Portugal Confidencial Parte III – A Pista da Energia

Depois de na parte I e na parte II, nos termos nos debruçado respectivamente sobre o negócio Galp/Carlyle e sobre a aparente ¿inabilidade¿ negocial de Pina Moura e Eng.º António Guterres na assinatura de um acordo que primeiro comprometeu o futuro e depois de uma aparente isenção de mais valias na alienação da Petrocontrol à Eni e à EDP, chegou a hora de fazer um pequeno balanço entre consórcios e personalidades e quanto já cada um ganhou nesta operação.

Os três consórcios que concorrem a Galp todos eles apresentam trunfos, apesar de ser badalado na imprensa internacional, que o Carlyle Group já ganhou.

Comecemos então pelos maiores protagonistas desta ¿longa história¿ :

  • António Mexia : Porque quer ele que o Carlyle Group ganhe ? Ou melhor porque sabe que senão ganhar, o lugar que detinha no BES voltará a ser ocupado por ele.

  • Ricardo Salgado: É o representante financeiro do Carlyle Group, tendo já na altura da Petrocontrol, estado presente na Galp. O seu interesse na Galp não é alheio aos interesses em Angola, através da Escom.

  • Martins da Cruz: Já aqui na Grande Loja, falamos dele. O estranho é que sendo ele ex-ministro dos negócios estrangeiros com fortes conhecimentos em África e nos Estados Unidos, acaba por ser o representante do Carlyle. Mais estranho são os fortes apoios de Durão Barroso para avançar com a operação via Carlyle, por duas razões - Primeiro a vitória de Zapatero em Espanha confere-lhe maior exposição junto de George Bush, e uma vitória do Carlyle Group iria permitir consolidar apoios junto de Bush. Depois dadas as fortes ligações do Carlyle à África Austral, em caso de vitória do consórcio Carlyle, Durão reforçaria a sua posição geo estratégica.

Portanto, se dúvidas existiam, quanto ao vencedor, elas ficam desfeitas, quando o CEO da Galp ¿quer¿ o Caryle Group ambicionando talvez um voo maior na sua carreira, e quando o próprio primeiro ministro impulsionou um ex-ministro a avançar na operação. Não será alheio também a formação de um consórcio bancário com o BES (avançado desde a primeira hora na Grande Loja como envolvido no projecto), CGD e uma instituição financeira estrangeira (fala-se num tal de Citigroup). Aliás a entrada da CGD no consórcio Carlyle, motivou o reforçou do consórcio Viacer , onde Artur Santos Silva defende os interesses do BPI, por parte dos espanhóis da La Caixa.

Depois de deixarmos as personalidades mais ¿faladas¿, e faltando aqui Franck Carlucci, que se encontra quase totalmente retratado, em Portugal Confidencial : Pista da Energia Parte I, avancemos para as contas deste negócio, que tem vindo a ser explicado, nas várias intervenções da Loja.

PETROCONTROL
  • Comprou em 1992 a participação de 33,34 % pagou 439 Milhões de Euros.

  • Vendeu a ENI ( 22,34 % ) e EDP ( 11,00 % ) 963 Milhões de Euros

  • Mais valia realizada - 525 Milhões de Euros

  • A título de compensação por um negócio que segundo o presidente da Petrocontrol ¿ Diogo Freitas do Amaral ¿ resultou de
    pressões políticas com as cedências de terrenos que a Petrogal tinha na Parque Expo, recebeu mais 9 milhões de euros.

  • A mais¿valia realizada não foi tributada. O executivo de António Guterres isentou a mais-valia, ficando o Estado sem cerca de 135 Milhões de euros, que poderiam ter servido para atenuar por exemplo o défice.

ENI
  • A italiana ENI, aproveitou o erro do Engº Guterres, que vá se lá saber porque, e fez o negócio da China. Comprou os 22,34 % a Petrocontrol e os 11,00 % a Parpública. Pagou por eles 917 Milhões de euros.

  • A ENI recebeu 650 milhões pela saída. Mais 17 Milhões de dividendos. Mais 49 % da futura EDP Gás avaliada em 800 milhões de Euros. Ou seja 1017 Milhões de Euros.

  • Mais valia realizada - 100 Milhões de Euros.

  • Mas o acordo da ENI, envolvia uma compensação à Iberdrola que desde sempre afirmou querer sair do negócio do petróleo e avançar para um mercado regulado como o gás.

Ou seja, e porque estamos a começar a chegar a um ponto de não retorno. Um acordo celebrado pelo Engº Guterres, originou ao Estado Português perdas irreparáveis. Consequências deste mau acordo, não se vislumbram até a data, para quem o assinou. Ou melhor há uma, Joaquim Pina Moura na altura ministro da Economia que arranjou a ENI como comprador, será dentro de algum tempo, o presidente da Iberdrola Portugal.

