O "manifesto"

Ninguém - aliás, muito legitimamente - liga a "manifestos". Nem ao do dr. Soares nem aos que se lhe seguirão. O que interessa é a "deixa", o "ambiente" e a frivolidade narrada nos "directos". Nada mais. Estas, aliás, serão umas eleições inteiramente decididas nas televisões e nos jornais. Se o candidato ultrapassar o limiar da trivialidade e do lugar-comum, corre o risco de ser delicadamente insultado pelo consenso "mole" do "regime", sublimemente representado pelos "comentadores" e pelos "guardiões da legalidade". Por isso Soares quer apenas que durmamos "descansados", em "concórdia nacional", porém em alerta contra aquilo que chamou o "messianismo revanchista", o termo mais brando que arranjou para "saudar" Cavaco Silva. De resto, garantiu-nos a famosa "magistratura de influência" - sem esclarecer qual o "modelo" que preferia, se o do seu primeiro mandato, se o do segundo ou se o do torpor "sampaísta" - e a falácia do "moderador e árbitro" que, com tanto sucesso, arremessou contra Cavaco nos anos 90. Não houve novidades neste "manifesto". Foi um ersatz do discurso de Agosto, sem rasgos particulares. Onde Soares esteve bem, como era esperável, foi nas respostas aos jornalistas, uma vez liberto do jargão escrito. É "à solta" e não espartilhado pela mesquinhez retórica que Soares é sempre maior do que ele próprio. De qualquer maneira, sente-se que, desta vez, Soares não arrebata. E aquela gente que teima em aparecer à sua volta, muito menos. Soares não consegue explicar por que é que a sua candidatura é "necessária", nem tão-pouco qual a "mais-valia" que dela se pode retirar. O embaraço com que os dirigentes nacionais andam pelo país "socialista" a catequizar os militantes, é a prova disso mesmo. Há 20 anos nada disso era preciso. A coisa "andava" por si. Era, digamos, "natural". Agora não é.

Publicado por João Gonçalves 21:45:00  

1 Comment:

  1. Arrebenta said...
    Contra o ranhoso do Mário Soares,
    Deus dá-me diariamente o dom de vir aqui apoiar a Maria e o seu querido Aníbal:
    estive hoje a falar com uma vizinha do par,
    uma senhora da Travessa do Possidónio,
    ou lá como se chama aquilo onde moram,
    anda a gentinha toda da rua,
    LAPA,
    toda escandalizada,
    porque o vovô Aníbal vai para a pastelaria,
    e toca de dar MEIO-queque aos netos,
    ora,
    se ele só dá meio queque aos netos
    (continua, para pior, o mesmo espírito provinciano de há 20 anos atrás),
    imagino quantas centésimas de queque não terá reservadas para mim,
    pobre desgraçado cidadão comum,
    para mim,
    e para si,
    cidadão leitor;
    ainda acabamos todos a papar migalhas,
    assim se juntasse,
    --isola, isola, isola --
    a atávica miséria mental do Aníbal com a miserável soberba da Socratina.
    .
    Único ponto positivo:
    como é visível na página do "Expresso",
    transformada,
    por uma semana,
    na revista "Maria",
    -- milagres da engenharia genética --
    os netos já não têm a mesma queixada de rectro-escavadora do vovô,
    coisa que continua,
    -- a queixada --,
    a suscitar inúmeros problemas familiares,
    um deles,
    por exemplo,
    a de quando o vovô Aníbal quer dar uma b'joca aos netos,
    e começa,
    "bilu, bilu, bilu, bilu,
    vem dar um 'jinho ò vovô candidato!..."
    acontece como nas trovoadas aquele inexplicável fenómeno de desfasamento:
    como a velocidade da luz,
    chega a queixada de baixo primeiro,
    e só depois,
    TRUM-TRUM-TRRRRRRUUUUMMM,
    qual velocidade do som,
    no meio de uma trovoada de babas e dentes,
    o presunçoso maxilar de cima.
    .
    Pobres crianças.

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