com as letrinhas todas...

A sucessão de fenómenos (par)anormais que recorrentemente tem ocorrido na Justiça Portuguesa, nomeadamente num certo patamar, (e cito apenas dois casos - o caso "Moderna" e o caso Pio) começam a justificar, imperiosamente, uma investigação apurada ao universo paralelo dos poderes fácticos em Portugal e muito particularmente ao mundo da Maçonaria.



Se, por mera hipótese académica, um juíz é maçon e faz parte de um colectivo encarregue de avaliar um caso high profile que envolva Veneráveis Irmãos seus - hipoteticamente seus superiores lá na Loja a quem deve obdiência, o termo usado é mesmo esse "obdiência" - é licito esperar que esse juíz seja imparcial, sabendo-se como da natureza do método de progressão hierárquica e do tipo de trabalhos que a catalizam?...

E se esse mesmo magistrado, quadro público ou governante, por absurdo, tiver funções de relevo ou tela em orgãos de investigação criminal ou serviços de informação será lícito esperar independência e objectividade ?

Se um magistrado tem
, estatutariamente, restrições à sua actividade pública como aceitar, e tolerar, que possa, na maior, pertencer a organizações e sociedades secretas com um poder, de facto, infinitamente superior ao de qualquer partido político, ou organização pública, e sob as quais não existe qualquer espécie de escrutínio público?

Ou será que fenómenos de tipo P-2 é só em Itália?...

Publicado por Manuel 07:37:00  

7 Comments:

  1. JVC said...
    Muito importante, a merecer uma reflexão serena sobre limites à liberdade de associação.
    Luís Bonifácio said...
    Para um Maçon a obediência maçónica vem primeiro que qualquer outra.
    Exemplo:
    O actual Grão-Mestre (Arnaut da Saúde e não da Bola), disse numa recente entrevista, que o seu projecto de serviço nacional de saúde foi analisado e revisto pelo G.O.L. antes de ser submetido à aprovação da assembleia.

    É evidente que um magistrado que pertença a uma loja maçõnica vai beneficiar quem seja da maçonaria, seja este arguído ou queixoso.

    Não é necessário fazer muito para neutralizar estas sinistras organizações, basta ter acesso à lista dos seus membros e fazer a devida divulgação.
    josé said...
    Mesmo que se considere que na política partidária, a pertença a uma loja maçónica, pode ser um fenómeno relativamente inócuo em termos de grau de influência, ou até tráfico da mesma, não deixa de ser curioso como as iniciações se verificam geralmente em círculos de onde brota o poder.
    Aqui há uns anos, um jornal nacional, apontava nomes do governo socialista de então como pertencendo a lojas maçónicas. Um deles- João Cravinho - merece-me respeito como pessoa que procurou combater uma certa corrupção ligada a pilha-galinhas das empreitadas públicas.

    Já no que se refere a projectos e ideias políticas, é evidente que a Maçonaria procura exercer influência, pois os princípios por que se rege e que podem ser vistos nos sites do GOL e outros, não são um ideário de escuteiros, mas de " aperfeiçoamento moral" seja lá isso o que for.

    Porém, o que é totalmente inadmissível, espúrio e indecente, é que haja magistrados, particularmente juizes desembargadores e conselheiros que pertençam a lojas maçónicas. Por uma simples razão: a decisão de cada juiz vale como a de um órgão de soberania e as amizades maçónicas retiram independência, isenção e imparcialidade a quem tem o dever de assim julgar os outros.
    Se a aparente filiação do juiz Ricardo Cardoso no Benfica, serviu para lhe levantarem um incidente de suspeição, com muito maior razão, será de suspeitar se algum desembargador, ou conselheiro que tenha decidido um caso com pessoas ligadas à Maçonaria, como aparentemente têm sido alguns casos mediáticos ( Saúde, Moderna e Casa Pia) também deva obediência maçónica.

    COmo muito bem diz o Luís Bonifácio, o maçónico Arnaut admitiu o que admitiu.

    Nos casos em julgamento, se algum juiz pertence à maçonaria, isso é motivo das mais sérias suspeitas acerca da sua isenção e imparcialidade que no fundo constituem os bens mais preciosos do património de um magistrado.

