Mas isto é por eu ser um provocador perverso

Esta exposição em Berlim é um exemplo de como podem acabar mal alguns casamentos com a arte. É que estetizar o mal não deixa de ser uma forma, mesmo que indirecta, de se fazer a sua apologia. Mas o melhor exemplo ainda continua a ser o grande filme - Salò o le centoventi giornate di Sodoma de Pier Paolo Pasolini. É que à custa da denúncia do fascismo, estetizando-o até ao limite, pode conduzir a que se conclua também que este era profundamente belo.

Publicado por contra-baixo 13:07:00  

3 Comments:

  1. Anónimo said...
    ah mas quanto a isso já dizia o Tolstoy: "é espantoso quão plena pode ser a ilusão de que a beleza é bondade"

    o belo é apenas uma categoria da estética, entre outras não menos importantes. considerá-la como território exclusivo da Verdade e do Bem é que é perigoso.
    zazie said...
    Acerca da exposição não me posso pronunciar porque não vi, ainda que tenha por lá o Joseph Beuys e Gerhard Richter que dão credibilidade à coisa...
    Quanto ao Saló não estou de acordo. O filme não glorifica qualquer estética fascista, nem embeleza nada que interesse. A única coisa que faz é estética kinky e sado-maso e essa, tem sempre os seus admiradores. Eu detestei: a dita estética, o filme, tudo.
    Mas adorei o Medeia, por exemplo. E até gosto do Pasolini em muita outra coisa, como o Evangelho...

    As coisas costumam ser sempre mais básicas que as ideologias.
    zazie said...
    o engraçado nisto é haver quem ache belo aquela treta...

    mas ainda bem, significa que a estética não vem ao caso ";O))

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