humor negro


Uma revolução cultural

O Diário de Notícias de ontem dava grande relevo à cerimónia maçónica de homenagem ao falecido presidente do Tribunal Constitucional, Luís Nunes de Almeida -- eminente membro do Grande Oriente Lusitano, a principal organização maçónica nacional --, realizada na capela mortuária da Basílica da Estrela, em Lisboa, onde o corpo se encontrava em câmara ardente (só fica por explicar por que é que não foi na sede do GOL, como era, segundo se informa, desejo do falecido...). Dada a condenação papal da maçonaria, desde o século XIX (designadamente Leão XIII, 1884), bem como a posterior orientação fortemente laicista da mesma, esta celebração maçónica num templo católico não pode deixar de considerar-se como uma verdadeira revolução cultural. De resto, o grão-mestre do GOL, António Arnaut, fez questão de sublinhar, em declarações ao referido jornal, que «a Maçonaria não tem hoje nenhum conflito com a Igreja Católica» e que «tratou-se de uma cerimónia sagrada, num local sagrado, da homenagem de homens bons a outro homem bom».

Resta saber se se tratou de um acaso sem continuidade no futuro ou de sinal de uma política de aproximação entre as duas organizações espirituais...

Vital Moreira


Publicado por Manuel 03:32:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Política de aproximação entre crenças

    Sobre a notícia do DN e o prudente comentário de Vital Moreira ocorrem-me palavras de Rorty: 'parece-me uma invenção de filósofos, uma estranha tentativa de secularizar a ideia de nos unirmos a Deus’.

    MJ

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