As Causas da Pobreza

Um tema que em tempos suscitou por parte das grandes instituições mundiais,uma forte campanha, foi de facto o combate à pobreza. O Banco Mundial por exemplo, levou a cabo entre outras a iniciativa HIPC - Highly Indebted Poor Countries - que visava combater a dívida pública dos países chamados sub-desenvolvidos, transformando o serviço da dívida, não em serviço da guerra como em muitos casos viria a acontecer, mas sim em serviço do desenvolvimento.

Assim, uma das perguntas que muitos de nós, fazemos, é o que é a pobreza, e de que forma se pode classificar a mesma. Os blasfemos a reboque do compatriota Jaquinzinhos tem-se entretido sobre o assunto.

Numa ideia próxima da consensualidade, todos, concordarão que a análise da pobreza, implica obviamente um debruçar intenso e complexo sobre o conceito e a sua evolução ao longo dos tempos. As sociedades evoluem, e aquilo que há algumas décadas não era essencial para a satisfação das necessidades básicas e hoje considerado primordial e estritamente indispensável. A sua ausência e/ou má utilização dá origem a uma das piores manifestações sociais dos nossos tempos - A exclusão social.

Uma das melhores definições estritamente empíricas do conceito de pobreza foi assente pelo presidente do Quénia, em plena reunião preparatória da intervenção do Banco Mundial no Quénia.


Don´t ask me what poverty is because you have met it outside my house. Look at the house and count the number of holes, look at the utensils and the clothes I´m wearing, look at everything and write what you see, what you see…is poverty

Ora, aquilo que o blasfemo João Miranda diz, pois temos a consciência de que para um cidadão dos Estados Unidos o conceito de pobreza não reflecte as mesmas ideias que para um cidadão da Etiópia, assume caractér inversomívil na análise da pobreza.

Ora, uma das causas, senão mesmo a verdadeira causa da pobreza, está implicitamente ligada ao rendimento nacional. Se por um lado sabemos na teoria macroeconómica, que uma subida do rendimento transporta automaticamente uma subida do nível de vida, até que ponto as externalidades existentes na distribuição do rendimento.
  1. Será o PIB/pc um indicador eficiente se analisado isoladamente na discussão do problema da pobreza?

  2. Uma subida do PIB/pc traduz-se implicitamente numa melhoria das condições de vida de toda a população?

  3. Em países altamente endividados, a uma subida do PIB/pc não responderá uma subida da inflação, deteriorando claramente a paridade do poder de compra?

Para qualquer nível de rendimento médio é verdadeira a dedução que a extensão do nível de pobreza dependerá da forma como o rendimento é distribuído pela população, sendo também valido que para uma subida do rendimento provocada pelas condições normais de funcionamento de uma economia o seu impacto na redução da pobreza dependerá da forma como a subida do rendimento é distribuída.

Tal como pudemos verificar, enquanto o crescimento económico é acompanhado quase sempre por uma redução na taxa da pobreza, no entanto para qualquer taxa crescimento o seu impacto varia. Este estudo baseado com dados de 44 países estima uma elasticidade média na redução da pobreza face ao crescimento em 2.6, ou seja por cada 1% de crescimento económico verificado num determinado país, 2.6% de pessoas deixam de estar abaixo da chamada “poverty line”.

O crescimento económico parece ser de facto o motor da redução da pobreza, no entanto ele é mais eficiente numas situações que noutras.

Em países cuja maioria da população resida em áreas rurais, um crescimento agrícola reduz os níveis de pobreza, pois o crescimento agrícola traduz-se não só num aumento do rendimento dos agricultores bem como aumenta a procura de bens agrícolas que podem facilmente ser produzidos pelos povos mais pobres.
A importância da agricultura enquanto sector na redução da pobreza é confirmada pelo caso da Índia, onde cerca de 85% da redução verificada nos níveis de pobreza se ficou a dever ao crescimento agrícola.

Um estudo recente publicado pelas Nações Unidas, dá-nos conta que 10% de crescimento no PIB agrícola, implica um aumento de 16% do rendimento do ultimo quinto da população mundial.

Como é natural, os países apresentam níveis de crescimento e modelos de desenvolvimento variados e conforme as suas orientações políticas, económicas e até religiosas.

Um país cujo seu modelo de crescimento se baseie na redução do desemprego, poderá a primeira vista ver os seus problemas de redução de níveis de pobreza melhorados, mas a teoria económica ensinou-nos uma relação inflação desemprego representada na Curva de Phillips, onde nenhum país conseguia diminuir o desemprego sem aumentar a inflação e vice-versa, esta questão não seria mencionável se o nível e o poder de compra não reflectissem também as condições económicas e sociais de um país.

Tomemos como exemplo a questão do crescimento económico, se num dado país, os benefícios do crescimento económico forem equitativamente distribuídos por toda a população, ou seja todos beneficiam, os níveis de pobreza reduzir-se-ão, mas face aos condicionantes actuais e aos graves problemas que as sociedades atravessam, uma distribuição equitativa do rendimento é sinónimo de utopia.

As consequências da desigualdade na distribuição do rendimento são desastrosas para todo o processo, pois não só contribuem para o agravar das condições actuais como invertem todo o processo de afectação de rendimento na luta contra a pobreza.


Brevemente - A Análise da Pobreza - População e Desenvolvimento

Publicado por António Duarte 14:42:00  

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