Uma entrevista revista...
quarta-feira, março 31, 2004
O ex-Mata Mouros CAA brindou os leitores do Blasfémias com um postal em que critica a entrevista do juiz Teixeira, o do processo Casa Pia.
Que diz CAA?
Pois... que o becado não devia ter aberto a boca para os jornais! E porquê?
Porque lhe topa a falta de senso e recato, atributos que lhe exige por ser pessoa que já “deteve tão importantes responsabilidades”. Para além disso, imputa-lhe alguns pecados graves, em becados - não ter condições mínimas de imparcialidade para ter desempenhado as funções de JIC é um deles.
Mas ainda o mimoseia com outras considerações. Diz que o becado, na entrevista, fala de provas, designa culpados, julga e sentencia, sem contraditório (!). Ainda por cima, diz que manda recados para os que continuam em funções.
Eu comentei o postal e apodei-o de exemplo de chico-espertice. E o CAA brindou o comentário com outro postal no qual defende a sua honra e repudia o anátema.
Disse-lhe que era chico-espertice escrever sobre o assunto Casa Pia anatematizando o juiz, só com a leitura de jornais e sem ter experiência de juiz ou competência para avaliar tecnicamente decisões judiciais.
Ele diz que conhece mais do que isso e daí o fundamento para o julgamento de carácter.
Mas diz mais e é isso que interessa:
CAA foi advogado e actualmente ensina Direito. Não deve ser dos lentes de cátedra - pois são poucos e contadinhos pelos dedos das mãos! No entanto, isso permite-lhe afiançar que conhece os dois lados da “barricada”.
Não quero duvidar muito, mas de que “barricada” se trata? A do ensino de Direito versus a dos tribunais ?
Mais, a seguir diz que o becado Teixeira não tem culpa “pessoal” e imputa esta a uma entidade colectiva que designa como “máquina judicial acéfala” que lhe pousou o processo nas mãos - e logo este - tão complexo perante a sua “falta de condições objectivas e subjectivas para o suportar”!
Há quem discorde de entrevistas de juizes, seja na imprensa ou na rádio e tv. Os argumentos resumem-se a um - recato, recato e mais recato.
As decisões judiciais devem ser auto-suficientes e auto- explanatórias. Tudo o que vai além disso, para eles, são palavras a mais. E criticam ferozmente quem se expõe, inventando um palavra maldita para a designação desse mal - protagonismo!
Não sei quem falou nela a primeira vez, mas já tem uns anos largos. E como tal, fez alguma escola, precisamente no CEJ e nos tribunais de estágio, onde a formação que é dada ao magistrado segue cânones firmados no velho ditado - o que vem detrás, toca-se para a frente.
Assim, como o que vem detrás é o imobilismo mais atávico, a contradição começou a instalar-se e já é notória - os tempos mudam e as pessoas não! E muitos falam do antigamente com a nostalgia da arca perdida.
Quem nessa altura tinha a idade do juiz Teixeira, tem agora a idade da reforma. Quem formou os magistrados, desde então e com base em quê?!
Foram as Faculdades de Direito e foi o Centro de Estudos Judiciários!
Criado em 1979 o CEJ foi sempre dirigido por magistrados - da “velha guarda” e formados na tarimba do ofício, começado geralmente por um lugarzinho em comarcas pequenas e nomeados (como?) sub-delegados.
Estes “pais dos órfãos” e “protectores de viúvas”, oficiavam em nome do MP e em trânsito durante durante alguns anos, até que chegavam ao lugar de juiz e por sua vez encontravam os “delegados”- que eram “deles”, pois sempre se lhes referiam paternalmente como “o meu delegado”.
Era esse o tempo em que um juiz , no alto do seu cadeiral, podia mandar para a cadeia - que ficava ali ao lado - quem quer que fosse, por um putativo desrespeito ao tribunal, durante três dias. Sem apelo - o agravo viria depois.
Esta matriz, marcou obviamente a formação dos formadores de magistrados.
O paradigma foi sempre o do respeitinho ao juiz, numa altura de respeitinho geral e mentalmente substituto do pai e do chefe, cimentado pela noção de que o tribunal se confunde com ele. O paradigma de Gil Vicente já não se sentia; Napoleão mandou fazer um Código Civil e Montesquieu dividiu teoricamente o Poder. O judicial ficou com um parte de independência e responsabilidade.
Nos anos oitenta, no CEJ que então lucidamente dirigia, Laborinho Lúcio tinha pouco mais de quarenta anos e não se revia certamente nos “velhinhos” do Supremo Tribunal de Justiça como modelos de comportamento oficial. E tinha razão. Bastava ouvi-los nas conferências em que por vezes participavam, no Limoeiro. O Conselheiro Octávio Dias Garcia, sem desprimor para a sua integridade e respeitabilidade, simbolicamente, parecia uma águia dos Marretas na sua ponderação aquilina e de asas pesadas. O discurso, sendo válido na substância dos valores matriciais, era velho de dezenas de anos na sua forma retórica. Como eram velhos os colegas de bancada no STJ.
Um dos Almiros do CEJ de então, antes de se tornar num futuro TPI, confessava em privado, no corredor antecâmara da Salão Nobre do STJ, que “são todos assim” ! O “assim” era a decrepitude na pose e nas palavras de circunstância; no discurso pomposo e afastado da realidade mutante. Para alguns, porém, isto era a “elite”! Que vinha do tempo em que o juiz na vilória e até na grande cidade, era conhecido pelo nome e pelos costumes regrados e exemplares e a quem era dado o lugar na cabeceira das mesas das famílias nobres.
Eram remediados quando não tinham fortuna da mulher ou da família. Viviam com a casa às costas de seis em seis anos e os filhos eram educados em conformidade. As mulheres eram domésticas e começaram aos poucos a ser professoras:. Primeiro da primária e depois, da seguinte.
Os valores eram uniformemente acelerados, nos anos sessenta e rapidamente chegou o 25 de Abril e as mutações sociais.
Hoje, no STJ estão os quarentões dos anos oitenta. Aqueles que viam os Octávios de águia de pena caída, estão arreguilados para a modernidade, mas parecem não saber lidar com ela. Já não usam chapéu e não gostam de enfiar barretes, mas parece que nunca aprenderam a ter outra postura que não a da altivez no poleiro. Ostensiva ou estrategicamente reservada, de humildade fictícia. Quem os olha, por mimetismo reflexo e por tradição na pose, nunca os vê no lado mais airoso e natural, e tende a apreciar o que vê - porque não os vê doutra forma!
