Vozes de burro

O blog do Jumento foi investigado pela PJ e pelo DIAP, em 2005 e 2006. Motivo, segundo o Público que dá a notícia? Difamação, através de textos publicados. Queixoso? O antigo director-geral de Impostos, Paulo Macedo, antes e agora funcionário bancário, de topo de administração.

A difamação de um indivíduo, é um crime particular que exige a constituição como assistente e a difamação de uma entidade colectiva, como também seria o caso, exige pelo menos a queixa. O que aconteceu.
A PJ pediu aos americanos ajuda na identificação do difamador blogueiro, o dito Jumento. Os americanos, mandaram-na dar uma volta ao bilhar grande da cooperação judiciária internacional e o DIAP, depois de ter lido algumas passagens do estábulo, remexeu em pouca palha e arquivou o processo, por nada lhe ter encontrado de difamatório ou malcheiroso.
Prevaleceu um bom senso que faltou ao director-geral.

No meio disto tudo, o que releva , porém, também é pouca coisa
Em primeiro lugar, a extrema sensibilidade de um director-geral, a um blog anónimo que assina como Jumento. Paulo Macedo, não deu conta do velho ditado das vozes de burro…
Depois, o próprio burro em si, traz a marca de origem, com brinco na orelha.
À falta de melhor e porque os arquivos anteriores a Agosto de 2006, estão alojados algures, ainda é possível ler textos como este, de relevo situacionista, bem demarcado e garantia de futura tranquilidade, num palheiro simpático e cómodo:

Parece que foi há séculos que este país viveu um PRCP, o Processo Revolucionário da Casa Pia, que permitiu a um governo incompetente viver quase sem oposição, remetendo o maior partido da oposição à quase destruição com todos os seus dirigentes a interrogar-se se alguma vez tinham passado pelo Parque Eduardo VII, a caminho do El Corte Inglês, com receio de alguma criança inocente os poder reconhecer nalgum dossier de fotos de imprensa.
Lançou-se a confusão, foi imposto o medo e o silêncio, os procuradores pareciam ter mais legitimidade que o Presidente da República, o Paulo Portas era o maior, o Bagão Félix ia a toas as cerimónias da Casa Pia, o Ferro Rodrigues era conhecido em todos os jardins de infância de Lisboa, os investigadores da PJ tinham mais força que o Silva Pais, todos eram escutados, os jornais transferiram as redacções para a PGR, era um verdadeiro regabofe de acusações e suspeitas.
Agora fez-se silêncio, a vítima mais conhecida, vítima de assédio, deixou de liderar manifestações, a procuradora das criancinhas deixou de ser adjunta dos telejornais, o PGR desapareceu e nem do famoso envelope dá notícias, a dona Catalina deixou de ser a avozinha protectora de todas as criancinhas abandonadas da Nação dos pedófilos, o José Barroso foi para Bruxelas, o Paulo Portas faz a vida num inferno ao Ribeiro e Castro, e os eleitos para o papel de boi da piranha arrastam-se num processo judicial que não terá fim. Das muitas crianças abusadas por desconhecidos ou pelos seus próprios colegas (sem que os directores das escolas o soubesse…) e que não tiveram direito a indemnizações ou não poderão ganhar nada à conta dos arguidos nada se sabe.
Mais alguns anos e as escutas e processos serão queimados e este país deitará para o lixo das suas memórias uma história que o pôs de pernas para o ar, que suspendeu a normalidade da democracia, que difamou políticos e que mudou o curso da nossa própria história, os portugueses não vão ficar a conhecer nem os pedófilos nem os que se aproveitaram deste para interferir na história do país.
Caso para dizer: quem escreve assim, não é Jumento. É burro de carga, de um fardo alheio, para alijar.
E por isso, sabe perfeitamente de onde sopra o vento e de onde lhe vem a palha.

Publicado por josé 11:45:00  

1 Comment:

  1. JPG said...
    Existem 11 arquivos do "Jumento" na WayBack Machine, de Nov 2003 a Jun 2007. Alguns dos links internos (históricos) estão também arquivados.

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