Pobreza : Energia e Desenvolvimento Económico

Primeiro foi a análise do conceito de pobreza e sobretudo as suas
as causas da aludida pobreza, depois por aqui escrevemos sobre a importância vital que hoje o crescimento demográfico crescimento demográfico chegando à conclusão que este crescimento elevado tem obviamente custos para o desenvolvimento durante demasiado tempo o produto interno dos países da Àfrica Sub-Sahariana cresceram no sentido inverso ao da população, tornando os pobres cada vez mais pobres.

Por aqui tentei demonstrar a influência que a a existência da água sempre condicionou a sedentarização das populações e em muito influencia a situação de pobreza, e finalmente a importância da terra quer na segurança alimentar aliada ao crescimento económico, quer no desenvolvimento económico. Aqui chegamos à conclusão que um olhar sobre os dados macro económicos, dos 3 sectores das economias africanas mostra-nos uma dependência da agricultura, que a manter-se envolverá enormes pressões sobre a terra e as situações de escassez de alimentos e fome continuará a aumentar e obrigará os países a recorrer a ajuda alimentar e importação de alimentos sobrecarregando assim a balança comercial.

Hoje é dia de nos debruçarmos, sobre a Energia e as fontes energéticas.

Com recursos substanciais ao nível do combustível, carvão e o urânio, apresenta-se a Nigéria como maior exportador de petróleo e representando cerca de 27% da produção em 1991. A África do Sul possui 90% da produção de carvão e das reservas e dois terços do urânio renovável.

Embora África explique 12% da população global, consome somente 4% da energia global, e adicionalmente, 40% do seu consumo de energia está ligado á chamada energia de biomassa. Dentro desta região 5 países consomem quase todo o óleo produzido – Nigéria, Angola, Gabão, Congo, RCA, sendo a maior proporção exportada apesar da região necessitar de petróleo para produzir, a Nigéria sozinha explica aproximadamente ¾ das quotas reguladas de petróleo da OPEC para África, sendo que no total o petróleo consumido está abaixo dos 25%.

As reservas de gás natural no continente são enormes e observa-se que as reservas actuais compensam as reservas do petróleo se a taxa de produção for tida em consideração na apreciação.

As reservas de carvão, que são concentradas mais no sul, esperam-se que durem por aproximadamente 300 anos, a taxa de crescimento da produção de carvão foi feita, em parte devido a uma aposta no petróleo para a energia e devido aos problemas infraestruturais e ambientais.

também recursos renováveis extensivos, como a energia hidroeléctrica e a madeira, sendo esta bastante utilizada a nível local pelas populações como fonte de energia principal, no entanto esta região apresenta-se ainda num estado embrionário de exploração destes recursos pois não existe nem capital financeiro nem capital humano capaz de fazer gerar o processo e tal como em tudo nesta região do globo nada mesmo nada é homogéneo, nem mesmo a distribuição dos recursos energéticos.



O quadro acima mostra-nos a composição dos recursos energéticos (biomassa – não renováveis), e se é verdade que a região possui 17% do potencial hidroeléctrico a nível mundial, o suficiente para quadruplicar a capacidade de electricidade distribuída, os problemas severos no sector energético estão a atrasar o desenvolvimento em África, apesar de possuir reservas substanciais ao nível das energias renováveis como a geotérmica, vento, solar, as más condições infra estruturais não permitem a aplicação destes novos adventos energéticos.

Com uma taxa de crescimento elevada a população e o aumento drástico das suas necessidades de energia, os povos deparam-se com faltas no fornecimento de energia que associados ao fenómeno de urbanização e industrialização faz a situação piorar. Actualmente com o elevado preço do barril do crude necessário para a laboração de fábricas a crise tende a agudizar-se.

As taxas de fertilidade elevadas estão a contribuir para o crescimento da população.

Com países a apresentarem taxas de urbanização a volta dos 6%, o crescimento da população apresenta consequências a longo prazo, para os recursos existentes. A crise económica, com as suas taxas de desemprego elevadas e baixos rendimentos intensificou o uso da madeira como energia, tornando-se muitas cidades africanas autênticos entrepostos de comercialização de madeira. Com a pressão da população no crescimento do uso da terra, foi necessário as autoridades locais autorizarem exploração de recursos energéticos como a madeira e consequente desflorestação.

Com isto não é só a sustentabilidade do ambiente que está em causa mas sim o próprio desenvolvimento dos povos e futuro dos países, pois apesar de os países possuírem sistemas políticos e culturais diversos, possuem ambos uma características comuns em termos de exploração de recursos: de um lado a falta constante de petróleo para uns sectores industrial e comercial que se quer mais competitivo, por outro uma falta já abundante de madeira para as populações rurais, havendo já quem fale na crise da “outra energia”.

A grande questão é saber até que ponto maiores ou menores níveis de acesso/utilização de energia levam a maiores ou melhores níveis de vida?

Na verdade ter acesso a recurso energéticos não significa poder utiliza-los pois sabemos que a maioria dos recursos energéticos se encontra sob administração de multinacionais que apenas olham ao lucro.

Já sabemos que de uma correcta utilização dos recursos energéticos depende não só as actividades económicas como o acesso a cuidados de saúde, educação, agua potável, ora com as elevadas taxas de crescimento é necessário que os recursos cresçam a uma taxa superior, o que em parte é impossível (recursos esgotáveis).

Também a poluição devido a crescente urbanização implica enormes transformações nas cidades, e consequentes aumentos das taxas de emissão de CO2 para a atmosfera.




O quadro acima mostra-nos que o crescimento da população obriga a diminuições nos consumos p/c de energia, o que vêm realçar a necessidade de África em apostar numa maior transformação do seu sector energético como porta para o futuro.

A promoção de um desenvolvimento em África é um desafio para o qual não há soluções fáceis, pois a região ainda luta pela satisfação das necessidades básicas e a tarefa da expansão encalha numa das regiões mais numerosas do globo, sendo a energia a chave para o futuro.

Primeiro porque sem fontes de energia capazes de garantir o fornecimento constante e sem interrupções, será impossível cativar qualquer tipo de investimento directo estrangeiro, essencial ao desenvolvimento da economia e criação de emprego local. Segundo porque e face ao crescimento demográfico, as necessidades energia ainda que não satisfeitas, são manifestamente superiores, pois parece óbvio que mais população gera maiores consumos de energia. Terceiro, África tem sido palco de numerosos conflitos armados internos , quase todos resultantes de processos de descolonização mal efectuados, e tal situação apenas veio destruir as deficitárias condições de abastecimento energético. Mas que ninguém duvide que alguns países apresentam riquezas no subsolo e no mar, que nenhum país do mundo ostenta, mas aparentemente de nada tem servido.

Próximo Artigo : O Desenvolvimento e a Ajuda Pública ao Desenvolvimento

Publicado por António Duarte 15:49:00  

1 Comment:

  1. Luis Moutinho said...
    O desenvolvimento de África, Ásia e América Latina coloca uma enorme pressão sobre o mundo desenvolvido, até agora principal esbanjador dos recursos naturais.

    O modelo de desenvovimento baseado numa expansão contínua do consumo e na depredação dos recursos não pode continuar até ao infinito e só foi possível até agora porque a maioria da humanidade não tinha acesso ao desenvolvimento.

    As coisas estão a mudar e rapidamente descobriremos que a Terra não é infinita e os seus recursos não são elásticos.

    Há que encontrar outras formas de desenvolvimento (energias, matérias primas, hábitos de consumo) não só em África como em todo o mundo ou enfrentaremos no futuro momentos dramáticos.

    Parabéns pelo post.

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