Se fossem juizes, era assim que seriam! Pomposos e reservados, de voz soturna ou de tenor. Como não tem sido lugar de mulheres (et pour cause) o paradigma não se alterou em dezenas de anos. Como não se aparece outro, o reflexo social reproduz a imagem da antanho - reserva nas palavras e na mentalidade! Fato assertoado silencioso e gravata a condizer; protagonismos proibidos , seja em revista social ou na televisão. Esse mundo, não é desse reino! E assim chegam ao STJ, anonimamente, alguns reservados que se jubilam no silêncio de uma carreia anódina e outros cuja escrita é brilhante e fica baça de tanta reserva.
Pouquíssimos conquistam o direito à palavra pública e geralmente são olhados de soslaio pelo contingente remanescente. Que o diga um Fisher Sá Nogueira - que nem isso escreveria um Abel Delgado, se vivo fosse! O silêncio, para um juiz antigo, é de ouro e como tal estimado e guardado na arca encoirada.
Quem lê os que escrevem sobre os atrevimentos dos juizes Teixeiras ou Silvas e que hoje falam à comunicação social sem preconceitos de águia reais, observa os habituais apontamentos: um juiz de t-shirt! Onde já se viu?! A falar do que faz?! Como assim?! Que se atenha à sentença! Que se fique pelo despacho! Ora essa! Sob a capa do remoque, circula o preconceito mais reaccionário.
Para eles, um despacho deve bastar por si, para explicar e sem necessidade de mais satisfações!
Esta mentalidade que tem escola montada em diversos locais da magistratura, e refúgio em muitas cabeças pensantes, nos jornais e editoriais, não tem defesa à vista nem argumentos na algibeira. É assim porque é assim! E quem não compreende é porque não percebe a especial natureza da função. Que é elevada, no alto do ninho das águias. Como é natural, nunca se viu estes pássaros de altos voos conferenciar com melros ou galinhas! Para quê mudar a natureza ?
Em escrito antigo, salvo erro, o prof. Mata-Mouros fez a defesa de algo parecido. Parece que entretanto mudou e defende agora a ...
Porém, o que ele critica ao juiz Teixeira não é o excesso de modernidade. São as decisões concretas deste caso bem concreto que envolve pequenitos abusados - o que parece não o incomodar minimamente. Incómodo a valer, são as decisões do juiz. E vê na entrevista o reflexo delas.
Depois de lhe assestar as baterias, dispara - “o juiz foi desleal com a colega que agora titula o processo”!
Como isso?! Então se a “colega” decidir, num futuro próximo em contrário, também é desleal? O que é que a lealdade tem a ver com decisões de juizes que se querem independentes? Os juizes da Relação que contrariaram e criticaram as decisões do juiz Teixeira ou doutros, foram ou serão desleais?
O juiz da entrevista não se pronuncia para o futuro nem tem que o fazer - fala do passado! E que passado?
Pois, de um ainda próximo em que os advogados de defesa dos arguidos o vituperaram e insultaram (caso do Rodrigo Santiago que lhe chamou incompetente numa entrevista vergonhosa, na Visão) e sobre o que o juiz não disse uma palavra. De um passado em que a sua vida particular foi escrutinada pelos media, com relevo para a televisão de reality shows e mostrada aos milhões de espectadores que o erigiram como “herói” popular, malgré lui. De escritos e mais escritos em jornais, blogs e pasquins, sobre a sua competência e decisões e a que o prof. CAA/Mata-Mouros se juntou afoitamente quando tudo aconselhava à prudência de medir as palavras. Certamente que o fez por conhecer algo mais do que o que vinha nos jornais...
... e daí a sua reivindicada legitimidade.
Vê-se porém que talvez não seja assim:
É preciso não esquecer que o próprio Conselho Superior da Magistratura pela voz do inenarrável Noronha Nascimento quase apelou publicamente a que o juiz Teixeira dissesse que aceitava discutir publicamente o despacho de manutenção de prisão preventiva de um dos arguidos excelentíssimos. E ele não o fez! E aí, muitíssimo bem- e em contrário à insensatez do CSM/Noronha.
Aí, sim, poderia o juiz Teixeira ser acusado de vir para a praça pública defender e discutir os termos de um despacho sob a capa da defesa da honra!
Para além dessa, o prof. CAA atira-lhe com outra ignomínia - “Fala de provas e designa culpados! Julga e sentencia sem contraditório! “ De que estamos a falar ?
De uma sentença condenatória? De um despacho a proferir ou acabado de proferir? Não! De decisões polémicas e com meses e confirmadas por tribunais superiores que avaliaram as decisões agora em apreço!
Se for lida a entrevista com cuidado, qualquer leitor medianamente inteligente e de boa fé, percebe que o juiz Teixeira não diz o que o prof. CAA quer que ele diga. E ser-lhe-ia inevitável falar disso, porque foram essas decisões que durante meses serviram para o atacar, pessoal e profissionalmente, como aliás o prof. CAA/Mata-Mouros não se coibiu de fazer!
Se escrever isso, lidando com estes dados, é agir de boa fé, é algo que me escuso de comentar mais, pois o conceito é jurídico e não quero ensinar o pai nosso ao vigário.
Daí a chico-espertice, no postal enviezado e próprio de quem não se esforçou para pensar um pouco e distinguir coisas essenciais e parece não entender os relacionamentos institucionais para além do que os livros ensinam.
No meu modesto entender, o que o juiz Teixeira fez foi simplesmente falar do que fez, com uma ou outra opinião sobre a justiça em geral e o que lhe parece bem ou mal no seu funcionamento. Como outros antes dele o fizeram. Melhor ou pior.
Para pior, um juiz Ricardo Cardoso que não despe os penachos nem com a câmara à frente do nariz. Para melhor, o juiz Nuno Melo, recentemente vituperado por explicar decisões polémicas. Fazem-no sem preconceitos mitológicos ou nostalgias do chapéu na mão. Como qualquer outra pessoa, mormente um político, gestor, professor ou padre.
Para mim, é sempre preferível ouvir um juiz falar do que faz, do que ouvir outros falarem por ele, a treslerem decisões.
Não havendo necessidade estrita de os juizes explicarem as decisões que tomam, numa sociedade mediatizada, não se pode fazer de conta que um determinado caso que serve de abertura diária dos telejornais, pode muito bem passar sem que as pessoas saibam quem decide o quê. Querem saber as partes do processo e quer saber o público, sendo em nome dele que é aplicada a justiça. E nesse aspecto o prof. CAA concorda inteiramente. Falta-lhe é ser consequente e perceber que a entrevista do juiz Teixeira, como a de outros, aliás, se insere exactamente nesse interstício da comunicação - a de dar justificações ao povo em nome de quem se faz justiça!
Mesmo assim, o que se ouve de alguns é um incompreensível vitupério ao iconoclasta – mesmo que o modelo seja retrógrado e a mudança inevitável, defendem a manutenção da imagem e a conservação do ninho lá bem no alto, recatado e inexpugnável.
