de emitir opinião e fazer análise e previsão económica.

    "Le solde commercial est déficitaire de 1,080 milliard d' euros en novembre 2004. La balance cumulée des onze premiers mois de 2004 est déficitaies de 5 696 milliards d' euros. Pour la même période de 2003, le solde cumulé était excédentaires de 1,149 milliard d' euros."

    Fonte governamental francesa:
    http://lekiosque.finances.gouv.fr/APPCHIFFRE/nationales/revue/Chiffre_PDF.pdf

    Quer da Itália?

    http://www.istat.it/

    A informação é pública e está disponível para quem deseje estudar com seriedade a conjuntura e projectar previsões com base na realidade.

    Quanto ao dr. Manuel, só podemos rir com um Miaauuu! Miauuu!

    Se o dr. Manuel não gosta de críticas que não as faça aos demais. Ou julga-se um predestinado vivendo numa redoma de vidro?

    Miaaauuuu! Miaaauuu!

    Nota: A europa que estudamos é um subcontinente no planeta Terra, da massa continental chamada euro-asiática.

    Outros devem estudar a lua de Júpiter. Mas essa europa deveria ser objecto de estudo pelos astrónomos e não pelos economistas.
    Manuel said...
    Ouçam lá, vocês não deviam era estar a desenhar a próximo cartaz do Dr. Lopes, em vez de darem corda a nós, reles subversivos pessimistas, a que ninguém, senão vocês, liga ?
    António Duarte said...
    Caros Anónimos...

    Poderia responder e apontar-vos enormes erros, de agora e do passado, mas isso seria recalcar o eclipse lunar.

    Só há algo na vossa cruzada que me intriga :

    a )Sois capaz de dizer que vamos no bom caminho ?
    b )A culpa de estarmos mal, por isso a recuperar e apenas e só do Euro e da Europa, onde também os nossos governantes tem tido responsabilidades ?

    Nota : Não se diz bunds mas sim bonds.
    Anónimo said...
    Dr. Manuel marca penalty e... Lança à trave a bola.

    Uma chatice, é o que é.

    Dr. Manuel, quanto é o seu preço? Quanto é necessário para comprar a sua pena? 30 dinheiros? 10 tostões?

    "Ouçam lá, vocês não deviam era estar a desenhar a próximo cartaz do Dr. Lopes, em vez de darem corda a nós, reles subversivos pessimistas, a que ninguém, senão vocês, liga ?"

    Quando alguém desce a este nível rasteiro, que se há-de esperar do resto?

    Especialmente de alguém que gosta de mordiscar outras personalidades?

    Não gosta do seu veneno?

    Ou é projecção psicológica?

    Mas desconfiamos que não sabe o que é opinião isenta, crítica e séria. Uma pena. Para quem gosta de "bater nos outros"...

    Infelizmente o dr. Lopes não tem dinheiro para nos comprar. Nem ele, nem muitos outros. "Muitos são os candidatos, poucos os escolhidos".

    Tenha uma boa noite, caro Dr. Manuel. Ah! E não se esqueça de declarar no IRS os proventos extraordinários. Sempre ajuda a combater o déficit.

    Miauuu! Miauuuuu! Miiiiiaaauuu!
    Anónimo said...
    "Poderia responder e apontar-vos enormes erros, de agora e do passado, mas isso seria recalcar o eclipse lunar."

    Caro dr. António, isso é saída airosa de quem não o consegue? Ou acredita nisso mesmo?

    Sabe, gostamos de lhe responder porque apreciamos a sua escrita. Desde que não faça análise económica... ;-)

    "a )Sois capaz de dizer que vamos no bom caminho ?"

    Não. Mantemos a nossa posição inicial, por uma questão de seriedade e justiça. A nossa retoma decorre normalmente, mas menos saudávelmente que o desejável. Mas não vamos a caminho da catástrofe, ao contrário dos seus profundos desejos. Ou má análise, se o quiser.

