O Teixeira


«Justiça, justiça» e «Rui Teixeira, Rui Teixeira» foram palavras de ordem gritadas várias vezes ao longo do percurso entre o Rossio e o alto do Parque Eduardo VII, numa alusão ao Juíz do Processo Casa Pia.
Agência Lusa


Agora que tenho tempo, volto ao tema: «Justiça, justiça» e «Rui Teixeira, Rui Teixeira».

Sou um gajo mais ou menos novo, porque isto da idade não depende de nós, mas sim da idade que nos dão. Posso ser muito velho ou muito novo e vice-versa. Adiante.

Quero dizer com isto que não me recordo de alguma vez ter visto um punhado de gente na rua a gritar pelo nome de um Juíz.

Quando um amigo me ligou a dizer que o povo da Marcha Branca estava a gritar «Justiça, justiça» e o nome de um Juíz, ainda cheguei a pensar que os homens e mulheres vestidos de branco estivessem a dar vivas ao presidente do Tribunal da Relação de Lisboa (o tipo do «eu parto esta merda toda»).

Como antes de o meu amigo me dizer o nome, a chamada foi abaixo, lembrei-me de outro. Queres ver que há uma manifestação de solidariedade para com o Martins dos Santos que pediu desculpa ao Sporting. Entretanto, a chamada voltou e diz-me o meu amigo: «Acreditas que estão a gritar o nome do Teixeira?».

Afinal era o Teixeira. E acreditei. E hoje ainda acredito.



Já sei que, mais dia, menos dia, vem alguém para as televisões perorar sobre o perigo que isto representa para a Magistratura, a imagem do Juíz «justiceiro».

Não acho que daí venha grande mal, pior seria o Camacho vir dizer que o Benfica tem equipa para ser Campeão.

Mas esta alteração de paradigma do comportamento da populaça em relação ao Processo Casa Pia tem uma explicação: os advogados.

Basta recuarmos até ao dia que Carlos Cruz foi detido, e vermos a evolução social do caso antes de os advogados entrarem em cena. A gota de água foi o incidente de recusa do Juíz.

Não sei quem paga aos tipos, mas já deviam saber que tal só funcionaria em favor do Juíz: o Teixeira apareceu vitimizado.

Depois há a questão psicológica, de ver um homem que se veste como os demais (a ganga, segundo sei, nem sequer de «marca» é) a levar porrada dos engravatados, todos sorridentes a sair do Centro de Estudos Judiciários.

Foi aqui que a defesa perdeu no Tribunal da Opinião Pública, em que tanto apostava.

Agora, como escrevia premonitoriamente o António Pinto Leite no Expresso, há que esperar que seja deduzida a acusação. Até lá, tudo o resto é mercearia.

E como escrevia o articulista (detesto esta palavra) vamos ver quem são os advogados que continuam com o caso.

É a vida!

Publicado por Carlos 13:38:00  

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