Uma conversa de jornal nunca substituirá uma decisão no papel e não pode servir para contraditar um recurso. Serve apenas para se conhecer quem decidiu. E uma entrevista extensa é bem melhor do que um sound byte apanhado na rua, mesmo que captado da mente inexpugnável de um Eurico Reis ou dislatado pelo único associado do Fórum Justiça e Liberdade...
Publicado por josé 18:07:00 0 comentários
Sindicato dos Magistrados do MP ameaça
A direcção do sindicado dos magistrados do Ministério Público vai afixar uma lista de calotes.
Segundo o boletim do sindicato, que a Grande Loja leu através dos Cordoeiros, o sindicato denuncia a «existencia de uma lista de 79 sócios com quotas em atraso, cujo montante total atingia 195.243 euros, segundo apurámos após a tomada de posse».
Segundo fontes, mais ou menos, próximas a lista começará a ser afixada, na próxima segunda-feira, nas vitrines do Palácio da Justiça em Lisboa.
Publicado por Carlos 17:40:00 0 comentários
"Sobe Sobe Balão Sobe"
A edição do Diário Económico de hoje afirma em toda a largura da sua capa, que os combustíveis vão aumentar.
Elementar.
A Grande Loja referiu isso mesmo na investigação aqui publicada na passada segunda-feira.
E a culpa meus senhores continua a não ser da liberalização. O pior é que a margem para os aumentos não se esgota por aqui, pois ainda ninguém sabe como começarão a ser transaccionados os futuros de brent, a partir do momento em que a OPEC reduzir em 2,5 milhões de barris por dia a quota da produção.
Entrentanto e prosseguindo a investigação, os valores recebidos a títulos de Imposto sobre produtos petroliferos pelo Estado foram...
- Janeiro de 2004 - 240,3 Milhões de Euros
- Fevereiro de 2004 : 220,8 Milhões de Euros
Ou seja uma descida de 8,4 % na cobrança de ISP.
A seguir atentamente nos próximos dias...
Publicado por António Duarte 13:18:00 0 comentários
"O último dos Moicanos"
terça-feira, março 30, 2004
É exactamente assim que eu me sinto.
Não fico particularmente abalado com as greves da Carris, agora imagine-se já programadas até ao mês de Junho, não fico assim com a intenção dos professores em distribuir folhetos onde divulgarão que existem 40 mil docentes desempregados e um milhão de analfabetos, não fico assim com a greve do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que prometem não cumprir os acordos de Schengen, não ficarei assim com a mais que provável avalanche de greves que se seguirão nos próximos dias.
A greve é para mim, como o tabaco, quando acaba temos que ir comprar mais, e é assim que os sindicatos vivem,, do vício da greve. Se não fossem as greves e os abandonos das reuniões magnas de concertação social jurando a pés juntos que este acordo é o pior de todos, quem ligaria aos sindicatos . Ninguém.
Os tempos do desfraldar da bandeira pela Avenida da Liberdade já lá vão e mesmo com as greves gerais, que de geral nada têm a não ser que geralmente são as sextas-feiras, a adesão de outrora é recordada com a lágrima no canto da bandeira.
Que fique claro que a greve é um direito.
Que fique claro que podem fazer as vezes que entenderem greve, sempre que achem que a reindivicação é justa.
Que fique claro que não é justo utilizar um evento de projecção mundial para fazer valer os direitos, por mais legítimos que sejam.
Enganam-se!
Vão conseguir isso sim envergonhar todo um país de uma situação que sendo sobejamente conhecida nunca me lembro de ter sido discutida numa manifestação.
Será democrático na altura em que o SEF mais falta faz, para controlar as entradas de visitantes , este marcar uma greve ?
Se eu fosse alemão, e chegasse a Portugal sem precisar de mostrar qualquer documento devido à greve do SEF, onde os autocarros estivessem sempre em greve, onde na esplanada do Rossio recebesse um postal a dizer que na terra onde estou existem 1 milhão de analfabetos, onde no restaurante não conseguisse almoçar porque o cozinheiro está de greve, onde não conseguisse ir a nenhum museu - In Portugal the Extra Time is always de better part - porque estes estão de greve, onde ao ligar para o 112 uma voz me disser em português " Por favor tente mais tarde", onde ao deslocar me ao hospital tivesse que esperar 10 horas pela consulta devido a greve dos enfermeiros.
E será isso mesmo que acontecerá se esta atitude provinciana se manter.
Quando perceberam que das poucas vantagens que o pós Euro-2004 trará para a nossa economia serão as receitas futuras de turismo, já que é impossível atingir o efeito-barcelona, já será tarde demais. Sem turistas os museus fecham, os autocarros reduzem a sua frequência, os restaurantes deixam de ter clientela, as fronteiras são menos utilizadas.
ou melhor será sempre a mesma merda...
Publicado por António Duarte 22:21:00 0 comentários
Da próxima vez que ouvir falar em greve dos médicos...
Do site do Sindicato Independente dos Médicos ...
FÉRIAS
Prosseguindo a nossa política de crescente pujança e afirmação sindical, o Conselho Nacional do SIM aprovou uma proposta do Secretariado Nacional no sentido de alargar ao ramo imobiliário a diversificação dos investimentos dos excedentes do SIM, tendo em vista não só aumentar a margem de segurança dos seus investimentos como também, por esta forma o SIM poder disponibilizar aos seus associados alojamentos condignos, a preços acessíveis num local privilegiado para passar alguns dias de férias ou de fim de semana.
Neste sentido, o SIM decidiu investir cerca de € 1.390.000 (278.000 contos), na compra de 12 (doze) apartamentos (dez T1 e dois T2) na Ilha Canela, junto a Ayamonte (Espanha).
Desde Abril de 2002 que contamos com 5 (cinco) apartamentos (três T1 e dois T2) situados entre a praia e a marina de Levante e ainda em Dezembro de 2002 foram escriturados os dois apartamentos T1, situados no Golf. Em Maio de 2003, serão entregues as chaves de mais 5 (cinco) apartamentos T1, situados junto ao Hotel "Riu Canela", no Paseo de los Gavilanes, que margina a praia.
A titulo meramente informativo apresentam-se as plantas de dois apartamentos adquiridos pelo SIM, sendo que todos os apartamentos têm um lugar de estacionamento debaixo de telha.
Publicado por Carlos 16:50:00 0 comentários
Investigação "Grande Loja" - O Preço dos Combustíveis
A teoria do liberalismo dos preços, indica-nos basicamente que o mercado ajustará o preço em função da procura do mesmo. Ou seja um determinado produto poderá ter vários preços diferentes em locais não muito equidistantes.