    COmo também muito bem refere o comentador, o pior que se pode fazer a um maçónico, é descobrir-lhe a careca.
    Na Inglaterra, os filiados são conhecidos; aqui é o
    segredo mais completo. E os recrutamentos acontecem em áreas de poder, particularmente no judicial.
    É uma vergonha, quanto a mim.
    Descubram-lhes por isso, a careca!
    josé said...
    E isto que escrevi não deve ser entendido como uma espécie de caça às bruxas.
    Se os juizes maçónicos entendem que tal filiação os não perturba na "nobre função de julgar", então que façam declarações de interesses! Que digam abertamente que pertencem às lojas e quando julgarem outros indivíduos suspeitos de também pertencerem, toda a gente ficará a saber pelo menos isso e a isenção e imparcialidade serão certamente menos questionadas.

    De resto, as lições do caso Moderna, deveriam fazer reflectir qualquer cidadão que se pretende bem informado.
    Não há qualquer dúvida de que indivíduos investigados acusados e julgados, pertenciam a lojas maçónicas e muito do que aconteceu, o foi por causa disso e das guerras intestinas.
    Se a juntar a esses factos, se comprovar que alguns juizes que apreciaram e julgaram, também pertencem a obediências dessa ordem, quem quer que tire ilações, não sendo preciso argumentar que se estão a lançar suspeitas sobre indivíduos impolutos.
    À mulher de César...sendo por isso perfeitamente legítimo que os cidadãos se interroguem sobre o assunto.

    Parece-me aliás, um caso sério e paradigmático.
    josé said...
    Em Portugal, de há trinta anos a esta parte, instalou-se no poder, uma classe político partidária que pivoteia em bloco central: é o PS e o PSD quem domina o aparelho de Estado e a colocação de apaniguados nos centros de decisão de empresas que são públicas e que são vitais para a economia de cada país. Nas águas, energia, transportes e comunicações quem manda é o Estado, ou seja o GOverno da ocasião.
    Sendo esse poder de nomeação muito importante para assegurar influência e captar, digamos assim, dividendos ( que podem ser eleitorais...através do patrocínio e de outros esquemas mais complexos) quem é colocado nas funções executivas e com que critérios?!

    Quem discute e escolhe os nomeados? Onde?!
    Seria interessante saber como foram escolhidos os administradores das empresas públicas mais poderosas, por quem e onde foram discutidos os nomes.
    Seria interessante saber como se distribuem as remunerações nessas empresas e por quem.

    Seria muito interessante saber como é possível que a Galp Energia por exemplo tenha gasto em consultadoria, para privatizar 33,34%, cerca de 160 milhoes de euros!!!!

    160 milhões- 32 milhões de contos- para advogados de escritórios conhecidos como é o caso do Júdice.
    Para quê? Dar pareceres ao GOverno!
    Em nem me apetece escreve mais que isto até me indispõe.
    Irra! Quosque tandem?!!
    António Balbino Caldeira said...
    Ó José, puxe os seus textos destes comentários para um post. É que é chato citar comentários: não sei se resulta bem. E quero citar esta excelente e corajosa opinião. O problema do sistema é a falta de escrutínio das decisões políticas: o afastamento do povo da política e dos políticos deriva da tomada de consciência desse facto.

    Daí a necessidade de resolvermos o problema democrático das sociedades modernas: a intermediação, nos partidos, de grupos de controlo local com grandes eleitores dos governos e do Parlamento. O sistema político da designação de governantes através da angariação de fichas de militantes não pode continuar.
    Luís Bonifácio said...
    Para alêm do facto conhecido, relativo à lei do Serviço Nacional de Saúde, as ligações do extinto IPE / Fundação Oriente (Braço económico do GOL) com particular incidência em negócios pouco claros em participações em empresas no Brasil, que o IPE vendeu com enormes prejuízos para o erário público e o pouco claro negócio das águas de Sócrates, que obrigou as autarquias a passarem parte de sua infraestrutura para o IPE. IPE esse que tinha quadros principescamente pagos, cuja única actividade conhecida eram a de sair de gatas quase todas as noites, de um certo bar na zona das amoreiras

Post a Comment