    O ciclo decorrerá normalmente, mal ou bem, independentemente da própria actividade governativa. Seja com Barroso, Lopes ou Sócrates. Temos o cuidado de não misturar propaganda política com análise económica. Por uma questão de sobrevivência. Se não voltavamos aos bancos da escola.

    "b )A culpa de estarmos mal, por isso a recuperar e apenas e só do Euro e da Europa, onde também os nossos governantes tem tido responsabilidades ?"

    Estamos mal, mas é generalizado em toda a europa. Decorre que, como já o reconheceu em textos seus anteriores, sofremos mais que outros o problema do endividamento público e privado. Com a agravante da nossa produtividade continuar a ser baixa, compativamente com os nossos principais concorrentes, mesmo naqueles onde os custos dos factores de produção são mais altos.

    Mas não compreendemos quando critica a queda da produção industrial e não compara com o volume de negócios da industria, demonstrando que não está a entender a profunda reestruturaão que alguns sectores tradicionais estão a conhecer. Mas pronto. Cada qual é para o que nasce.

    "Nota : Não se diz bunds mas sim bonds."

    Sprechen Sie deutch?

    Ou a UEM foi assente na libra britânica?

    Às vezes, caro dr. António, é nestas pequenas calinadas que se nota que há os catedráticos doutores e há os que "põem a mão na massa". Teóricos e críticos há muitos, mas...

    É como lhe dizemos. Análise económica não é mesmo para si. Os seus predicados são mais bem utilizados noutras competências, não acha?

    Até amanhã, caro dr. António. E olhe sempre para os Bunds e não só para os bonds. É que o euro é a unidade de conta da UEM, não é verdade?
    Anónimo said...
    "Poderia responder e apontar-vos enormes erros, de agora e do passado, mas isso seria recalcar o eclipse lunar."

    Caro dr. António, isso é saída airosa de quem não o consegue? Ou acredita nisso mesmo?

    Sabe, gostamos de lhe responder porque apreciamos a sua escrita. Desde que não faça análise económica... ;-)

    "a )Sois capaz de dizer que vamos no bom caminho ?"

    Não. Mantemos a nossa posição inicial, por uma questão de seriedade e justiça. A nossa retoma decorre normalmente, mas menos saudávelmente que o desejável. Mas não vamos a caminho da catástrofe, ao contrário dos seus profundos desejos. Ou má análise, se o quiser.

    O ciclo decorrerá normalmente, mal ou bem, independentemente da própria actividade governativa. Seja com Barroso, Lopes ou Sócrates. Temos o cuidado de não misturar propaganda política com análise económica. Por uma questão de sobrevivência. Se não voltavamos aos bancos da escola.

    "b )A culpa de estarmos mal, por isso a recuperar e apenas e só do Euro e da Europa, onde também os nossos governantes tem tido responsabilidades ?"

    Estamos mal, mas é generalizado em toda a europa. Decorre que, como já o reconheceu em textos seus anteriores, sofremos mais que outros o problema do endividamento público e privado. Com a agravante da nossa produtividade continuar a ser baixa, compativamente com os nossos principais concorrentes, mesmo naqueles onde os custos dos factores de produção são mais altos.

    Mas não compreendemos quando critica a queda da produção industrial e não compara com o volume de negócios da industria, demonstrando que não está a entender a profunda reestruturaão que alguns sectores tradicionais estão a conhecer. Mas pronto. Cada qual é para o que nasce.

    "Nota : Não se diz bunds mas sim bonds."

    Sprechen Sie deutch?

    Ou a UEM foi assente na libra britânica?

    Às vezes, caro dr. António, é nestas pequenas calinadas que se nota que há os catedráticos doutores e há os que "põem a mão na massa". Teóricos e críticos há muitos, mas...

    É como lhe dizemos. Análise económica não é mesmo para si. Os seus predicados são mais bem utilizados noutras competências, não acha?