Falo obviamente da gasolina, esse líquido que não bebemos, mas que é essencial para o nosso dia-a-dia. A liberalização do preço do combustível, ainda que numa primeira fase controlada pelo estado, por forma a evitar a formação de oligópolios ou cartéis na revenda da gasolina, passa o onús da fixação do preço para as petroliferas em vez de ser o estado a decretar o mesmo, apesar de uma forte componente do mesmo preço ser definida pelo mesmo estado através do imposto sobre produtos petroliferos.
No fundo, a liberalização associa um conceito de microeconomia, a elasticidade da procura face a oferta. Numa auto-estrada, qualquer que seja o preço, haverá abastecimentos, logo a oferta apresenta uma elasticidade rígida, sendo a procura a ajustar-se. Nas cidades a situação inverte-se. Ou melhor deveria. Mas afirmar que a culpa do elevado preço da gasolina é única e exclusivamente do Estado pode a partida ser um tiro no escuro. Pior é afirmar que a culpa é da liberalização.
O estado iniciou a liberalização em 1 de Janeiro de 2004, apenas e só para a gasolina sem chumbo 95 e do gasóleo, já que para os outros a liberalização já existia. Mas o resultado foram aumentos entre os 2,00 % e os 5,00 % para os combustíveis. Logicamente que isto se traduz num forte aumento não só custos de produção como poderemos ter e a manter-se a tendência uma inversão na tendência da inflação sem consequente ajustamento no desemprego – Mecanismo da Curva de Phillips – a inflação importada .
Mas olhemos para os mercados internacionais de petróleo. Sempre dependentes dos instáveis estados arabés, e de uma organização como a OPEC, o preço do petróleo teve a sua primeira escalada com a subida em 1979 pela OPEC de 14,5 % do preço, e com a deposição de Shah no Irão, o mercado saudita fez ainda em 1979 subir o preço de 19 US para 26 US. O Presidente Carter deixa de importar do Irão e a OPEC reage fazendo diminuir a sua quota para uns pequenos 17 biliões de barris por dia. Pleno choque petrolífero que todos nós já ouvimos falar, com o encarecimento das importações e deterioração dos termos de troca dos países mais dependentes do petróleo. Ano de 1979 e o FMI entrou em Portugal, lembra-se Senhor Mário Soares ?
O mínimo do preço do petróleo foi alcançado em 1998 quando o brent era negociado a menos de 10 USD o barril – alguém percebe hoje qual foi a necessidade de congelar o preço do combustiveis quando o mesmo era negociado ao preço mais baixo de sempre – Senhor Pina Moura . Esta situação aconteceu devido a dois invernos quentes o que diminuiu as necessidades energéticas e a uma subida da produção do Iraque, associado a crise asiática o que trouxe pela primeira vez um superavit no mercado do petróleo. Aliado a isto a OPEC não reagiu por forma a manter o preço em níveis médios.
Curiosamente o 11 de Setembro provocou uma descida abrupta do preço do petróleo com receio de uma generalização do terrorismo e consequente diminuição da procura do petróleo, mas apenas numa primeira fase, já que a partir daí e devido a tensão na Venezuela e ao agravar da situação no médio oriente, o preço começou a sua escalada terminando o ano de 2003 a ser transaccionado nos US 27 /barril. Mesmo com a boa notícia da assinatura do tratado de não proliferação de armas nucleares pela Líbia.
O ano de 2004 náo se revelou melhor, e os acontecimentos do 11-M, e a situação de dúvida da OPEC que ameaça diminuir a quota, colocou hoje o brent a ser negociado nos 32,95 US /barril nos mercados internacionais. O preço mais elevado desde a invasão do kuwait pelo Iraque em 1990.
O que a grande loja, tenta provar é qual foi realmente a causa dos aumentos nos combustíveis.
Eu simples investidor americano comprava com USD 1.000.000,00 :
Ano de 1998
Preço : 10 USD / barril
Barris : 100.000
31 Dezembro de 2003
Preço : 27 USD / barril
Barris : 37.023
29 Março de 2004
Preço : 32,95 USD / barril
Barris : 30.349
Uma subida do preço em relação a 1998 em quase 330 % e face ao final do ano de 2003 em 22 %.
Bom perante estes números, era caso para dizer, poderiamos estar pior. Mas não, se nos lembrarmos que o nosso país transacciona em Euros .
O estado não efectua coberturas cambiais das suas exposições em dólares. Se o fizesse saberia utilizar as flutuações dos mercados monetários e cambiais para jogar a favor. Teve um ano inteiro a assistir a subida do Euro e não soube pensar que um dia o dólar iria subir. Teve um ano inteiro para efectuar em swaps coberturas cambiais para valores em dólares. Não pode apesar de ter razão vir hoje dizer que a culpa do aumento do preço do combustível no consumidor é culpa do dólar. De facto a culpa é o dólar, mas fosse o Estado um bom gestor de fluxos financeiros e teria ganho com esta situação.
Como sabemos o dólar depreciou-se imenso face ao Euro, devido as necessidades do mercado norte americano em financiar o défice, o que leva a reserva federal a procurar dolares no mercado, introduzindo uma quebra deste face as moedas que transaccionam em operações spot ou forward nos mercados cambiais. Dada a ausência de problemas de inflação, a queda do dólar ainda é benéfica para os EUA, a cedência de terreno face ao euro e ao iene actua como mais um mecanismo de impulsão da economia.
Depois dos fortes estímulos fiscais e da queda das taxas de juro é mais um instrumento de política económica que se alia no mesmo sentido, pelo que constitui mais uma arma política a esgrimir para as Presidenciais. Assim o euro fechou o ano de 2003 a valer cerca de USD 1,263 . Hoje o dólar fechou nos 1,2173. Para o ano de 1998 é utilizado o valor EUR/USD 1,00 . Face ao final de 2003, o dólar já recuperou cerca de 5,00 % face ao Euro.
Assim o Estado Português quando pega em USD 1.000.000,00 :
Ano de 1998
Euros : 1.000.000,00
Preço : 10 USD / barril
Barris : 100.000
EUR/USD : 1,00
31 Dezembro de 2003
Euros : 791.703,00
Preço : 27 USD / barril
Barris : 37.023
EUR/USD : 1,263
29 Março de 2004
Euros : 821.490,20
Preço : 32,95 USD / barril
Barris : 30.349
EUR/USD : 1,2173
Ou seja entre 31 de Dezembro de 2004 e 29 de Março de 2004, o custo para adquirir o mesmo valor em USD em barris subiu 3,70 %. Como a venda de gasolina ao público subiu 4,50 %, o valor remanescente é devido em impostos petroliferos.
