Saltimbancos

Nos jornais portugueses, há poucas opiniões verdadeiramente originais e de leitura recomendada. As recentes décadas de condicionamento intelectual, ocorrido paradoxalmente, com ausência de barreiras censórias, acompanhado de ausência de estudos publicados para todos lerem, “fizeram de nós saltimbancos. E colados aos bancos, assinámos c´o dedo e tiramos o retrato”.
Por isso, os artigos e crónicas que fogem da rotina correcta e sem divergências, são raros, como raros são os cronistas deste tempo que merecem atenção. Rui Ramos, que escreve no Público, vai buscar aos baús da História, as histórias que nos dão que pensar.
Na crónica de hoje do Público, apresenta uma versão do nosso declínio nacional, -amplamente evidente- e divergente da corrente no tempo de Antero e que perdurou até aos dias de hoje, naqueles que inda agora perseguem a cruz e os privilegiados, definidos pelo seu bestunto, no catálogo das embirrações particulares.
Rui Ramos, acha que apostamos nestes últimos decénios que já vem do tempo de Antero, na revolução social através do investimento em obras de vulto, para facilitar comunicação logística e em educação, para as realizar. Segundo explica, tal estratégia de desenvolvimento, falhou sempre em Portugal. No séc. XIX falhou a educação, apesar da expansão da rede escolar e falhou a aposta na construção do caminho de ferro, para sustentar o desenvolvimento e até o crescimento económico. Desta vez, o erro repetiu-se: falhou mesmo agora, a aposta na educação como primazia de governos e falhou ainda o desenvolvimento através da criação de infra-estruturas rodoviárias.
Ou seja, a História poderia ensinar algo a quem se dignasse aprender, sabendo de antemão que “a História é um carro alegre, cheia de gente contente que atropela indiferente todo aquele que a negue”.

Nota: Os textos assinalados por aspas, são de duas canções. Uma da Banda do Casaco, do primeiro LP e outra de Milton Nascimento.

Publicado por josé 13:23:00  

2 Comments:

  1. o sibilo da serpente said...
    Que achou, José, da entrevista do PGR?
    josé said...
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