    Até amanhã, caro dr. António. E olhe sempre para os Bunds e não só para os bonds. É que o euro é a unidade de conta da UEM, não é verdade?
    Anónimo said...
    Não liguem Irmãos Veneráveis,

    Isto é uma sofisticada campanha blogosferica de reabilitação da imagem do Dr. frasquilho e do Dr. Bagão...

    Bem hajam
    Anónimo said...
    Por uma questão de respeito intelectual com os nossos leitores, caro dr. António, poderia explicar como é que chegou à conclusão que as taxas de juro subirão 75 pontos-base?

    Então deixe-me mostrar para que servem os bunds.

    Se não sabe, eu digo-lhe. Apesar dos problemas orçamentais e das maquilhagens germânicas, ainda são os bunds (obrigações alemãs) as taxas de referência para o resto do mercado da dívida pública europeia. E é com base no spread/risco entre a dívida alemã e da restante zona euro, que os mercados monetários trabalham. Os bunds continuam a merecer a mais alta e melhor notação pelas instituições de rating. E são a ânora da UEM. Mesmo que não mereçam... ;-)

    Portanto, caro dr. António, projectar subidas das taxas de juro sem estudar o preço dos bunds e das bonds, leia-se, juros do euro e do dólar, é um dislate e só compreensível para quem faz análise económica de cátedra. Mas para esse tipo de análise basta-nos socorrer às análises de um qualquer recém licenciado, que vem com muita teoria mas pouca substância.

    Se o caro dr. António conseguir explicar as actuais rentabilidades (ou até, se quiser, as respectivas curvas de rendimentos) dos bunds e dos bonds a 10 anos, com a sua previsão de uma subida nas taxas de juro do euro... Isso seria um feito e, apostamos, não faltariam interessados em o contratar como analista dos mercados monetários.

    Principalmente quando as rentabilidades dos bunds cairam e os americanos subiram, depois uma paridade temporária. (Se a linguagem for complicada e não acessível, diga, que nós simplificamos!)

    Se os bonds caiem e os bunds sobem, estes para uma taxa muito baixa, como pode dizer que é esperada uma subida de 75 pontos-base? Onde é que aprendeu a fazer previsões do comportamento das taxas de juro?

    Então, logo de seguida, porque não compara o comportamento dos bunds e dos bonds com a própria evolução da cotação euro contra o dólar? Ou é capaz de acreditar que o euro subirá para a casa dos 1,6 ou 1,75 contra o dólar, sem intervenção do BCE? Sobretudo com uma massa monetária europeia que não preocupa demasiado os decisores do Banco Central Europeu?

    Por uma questão de honestidade intelectual, que tal explicar o porquê da sua esperada dubida de 75 pontos-base do euro?

    E nem sequer quisemos abordar a componente política do seu "tratado", no respeitante ao OE para 2005. É que o governo, precavendo-se contra o pior, já prevê uma subida dos custos de financiamento, leia-se juros, e que portanto anula parte do seu arrazoado politiqueiro.

    Ou também é dos seguidistas que criticou o OE 2005, só porque previa o preço médio de 38 dólares para o crude? E que afinal foi uma boa previsão?

    Às tantas, caro dr. António, o dr. com esse tipo de previsões parece aquela anedota política que previa o crude nos 80 dólares. Pena é o tipo não ter posto a sua pasta onde meteu a sua boca. Mas pronto. Na opinião publicada, que é propaganda política mascarada de análise económica, vale tudo. Se calhar até arrancar olhos.

    Boa noite para si, dr. António.
    António Duarte said...
    Caríssimos Anónimos

    Vamos lá então por partes e de uma forma rápida e sem entrar no insulto gratuito e nas piadolas das luas de jupiter e afins.

    As taxas de juro e o seu comportamento em 2005 serão um factor de risco da economia em 2005 Certo ?