Se o Estado precisasse de 100.000 barris por dia para garantir a sustentabilidade energetica pagando em dolares, financiando-se em euros em portugal.
Ano de 1998
Barris : 100.000
Preço : 10 USD / barril
Preço USD : 1.000.000,00 USD
Preço EUR : 1.000.000,00 EUR
31 Dezembro de 2003
Barris : 100.000
Preço : 27 USD / barril
Preço USD : 2.700.000,00 USD
Preço EUR : 2.137.598,00 EUR
EUR/USD : 1,263
29 Março de 2004
Barris : 100.000
Preço : 32,95 USD / barril
Preço USD : 3.295.000,00 USD
Preço EUR : 2.706.810,00 EUR
EUR/USD : 1,2173
Ou seja para as mesmas quantidades de petróleo temos uma variação no custo final em cerca de 27 %. Esta análise não é no entanto, a realista uma vez que os mercados de petróleo funcionam em swaps ( compras hoje com entregas a posterior). Ou seja ela apenas serve para que se tenha uma pequena ideia de como o custo com o petróleo associado a valorização do dólar face ao euro, tem de facto encarecido a matéria-prima.
Este estudo pretende assim demonstrar que os aumentos verificados desde 2004, não são devidos a liberalização mas sim as condições verificadas nos mercados petroliferos e cambiais. Não estamos a dizer que o preço que pagamos é o correcto, mas sim que os aumentos verificados tem de facto uma lógica. Da próxima vez que alguém culpar a liberalização por este facto, tenha pelo menos o cuidado de fazer as contas.
Publicado por António Duarte 12:42:00 0 comentários
pois...
Publicado por Manuel 04:25:00 0 comentários
Puro génio neste post no mar salgado...
Este texto não é nenhuma crónica do Século XXI mas apenas um retrato da minha relação com o tabaco desde que deixei de fumar.
Publicado por Manuel 01:18:00 0 comentários
lá que cheira a gato...
Ser apelidado, justamente, de catástrofe ambulante, é traumático e vá daí Ana Gomes, por uma vez, resolve atinar...
O resultado, se estivessemos num País a sério, era uma cataclismo no Forte de São Julião... Mas que ninguém se aflija, no se pasa nada... já que como diria o Salvado da PJ, tresanda a gato, deve haver gato mas nunca haverá provas...
Sem mais demoras, directamente do Causa Nossa...
Portas adentro, sem grande problema
Isto apesar de a marinha norte-americana estar a substituir aceleradamente aqueles aviões, por ter concluído que apresentariam perigosa deterioração - e os «portugueses» são dos mais velhos, fabricados já em 1968. O que não preocupa o Ministro, pois como atesta o seu assessor Pedro Guerra (o nome indiciará, porventura, um perito na matéria) «não há grande problema».
Grande problema também não é o trabalho estar orçamentado na Lei de Programação Militar por 309 milhões de euros – sorte terá a Nova Zelândia, que, para modernizar o mesmo número de aviões do mesmo modelo, só prevê gastar 160 milhões de euros…
Grande problema não resulta ainda de o trabalho de modernização ser entregue à … Lockheed Martin, naturalmente…, a que resta das duas empresas americanas que o MD convidou a apresentarem propostas a concurso que, nos termos da lei, exigiria consulta a três fornecedores.
E não haverá também grande problema por o Ministro ter exigido à empresa norte-americana a entrega à OGMA de 33% em contrapartidas directas. De acordo com dados fornecidos pelo Departamento de Comércio dos EUA, citado pelo jornalista, 42% de contrapartidas directas costuma ser a percentagem para países desenvolvidos, 36% para países em desenvolvimento… (33% deve ser a taxa a aplicar a países a andar para trás, como o nosso, que tem o Dr. Portas como governante).
Grande problema também não tem o Presidente da CPC (Comissão Permanente de Contrapartidas) por se escudar na confidencialidade para não revelar onde serão aplicados os 66% de contrapartidas indirectas, necessárias para cumprir o regulamento de que o valor a exigir nunca seja inferior a 100% do preço dos bens a adquirir (noutros países as contrapartidas directas e indirectas sobem frequentemente a 200%, 300%, 400%…).
Certamente que o Ministro da Defesa também não terá grande problema em escancarar portas ao escrutínio público e prestar explicações, rapidamente, sobre aquela opção de modernização apesar dos alertas da marinha norte-americana, e em facultar-nos a todos, democraticamente, as contas certinhas, incluindo percentagens e aplicações das contrapartidas.
Eu nada sei da matéria, nem tenho interesses além dos nacionais, de todos nós, aqueles que pagamos impostos. Não sou (im)pressionável com alusões a negócios passados, ligeiros ou nebulosos, feitos por quem quer que seja. Acontece que leio jornais e não gosto de negócios escuros, que é o que há mais, por esse mundo fora, em matéria de armas e equipamentos militares. Será que no Ministério da Defesa lêem o Causa-Nossa?
PS - O mesmo jornalista assinava na publicação «Take-off – Informação Aeronáutica», de Dezembro de 2003, um interessante artigo analisando as consequências das intenções de poupança que o Ministro Paulo Portas avançou no ano passado como justificação para cancelar a participação de Portugal no consórcio europeu de produção dos aviões A400M. O jornalista concluía que para o Ministro ser consequente com o que anunciou – poupar dinheiro ao erário público conseguindo aviões com a melhor relação qualidade-performance-preço - teria de ir comprar uns aviões ucranianos e não os C130-J que se propunha adquirir à …Lockheed Martin, naturalmente.
Onde estamos hoje, afinal? Compramos ucraniano ou americano? E por quanto? E as famosas contrapartidas que o Ministro proclamou ir garantir, peludas, leoninas, para a indústria nacional ? E sempre houve ou haverá que pagar indemnizações ao consórcio europeu, como a imprensa chegou a noticiar?
Aguardemos respostas.
Ana Gomes
P.S. Se o PS se levasse a sério pedia uma comissão de inquérito e pedia à PGR para investigar... Muitos ses... e afinal para que serve senão para garantir estas coisas o bloco central...
Publicado por Manuel 00:48:00 0 comentários
"No limbo"
segunda-feira, março 29, 2004
A conceituada revista “The Economist” faz no seu número desta semana uma incursão pela política económica do governo de Durão Barroso.
Infelizmente não é normal a inclusão de Portugal e, eu como assinante da revista, recordo-me das duas últimas referências a Portugal – no verão passado com os incêndios e este inverno com uma referência aos elevados gastos do estado no ensino superior sem o devido retorno em qualidade.
Não é acrescentado nada de novo, aparte de uma pequena ideia que já me invadia o cerébro. Durão Barroso tomou de facto algumas medidas impopulares, errou, como ele disse, nalgumas delas – apesar de eu achar que deveria ter a pretensão de acertar sempre, ele acha o contrário...