Debrucemo-nos em contas simples. O valor pedido pelo Estado Português é de 1000 milhões de Euros por 33,34 % da Galp Energia. E sabemos que o consórcio Carlyle apenas pretende ¿manter¿ a participação por um período entre os 4 e os 6 anos.

Dadas as ligações deste consórcio ao Brasil ¿ Petrobras e Angola- Sonangol, é cada vez mais legitimo pensar num triângulo, que não é de todo mau, dadas as posições estratégicas que estas duas empresas tem no negócio do petróleo. O problema é a falta de transparência que está subjacente desde o princípio e que nos levam a duvidar de quase tudo.

Entretanto, no consórcio, Caryle/BES/CGD/Fomentinvest, temos Patrick Monteiro de Barros.

A rede petrolífera norte americana Tosco Corporation era detida em grande parte pelo empresário Português Patrick Monteiro de Barros. Aliás em 26 de Janeiro de 2002 passou a deter uma participação de quase 2% da Portugal Telecom. Monteiro de Barros, através de uma «holding» «off-shore» ligada ao seu «trust», é assim um dos maiores accionistas individuais da PT, logo a seguir a Luís Silva (que detém cerca de 2,3%). Tratou-se de um investimento global de aproximadamente 200 milhões de euros e confirmava a intenção de Monteiro de Barros apostar forte no título PT, que tinha vindo a considerar uma das «telecoms» mais atractivas da Europa.

Começemos então pela Tosco Corporation :

A empresa norte americana era detida por Patrick Monteiro de Barros e em 31 de Março de 1997 adquiriu a Union Oil Company of California West Coast , vulgo UNOCAL. Se os nossos leitores forem ao primeiro post sobre o assunto, irão rapidamente, concluir que esta companhia petrolífera era tida como uma das faces do financiamento à Al-Qaeda. Esta aquisição concretizou-se por USD $1.400.000.000.

O acordo contemplava da parte da Tosco Corporation o seguinte :

¿The purchase price paid pursuant to the Unocal Acquisition consisted of cash and 14,092,482 shares of Tosco Common Stock (the "Unocal Shares") having an aggregate value of $396,880,000. In addition, certain gasoline service stations were purchased directly from Unocal for $235,000,000 by a special purpose entity which leased the service stations to the Company pursuant to a long-term lease. The Unocal Shares were valued at $28.1625 per share, which was the average of the high and low Tosco stock prices for the ten trading days preceding the closing date. The cash portion of Tosco's purchase price, including working capital, was paid to Unocal on April 1, 1997 from a combination of available cash, borrowings under the Revolving Credit Facilities (Note 6), and proceeds from the sale of $600,000,000 of unsecured debt securities (Note 7). ¿

Até aqui trata-se de um negócio perfeitamente ¿normal¿, ainda que ambíguo dado tratar-se da aquisição de uma parte da empresa, que já referimos, possuía nesta altura fortes ligações ao mundo árabe, nomeadamente à Al-Qaeda.

O verdadeiro problema surge que nesta data o empresário Patrick Monteiro de Barros era uns dos investidores da Petrogal via Petrocontrol, e exercia cargo de director-geral na petrolífera portuguesa. Incompatibilidades ?

Ficam por responder o que fazem a Fundação Patrick Monteiro de Barros e a Protea Holdings.

Demasiadas dúvidas.

Voltando à Galp Internacional Trading Limited, vulgo GITE...

As últimas notícias nos estados unidos, dão conta de uma empresa de nome Galp Internacional Trading Limited, que já aqui focamos onde estabelecendo as ligações da Galp à Asat Trust, uma das faces financeiras da Al-Qaeda.

Segundo essas mesmas notícias, a GITE participou no programa oil for food no Iraque. O representante da GITE, o senhor Erwin Watcher afirmou que desde o primeiro dia que a GITE participa no programa e que mudou de representante , passou da Asat Trust para a Sercor, devido ao bloqueamento das contas da Asat Trust na sequência do 11-Setembro. Ou seja aquilo que jornais altamente credenciados nos Estados Unidos indicam é que a GITE ¿ única empresa citada em todo o processo ¿ está de facto ligada a AL-Qaeda e ao petróleo do Iraque. Tudo isto por causa do escândalo nas Nações Unidas.

Descobrimos também que afinal a Lissarasso Shiftung avançada como uma das donas da GITE não têm sede no Liechenstein.

Questionamos o que faz uma fundação (Shiftung) que se "dedica" a programas educativos no capital de uma empresa cujo core business é o comércio de petróleo ...

A Galp Energia em comunicado enviado a comunicação social, afirmou que a GITE, nunca participou no programa oil for food.

Para terminar esta parte três, Maria José Morgado afirmou em 2003 ¿tráfico de droga é uma brincadeira ao pé do contrabando de álcool e tabaco e das fraudes dos combustíveis¿.

Afinal, quem mente ?


Publicado por António Duarte 19:55:00  

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