    È por isso engraçado que as expectativas implícitas nos mercados de futuros apontarem para uma subida gradual das taxas de juros num total de 80 pontos base até ao final de Dezembro de 2006.
    Anónimo said...
    "È por isso engraçado que as expectativas implícitas nos mercados de futuros apontarem para uma subida gradual das taxas de juros num total de 80 pontos base até ao final de Dezembro de 2006."

    Ai sim, dr.?

    Quais mercados de futuros? Do euribor?

    Ah! Já agora. Se fosse até final de Dezembro de 2006, 80 pontos-base, são dois anos e não 6 meses, de Julho a Dezembro de 2005. Certo?

    Mas ficamos à espera da sua explicação e, se for possível, das cotações desses futuros, com "expectativa implícita" de uma subida de 80 pontos-base. Sabe, nós gostaríamos de fazer uma arbitragenzinha, pois não gostamos de desperdiçar oportunidades.

    PS Graçolas? Uma chatice, é o que é.

    Não se esqueça. Euribor e bunds.

    Bonds para o dólar e gilts para a libra.

    Certo?
    António Duarte said...
    A previsao assente no mercado de futuros, está apenas no relatório do Banco de Portugal para 2005/2006.


    Chega ou o banco de portugal nao é credível ?
    Anónimo said...
    " A previsao assente no mercado de futuros, está apenas no relatório do Banco de Portugal para 2005/2006."

    Ai sim?

    Então compare essas previsões desde Junho de 2003 e ficará desapontado.

    "Chega ou o banco de portugal nao é credível ?"

    Não. O Banco de Portugal não é credível nas suas previsões, sobretudo junto do mercado monetário. :-)

    Uns sabem, outros julgam saber.

    Dr. António, olhe para o que lhe dizemos. Análise e previsões não é consigo. A menos que se limite a ler algumas coisicas, aqui e além, e já se julga capaz de fazer previsões económicas.

    Veja lá, dr. António, que os modelos de previsão do crescimento económico português do Banco de Portugal têm pouco em conta o nível das taxas de juro. Veja lá!

    Mas os seus modelos devem ser melhores que os do Banco de Portugal, não?

    Dr. António, agora que já vimos o quanto erróneas são as suas previsões precisamente porque assentam em pressupostos surreais, explique aos seus leitores quais as suas medidas para mudar o nosso modelo de desenvolvimento. E evitar que a nossa economia caminhe rumo ao caos.

    Deve ter uma ideia, não? Ou acredita nas patranhas do choque tecnológico do Sócrates? É que se acredita, estude o Vale do Ave e ficará surpreendido com o que preconizam os socialistas portugueses.

    Caro dr. António, continue a analisar as irresponsabilidades do Estado e seus decisores políticos. Mas com críticas construtivas. Do género: cada problema encontrado, uma solução, pelo menos, para o resolver. Se não o conseguir não diga nada. O que não tem remédio, remediado está!

    Boa tarde para si, dr. António.
    António Duarte said...
    Perguntava eu "Chega ou o banco de portugal nao é credível ?"

    Respondem os anónimos

    Não. O Banco de Portugal não é credível nas suas previsões, sobretudo junto do mercado monetário. :-)

    Uns sabem, outros julgam saber.

    Então querem me fazer crer que crediveis sois vós que nem conseguem ver que a Europa mesmo coma crise do petróleo, mesmo com a subida do Euro, cresce mais do que nós ?

    Querem me fazer crer, que por exemplo é negligenciavel a subida das taxas de juros na economia portuguesa e no serviço da dívida ?

    Querem me fazer crer que tão crediveis que vos sois, que o facto da economia portuguesa apresentar o nível de poupança mais baixo dos últimos anos associado a um aumento do endividamento das familias não significa que o consumo privado não foi movido pela conjugação destes dois factores ?

    Credíveis vós ? Por quem sois...
    Anónimo said...
    Ohhh senhores anónimos...

    Deixem lá de responder às incautas respostas na Loja, e toca mas é a trabalhar...

    Afinal é para isso que o nosso primeiro ministro vos paga principescamente ou não ?