Rapidamente percebeu que a ideia do choque fiscal só poderia ter saído de uma ressaca e portanto não avançou com ela, optou por combater o défice orçamental, reduzindo as despesas – não tanto como desejável – e subindo as receitas – aumentando os impostos indirectos, ou seja o IVA, o tal imposto que Paulo Portas quando não era governo dizia ser socialmente injusto – por forma a conseguir o equilíbrio das finanças públicas. Não foi suficiente e seguiram-se certamente algumas medidas, sobre as quais eu ainda hoje questiono a sua verdadeira eficiência – sobretudo por falta de informação disponível – concordando com o objectivo final das mesmas.
No fundo, Durão Barroso, tornou-se impopular, retraiu o poder de compra dos portugueses – isto apesar de a consultora internacional Mercer Internacional num estudo efectuado ao mercado português, ter afirmado que a função pública ganhou acima da inflação entre 1,0 % e 6,5 % de poder de compra - apoiou a guerra ilegitima dos Aliados contra o Iraque, recebeu os aliados nos Açores, e foi acusado de colocar Portugal no mapa do terrorismo.
No meio de tanta coisa má conseguiu colocar o défice abaixo dos 3,0 %, mesmo com recurso a medidas extraordinárias.
Os líderes franceses e alemão enfrentam a maior crise de popularidade desde que foram eleitos. Não apoiaram a invasão do Iraque, não colocaram os seus países na rota do terrorismo – eles fazem por defeito parte desse mapa - não fizeram do défice a sua bandeira e afirmaram à boca cheia que não o iriam cumprir.
Aumentaram a despesa social e diminuiram as receitas. Chirac sofreu no domingo a maior derrota eleitoral que há memória. Schoreder está quase lá, no limbo.
Durão Barroso recebe telefonemas de Bush a pedir ajuda para estabelecer relações internacionais perdidas com os velhos aliados, vê Tony Blair vir a Lisboa numa visita relâmpago , e vê o FMI elogiar as medidas de política económica, já que apesar das reservas colocadas no futuro da economia o FMI acha que o único caminho é o da consolidação orçamental...
... o tal que ninguém quis seguir e que agora todos se apressam a indicar com a única via possível.
É a política. É o sistema no seu esplendor. É Portugal à beira-mar plantado.
Publicado por António Duarte 20:46:00 0 comentários
um "exemplo"...
Pimenta Machado | Processos de Guimarães com «sentido único» 29-03-2004 13:50 Magistrado responsável pelos inquéritos a Pimenta Machado e à Câmara faz parte do conselho de justiça da Federação de Futebol
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Os inquéritos abertos pelo Ministério Público (MP) ao presidente do Vitória de Guimarães, Pimenta Machado, e à Câmara Municipal - que terá obtido ilegitimamente um subsídio da União Europeia para remodelar o estádio - foram parar às mãos de um procurador que exerce as funções de vogal no Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
A distribuição dos dois processos é assumida pela coordenadora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) de Lisboa, Cândida Almeida que, em declarações ao PortugalDiário, garante que «não há qualquer incompatibilidade».
Para a magistrada, o facto de o procurador da República José Manuel Matos Ramos, do DCIAP, ocupar o cargo de vogal no Conselho de Justiça da FPF, e ao mesmo tempo estar responsável pela condução dos dois inquéritos, não o coloca numa situação de incompatibilidade: «Ele está numa secção independente, num órgão de justiça, não tem ligação ao dia-a-dia da Federação, nem faz parte de nenhum órgão executivo».
A coordenadora do DCIAP não vê, por isso, razões para «retirar» os dois inquéritos das mãos do procurador José Matos Ramos porque, na sua opinião, o magistrado está a conduzi-los «com toda a isenção».
Cândida Almeida afirma ainda que, como procurador do MP, José Manuel Ramos está sujeito ao «controle da hierarquia», neste caso ela própria, como coordenadora do DCIAP. A magistrada adianta ainda que a distribuição dos inquéritos, da qual é responsável, obedece a vários critérios: os conhecimentos especializados, o volume de serviço, a complexidade dos processo que os magistrados já detêm.
Parecer do Conselho Consultivo da PGR dá origem a inquérito
O parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República sobre a propriedade do estádio do Vitória de Guimarães deu origem a abertura de inquérito para apuramento de responsabilidades criminais em todo este processo.
O documento da PGR foi claro ao apontar que a câmara de Guimarães não era a proprietária do estádio para celebrar o «contrato-programa de Desenvolvimento Desportivo no âmbito do QCA III [Quadro Comunitário de Apoio]». Por isso, o contrato «está afectado de nulidade com as inerentes consequências».
No entanto, o contrato-programa celebrado a 5 de Junho de 2000, assim como o seu aditamento, que data de 16 de Novembro de 2000, «readquirem aplicabilidade, com as adaptações que as actuais circunstâncias eventualmente reclamarem ou aconselharem». A aplicabilidade poderá, contudo, e de acordo com o parecer, ser reposta, isto por não ter ocorrido qualquer «causa susceptível de determinar a extinção» dos contratos.
Por sua vez, Pimenta Machado, que chegou a ser detido a 15 de Dezembro de 2002 por suspeitas dos crimes de peculato e falsificação de documentos, aguarda pela dedução da acusação. O presidente do Vitória de Guimarães acabaria por ser libertado pela juíza Fátima Mata-Mouros mediante uma caução (um milhão de euros), uma vez que essa foi a medida de coação pedida pelo MP.
A notícia que, acima, se transcreve não é uma piada de 1 de Abril mas parece.
Cândida Almeida, a toda poderosa Coordenadora do DCIAP, pelos vistos não vê incompatibilidades no facto de um alto quadro da Federação Portuguesa de Futebol estar a investigar um caso em que a sua corporação - a da bola - é ela própria visada.
Cândida Almeida acha o Conselho de Justiça da FPF uma "secção independente", sem "ligação ao dia-a-dia da Federação"... Está no seu direito, afinal Cândida Almeida acredita naquilo que quiser. Acontece que todos sabemos que a realidade não é bem assim...
O mundo do futebol sempre enfermou de um estatuto com vários outros poderes que no mínimo é promíscuo e nebuloso. É a todos os títulos lamentável, e embaraçoso para a própria PGR, que Cândida Almeida não tenha a humildade e a lucidez de reparar nesse pequeno detalhe. A arrogância e altivez da Coordenadora do DCIAP é tanto mais curiosa quando também ela, Cândida Almeida, está sujeita ao "controlo da hierarquia"...
Publicado por Manuel 14:09:00 0 comentários
Saudades de Figo...
