"Política à Mocada"


Luciano Alvarez, in Público

Em 1975, durante o PREC, alguma direita mais radical alinhada com a "Maioria Silenciosa", trouxe ao debate político a moca de Rio Maior. Um pau maciço, com uma ponta mais larga cravejada de pregos e que era a arma que essa direita imbecil entendia ser a melhor para combater os comunistas.

Trinta anos depois, numa campanha para as eleições europeias, o Bloco de Esquerda (BE) reinventou a moca. Os cartazes que já estão afixados, pelo menos em Lisboa, mostram um padeiro sorridente (alguma da malta que, em 1975, se passeava pelas ruas com a já referida moca também sorria) com um rolo da massa na mão direita e uns pães tipo cacete na outra. "Estás farto? Vota em quem lhes bate forte. Bloco de Esquerda. Na Europa como em Portugal", está escrito no referido cartaz.

Qual é a primeira conclusão que se pode tirar deste placar? A política, a forma de fazer política do BE, é a da mocada e da traulitada (espera-se que só verbal). "Na Europa como em Portugal".

Numa campanha em que PSD-CDS e PS têm apostado em imagens futeboleiras para fazer campanha, o BE apresenta agora o rolo da massa contra os cartões vermelhos e amarelos, os apitos e os cachecóis. Num momento de crispação verbal na política portuguesa, o BE cava o fundo do poço prometendo que vai bater forte (espera-se que só por palavras). "Na Europa como em Portugal".

"É uma imagem", dirão os bloquistas. Pois é e bem verdadeira. É a imagem de quem acha que a política se faz à cacetada (deseja-se que apenas com o verbo), que vive de "sound-bytes".

É lamentável que uma força política que no início até trouxe algumas ideias novas ao debate político, aposte, agora que alcançou algumas cadeiras do poder, numa forma miserável de intrevir no debate democrático. Que entre no vale tudo que tantas vezes criticou aos outros.

Acharão que têm graça?


Publicado por Manuel 06:19:00  

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