Questão mal resolvida

Parece que o procurador-geral da República se transformou, por assim dizer, num tema "fracturante". A pusilanimidade, quer a do próprio, quer a do poder político, também ajudou. Souto Moura, convém recordar, foi escolhido para o cargo por um triunvirato político constituído pelo dr. António Costa, à altura ministro da Justiça, pelo engº Guterres, primeiro-ministro, e pelo dr. Sampaio, presidente da República. Passaram os tempos, os ministros e os primeiros-ministros e ficaram os drs. Souto Moura e Jorge Sampaio. A actual maioria, virtuosa respeitadora da moderação institucional, decidiu - presume-se que de acordo com o referido Jorge Sampaio - manter Souto Moura. Souto Moura, muito legitimamante, decidiu manter-se a ele mesmo. Joga-se agora, com a maior das hipocrisias - também "institucional" - para cima dos candidatos presidenciais o tema "Souto Moura". Até o moralista Louçã admitiu que se deve ajudar o PGR a terminar com dignidade o seu mandato. Existe - e o país não tem nada com isso - uma questão mal resolvida entre o PS e o dr. Souto Moura. Do seu exílio parisiense, Ferro Rodrigues manifestou-se interessado em prolongar a telenovela. A vingança continua a servir-se fria. Nestas peripécias altamente prestigiantes para a "justiça, ninguém sai bem. Haja o que houver, passou o "tempo" para "este" poder político ter actuado. Ou para Souto Moura se ter demitido. As coisas são o que são e o Ministério Público não tem forçosamente de ser melhor do que a generalidade do país. Estão, em certo sentido, muito bem uns para os outros.

Publicado por João Gonçalves 12:12:00  

1 Comment:

  1. Cavalo Marinho said...
    Quem conhece José Souto Moura, sabe das suas elevadas qualidades éticas, morais e cívicas.
    Humanista, culto, com senso de humor, grande conversador.
    Magistrado brilhante, rapidamente chegou ao topo da carreira do MP.
    Docente do CEJ prestigiado.
    Membro destacado do Conselho Consultivo da PGR.
    É este homem bom e magistrado brilhante que a mancha rosa quer, a todo o custo, afastar da PGR.
    E tudo serve de pretexto: esta semana, o PGR reconheceu que na investigação do caso "Casa Pia" houve falhas e foram sofridas pressões.
    Reconheceu o óbvio: há algum processo, da dimensão do que está em causa, com a complexidade investigatória e de recolha de prova conhecida, com litigância muita elevada, com o tipo de pessoas envolvidas, com o estilo de advocacia praticado, com a comunicação social metida "ao barulho", em que não se cometam erros, em que não sejam sentidas pressões (muitas das vezes difusas, vagas, de origem incerta e por isso as mais preocupantes...)?
    A resposta é negativa.
    Não há ninguém perfeito.
    Não há ninguém que não cometa erros, falhas, lapsos, por melhor que esteja preparado tecnicamente, por mais experiência que tenha.
    Ora, até o reconhecer do que é óbvio por parte do PGR - certamente solidário com a equipa de magistrados que dirigiu o processo - tem servido de arma de arremesso para a mancha rosa!
    Agora é o senhor embaixador de Portugal não sei onde - o mesmo que se estava "c. para o segredo de justiça" - que vem com o insólito pedido de "recusa" do PGR!
    Ao que isto chegou!
    Haja decência senhores.
    A bem de Portugal.

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