Xavi, médio do Barcelona, em declarações reproduzidas na última página d'A Bola de hoje
Já algum tempo, a Grande Loja sublinhou aqui a sua admiração pelo melhor jogador português e mostrou a sua estranheza pelas constantes manifestações de cepticismo de muitos portugueses em relação ao extremo-direito do Real.
Quem assistiu ao Real Madrid-Mónaco da semana passada pôde reforçar uma ideia que continua bem actual - Figo não só é um fantástico jogador como, muitas vezes, assume a liderança da constelação de estrelas que é o Real.
As declarações, acima reproduzidas, de Xavi são bem esclarecedoras. Figo é um exemplo de liderança em campo, de profissionalismo a toda a linha, que nem o dinheiro todo que já ganhou minimiza ou corrompe.
Quem não vê isto, ou insiste em menorizar as qualidade de Figo, não percebe mesmo nada de futebol...
Publicado por André 11:06:00 0 comentários
Um médico à distância de um clique...
domingo, março 28, 2004
Este é um dos bons exemplos que vem de longe.
Na Califórnia é possível em casa, no conforto do lar, via internet escolher o médico e marcar a consulta que queremos, à hora que queremos. Modernices certamente.
Em Portugal infelizmente este exemplo cairia por terra, pois haveria alguma Ordem que viria afirmar que estavamos a desvirtuar o papel do médico, qual confidente de família e portador dos maiores segredos familiares. Em vez disso os utilizadores do serviço público de saúde tem que ir as 7 da manhã para o Centro de Saúde, fazer fila e quem sabe conseguir aquela consulta para daqui por 3 semanas, perdendo talvez uma parte da manhã o que se traduz em fortes implicações no trabalho.... Com sorte, daí por 3 semanas, uma sexta-feira, coincide milagrosamente com uma greve geral, protestando com as más condições de atendimento, e com os salários que estão na hora do recobro,e lá se foi a consulta outra vez. O ciclo repete-se vezes sem conta.
Aqui fica o site.
Publicado por António Duarte 23:34:00 0 comentários
pequenos crimes entre amigos ...
O Dr. Lopes, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, primeiro vice-presidente do PSD e tecnicamente candidato a candidato presidencial, não gostou do tratamento que lhe foi aplicado na passada sexta-feira por Vasco Pulido Valente e decidiu hoje, de novo no DN candidatar-se a mais. Que Santana era mesquinho, como o denotou o seu soez ataque a Maria Filomena Mónica, já se sabia, que estava a perder a mais elementar lucidez denota-o o ataque original e a sua descabelada defesa hoje feita...
Enquanto Santana esbraceja, e nesta frente a última edição do Semanário é delirante, o Professor Marcelo anda feliz.
O homem é entrevistas à TSF, é capa da Lux, é o aparecer de braço dado com o Saramago, é entrevistas à novel revista da aventalada, é as homilias na TVI, etc, etc ...
Já aquí haviamos ponderado a possibilidade de Marcelo ter sido o peregrino autor da ideia de antecipar o Congresso do PSD, e o lancinante apoio que deu à iniciativa no passado domingo não exclui de todo essa hipótese e toda a gente especula com o facto de Marcelo sonhar ser candidato presidencial.
Mas, e se os interesses estratégicos do Professor forem substancialmente mais imediatos ?
E se Marcelo for antes o cabeça de Lista às Europeias ?
As sondagens não são famosas para o PSD, e Marcelo dá seguramente um bom cabeça de lista...
Se ganhar, nem que seja por um voto, será a primeira vez que vai às urnas e ganha! Tornando-se assim e a par de Durão e Santana (em tese, atenção...) e Cavaco num dos poucos sociais democratas a valer votos.
Se Durão como tudo indica encostar a apresentação da lista às europeias para o mais perto possível do Congresso, reduz a zero a contestação à composição da lista, e transforma qualquer ataque à mesma num acto de alta traição... Por outro lado o Lopes fica com o campo verdadeiramente minado.
E não se pense que ser deputado europeu é incompativel com a actual vidinha do Professor; Só tem que estar em Estrasburgo de terça à quinta, o que lhe permite continuar a dar aulas e evangelizar na TVI (Pacheco abriu o precedente) ao mesmo tempo...
Quanto a Durão ganha tempo e entala Santana... a não ser que Santana exija ser ele próprio o cabeça de lista às europeias...
P.S. Já que aquí se falou no Semanário, porta-voz das dores na testa do Dr. Santana, não podemos deixar de mencionar o Independente onde e apesar de Vitor Cunha estar de saída - talvez para assessor do Ministro-Adjunto - e o Flores de entrada e a ganhar metade do que ganhava quando saíu da última vez... se continuam a sentir muito a peito as febres de José Luís Arnaut. Com efeito a secção de bocas foleiras desta semana indicia algum desconforto com Amilcar Theyas por via do "almoço" deste com Ângelo Correia, ora será que a esta hora Dias Loureiro já sossegou José Luís Arnaut, ou ainda vai correr mais água quer dizer tinta ?...
Publicado por Manuel 23:13:00 0 comentários
Um Queijo Suíço
A Suiça que sempre foi tida como um país neutral quer nas grandes guerras do século passado, quer na integração económica, onde nunca foi mais além do que a EFTA, assumiu hoje pela voz do seu presidente Joseph Deiss, ao jornal Le Matin Dimanche que é chegada a altura de se pensar na adesão à União Europeia.
A Suiça é hoje um país isolado e corre o risco de a partir de Maio, quando ocorrer a adesão de 10 novos estados à União, de ficar como uma pequena ilha dentro da maior comunidade mundial. Com os inerentes custos que isso acarreta, o Presidente da Suiça, apercebeu-se que tem neste momento que negociar com a União Europeia, e mantendo-se a sua situação de país fora da União, direitos aduaneiros , perdendo só por isso em termos de competitividade da sua economia nos sectores onde é tradicionalmente mais forte.
Possuindo a maior frota mercante do mundo - não tendo um porto de mar - a Suiça ao aderir a União Europeia deixa igualmente de ter que negociar os acordos de Schengen como efectua agora com a Alemanha, França e Itália. Mas os suiços talvez recordados do falhanço da EFTA, acham que podem ser mais bem tratados ficando de fora, do que estar dentro da UE, onde assumidamente nunca terão o poder da Alemanha ou da França, passando a ser um país de segunda linha, com as fronteiras abertas a imigração - e como é hoje difícil ir trabalhar para a Suiça...
Mas, se a Suiça conseguir impor na UE algumas das suas regras internas então estaremos todos a ganhar.