    Depois, o artigo aqui da Loja não está de todo descabido, pois o mesmo raciocinio esta implicito nas grandes opções do plano e no pacto de estabilidade e crescimento,apresentado pelo nosso primeiro-ministro...
    josé said...
    Vocelências permitem a entrada a um simples diletante, nestas questões magnas da macro e micro e que pelos vistos tanto apreciam e sabem?

    No outro dia, perdi-me no vale do Ave. A caminho de Singeverga, para encontrar o convento beneditino, passei antes pela igreja românica de Roriz, de beleza irreal para aquele sítio, precedido de fábricas e fabriquetas onde um nome sobreleva os demais: Adalberto!
    O que espanta o viajante perdido, tal como aliás acontece alguns quilómetros mais adentro, lá para as bandas de Felgueiras, é a paisagem rural de vinhedos e minifúndio, retalhado aqui e ali por unidades de produção têxtil e de calçado.
    Nota-se que as casas antigas, com dezenas de anos e em pedra são bonitas de se ver, mesmo em ruínas.
    As outras, são uma amálgama de construção terceiro-mundista, mais de favela do que outra coisa, paredes meias com sumptuosas mansões com colunatas e pórticos. Há muitas destas e um ror daquelas.
    Lá em baixo, o Ave serpenteia nesta paisagem miserável e denotadora de desenvolvimento raquítico, atrofiado e assimétrico.
    É possível que resida por ali uma boa parte de quem produz muito para o PIB nacional. É provável que resida por ali muita gente com Ferraris( era essa a região com maior número desse tipo de carro por km 2) e Mercedes S.
    Mas é mais do que possível que aí resida uma taxa de analfabetismo funcional alta que se traduza num baixíssimo nível de leitura e de desenvolvimento noutras matérias que tem a ver com o gosto e a cultura do espírito. É mais do que provável que o futebol aí seja mesmo rei e não só no desporto.
    É mais do que certo que haverá por ali pouca gente com interesse ou capacidade de reivindicação política suficientemente fortes para impor outra arquitectura; outro arranjo urbanístico; outra construção civil e isso é notório nas miseráveis vias de acesso, que de há largas dezenas de anos são sempre as mesmas, congestionadas em horas de ponta e sinuosas por entre os campos de milho.
    Pode haver quem goste do sítio- que não deixa de ser bonito e os habitantes gostarão. Pode haver quem aprecie a dinãmica empresarial dos empreendedores da região. Há certamente muita gente que tem valor nesse aspecto.
    Mas salta à vista de todos o atraso no desenvolvimento e assimetria no gosto decorativo, na rede de infra-estruturas viárias, em suma na paisagem que dá cor a essa região de produção industrial.

    Agora, tendo em conta a sugestão de estudo do Vale do Ave, pergunta-se:
    Que é feito do estudo M.Porter? Para que serviu tal coisa?
    COmo é que essas regiões apresentam tantas assimetrias reais- com altos e biaxos rendimentos que permitem de um momento para o outro, ver surgir numa curva apertada, um magífico Porsche Cayenne e logo a seguir uma motoreta com uma muleta a tiracolo do condutor?!
    Os Orçamentos de Estado que permitem tais coisas envergonham qualquer um que queira ver. Ou não é assim?!
    E olhem que tenho muito pouco de comunista...
    josé said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    Anónimo said...
    Meu caro dr. António, o sr. é que faz previsões catastróficas, não é verdade? O dr. é que é o douto profeta da desgraça. Logo, diga-nos dr., qual o impacto de uma hipotética subida dos juros na procura interna? Sabe?

    Não sabe, pois não?

    E numa hipotética subida de juros, ela deve-se a quê? E essas razões não afectam a nossa própria procura interna? Alguém sabe se no saldo final, a haver subida dos juros, o saldo final não será positivo na procura interna devido a um maior dinamismo do investimento e da procura externa?

    Como não é fácil este tipo de balanços finais, o Banco de Portugal não usa um outro método previsional? Sim ou não, caro dr.?

