"No limbo"

A conceituada revista “The Economist” faz no seu número desta semana uma incursão pela política económica do governo de Durão Barroso.

Infelizmente não é normal a inclusão de Portugal e, eu como assinante da revista, recordo-me das duas últimas referências a Portugal no verão passado com os incêndios e este inverno com uma referência aos elevados gastos do estado no ensino superior sem o devido retorno em qualidade.

Não é acrescentado nada de novo, aparte de uma pequena ideia que já me invadia o cerébro. Durão Barroso tomou de facto algumas medidas impopulares, errou, como ele disse, nalgumas delas – apesar de eu achar que deveria ter a pretensão de acertar sempre, ele acha o contrário...

Rapidamente percebeu que a ideia do choque fiscal só poderia ter saído de uma ressaca e portanto não avançou com ela, optou por combater o défice orçamental, reduzindo as despesas – não tanto como desejável – e subindo as receitas – aumentando os impostos indirectos, ou seja o IVA, o tal imposto que Paulo Portas quando não era governo dizia ser socialmente injusto por forma a conseguir o equilíbrio das finanças públicas. Não foi suficiente e seguiram-se certamente algumas medidas, sobre as quais eu ainda hoje questiono a sua verdadeira eficiência sobretudo por falta de informação disponívelconcordando com o objectivo final das mesmas.

No fundo, Durão Barroso, tornou-se impopular, retraiu o poder de compra dos portugueses – isto apesar de a consultora internacional Mercer Internacional num estudo efectuado ao mercado português, ter afirmado que a função pública ganhou acima da inflação entre 1,0 % e 6,5 % de poder de compra apoiou a guerra ilegitima dos Aliados contra o Iraque, recebeu os aliados nos Açores, e foi acusado de colocar Portugal no mapa do terrorismo.

No meio de tanta coisa má conseguiu colocar o défice abaixo dos 3,0 %, mesmo com recurso a medidas extraordinárias.

Os líderes franceses e alemão enfrentam a maior crise de popularidade desde que foram eleitos. Não apoiaram a invasão do Iraque, não colocaram os seus países na rota do terrorismo – eles fazem por defeito parte desse mapa - não fizeram do défice a sua bandeira e afirmaram à boca cheia que não o iriam cumprir.

Aumentaram a despesa social e diminuiram as receitas. Chirac sofreu no domingo a maior derrota eleitoral que há memória. Schoreder está quase lá, no limbo.

Durão Barroso recebe telefonemas de Bush a pedir ajuda para estabelecer relações internacionais perdidas com os velhos aliados, vê Tony Blair vir a Lisboa numa visita relâmpago , e vê o FMI elogiar as medidas de política económica, já que apesar das reservas colocadas no futuro da economia o FMI acha que o único caminho é o da consolidação orçamental...

... o tal que ninguém quis seguir e que agora todos se apressam a indicar com a única via possível.

É a política. É o sistema no seu esplendor. É Portugal à beira-mar plantado.



Publicado por António Duarte 20:46:00  

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