um filme, uma lição

A RTP/1 passa daqui a pouco o filme "Hotel Ruanda". Puro serviço público. Ocasião para recordar o que escrevi aquando da estreia do filme no nosso país, em 17 de Fevereiro de 2005.


Hotel Ruanda



Estreia hoje um dos melhores filmes dos últimos dos últimos anos
. De certeza que abomina uma certa esquerda bem pensante que, na boa tradição de Rousseau, nunca lidou muito bem com o irracional, com o mal absoluto, não convenceu, por exemplo, os pseudo-cinéfilos críticos do Público. Hotel Rwanda é uma história dentro de outra história, a do massacre de cerca de milhão, leram bem, de Tutsi por membros de etnia Hutu sobre o olhar complacente da comunidade internacional em... 1994, é a história de um homem que salvou uns quantos, cerca de um milhar, como pode. Uma lição sobre a humanidade, sobre a realpolitik e sobre a maldadade humana. O filme começa com um fundo negro enquanto se ouve o som de uma estação de rádio (Hutu) a apelar ao massacre de Tutsis... Tira o sono, se tira, e até foi baseado numa história real. Mas que interessa afinal ? Eram "pretos ", o Ruanda fica no fim do mundo e nunca foi grande local de férias, pelo que a comunidade internacional nunca ligou grandemente, antes, durante e depois. E no entanto, tomaramos muitos de nós ocidentais ter um décimo da coragem, do civismo, da alma de alguns dos heróis da história. Hotel Ruanda é um filme que é impreterivel ver, porque o mal existe, e o mal maior é ignorar a sua existência. No rescaldo do holocausto, uma alta patente nazi quando confrontada com o genocídio e sobre se não o preocupava o que terceiros achariam da coisa respondeu que não, que não o preocupava, porque as pessoas não iriam simplesmente acreditar. Hotel Ruanda é sobre um mundo que existe, um mundo que fingimos não ver do conforto burguês das nossas casas, Hotel Ruanda é um filme também sobre a esperança de como pode surgir a luz do meio da escuridão.

Dez anos depois, Hotel Ruanda é, só e apenas, um filme que exige que abramos os olhos. A alguns será pedir muito.

Publicado por Manuel 21:47:00  

1 Comment:

  1. MiSs Detective said...
    bem, passei aqui pela primeira vez. Não vi o filme, vi hoje um bocado. sei a história, a minha professora de ingles da faculdade contou-me na altura. Como dizes são pretos, não interessa. Não são Europa, não são paraíso turistico até ao dia em que se lembrarem que deve sê-lo! A parte que vi hoje impressionou-me pelo altruísmo de Paul, não um altruísmo ficticio, mas real porque aconteceu. Somos todos diferentes sim, mas não somos de modo algum todos iguais, infelizmente.

Post a Comment