    "Então querem me fazer crer que crediveis sois vós que nem conseguem ver que a Europa mesmo coma crise do petróleo, mesmo com a subida do Euro, cresce mais do que nós ?"

    Mas caro dr. António, a europa cresceu no IIIº Trimestre mais que Portugal, mas só neste, em 2004, até ver, devido precisamente à procura interna e ao endividamento e à custa dos déficits públicos! E está a querer dizer que o crescimento europeu é sustentado, contra precisamente o português, quando este crescimento é menos saudável que o português? O sr. não tem consciência das asneiras que escreve?

    Sabe quanto cresceu a procura interna em Espanha? França e por aí fora?

    O caso português é mais preocupante no que toca ao tipo de produção exportada. Mas não é o dr. que afirma que o euro pouco tem de mau para a nossa procura externa liquida, porque exportamos quase tudo para a zona euro? :-) O sr. não tem consciência das suas contradições e dislates, caro dr. António? Sabe o que é o Índice de Lerner?

    "Querem me fazer crer, que por exemplo é negligenciavel a subida das taxas de juros na economia portuguesa e no serviço da dívida ?"

    O sr. dr. leu a proposta de OE 2005, aprovada no Parlamento? E não leu que na proposta já está incluída uma subida dos juros, o que permite uma almofada financeira razoável ao próximo governo que for eleito?

    O sr. não estuda com temperança os documentos que critica, pois não? Ou é mesmo arrazoado politiqueiro?

    "Querem me fazer crer que tão crediveis que vos sois, que o facto da economia portuguesa apresentar o nível de poupança mais baixo dos últimos anos associado a um aumento do endividamento das familias não significa que o consumo privado não foi movido pela conjugação destes dois factores ?"

    Ai! Sim? Já uma vez demonstramos que o dr. desconhece a própria realidade e mostramos os números do próprio Eurostat. Mas como não se coadunam à sua visão da realidade o sr. prefere acreditar nas estórias da carochinha. Já agora, e consegue contabilizar a poupança dirigida ao exterior?

    Dr. António, sabe o peso da procura externa liquida no crescimento português, não sabe? Já tentou inquirir das verdadeiras razões porque se pode ter tido um 2004 mau? E não estuda a possibilidade da nossa moeda ter um profundo impacto negativo, afectando as nossas margens produtivas e agravar o nosso déficit exterior?

    O preço do petróleo, dr.? Qual o impacto na procura externa portuguesa? Directa e indirecta?

    Dr. António, vá lá. Seja razoável. Medite mais nas variáveis macroeconómicas e menos na propaganda politiqueira. Todos ficaríamos a ganhar, não?
    Anónimo said...
    Caro dr. José, não compreendeu a nossa crítica ao choque tecnológico socialista?

    Se não compreendeu, nada podemos fazer. Senão sorrirmos com o vosso passeio até à loja do licor benedetino.

    O dr. José não compreende que o choque tecnológico socialista é a aplicação ao todo nacional das asneiras no Vale do Ave?

    O choque tecnológico socialista é transformar todo o país num mercado interessante para a Mercedes e Ferrari. Máquinetas modernas, fracos níveis de gestão, pouca inovação, salários baixos mas F 40s nas garagens.

    O dr. José nas suas passeatas pelo milheiral, e não sendo comunista, investigue como foi aplicado o "choque tecnológico socialista" da dra. Elisa Ferreira, quando se passeava pelo Vale do Ave, como responsável pelo "choque tecnológico".

    E olhe que não somos comunistas nem funcionários públicos. Ai! Se o fossemos...

