e dizem que ele não está em forma...

Vasco Pulido Valente
'Pop star'

O dr. Santana Lopes não é bem um político, é uma pop star. Sem o seu Sporting, sem a televisão, sem o 24 Horas, sem a imprensa dos «famosos», sem uma vida imensamente pública, o dr. Santana Lopes não seria essa personagem tão querida ao coração da plebe democrática. Como disse um admirador, Rolo Duarte, ele pertence à era do marketing, do soundbyte e do reality show. A sua carreira sempre foi, de facto, um reality show. No PSD, por exemplo, «animava» os Congressos, que sem ele, não teriam espécie de «audiência»: e toda a gente lhe agradecia o número. Mesmo, nos seus grandes momentos, não se conseguiu nunca distinguir a substância do espectáculo, porque, na verdade, não havia diferença. Por causa disso o dr. Cavaco não o fez ministro. Mas também por causa disso Rolo Duarte o adora e o acha um «gajo como nós», um irmão concorrente do Big Brother português. Só que uma pop star tem uma exigência essencial: o melodrama. Um Santana Lopes calado, gerindo em sossego a Câmara de Lisboa, não existe. Para existir, o Santana Lopes genuíno precisa de estar continuamente em cena e, de certa maneira, em perigo. Precisa de uma candidatura à Presidência da República, que surpreenda, confunda, irrite, crie polémica ou suspense ou inimigos. E de obras clamorosas, que agitem e perturbem a cidade: um túnel impensável, um Parque Mayer de fantasia, uma coisa qualquer protuberante. Agora parece que lhe arranjaram (ou ele arranjou) um sarilho com o túnel. Melhor. A candidatura a Belém anda sobre o murcho. A SIC já não lhe dá tempo de antena. Excepto no 24 Horas, ele ia a pouco e pouco entrando numa perigosa meia sombra e uma pop star não se pode esvair assim. O embargo do túnel é a salvação. Santana Lopes, no seu papel de vítima, vai com certeza refulgir. Lisboa que se lixe.

Publicado por Manuel 02:05:00  

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