MaddieGate - o oito e o oitenta, que só não vê quem não quer.

O caso de Maddie e o caso Pio são sem margem para dúvidas dois dos casos mais mediáticos que envolvem o nosso sistema judicial nos últimos anos. Tem semelhanças e diferenças em cujos contornos convinha meditar. O segundo provocou até uma reforma especialíssima do Código do Processo Penal, e o primeiro, faz com até que na longínqua Noruega haja jornais a dedicar-lhe seis páginas por dia. Um caso global portanto.

Num caso e noutro, a imprensa indígena tomou declaradamente partido, transformando os casos em questões de Fé. Também os políticos não resistiram a meter o bedelho mas, desta feita, seguindo, num caso e noutro, lógicas diametralmente opostas. Antes, porque alegadamente estariam envolvidos alguns dos seus, desacreditaram e dinamitaram qb a investigação - baseada - recorde-se - em testemunhos, na primeira pessoa, e não no estado de espírito de um qualquer cão, e em escutas, de quem nunca ninguém duvidou da autenticidade. Até um diário, pungente, de Jorge Ritto, foi em nome da privacidade, invalidado pelos Tribunais Superiores deste quintal à beira-mar plantado.

No caso Maddie, tudo é diferente. 'Eles' são estrangeiros, logo está tudo bem. Os mesmos que outrora se contorciam, com razão ou sem ela, em nome de conceitos maximalistas sobre direitos, liberdades e garantias, dão agora provas de uma Fé inusitada na investigação e nos seus métodos. Neste ponto, ontem à imprensa ... espanhola, Sócrates foi emblemático.

A mesma imprensa indígena que antes 'embandeirava' alegadamente em nome dos direitos liberdades e garantias não se coibe agora de dar voz às teses mais descabeladas e aos rumores mais retorcidos, para não falar nas mais grosseiras violações da intimidade pessoal (registo aqui a capa bombástica, já esta semana, que um pasquim chamado 24 Horas fez acerca de uns certos exames de ADN chamando à colação a questão da paternidade, e que - ao que parece - não chocou ninguém, muito menos os deontologistas do regime). Podia continuar, e falar por exemplo do Correio da Manhã de hoje, que muito deve deixar orgulhoso o mesmo Dâmaso que ainda esta semana se queixava da imprensa inglesa, mas não vale a pena.

Eu não sei se os McCan são culpados ou não, sinceramente espero que não, quanto mais não seja porque isso implica que talvez Maddie ainda possa estar viva. Mas uma coisa sei - se o que se passou com a filha daquele casal inglês se tivesse passado com a filha de um qualquer 'importante', ou politico de topo cá do burgo, uma série de coisas seriam infinitamente diferentes. Por infinitamente menos, do que se tem passado, o Caso Pio foi o que foi. É o oito e o oitenta, que só não vê quem não quer.

Publicado por Manuel 12:02:00  

2 Comments:

  1. vera said...
    Arrebenta said...
    Excelente...

Post a Comment