    Boa tarde para si, dr. José. Está no bom caminho.
    Anónimo said...
    Veneráveis Irmãos (e outros anónimos):
    Desculpem-me a mim também estar-me a meter num assunto do qual sei muito pouco (certa vez o Venerabilíssimo Irmão Manuel apelidou-me de 'expert' em finanças públicas, mas a minha modéstia levou-me a recusar o epíteto...).
    Sobre a questão das taxas de juro e as chances, nesta altura, de uma arbitragem bem sucedida, talvez seja relevante ler um parágrafo do tal texto do B.P. sobre as perspectivas para a economia portuguesa em 2005 e 2006:

    "No entanto, há que ter presente um conjunto de riscos, cujo balanço se traduz numa probabilidade superior a 50 por cento do crescimento do PIB se situar abaixo do cenário central, tanto em 2005 como em 2006. A inevitabilidade de se ter de proceder a esforços adicionais de consolidação orçamental não deixará de implicar uma recuperação mais moderada da actividade económica no curto e médio prazos. No mesmo sentido, a eventualidade de se iniciar o ajustamento de alguns desequilíbrios internacionais poderá resultar numa recuperação mais lenta da economia europeia e numa apreciação do euro, traduzindo-se num enquadramento internacional menos favorável para o crescimento das exportações. Se estes riscos se vierem a materializar, será menos provável uma subida das taxas de juro na magnitude esperada actualmente pelos mercados. Porém, caso contrário, o risco de subida das taxas de juro de curto prazo tornar-se-á particularmente relevante, tendo em conta o crescente nível de endividamento das famílias portuguesas e a indexação da generalidade das taxas de juro bancárias às taxas de juro do mercado monetário."

    Depois de ler isto perdi a vontade de arriscar o meu dinheirinho com as taxas de juro, seja para um lado, seja para o outro.

    Espero ter contribuído para a conversa...
    Anónimo said...
    Caro dr. António, este último comentador deu-lhe mais uma achega que o deveria fazer meditar. Medite neste bocado de texto:

    "Se estes riscos se vierem a materializar, será menos provável uma subida das taxas de juro na magnitude esperada actualmente pelos mercados."

    Mas os mercados já nos estão a mostrar o que pensam da política monetária do BCE, para 2005, na actual curva de rendimentos do bund. 3,60%!!!! O bund a 10 anos! Contra os 4,25% dos bonds!!!

    Ouça o conselho deste último comentador:

    "Depois de ler isto perdi a vontade de arriscar o meu dinheirinho com as taxas de juro, seja para um lado, seja para o outro."

    Palavras sábias de quem sabe que os mercados não funcionam à custa de previsões feitas por dá cá aquela palha. ;-)

    A ser assim, o mais razoável nas previões económicas, é pensar que a política monetária do BCE deverá manter-se. Até ver.

    Mas o dr. António leia isto:

    "Procura externa melhora a sua contribuição para o crescimento em 2005

    “Apesar do contributo continuar a ser negativo, é de esperar que as exportações líquidas contribuam de forma menos negativa para o crescimento de 2005”, afirma Carlos Andrade, economista no BES. Esta é uma posição partilhada pelas previsões dos principais bancos, uma vez que se espera que a actividade externa seja o mais positiva em 2005 do que no passado recente.

    A justificar este optimismo face está o facto da maioria dos analistas esperar que o euro deprecie face ao dólar e que o preço do petróleo se mantenha estável e próximo dos 40 dólares no próximo ano. Segundo os números do BES, a taxa de crescimento das exportações será de 6,1% e a das importações de 5,9%. Já o Millenium BCP espera que as exportações cresçam 6% e que as importações aumentem 5% em termos reais. O BPI alinha pela mesma tendência, esperando que as importações cresçam 6%, um ponto percentual acima das importações.

    O Banco de Portugal, no boletim económico divulgado esta semana, é ainda mais optimista, apontando para que as exportações cresçam a um ritmo anual de 7,5% e as importações a 5,2%. Estas são boas notícias para a economia nacional, uma vez que não há muito mais espaço para que o crescimento português assente na procura interna.

    Neste desafio de conquistar mercados externos, as dificuldades e incertezas são muitas, como lembra Carlos Andrade: “a evolução do petróleo e das economias internacionais são apesar de tudo ainda uma incógnita o que pode condicionar as nossas previsões.”

