Um silêncio demasiado ruid(n)oso

Anda muito caladinho o engº Couto dos Santos. Nas últimas semanas nem uma única conferência de imprensa a enaltecer o feito artístico e organizacional: Casa da Música [Porto]. Tão pouco se viu a comunicação social a dar ao equipamento qualquer destaque especial. As últimas notícias que de lá chegaram não são nada animadoras para quem está em início de vida. Será que o silêncio terá alguma coisa haver com a adesão do público "pagante" aos espectáculos? Aqueles números, os tais, que justificam: a qualidade da oferta, o trabalho de qualificação da procura, o bom planeamento das actividades, o contributo do orçamento de Estado para o gasto, o preço dos bilhetes, o número elevado de pessoas que por lá já se "atrapalham" a trabalhar e, porque não, também a construção do edifício. Convém também que vão estando atentos ao que se passa bem perto, pois parece que há quem, com menos, há poucos dias tenha conseguido fazer igualmente muito bem em prol da música.

A propósito de planificação, ainda estou por perceber porque razão se massificou daquela forma a programação musical na semana de inauguração e nas semanas que se lhe seguiram. Só no próximo fim-de-semana, por exemplo, contam-se lá 6 acontecimentos diferentes. Todos ou quase todos de inegável qualidade e que estão a competir directamente com outras ofertas culturais na cidade. Será que o público, em particular a população do Porto e arredores, tem capacidade para responder a tanta oferta e que a procura está a ser trabalhada de outra forma que não seja a publicação em massa de anúncios - publicidade paga - na comunicação social; será que a CdM tem uma estrutura e organização de pessoal qualificado, suficientemente agilizada para receber tantos espectáculos ao mesmo tempo; será que a programação artística que está está a executada tem em conta uma, diria mesmo, qualquer política pública, em vez de um mero exercício de (bom) gosto e que esta foi trabalhada em função da realidade sociológica da região e não apenas da disponibilidade de momento dos artistas que por lá vão passando. Enfim, pergunto se o que está a acontecer, não é apenas porque há recursos têm forçosamente de ser consumidos e porque é preciso justificar o quanto antes a necessidade de outro tanto ou de muito mais. Recomenda-se, a quem de direito, alguma atenção, pois um mau começo pode ser a forma de matar um projecto à nascença, sendo que a sua ressurreição será sempre muito mais complicada e cara.
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Publicado por contra-baixo 01:07:00  

1 Comment:

  1. Unknown said...
    e que de lá não os tira, quem vive na passivide. quem permite isso...pois...todos nós

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