O Costa dos castelos de cartas

Uma vez que temos os timoneiros desta Loja de volta, voltemos ao assunto, aqui.

A tal performance de Santana Lopes, ontem, foi interessante. A meio da entrevista, a pivot, sem dizer água vai, interrompeu os dizeres do entrevistado, para mostrar imagens da chegada a Lisboa, do treinador de futebol José Mourinho. Uns minutos depois, retomou a entrevista como se nada de especial tivesse acontecido, altura em que Santana Lopes, perguntou se achava aquilo normal e perante a perplexidade da pivot, desistiu da conversa, logo ali.

Os comentadores publicamente conhecidos, aplaudem a atitude de Santana. Mas repudiam a atitude da Sic-Notícias e acham que a direcção de informação da estação, e o incrível Ricardo Costa, andaram mal e deveriam ter procedido de outro modo, não interrompendo a entrevista. Este, em comunicado acha que não faltou ao respeito a Santana; que este foi excessivo na atitude “desproporcionada” e ainda o remoca ao dizer que mais uma vez, deixou a meio uma coisa.

Ora aqui, nesta atitude da Sic-N de Ricardo Costa, é que a porca anda a torcer o rabo, porque a lógica deste, não é a mesma da atitude de Santana. E assim acaba por surgir um diálogo de surdos. Atentemos nos argumentos e nos motivos da surdez.

Santana ficou ofendido com a interrupção. E devia, segundo a maioria das opiniões e ainda segundo o senso comum destas coisas. Levou a mal e a novidade da reacção, provocou os aplausos que se podem ler.

E a SIC de Ricardo Costa, andou mal?

Este jornalista, é um exemplo concreto do actual jornalismo televisivo português. Duas ou três vezes, em entrevistas e habitualmente no programa da Sic-Notícias, Expresso da meia-noite, disse coisas, sobre notícias e deu opiniões sobre as mesmas, numa mistura curiosa de cronista-jornalista que já enjoa nos media portugueses, pela vulgaridade e profusão.

O jornalismo tipo Ricardo Costa é também, uma vergonha nacional, por vários motivos. Um dos principais, tem a ver com esta tabloidização crescente da informação televisiva. A chegada de um treinador de futebol, famoso e envolto em polémico, é entendida como matéria informativa primetimesca que suplanta a prioridade de uma entrevista a um convidado sobre matéria política candente. A reportagem, previsivelmente, nada traria de especial, sendo relevante apenas o aspecto voyeurístico em se poder ver o treinador a sair do aeroporto e nada mais.

Essa evidência, no entanto, não chegou para perceber e evitar a falta de respeito pelo entrevistado. Mais e pior, nem sequer foi entendida como tal e agora, em comunicado, a estação achou normalíssima a actuação. Excessiva, foi o qualificativo justificativo. Desproporcionada, foi a resposta encontrada. Falta de respeito? Que nenni.

É este tipo de informação televisiva que ataca os casos Maddies, os casos judiciais e os casos que aparecem do modo que depois todos criticam e lamentam, sem perceber que por trás de uma redacção, está uma chefia e no caso, o incrível Ricardo Costa.

A televisão de flashs, superficialmente justiceira, especulativa, medíocre e ridícula, tem uma boa imagem no director da Sic-Notícias.

Publicado por josé 00:13:00  

5 Comments:

  1. Guilhotina Pensadora said...
    Se fosse só o senhor Ricardo Costa estávamos nós bem. Atente-se na nova escalada de violência noticioso-popularucha do 'Diário de Notícias' do senhor Marcelino.
    MARIA said...
    Sem dúvida, José.
    Uma apreciação incisiva e certeira sobre a comunicação social televisiva portuguesa.
    Gostei da reacção de Santana.
    Aliás é este tipo de atitude de um certo arrojo que me refiro quando falo dele como de alguém necessário a um PSD aparentemente acomodado ao politicamente correcto.
    Um beijinho
    Maria
    zazie said...
    Exacto!
    Luís Negroni said...
    Este rechonchudo e luzidio Costa, sempre com um sorriso insolente e desdenhoso no rosto e o ar auto-suficiente que os almas de cântaro habitualmente ostentam, irrita-me abundantemente sempre que tenho de apanhar com ele pela frente na televisão. Gostava de o ver um dia caído em desgraça, com outros ares, outras poses, para me desforrar de ter de o suportar hoje tal qual ele é agora. Estou a ser rancoroso e mesquinho mas ele merece.
    josé said...
    É essa auto-suficiência que me assusta um pouco.

    O tal luzidio Costa, tem esse ar, mas que vem de dentro, de uma mentalidade que não conhecço mas da qual vejo os efeitos.

    Sempre que o ouço falar, fica-me a impressão que por ali não mora o sentido correcto do jornalismo a sério, mas apenas um simulacro, uma mistura de pimba informativo, com segurança na expressão.

    Ricardo Costa parece-me o Emanuel da informação televisiva.
    Tal como este sobre a música sol e do,de influências folclorizantes, mesmo estrangeiras, tem um discurso fluente e assertivo sobre a ideia de informação.
    Tal como este, segura o que diz, como se fosse a verdade indiscutível da correcção informativa e como domina estes aspectos do jornalismo flash, brilha no escuro da falta de crítica.

    É um cretino.

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