(mais) um detalhe...

A notícia quase que passa desapercebida no meio do turbilhão voraz do golpe de estado em curso mas não é de somenos importância. Pela pena do duo dinâmico Carlos Tomás/Tânia Laranjo, que por uma vez fizeram serviço público, pode ler-se hoje no JN...


A Polícia Judiciária alertou a Procuradoria-Geral da República para o facto de não existirem provas suficientes para proceder às detenções do apresentador de televisão Carlos Cruz e do médico Ferreira Dinis. Num documento entregue na secretaria da Procuradoria-Geral, logo após as prisões dos dois arguidos do processo de pedofilia na Casa Pia, Adelino Salvado avisou Souto de Moura para a fragilidade dos indícios existentes.

Antes das detenções, num relatório feito por Artur Pereira, director da Directoria de Lisboa da PJ, que tutelou, no início, a investigação - foi ele que interrogou, por exemplo, Teresa Costa Macedo, antiga secretária de Estado da Família, Felícia Cabrita, Pedro Namora e o alegado braço-direito de Carlos Silvino -, o próprio Adelino Salvado foi informado do ponto da situação da investigação e ficou a saber que nem sequer se tinham comprovado os suspostos contactos entre os arguidos.

Sem elementos de relevo

"Pese embora o facto de, antes das detenções, terem sido interceptadas linhas telefónicas respeitantes a pelo menos dois dos arguidos (Carlos Cruz e João Dinis), não foi colhido - tanto quanto nos foi informado pela coordenadora Rosa Mota - qualquer elemento de relevo. Por outro lado, e segundo a mesma fonte - a coordenadora -, eram desconhecidos alguns elementos essenciais e básicos em qualquer investigação e, nomeadamente nos autos em causa, como sejam as localizações das residências onde os abusos terão sido cometidos, as identificações dos seus proprietários ou locatários, a existência de relações interpessoais comprovadas entre os arguidos, a falta de realização (mormente aquando das detenções de Carlos Cruz, Ferreira Dinis e Hugo Marçal) de buscas domiciliárias e em escritórios dos visados, a recolha e tratamento da facturação dos seus telemóveis e análise dos próprios telemóveis", escreveu Artur Pereira no relatório que enviou ao seu responsável máximo.

Com base nessa informação, Adelino Salvado redigiu um segundo documento que mandou entregar na Procuradoria-Geral da República. E a conclusão da missiva é elucidativa: "Tudo visto e em resumo, afigurasse-se legítimo enformar as seguintes conclusões: desde o início sempre foi intenção do sr. procurador (João Guerra, procurador-adjunto do Ministério Público que dirigiu as investigações do processo de pedofilia na Casa Pia) afastar qualquer intervenção hierárquica da PJ e, aparentemente, também do Ministério Público, na investigação a decorrer."

E o director nacional da PJ vai mais longe: "Assim, reafirmando o desconhecimento sobre os termos em que evoluiu a investigação, será de manifestar a máxima inquietação pela forma como a mesma se encontra a ser conduzida, nomeadamente em sede de fundamentação probatória, tanto em relação aos arguidos detidos (na altura em que esta carta foi enviada a Souto Moura apenas Carlos Cruz e Ferreira Dinis), como a outros indivíduos, já mencionados nos autos."


Resumindo - à margem da Constituição, à margem da Lei, fica-se de viva voz a saber - outra vez - que temos hoje uma Polícia Judiciária que faz tudo sozinha - investiga, julga e arquiva sem dar contas a ninguém. Ser dar contas, i.e. excepto claro à vernerável irmandade...

Até quando, Senhor, até quando ?

Publicado por Manuel 16:48:00  

1 Comment:

  1. zazie said...
    pelos vistos o "estágio" nos naquitos só fez bem à Tânia ";O))

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