    Fonte: Semanário Económico.

    Boa tarde para si, dr. António. Medite mais e faça menos propaganda política. Sob pena da sua crediblidade cair. Embora faça brilharetes políticos. ;-)
    Anónimo said...
    O dr. António está com azar. Apanhou-nos com mais vontade de analisar seus discursos e comparar com as vossas magníficas fontes.

    Decidimos ler o que escreveu o Governador do Banco de Portugal. E este desmente claramente alguns dos arrazoados para aqui debitados.

    "Não devemos alimentar pessimismos exagerados porque, apesar das reais dificuldades, os problemas
    do país podem ser resolvidos e não será por causa do ajustamento orçamental que cairemos em nova recessão."

    Lá se vai a teoria do caos limiano...

    "3. Não haverá, pois, crescimento económico saudável sem a estabilidade financeira proporcionada por um menor défice orçamental e uma contenção do rácio da Dívida Pública em relação ao PIB. Não devemos, porém, esquecer que o problema principal da economia portuguesa reside na necessidade de aumentarmos a taxa de crescimento do produto potencial face aos desafios da globalização e do alargamento da União Europeia."

    Glosando com a publicidade do Montepio:

    "Eles aqui falam, falam e não os vejo a dizer nada! Eles criticam, criticam, mas não os vejo a apresentar soluções!"

    Seria curioso estudar as medidas preconizadas pelos doutores da GLQL para "aumentarmos a taxa de crescimento do produto potencial face aos desafios da globalização e do alargamento da União Europeia."

    Ah! Devem acreditar nas mirabolantes propostas do choque tecnológico...

    "Temos perdido competitividade ao longo da década de noventa porque não inovámos o suficiente e porque os custos de trabalho por unidade produzida têm subido relativamente aos dos nossos parceiros comerciais. Estes custos dependem do comportamento dos salários, mas também da evolução da produtividade. Devemos
    exigir que as empresas façam mais esforços para aumentar a produtividade num contexto em que a participação no euro proporciona trunfos consideráveis: baixo custo do financiamento e acesso livre a um grande mercado sem risco cambial. Das empresas depende essencialmente o pleno aproveitamento destes factores."

    Quais as medidas propostas para mudar o corprate governance? Alguém as conhece?

    Dr. António, tem sugestões para dar?

    Será o choque tecnológico a resposta? Pois.

    "Deste modo, o crescimento previsto para 2005 e 2006 assenta na hipótese de um forte crescimento da procura externa dirigida à economia portuguesa e, consequentemente, das exportações.

    As previsões internacionais, incluindo as do Eurosistema, apontam para um significativo crescimento do comércio mundial, o que justifica que as previsões apontem para uma aceleração das exportações de 6.8 por cento em 2004 para 7.5 e 8.6 por cento em 2005 e 2006, respectivamente."

    "- Eles falam, falam, mas não estudam nada!"

    Nada mais há a acrescentar. Voltamos a repisar a nossa tese central. O no ciclo económico está em curso, quer os profetas das desgraça queiram, ou não. Quer os politiqueiros gostem ou não. Seja, com este ou um novo PM.

    O nosso crescimento económico necessita de um euro, pelo menos, estável e um crude nos 40 dólares ou abaixo desse valor. Mas a retoma está em curso, menos saudável do que seria ideal, mas melhor do que os politiqueiros o afirmam.

    A um verdadeiro analista pouco lhe interessa se os politiqueiros gostam, ou não, das suas análises. As suas análises devem primar pelo rigor, pela isençãoe numa análise séria a factos e não a estados-de-alma. O analista deve-se abster de tecer considerações politiqueiros na sua análise e nas suas previsões. Para tal, quando pretende fazer propaganda política, deve apontar os problemas existentes e contribuir para a sua resolução. Senão não vale a pena opinar. Quem não tem soluções deve calar-se.

    Boa tarde.

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