O dia de fazer de conta

O feriado do Natal é um dia estranho. O movimento das ruas reduz-se ao indispensável. Os jornais não saem e as notícias dão lugar às missas. As criancinhas, para quem as tem, passam o dia a mostrar a todos os adultos da família os brinquedos da véspera. Come-se normalmente de forma alarve garantindo a não existência de "tempos mortos". Só o cinema e algum teatro são a excepção a esta incomodativa modorra. Faz-se, finalmente, um breve intervalo na "soap opera" da vida pública portuguesa. O ano, a dias de acabar, não teve nada de "espírito de Natal". Culmina, aliás, com a revisitação da velha "teoria da facada nas costas" retomada pelo mártir número um da já praticamente velha maioria. Para um ano absolutamente medíocre, eis um dia à sua altura. No quentinho das nossas casas ou de visita às casas dos outros, asseguremo-nos que nada se passa à nossa volta e façamos apenas de conta. Não foi isso que andámos afinal a fazer o ano todo?

Publicado por João Gonçalves 11:01:00  

7 Comments:

  1. António Balbino Caldeira said...
    E se andamos apenas a fugir o resto do ano?

    O neo-ateísmo - que redescobre o ódio ao Natal - é um dos fenómenos mais estranhos do nihilismo da fartura. O sinal da nossa desgraça.
    zazie said...
    ahahaahah vais ver que o problema é por ser feriado, se não fosse, o dia de Natal já não era a monumental estopada que é. Sim, que a noite também é muito divertida, graças a deus ":O)))
    eu acho muita piada por isso mesmo. A grande estopada reunida assim numa noite e num dia e na companhia da família é coisa que não sucede todos os dias... convenhamos ":O)))
    zazie said...
    ó António, também já tinha reparado no fenómeno e até tenho aqui uns postais alusivos para oferecer aos ateus da blogosfera. Eu gosto de tudo o que seja feriado, e festa e mesmo o Natal que é uma estopada ainda me diverte por isso mesmo. Já os ateus são uns "pain in the ass" ":O))) os gajos conseguem ainda ser mais cinzentões que uma família chata à volta de uma mesa de rabanadas e ao som do jingle bell ":O)))
    zazie said...
    aliás, ainda bem que a minha família não é ateia, que mesmo católica é assim chatinha, imagine-se que isto era sem prendas e sem árvore de Natal, todos à volta de uma mesa a dizerem mal da ICAR ":O))))

    pedia asilo político ":OP
    zazie said...
    e a recordarem as torturas da Inquisição ":O))))
    zazie said...
    assim, como são católicos, só falam dos desastres de viação e dos assaltos ":O))))
    zazie said...
    é claro que há sempre uns momentos de descontracção... como aqueles em que a minha mãe discursa sobre a inutilidade dos exames médicos e recomenda o veterinário à irmã ou quando o meu irmão afirma, muito sério, que as nossas orelhas são como as dos coelhos: estão sempre a crescer"

    ":O))))

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