Contra factos...

Eduardo Cintra Torres escreveu no Público uma crónica sobre um tema que sabia ser melindroso.
 
Escreveu sobre pessoas que trabalham na SIC e estão ligadas por motivos estritamente familiares a uma alegadaelite política” que por sua vez se viu envolvida no escândalo da Casa Pia. O melindre é óbvio!



O que escreveu de substancial ECT?

Copiam-se as frases-chave ...

“O que chama a atenção é a quantidade em contraponto com a pequenez numérica da redacção conjunta da SIC e SIC Notícias”

“ ...com pessoas que estão ou foram directa ou indirectamente relacionadas com o caso da Casa Pia”

“As elites portuguesas são pequenas”

“As elites são endogámicas, casam entre si para controlarem a sua população e reproduzirem o seu poder.”

Fala em coincidências que são tantas que merecem reflexão e conclui que a partir da altura em que o processo envolve membros das elites política e mediática, a informação da SIC distanciou-se do ponto de vista das vítimas e aproximou-se da dos arguidos.


Hoje, no Público, o director de informação da SIC e alguns dos visados escrevem em sua defesa, atacando o “crítico”!

Alcides Vieira, o director, diz, além do mais ...

“Em vez de escrever sobre o que vê na TV, ECT decidiu tratar um tema melindroso. E fê-lo numa perspectiva psico-sociológica que esqueceu os factos e a razão”-“.

"Prossegue o raciocínio do crítico: se esse meio é a uma estação de televisão, como a SIC, e está pejada de jornalistas casados, com famílias e amigos importantes, então a coisa, de séria, poderá atingir dimensões gravíssimas, como alterar, a favor de alguém, toda a linha editorial da estação, isto é, pôr, em última instância e no plano teórico, claro, um meio poderosíssimo ao serviço de interesses inconfessáveis. Bravo! ““

A tese de ECT é notável: constrangidos no refeitório e nos corredores da estação, devido à presença de amigos e familiares dos advogados de arguidos, os jornalistas da SIC abandonaram o jornalismo e passaram a dar as notícias que servem, não as vítimas, mas os tais membros das elites.”

“Se não fosse tão ofensiva para os jornalistas da SIC, esta delirante crónica de ECT até tinha piada.”


E termina...

“Afinal, a quem servem as crónicas de ECT?”


Acabada a cópia, comenta-se já ...

servem a muita gente que precisa de saber quem é quem na formatação das notícias que entram pela casa dentro de milhões de pessoas! Só por isso, a crónica é serviço público.

A escolha de notícias, o critério de abertura dos noticiários e o modo como se discutem em redacção, as imagens que se colocam no ar, os temas que se abordam e os convidados que aparecem a comentar ou a esclarecer...

... tudo isso é matéria reservada em que o senhor Alcides pontifica.

E não dá explicações ao público.

Dará a alguém?! Também sobre isso gostaríamos de saber mais. Sem qualquer processo intencional, só para saber.


Os senhores Alcides das televisões possuem assim e desse modo um poder que muitos associam a um quarto poder do Estado, o da informação!

E que todos reconhecem ter um peso incomensurável na formação da opinião pública, na marcação de agenda de políticos e na influência, em último caso, no voto.

Só um ingénuo que não se chame Alcides Vieira é que supõe que as televisões e particularmente as redacções de televisão, obedecem a critérios jornalísticos bacteriologicamente puros e sem interferências do mundo exterior, subtis ou à martelada.

Havia um político cujo nome não quero lembrar, e que se estava a cagar para o segredo de justiça, que disse há pouco tempo que Isto só lá vai à canelada!

Daí que o ECT tenha prestado serviço à comunidade ao escrever e apontar as coincidências.

A releitura da crónica, aliás, permite que se possa dizer que não há insinuações maldosas ou enviesadas. Para além dos factos – relações familiares entre membros das redacções das SIC e certa elite política identificada, há uma afirmação ...

"a partir de certa altura, precisamente aquela em que se tornou público o envolvimento de membros da elite política e mediática, a SIC passou a dar mais importância a teses de defesa do que o contrário."

A afirmação é eventualmente comprovável e demonstrável e a meu ver, até será humanamente compreensível, precisamente pelos motivos expostos e é por isso que a identificação das relações familiares tem importância e não constituem qualquer processo tenebroso de intenção dirigido àqueles profissionais.

Se fossem verdadeiros profissionais, as reacções, a meu ver poderiam e deveriam ser de outro teor, o esclarecimento de como chegaram onde estão, para que não restassem dúvidas acerca da sua real competência e não da presumida, a demonstração da isenção e imparcialidade com que tratam assuntos que envolvem familiares directos. Esperava ver a demonstração de uma classe que não se belisca com o apontar de factos e não vê insinuação maldosa onde apenas se levantam questões que qualquer pessoa pode e deve colocar.



Nas respostas ao Público, apenas a jornalista Sofia Pinto Coelho o faz com essa classe. E bem!

Mas não deve, a meu ver ,enfiar qualquer carapuça, porque o ECT, na minha leitura de copista, também não o procurou fazer.

E deveria pensar que contra factos não pode haver argumentos, só justificações. Que aliás, ela deu e pela minha parte aceito. Sem fazer mais perguntas.

Sobre os outros dois, nem vale a pena comentar muito, recorrem ao insulto pessoal que neste caso, mesmo que antes não existissem, infunde as mais sérias reservas sobre a isenção que alguma vez possam ter sobre o assunto e acrescentam sérias preocupações de que o ECT possa ter razão quanto às coincidências apontadas. Contra factos...

Adenda

O insulto pessoal, é o que se faz ... à inteligência de quem lê, bem entendido!

Publicado por josé 11:36:00  

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