Como nota final, recordo-me de há uns anos, em Geneve, os jornais serem vendidos na rua em pequenas caixas de metal onde era possível retirar o jornal, sem colocar a moeda, não por mau funcionamento do sistema, mas porque o sistema, que funcionava assim há 20 anos, sempre deu lucro.
Uma pequena demonstração do civismo que em Portugal certamente não encontraremos.
Publicado por António Duarte 17:26:00 0 comentários
"Bom Conselho"
«Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade»
«Bom Conselho», Chico Buarque, 1972
Publicado por André 16:36:00 0 comentários
Sinta, an 8-year-old Orangutan, kisses her newborn baby Sunday, March 28, 2004, in Prigen Safari Park, Pasuruan, East Java, Indonesia. (AP Photo/Trisnadi) |
Publicado por Manuel 16:14:00 0 comentários
O regresso de Nuno... golos
sábado, março 27, 2004
Nuno Gomes voltou aos seus melhores momentos, depois de meses e meses de problemas físicos.
Os dois golos em Milão confirmaram essa ideia. Dias antes, o ponta-de-lança do Benfica já tinha sido decisivo em Aveiro.
Prosseguindo essa missão de serviço público que é avisar o distraído Scolari daquilo que se vai passando de melhor no futebol português, a Grande Loja lança a sugestão ao seleccionador ...
Uma dupla atacante com Nuno Gomes e Pauleta seria mortal...
Aqui fica o desafio...
Publicado por André 22:24:00 0 comentários
Devotees offer flowers to Tapawsiary Bapu, 37, an Indian Hindu holy man who has buried himself neck down in the ground for meditation for 10 days at Pathapur, 40 kilometers (25 miles) north of Ahmadabad, Friday, March 26, 2004. Bapu began his meditation on March 20 and will emerge from the hole on March 29. (AP Photo/Pankaj Nangia) Nota: este post é dedicado a esse ex-libris do jornalismo lusitano que é António Arnaldo Mesquita. |
Publicado por Manuel 18:02:00 0 comentários
Acham que o Arnaldo começou a abrir os olhos?
Por ANTÓNIO ARNALDO MESQUITA
Sábado, 27 de Março de 2004
Carlos Silvino ("Bibi") viu Paulo Pedroso sem fato e gravata, quando em 2001 lhe terá indicado o caminho para o refeitório da Casa Pia de Lisboa para participar num almoço "com dirigentes regionais do colégio Pina Manique".
Ontem à tarde, o advogado João Pedroso contactou o PÚBLICO para informar que tinha lido mal o auto de declarações de Carlos Silvino. "Na realidade", acentuou João Pedroso, "Carlos Silvino afirmou que Paulo Pedroso não estava de fato e gravata".
A frase que consta do primeiro depoimento de Carlos Silvino a envolver Paulo Pedroso no processo da Casa Pia é a seguinte: "Pensa que em 2001 houve um almoço, também com directores regionais do Colégio Pina Manique, quando apareceu o dr. Paulo Pedroso, que se lembra não estar de fato e gravata, o qual estacionou o carro e perguntou o caminho para o refeitório." O mesmo lapso ocorreu, aliás, na edição de há uma semana do "Correio da Manhã", em que uma gralha fez saltar a palavra "não" a anteceder a descrição do vestuário de Pedroso. A omissão da palavra "não" alterou completamente o sentido à frase, como ontem reconhecia uma rectificação publicada por aquele matutino.
O facto de o PÚBLICO ter tido acesso a uma informação errada quanto à roupa de Paulo Pedroso teve como consequência a publicação de uma notícia na nossa edição de quinta-feira passada, intitulada "Fotos da TVI desmentem Carlos Silvino".
Partindo do pressuposto errado de que Silvino havia declarado que Pedroso estava de fato e gravata, quando vestia camisa e calças de ganga, o autor desta notícia acabou por fazer uma extrapolação incorrecta, após a TVI ter divulgado fotografias de Pedroso sem fato nem gravata durante um almoço na Casa Pia.
Tratou-se de um almoço de despedida a Vieira da Silva, organizado em 7 de Abril de 2001, com a participação de mais de 200 pessoas, a maioria das quais trabalhadores e técnicos da Segurança Social, no exercício de cargos de natureza política.
O repasto ficou a dever-se ao facto de Vieira da Silva ter transitado da Secretaria de Estado da Segurança Social para a das Obras Públicas na sequência da queda da ponte de Entre-os-Rios. Paulo Pedroso, à data já ministro do Emprego e da Segurança Social, apareceu na fase final do almoço em traje de passeio.
Esclarecidos os factos, resta apresentar as nossas desculpas aos leitores e aos jornalistas da TVI.
Publicado por Carlos 15:45:00 0 comentários
Com papas e bolos ...
sexta-feira, março 26, 2004
TERRORISMO Rede parcialmente desmantelada em 2003 O Governo confirmou o desmantelamento parcial de uma rede com ligações a estruturas terroristas em Portugal, em 2003. Esta rede tinha como actividade principal a ajuda à imigração ilegal e falsificação de documentos. | |||
A confirmação foi feita na apresentação do relatório de Segurança Interna de 2003. O desmantelamento parcial de uma rede com ligações a redes terroristas, em 2003, levou à detenção de pelo menos dois magrebinos, acusados de falsificação de documentos, apoio à imigração ilegal e angariação de fundos. «Um desses indivíduos foi julgado há dois dias» e «pela investigação feita parece que este cidadão conhecia outro já com fins ligados a actividades terroristas mas isso não faz dele um terrorista», explicou o general Leonel Carvalho, coordenador do gabinete de Segurança Interna. Este responsável lembra que a rede poderá ainda estar activa num outro local do espaço Shengen. «Fez-se desaparecer essa actividade (de Portugal), o que não quer dizer que tenham sido apanhadas e presas todas as pessoas ligadas à rede», sublinhou. «O crime de que são acusados não é de terrorismo, embora se possa fazer essa ligação», acrescentou Leonel Carvalho, referindo que isto «não quer dizer que essa ligação tenha a ver com actividades em Portugal». Portugal é segundo país mais seguro da UE Figueiredo Lopes lamentou a fuga de informação sobre a rede, avançada pelo semanário «O Independente», mas considera que o desmantelamento só prova a operacionalidade das forças de segurança. O ministro da Administração Interna fez ainda questão de sublinhar que este desmantelamento não tem nada a ver com a comunidade islâmica em Portugal e que «não há nenhuma situação dirigida directamente a Portugal no que respeita a ameaça terrorista». Portugal é o segundo país mais seguro da União Europeia depois da Holanda, registando «uma percentagem de crimes inferior à media europeia, o que torna o país atractivo tanto para investidores estrangeiros como para os turistas», assegurou Figueiredo Lopes. |
Publicado por Manuel 23:24:00 0 comentários