"O último dos Moicanos"

É exactamente assim que eu me sinto.

Não fico particularmente abalado com as greves da Carris, agora imagine-se já programadas até ao mês de Junho, não fico assim com a intenção dos professores em distribuir folhetos onde divulgarão que existem 40 mil docentes desempregados e um milhão de analfabetos, não fico assim com a greve do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras que prometem não cumprir os acordos de Schengen, não ficarei assim com a mais que provável avalanche de greves que se seguirão nos próximos dias.

A greve é para mim, como o tabaco, quando acaba temos que ir comprar mais, e é assim que os sindicatos vivem,, do vício da greve. Se não fossem as greves e os abandonos das reuniões magnas de concertação social jurando a pés juntos que este acordo é o pior de todos, quem ligaria aos sindicatos . Ninguém.

Os tempos do desfraldar da bandeira pela Avenida da Liberdade já lá vão e mesmo com as greves gerais, que de geral nada têm a não ser que geralmente são as sextas-feiras, a adesão de outrora é recordada com a lágrima no canto da bandeira.

Que fique claro que a greve é um direito.

Que fique claro que podem fazer as vezes que entenderem greve, sempre que achem que a reindivicação é justa.

Que fique claro que não é justo utilizar um evento de projecção mundial para fazer valer os direitos, por mais legítimos que sejam.

Os professores acham que ao distribuir panfletos com as menções de que somos um milhão de analfabetos e que existem 40 mil professores desempregados váo conseguir envergonhar o Governo?

Enganam-se!
Vão conseguir isso sim envergonhar todo um país de uma situação que sendo sobejamente conhecida nunca me lembro de ter sido discutida numa manifestação.

Vão conseguir no fundo envergonhar-se a eles próprios. Pois o governo seja ele qual for é o governo de todos os portugueses. E que me desculpem a pergunta, mas para distribuirem estes papéis na altura do Euro, devem ter que faltar as aulas, certo ? Ou então não vigiarem os exames ? Na luta da nobre causa certamente.

Do SEF, apesar do sindicato achar que a requisição civil não é própria da democracia, não vi o sindicato ter o mesmo comentário aquando da marcação da greve.
Será democrático na altura em que o SEF mais falta faz, para controlar as entradas de visitantes , este marcar uma greve ?



Se eu fosse alemão, e chegasse a Portugal sem precisar de mostrar qualquer documento devido à greve do SEF, onde os autocarros estivessem sempre em greve, onde na esplanada do Rossio recebesse um postal a dizer que na terra onde estou existem 1 milhão de analfabetos, onde no restaurante não conseguisse almoçar porque o cozinheiro está de greve, onde não conseguisse ir a nenhum museu - In Portugal the Extra Time is always de better part - porque estes estão de greve, onde ao ligar para o 112 uma voz me disser em português " Por favor tente mais tarde", onde ao deslocar me ao hospital tivesse que esperar 10 horas pela consulta devido a greve dos enfermeiros.

Eu nunca mais cá punha os pés.

E será isso mesmo que acontecerá se esta atitude provinciana se manter.



Quando perceberam que das poucas vantagens que o pós Euro-2004 trará para a nossa economia serão as receitas futuras de turismo, já que é impossível atingir o efeito-barcelona, já será tarde demais. Sem turistas os museus fecham, os autocarros reduzem a sua frequência, os restaurantes deixam de ter clientela, as fronteiras são menos utilizadas.

Quando perceberem que estas atitudes podem deitar a perder milhões de euros, podem deitar a perder as economias de escala geradas.

 Ai será tarde demais.

Com estas atitudes Portugal será sempre um zero a esquerda, 
ou melhor será sempre a mesma merda...

Publicado por António Duarte 22:21:00  

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