Make love, not war

O chamado Verão do Amor, há 40 anos, passou despercebido entre nós, nos meses de calor de 1967. Em Maio desse ano, a temperatura social tinha subido estrondosamente, com um assalto espectacular ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, perpetrado no mesmo mês da visita do Papa Paulo VI a Portugal , pela LUAR de Palma Inácio, o revolucionário que assim pretendia recuperar fundos para a luta política contra a burguesia, mas então considerado um simples bandido terrorista e subversivo. Um proscrito.

Lá fora, na América da Califórnia e S. Francisco, apesar do Vietnam, celebrava-se outra onda, com vibrações mais sonoras e sensoriais. Os sulistas da América, sentavam-se em colectivo na área de Haight Ashbury, e os ingleses de Londres, reuniam num clube nocturno chamado UFO, experimentando substâncias esquisitas como o ácido lisérgico e as suas propriedades narcóticas e davam largas à maré de paz e amor que os invadia em modo artificial.

O LSD tinha sido descoberto nos anos 40, acidentalmente, na Sandoz e usado por artistas e até pela CIA, como soro de verdade e propalado como droga fantástica por Timothy Leary, a quem os Moody Blues cantavam o desaparecimento, em Legendo of a mind. Timothy Leary morreu em 1996. Cancro na próstata.

O Verão de 67, foi o Verão dos Hippies, a irmandada da paz e amor e o sonho da Califórnia, com flores no cabelo e colares ao pescoço de uma geração de jovens associados ao rock psicadélico dos Jefferson Airplane, dos Love, de Jimi Hendrix, de Donovan e mesmo dos Beatles e dos Rolling Stones, Doors ou Pink Floyd.

Em 1967, a música popular de expressão anglo-saxónica, disparou para a globalização e fatalmente chegou ao Portugal cinzento do regime de Salazar que declinava já, em direcção à Primavera Marcelista.

Por isso e por cá, quem queria seguir as novidades musicais, mesmo atrasadas, ouvia o Em Órbita de Jorge Gil e José Manuel Alexandre que passou nessa altura José Cid e o Quarteto 1111, com a sua Lenda de El-rei D. Sebastião. Quem não sintonizava a onda progressista, ouvia fatalmente Scott Mackenzie e San Francisco, ou, mais pela certa, a vencedora do festival da Eurovisão, Sandie Shaw que cantou descalça, em palco, Puppet on a string e ganhou nesse ano.

No entanto, a canção do ano de 1967 e que se aguentou este tempo todo de 40 anos, nos ouvidos populares, é uma outra: a dos ingleses Procol Harum e Whiter Shade of Pale. É o que ficou do Verão do Amor. E ficou muito bem.

Imagens e fontes: revista Mojo classic. Rede e memórias pessoais.

Publicado por josé 22:52:00  

4 Comments:

  1. O Aprendiz de Jurista said...
    Como é bom lembrar.
    Pena é que tantos tenhamos já perdido essas memórias!
    Pior, que não as tenhamos sabido perpetuar, passar às novas gerações.
    De todo o modo,
    Obrigado.
    Anónimo said...
    Humm. Agora percebi donde vem a inspiração ao autor do corporações. No entanto, deve andar de ressaca porque apagou alguns comentários que lá puseram.
    josé said...
    Do ácido? Mesmo com a acidez contra o CLuny e assim, parece-me que deriva mais de outras substâncias mais corriqueiras. Do vinagre, por exemplo.
    zazie said...
    A memória mais próxima que tenho é a do Concerto nos Salesianos do Estoril e a carga da polícia de choque. Estava lá.

    Se há coisas disparatamente arcaicas, essa é uma delas.


    Lembro-me que depois até tivemos a ideia de inventar umas cenas de filmagens esquisitas no Tamariz, mesmo junto da família do Américo Tomaz e os falsos rolos de filme eram de papel higiénico.


    Acho que ninguém percebeu o sentido da provocação e não nos ligaram

    ahahahah

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