Custo-benefício

O Governo assumiu ontem uma medida - congelar a progressão dos funcionários públicos nas respectivas carreiras - que permite poupar menos de 200 milhões de euros em 2006.

O reverso da medalha, para além dos custos políticos e sociais, é que, na prática, os funcionários públicos sabem que, até ao fim do ano que vem, estão a trabalhar para o boneco.

O Governo nem sabe começar a calcular os custos da quebra de produtividade associada a tal medida, já para não falar na receita fiscal cessante.

Nem, aposto, como explicar que se sacrifiquem 700.000 funcionários para que a dotação dos Gabinetes dos Ministros da República continue a ser, por ano, mais do dobro do que agora se "poupa". Ou que o Instituto do Turismo custe mais 50% do que o que se pretende dizer que se poupa com esta medida.

Ou porque é que o que se poupa aqui é cerca de um quarto do valor do lucro da banca no 1.º semestre, muito do qual resulta da baixíssima taxa real de IRC, que é menos de metade do que os funcionários públicos pagam sobre os seus salários.

Enfim, um desgaste desnecessário, inconsequente e para inglês ver. O peso no OE desta poupança é de menos de 0,25%. É por aqui que vamos?

Sou todo a favor da reforma da administração pública, da redução de privilégios, disso tudo. Mas convém que não se façam meras operações de cosmética.

Publicado por irreflexoes 11:51:00  

8 Comments:

  1. Manuel said...
    Meu Caro,

    Em abstracto eu até posso concordar com o raciocínio mas, em concreto, este é bastante perigoso.

    Com que então os senhores funcionários públicos só trabalham a sério, só se esforçam, e só tem motivação, porque tem em vista as tais progressões (quasi-)automáticas ? De certeza ?

    Tricky, very tricky

    Melhor seria que houvessem fórmulas concretas e coerentes que acabassem com a progressão automática e premiassem, isso sim, o esforço, a abnegação e a dedicação extras, e acima da média. Nunca vi ninguém esforçar-se para receber uma coisa a que tem tido direito de forma automática ou quase.
    irreflexoes said...
    E trabalharão a sério sabendo que não progridem na carreira, por muito bem que desempenhem?

    O actual sistema já limita a progressão por antiguidade quando não haja boa avaliação, atenção a isso.
    Anónimo said...
    essa do "não haja boa avaliação" é de rebolar no chão a rir. Deve estar para nascer o primeiro funcionário da AP que não foi promovido devido a uma má avaliação.

    Ps: pela enésima vez, os funcionários do estado não pagam impostos. os impostos que os funcionários do estado alegadamente pagam não passam de um movimento contabilistico não originando qualquer fluxo de caixa no estado. os fluxos de caixa não proporcionados pelos outros. inclusivé pela banca!!
    bc
    Anónimo said...
    è o que o Socrates sabe fazer, a partir dai è só ignorancia e prosapia,,,,,,,,,,,,
    Anónimo said...
    É vergonhoso que não tenha sido já apresentada queixa constra os fulanos e fulanas que perfeitamente identificados na AR insultaram o governo.

    Já chegamos á madeira?
    Anónimo said...
    "Os TFPs não pagam impostos" afirma o anónimo bc.
    Mais afirma que não há fluxos de caixa...
    bc deve estar ainda em 1987 e 1988, quando aí sim, o Estado pagou o Imposto Profissional dos funcionários como medida preparatória para a introdução do actual IRS e sujeição de todos os rendimentos do trabalho por todos auferidos.
    Aqui fica reposta a verdade!!

    Ass. Maria da Fonte
    Anónimo said...
    "Os TFPs não pagam impostos" afirma o anónimo bc.
    Mais afirma que não há fluxos de caixa...
    bc deve estar ainda em 1987 e 1988, quando aí sim, o Estado pagou o Imposto Profissional dos funcionários como medida preparatória para a introdução do actual IRS e sujeição de todos os rendimentos do trabalho por todos auferidos.
    Aqui fica reposta a verdade!!

    Ass. Maria da Fonte II
    Anónimo said...
    Certo Maria da Fonte, a mão esquerda do estado paga os impostos à mão direita. É tudo dinheiro do estado, não sai nem entra dinheiro nos cofres do estado por mais voltas que lhe dê. Podem dar aos montinhos o nome que quiserem.
    .
    Em relação à avalição dos TFP's encontrei ontem um dado que revelava que a percentagem de funcionários avaliados com a nota máxima era de 93%. Volto a repetir, essa da avaliação é de rebolar a rir.
    .
    bruno

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