"Coisas Estruturais"


Quando não há mais ideias ou sobretudo quando não há ideia nenhuma, nada como recorrer a conceitos "para-cinematográficos" para impressionar. O Fisco vai ter umas "brigadas de elite" para combater as famosas fraude e evasão fiscais, duas práticas consuetudinárias relativamente pacíficas entre nós. Agora calhou ao Serviço de Bombeiros e Protecção Civil vir a possuir umas "equipas de elite" para prevenir, presume-se, as labaredas. Ao insistirem nestas "brigadas", "equipas" ou noutras coisas similares de que as "fundações" são o exemplo mais nobre, os governos lançam na opinião pública a dúvida sobre a utilidade da administração e dos serviços públicos que os seus impostos sustentam. Para que servem tantos "serviços" e tantas "competências" e "atribuições" quando é preciso criar ao lado ou por cima qualquer coisa diferente para fazer o mesmo, perguntará o cidadão contribuinte? E a "reforma do Estado", algo que a coligação tão gloriosamente ia executar, afinal reduz-se ao conceito de "elite", metido agora à pressa em todo o lado? É de exemplos destes que Álvaro Barreto fala quando diz que "fizemos muitas coisas estruturais"?

in Portugal dos Pequeninos

Publicado por Manuel 07:04:00  

1 Comment:

  1. josé said...
    Esta questão da substituição das instituições públicas aparentemente ineficientes, por outras supostamente dinâmicas e mais capazes, não é de agora.

    No tempo do senhor Vara do PS, o país ficou varado com a constituição de uma fundação ( isso mesmo!) para se substituir à anquilosada Prevenção Rodoviária Portuguesa, do senhor Trigoso que por vezes aparecia na tv com ar barbudo a aconselhar prudência aos condutores que continuavam a fazer orelhas moucas a tais conselhos sábios nas épocas festivas.
    Viu-se como terminou a inovação do senhor Vara, com este a esbracejar e a rosnar contra os maledicentes.

    Agora, vêm aí a brigadas fiscais, para substituir os bons velhos fiscais de finanças que apareciam nas empresas para espiolhar a contabilidade.
    COmo eram poucos e conhecidos de todos, nos sítios pequenos do país ( que são quase todos) o problema que se colocava era muito simples: assegurar a honestidade e a seriedade nos princípios e valores dos fiscais.
    Segundo alguns, para tal se assegurar de modo minimamente aceitável, seria preciso que os fiscais ganhassem bem. Neste caso e na época que atravessamos, isso significa algumas( meia dúzia) centenas de contos por mês.
    Como isso não acontecia e não acontece, os fiscais, fiscalizam o que podem e sabem. Alguns são sérios, outros nem tanto, como em todo o lado. Mas a ocasião faz o ladrão, como diz o povo e o apelo do ter uma casita melhor; um carrito melhor; um estatuto melhor e uma vida melhor para os filhos e mulher, são neste caso, a expressão do diabo.Muitos caiem na tentação e esta não significa a grande corrupção. Significa apenas uns almoços e jantares de vez em quando; umas prendas nas épocas festivas; uns descontos em certas empresas e por aí fora. É essa quanto a mim, a melhor expressão do viver português.
    Por essa razão, não quero apostar, mas facilmente adianto do meu conhecimento empírico e cheio de falhas que a economia paralela em Portugal não deve andar muito longe dos 50%! Há até quem arrisque mais uns pós...

    E quem anda no GOverno, saberá perfeitamente que as coisas são assim.
    Ou será engano meu?!

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