Ensaio sobre a Insanidade

João de Deus Pinheiro, jogador do circuito europeu de Golfe, futuro deputado europeu nas horas vagas, entre os torneios, e ex-reitor da Universidade Moderna, é citado hoje em declarações no JN, que provavelmente, levarão a maioria dos portugueses a questionar seriamente a intenção em apostar nele como cabeça de lista do PSD/PP, para as eleições europeias. Nem a oposição mais eficiente conseguiria destruir tão bem, e em tão pouco tempo, a credibilidade política de um candidato como Deus Pinheiro conseguiu, com a agravante de este ter conseguido auto-destruir-se, sem mácula e com muita demagogia.

O caso foi tão grave, uma vez que as declarações foram proferidas num debate sobre a estratégia a empreender nas Europeias pela coligação, que Durão Barroso, terá ficado seriamente a pensar, se valia a pena participar na conferência de hoje “A importância das Europeias”.

Mas o que disse João de Deus Pinheiro de tão grave ?

Deus Pinheiro frisou que o país entrou em recessão em 2002 e reconheceu que o ex-ministro das Finanças Pina Moura "tentou inverter a situação”.

Apenas e só isto. Bom andei eu, durante quase 3 anos a tentar defender que a economia portuguesa atravessou um arrefecimento que vem desde o ano de 2000, transformado em recessão apenas em 2003 – entende-se por recessão a quebra do PIB em três trimestres sucessivos, andei eu a defender que um dos maiores erros foi a ausência de medidas estruturais na época de ouro da economia portuguesa, andei eu a bater-me com a esquerda, não pela tese da herança justificativa da crise mas pela tese da incompetência de Pina Moura e Oliveira Martins com Guterres à cabeça, e vem agora o cabeça de lista do PSD/PP dizer que afinal o país entrou em recessão em 2002, curiosamente o ano em que o PSD formou Governo e, como se não bastasse, que Pina Moura ainda tentou inverter a situação.

Se houve algo na política económica de Guterres, que funcionou foi Sousa Franco que, graças à sua tenacidade e alguma demonstração de sensatez, impediu que o descalabro das finanças públicas começasse logo na tomada de posse de Guterres.

Não sei o que aconteceu na cabeça de Deus Pinheiro, mas alguém que enquanto ministro das finanças leva o défice de Portugal aos 4,1% em 2001, levando o país a violar o PEC, alguém que em conjunto com um actual quadro do Barclays, maai uma certa sociedade de advogados, arranjou a ENI como parceiro para a Galp Energia, e assinou um acordo ruinoso para o Estado Português prevendo a obrigatoriedade de uma IPO numa altura que as dot com já rebentavam no NASDAQ, alguém que a seguir patrocinou uma isenção de 525 milhões de contos numa mais valia realizada na venda da Galp aos mesmos italianos, alguém que ousou congelar o preço dos combustíveis, obrigando o erário público a suportar a diferença entre o preço de mercado e o preço congelado – diminuição na receita obtida via imposto petrolifero, alguém que inventou a tributação de mais valias em bolsa num prazo superior a um ano levando empresas como a Sonae e a PT sgps a mudarem a sua sede social para a Holanda, alguém que aprovou um orçamento conhecido como o orçamento limiano - de tão triste memória, tentou inverter que situação ?

Pode Deus Pinheiro tentar depois dizer que foi “foi o actual Governo que conseguiu, em dois anos, dar a volta à situação económica”, tentando conseguir o apoio das bases do partido e retirando dividendos da melhoria económica, que mesmo assim ele falha redondamente.

Falha porque, a situação económica, estando melhor, não está estável.

Falha porque, não fossem as medidas extraordinárias e o défice tinha sido de 5,0%, levando-me a questionar seriamente, se temos uma consolidação orçamental ou não.

Falha porque anda de volta da agricultura e da pesca, quando Portugal há muito deixou esses sectores.

Falha quando diz que “O Governo do PS fugiu porque não teve coragem de inverter a situação”, pois o governo do PS fugiu porque não conseguia inverter a situação.

Falha porque quando ele não conseguir defender os interesses de Portugal em Bruxelas ou em Estrasburgo, legitimamente o PS está mandatado para dizer, que os interesses de Portugal não foram defendidos porque Deus Pinheiro não teve coragem.

Falha porque estabelece um objectivo que até Miguel Frasquilho, sabe ser inantigível “criar condições para que em 2006 Portugal esteja acima da média europeia”.

Mas, falhou Durão Barroso, que escolheu um filho de um Deus Menor, quando teria certamente melhores candidatos que certamente não reconhecem em Pina Moura os méritos que Deus Pinheiro, em puro delírio, afirma ver.

Haja quem acredite...

Publicado por António Duarte 00:25:00  

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