Perceber as SCUTS....

Basicamente o que divide a sociedade neste capítulo, e a escolha entre o utilizador-pagador ou o modelo onde o Estado paga directamente ao concessiónario por cada veículo que lá passa. Infelizmente para mim, falar de SCUTS significa ir muito mais além.

A origem das SCUTS, surgem da necessidade do executivo de António Guterres em cumprir um plano rodoviário nacional que continha cerca de 3.000 kms de estradas e auto-estradas. Existem vantagens ao adoptarmos o modelo SCUT, e a principal prende-se com a entrada antecipada da via em funcionamento ao público, o que até veio a não verificar-se.

Perceber o processo SCUT é perceber um pouco do que foi a governação de António Guterres, um país sem capacidade de dotar anualmente o Instituto de Estradas de Portugal em mais de 500 milhões de Euros .

O processo SCUT não é mais que uma vã tentativa de se erguer obra sem possuir recursos financeiros para tal alongando no tempo esses custos, diluídos de uma forma que extravasa o modelo tradicional, através de um mecanismo de cobrança virtual com um ponderador de flutuação de tráfego no futuro e , imagine-se com fortes restrições durante o período da concessão na construção e beneficiação de vias principais adjacentes. O maior exemplo choque, chama-se Estrada Nacional 125 no Algarve.

Discutir de uma forma coerente as SCUTS, é assim relativizar sobre os seus custos e raramente a sociedade portuguesa tem sido colocada à prova, com questões sobre a verdadeira utilidade em termos de criação de riqueza nacional com estradas sejam elas SCUTS ou não. Parece-me que o tempo do betão que Cavaco Silva levou a cabo, deveria dar lugar a uma aposta noutro material também cinzento, mas denominado massa...a massa cinzenta. Mas é óbvio que o país necessita de melhores vias de comunicação, mas elas já não deviam hoje ser encaradas como um prioridade como o foram e bem, durante os primórdios do recebimento dos fundos estruturais.

Veja-se por exemplo, o caso da SCUT da Costa da Prata , que liga Vagos a Coimbrões, pouco mais de 80 Kms, em termos de execução financeira, e perceba-se, que o custo total final é :



Modelo Tradicional : € 77 Milhões de Euros
Modelo SCUT : € 129,4 Milhões de Euros

Perceba-se na leitura do gráfico, o que nos falta pagar, por uma estrada que agora e bem vistas as coisas se calhar até não era lá muito necessária.

Perceba-se que este é apenas um exemplo de uma SCUT e não das 9 existentes. Perceba-se que o diferencial em 80 Kms é superior a 55 Milhões.

Perceba-se que o sistema SCUTS tem activos neste momento perto de 1.400 kms
.

Perceba-se de uma vez por todas este dilema, independentemente do sistema adoptado, que jamais nós deveríamos ter aventurado em algo que não conseguiríamos pagar no futuro, esse sim o verdadeiro erro, as SCUTS foram apenas a pior forma encontrada de consumar o erro.

A seguir... As razões insensatas de António Mexia para acabar com as SCUTS

Publicado por António Duarte 15:39:00  

2 Comments:

  1. Tino said...
    Li algures que os desvios na execução deste tipo de obra (Autoestradas ,etc) é elevadissimo, sendo muitas vezes superior a 50% do valor da obra, supostamente devido à falta de qualidade dos projectos.
    No caso das SCUT quem assume esses desvios são os concessionários e não o estado.
    Será que isso não faz pender a balança para o lado do modelo SCUT?
    Luís Bonifácio said...
    Uma coisa que eu não percebo nesta coisa de SCUTS.
    Uma vez que as estradas já estão construídas quem é que as pagou? O estado ou os consórcios?

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