texteis, o choque chinês

A nossa indústria têxtil teve uma década para se preparar para a abertura da EU às exportações chinesas, mas o que fez? Optou por continuar a apostar numa competitividade assente em mão-de-obra barata e não qualificada, aliás, o modelo que esteve na base do seu sucesso passado. Têm razão quando acusam a China de praticar dumping social; mas não foi assim que a indústria têxtil cresceu? A diferença que hoje existe entre as condições de vida dos trabalhadores chineses e as dos trabalhadores portugueses é maior do que ocorria há umas décadas em relação às dos trabalhadores dos países de destino das nossas exportações?

Quem se esquece dos baixos salários, da inexistência de férias e de subsídios de férias, da proibição da greve ou da constituição de sindicatos livres ou do forte empenho da polícia política nos centros de produção têxtil? O “choque chinês” pode provocar o que nenhuma política governamental conseguiu, levar à falência um modelo económico assente na miséria social. Bendito choque chinês! Não deixa de haver alguma ironia no facto de o “capitalismo” chinês conseguir o que não alcançou com a tentativa de exportação do seu socialismo, levar à falência as empresas que só sobrevivem à custa da pobreza. Quem com ferros mata, com ferros morre

no Jumento
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Publicado por Manuel 17:50:00  

1 Comment:

  1. Luís Bonifácio said...
    Sobre outras manigâncias dos industriais têxteis e não só

    http://novafloresta.blogspot.com/2005/04/um-abril-de-guas-turvas.html

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