Três notas para fechar o ano

2006 não foi um ano muito feliz, em vários aspectos, para o país e para o Mundo. Não admira, por isso, que das três notas com que pretendo fechar o ano, duas sejam más e só uma seja positiva.

1. A SIC Comédia, um dos poucos canais que se aproveitavam, vai acabar depois de amanhã. Já tinha uma forte suspeita, mas agora fiquei com a certeza: a TV Cabo é uma grande candidata a ganhar o prémio de pior empresa de Portugal. E olhem que, tendo em conta a concorrência, não era fácil

2. Num país a sério, depois da tragédia que aconteceu em Monção, com uma menina de dois anos a morrer vítima de maus tratos sucessivos por parte da mãe, os responsáveis da Comissão de Protecção de Menores só tinham uma alternativa: demitirem-se. O caso estava identificado há 20 dias, mas ninguém foi capaz de evitar a morte de uma inocente que teve o azar de nascer numa família e num Estado que não souberam protegê-la. Ok, podem dizer-me que é impossível evitar todos os casos de risco que existem em centenas de casas por todo o país. Mas a culpa, quando se fala de uma situação com esta gravidade, não é o mais importante. Há conclusões a tirar. E também que há que manter um mínimo de vergonha.

3. Saddam Hussein vai ser executado esta madrugada. Ao menos isso.

Publicado por André 23:29:00  

21 Comments:

  1. Maria said...
    Concordo com os pontos 2 e 3. Quanto à TV Cabo, é certo que às vezes fazem erros mas justifica-se em parte porque proporcionam um serviço muito flexível. E acabam sempre por emendar e devolver o dinheiro, e acima de tudo têm sempre boas maneiras por isso continuo a gostar deles.
    Politikos said...
    Um «mínimo de vergonha» era talvez não defender a demissão dos responsáveis da Comissão de Protecção de Menores e a seguir a condenação à morte de Saddam Hussein... É a «lei da selva» num «blogue jurídico»... Boa!
    E se a SIC Comédia fecha, o que pode a TV Cabo fazer?
    Maria said...
    Lei da selva por castigar os culpados? Então é muito bem-vinda.
    André said...
    Caro «Politikos»,

    com o devido respeito pela sua discordância, não estou a ver onde é que a minha exigência de demissão da Comissão de Protecção de Menores entra em choque com o aplauso à execução de Saddam Hussein.

    Um abraço,
    bom Ano Novo
    naoseiquenome usar said...
    Credo Manel!
    "Ao menos Sadam foi executado esta madrugada"!
    O que é que a humanidade ganhou com isso?
    O que é que você ganhou com isso?
    O que é que a democracia ganhou com isso?

    Que raio de justiça é esta?

    Valha-nos Deus!
    Maria said...
    Realmente não houve justiça nenhuma, Saddam não sofreu um milésimo do que fez os iraquianos sofrer. Quem ganhou com isso foram os familiares das vítimas de Saddam que devem sentir um certo alívio agora que o gajo esticou o pernil.
    naoseiquenome usar said...
    Sim senhora, Tina!
    Replica-se a barbárie de quem foi bárbaro!

    É este o valor da vida humana.
    Estamos no bom caminho...

    Esta execução alivia os familiares, alivia Bush, alivia a hipocrisia e, vai ver Tina, tudo ficará em paz no Iraque daqui por diante:)
    naoseiquenome usar said...
    (só agora reparei que o post era do André, tal o último parágrafo me chocou. Peço desculpa ao "manel").
    Anónimo said...
    A execução do Saddam foi medieval e, politicamente, profundamente estúpida.
    Maria said...
    "É este o valor da vida humana."

    O Saddam Hussein era humano? Olha esta é boa, todos os aprende-se qualquer coisa. E eu aqui a pensar que ele era um monstro psicopata!...
    naoseiquenome usar said...
    Que coisa mesqwuinha, tina!
    já ouviu falar na consciência pública da humanidade?
    Politikos said...
    Caro André
    Tb e sempre «com o devido respeito pela sua discordância», a sua posição não é contraditória. Pelo contrário, é «escandalosamente» coerente. A coisa é simples. Exige que uns se demitam (Comissão de Protecção de Menores) por algo - uma eventual incompetência ou má avaliação da situação ou o que se quiser - que não está minimamente provado (aquelas situações são fluidas e de difícil avaliação) e ainda por cima aplaude uma prática «bárbara», pelo menos aos nossos olhos, a execução de Saddam Hussein.
    O que há de comum em ambas é uma atitude próxima da «lei da selva»:
    1.º Condenar (à demissão) sem prova;
    2.º Aplaudir uma execução (por enforcamento - vale a pena dizê-lo).
    É só isso.
    Claro que concordo genericamente com o «naoseiquenome usar» e com o «sergio».
    Quanto à «tina», penso que a resposta acima já lhe responde, além de os outros comentadores tb já o terem feito.
    Um bom ano tb para si e para todos os comentadores «limianos».
    Maria said...
    "2.º Aplaudir uma execução (por enforcamento - vale a pena dizê-lo)."

    Tivesse o Politikos sido torturado por Saddam e seria o primeiro a aplaudir tal execução. Mas é óbvio que a sua imaginação não chega a tanto, limita-se a pormenores tais como se a execução é por enforcamento ou outra maneira.
    Maria said...
    Nãoseiquenomeusar

    Não quero saber da consciência da humanidade para nada. O que a minha me diz é que se as vítimas de Saddam sentem que justiça foi feita com a sua morte, então têm todo o direito a ela.
    Fernando Martins said...
    As vítimas do Saddam não foram só os cento e poucos xiitas pelos quais foi condenado - todos os outros a quem o Saddam fez mal ficaram, desta forma, impedidos de receber Justiça. E é Justiça enforcar alguém...? Ou o "não matarás" que algumas religiões pregam só se aplica individualmente (o estado pode matar, o indivíduo não...).

    O Saddam foi um carrasco e um assassino, mas não merecia (ninguém merece) ser morto, sobretudo usando esta primitiva forma de pena capital...

    Viva a vida, abaixo a estupidez...!
    Politikos said...
    Não use «truques» retóricos, tina. O «por enforcamento» é um facto acessório no meu raciocínio e foi referido apenas para sublinhar a barbárie da «coisa». Quanto à minha imaginação, dê o uso que quiser à sua e deixe a minha em paz. Por último, não faça «processos de intenção», sobre o que eu faria ou não em determinada circunstância. Mas não, não aplaudo a pena de morte em nenhuma circunstância.
    naoseiquenome usar said...
    Desejo atodos os "limianos" um BOM ANO, um GRANDE ANO de 2007!
    Não posso, no entanto, por dever/imperativo de consciência, lamentar, que um blog de referência tenha cabado o ano a aplaudir bárbaros costumes!
    Maria said...
    "Mas não, não aplaudo a pena de morte em nenhuma circunstância."

    Como é que pode dizer isso se não passou pelas circunstâncias de ser vítima de Saddam?
    Maria said...
    Nãoseiquenomeusar

    Há barbáries cometidas que deixam as pessoas insensíveis a menor barbáries como é aquela de matar um ditador facínora que torturou, gaseificou e violentou milhares de inocentes. Outras barbáries maiores se cometem todos os dias à porta de nossa casa e ninguém liga. Como o caso de Sara.
    NS said...
    Que os 364 dias e algumas horas que faltam para o fim do ano te tragam muita paz e felicidade.

    Feliz 2007.
    rb said...
    André, explique-me o que é que o mundo ou você ganhou com a execução de saddam?

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