Pobreza: Terra e Desenvolvimento Económico

Depois de ontem me ter aqui, debruçado sobre a problemática da àgua no desenvolvimento económico dos países tidos como sub-desenvolvidos, e na sua influência na questão da pobreza, hoje o tema versará a questão da terra, esse recurso natural que todos têm em mais ou menos abundância, mas que nem todos aproveitam da melhor forma.

A questão aqui está implicitamente relacionada com a produção agrícola, como forma de sustentação e segurança alimentar, aliada ao vertiginoso crescimento económico que os países da África Sub-Sahariana enfrentam. Ainda que as taxas de mortalidade sejam elevadas, a verdade é que não há hoje garantias da chamada sustentabilidade alimentar. E haverá sob o ponto de vista técnico, social e económico indicador que reflicta de melhor forma o nível de pobreza de um população do que o indíce calórico per capita ?

Há várias maneiras de classificar as terras quanto a sua ocupação mas é usado o simples método “adhoc” que permite a relação entre recursos e população, onde a terra é vista como recursos básico para a produção agrícola, elemento vital em várias economias subsahariana.

O quadro abaixo mostra-nos a ocupação das terras, onde um modo global 34% representam pastagem, 30% floresta, e apenas 7% de área de cultivo, sendo o restante 30% composto por rochas, areias, terrenos pobres, estradas e cidades, sendo também importante realçar que a expansão da área de cultivo é possível pois 16% desta parcela possui todas as condições para a agricultura não estando sujeita a qualquer espécie de limitação técnica. Outra questão coloca-se ao nível do preço da terra que sendo escassa atinge preços elevados e associado á questão que nem todos os países possuem terrenos para expansão.



Fonte : PNUD (C) Grande Loja do Queijo Limiano

Países como Burundi, Mauritânia, Ruanda e Nigéria possuem as maiores taxas de ocupação de terra para cultivo mas a verdade é que países com mais baixas taxas de ocupação de terra para efeitos de agricultura ao possuírem sistemas de agricultura mais modernos tem mais produtividade, logo maior produção alimentar ao que alguns autores se referem que quando o fenómeno atrás referido surge, a esperança média de vida a nascença aumenta, mas será verdade?



Os dados acima mostram-nos que não, e mais grave é que uma comparação entre dados demográficos e da ocupação da terra dá-nos um carecimento populacional que será considerado uma ameaça para a capacidade dos países em continuarem a fornecer alimentos aos seus habitantes, pois é lógico que se a população aumente o homem vá conquistando terra para habitar.

Um olhar sobre os dados macro económicos, dos 3 sectores das economias africanas mostra-nos uma dependência da agricultura, que a manter-se envolverá enormes pressões sobre a terra e as situações de escassez de alimentos e fome continuará a aumentar e obrigará os países a recorrer a ajuda alimentar e importação de alimentos sobrecarregando assim a balança comercial.

África com a sua agricultura dispersa, longas distâncias entre o produtor e o consumidor associados a elevados custos de transporte o que encarece o produto, acaba muitas vezes por ter de recorrer á importação de alimentos, mas verdade seja dita a importação não é o efeito de uma baixa produtividade mas sim a causa.

Em relação a interrogação colocada acima, a esperança de vida de uma pessoa não pode ser calculada só com base naquilo que a pessoa come, mas num país onde o défice nutricional é tão grave e onde milhares de crianças morrem antes dos 5 anos por má nutrição, um sistema inteligente de gestão de recursos e que promova a sustentabilidade das terras devia permitir uma melhoria nos índices calóricos fornecidos diariamente.

A Africa subsahariana, é uma região de contrastes, onde a Étiopia com elevadas taxas de crescimento populacional e a baixa produtividade significam um sacrifício cada vez maior da população para a satisfação das necessidades básicas, mas também o Quénia com elevadas taxas demográficas possuem uma produtividade elevada como reconhecimento do desenvolvimento empreendido nos últimos anos.

O crescimento populacional não é a principal causa da pobreza e declínio de Àfrica, mas isto significa que elevadas taxas de crescimento na produtividade devem ser alcançadas e se possível melhoradas nas economias locais.

O Banco Mundial afirma que as economias devem crescer 4 a 5 % ao ano e que o crescimento agrícola deverá se cifrar nos 4%, de forma a garantir a segurança alimentar com base no crescimento demográfico.


A seguir... A Energia Fonte de Desenvolvimento

Publicado por António Duarte 11:27:00  

1 Comment:

  1. Leonel Vicente said...
    Parabéns pelo excelente trabalho de análise que aqui nos vem sendo proporcionado.
    Um abraço.

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